Religião é uma palavra que provém do latim religare, que significa religiar-se ao divino. Pode-se defini-la, portanto, como sendo um sistema que tenta religar o homem a Deus.
Série Religiões e Seitas. 1. Religiões e Seitas/ 2. Cristianismo ou Igrejismo?
Nos posts anteriores vimos a diferença entre religião e seita. Hoje iremos aplicar o que aprendemos aos seguidores da religião que mais cresce no país, os evangélicos. Camomila à postos e boa leitura!
Existem seis aspectos básicos para classificarmos uma doutrina, culto ou crença como religião: autoridade, ritual, especulação, tradição, crença e mistério. Inicialmente vamos analisar se a religião que iremos estudar agora possui todos esses seis aspectos.
As religiões evangélicas possuem ao menos uma autoridade, geralmente um pastor, que, para não ser injusto, irei enquadrá-lo como uma pessoa dotada de grande espiritualidade ou, no mínimo, um líder administrativo.
Embora possam negar até a morte, sim, os evangélicos tem ritual em seus cultos. Possuem sim um conjunto de gestos, palavras e formalidades, imbuídos de um valor simbólico, cuja performance é, usualmente, prescrita e codificada pela própria crença.
Tenho sérias dúvidas quanto à especulação, pois embora as dúvidas sejam necessárias, parece-me que o corpo doutrinário em si não é passível de questionamentos, ou ao menos não obteremos tantas respostas se formos tentar perguntar. Por que isto é certo? Está na Bíblia. Mas como você sabe que o que está lá é certo? Porque é a Palavra de Deus. Tem certeza? Claro, foi Deus que disse. E como você sabe que ele falou? Está na Bíblia…
Devido aos inúmeros cismas e sectos que surgem através das próprias religiões evangélicas ou pentecostais, não posso considerar que a tradição esteja presente, pois não há esta interligação dos fieis com seus antepassados.
Quanto às crenças, prefiro não comentar o porquê deste aspecto esteja bem presente… E, quanto ao mistério, a Bíblia diz tudo, não é mesmo?
Seita é uma reunião de pessoas que são separadas de um tronco comum e que seguem um chefe carismático sectário. Neste sentido, podemos considerar as religiões evangélicas como seitas, pois foram construidas através da separação de um tronco comum (Catolicismo). As características de uma seita são sujeição mental, exigências financeiras e rupturas. Os membros são sujeitos às verdades do líder, “as leis divinas”, aquilo que se encontra na Bíblia (ou o que o líder interpreta da mesma), possuem a exigência do dízimo e não são deste mundo (para eles, somos o povo do mundo já que vivemos na carne e eles são lavados e remidos pelo sangue de Cristo, vivem no espírito, os salvos). Além disto, como vimos, nem todos os atributos necessários a uma religião estão presentes, o que faz com que não possamos de forma alguma chamá-los desta forma (antes que perguntem, a especulação e o mistério estão presentes no Catolicismo, mas, como já vimos no segundo post, seria melhor classificá-lo como Igrejismo ao invés de uma religião cristã).
Alguns vídeos interessantes sobre o tema:
Alguns posts interessantes sobre o tema:
Dia do dizimista – http://oalvorecer.com/2012/11/dia-do-dizimista/
A Inquisição Protestante – http://oalvorecer.com/2012/11/a-inquisicao-protestante/
Pregando a Briba – http://oalvorecer.com/2012/11/a-briga-entre-catolicos-e-evangelicos/
A briga entre Católicos e Evangélicos – http://oalvorecer.com/2012/11/a-briga-entre-catolicos-e-evangelicos/
Candomblé é proibido em Piracicaba – http://oalvorecer.com/2012/11/a-proibicao-do-candomble-em-piracicaba/
Alunos evangélicos se recusam a fazer trabalho sobre cultura africana – http://oalvorecer.com/2012/11/alunos-evangelicos-se-recusam-a-fazer-trabalho-sobre-cultura-africana/
Homem é expulso por se recusar a se levantar durante a leitura da Bíblia na Câmara de Vereadores –
http://oalvorecer.com/2012/10/homem-se-recusa-a-se-levantar-durante-a-leitura-da-biblia-e-e-expulso-da-camara-de-piracicaba
Respostas de 12
Eu fui Testemunha de Jeová até meus 21 anos, ai fui expulso da “religião”. Nenhum dos membros da congregação pode falar ou sequer me cumprimentar.
Gostaria de ver aqui uma resenha sobre essa religião tão conflitante.
Interessantíssimo esse post, normalmente eu não leio nada sobre evangélicos.
Esses 6 elementos que você elencou para definir o que é religião fazem parte de alguma teoria teológica?
@Jeff Alves – Huston Smith se baseia nestes pontos para constituir uma religião.
Saudações
Gostaria de saber mais sobre aquelas “igrejas evangélicas de revelação”. Aquelas que nem os próprios evangélicos vão, por medo kkkkkkk .Pois eles(os pastores) falam a verdade mesmo na cara da pessoa, tanto sobre oque ela fez e continua fazendo, e o que vai acontecer com ela. Boatos de que eles sempre acertam.
Já escutei pessoas falando desses cultos, alguns dizem que mudarão sua vida e outros criticam.
Alguém aí sabe mais sobre isso? já foi numa dessas? Oq o pastor te disse?
Obrigado, Abraços
@Jeff Alves – O próprio post já fala sobre elas.
resumiu o q eu pensava inconscientemente sobre os “evangélicos” em geral. vai dizer pra eles que são uma seita, eles piram na bíblia. uheuhehu tem a seita do Valdomiro, a o Malafaia, a do Edir…
O mesmo com o que eles chamam de ritual, que dizem que não tem. A postura das pessoas fora da Igreja.
Mas eu acho que o piro disso é a noção comum, e já vi muito por aí, de que “evangélico” é um ser redimido e moralmente correto. É muito comum estabelecimentos comerciais de evangélicos empregarem apenas evangélicos, ou eles terem preferência com empregadores. Por serem dóceis, passivos, aceitarem inegadamente autoridade e “honestos”.
Havia feito uma leitura anterior de que o “gene” dos evangelicos é meio que um esvaziador de conceitos. Explico: entram em nichos, meios, culturas e grupos esvaziam seu significado e o “purificam”. os já conhecidos exemplos das macumabas evangélicas, passes, exorcimos. junta-se a igreja de ex-maconheiro (não tnho nada contra drogas é só um exemplo), surfista, igreja de roqueiro… sabe aquelas entidades que entram nas cascas astrais… parece a mesma lógica
MAS, esses dias conheci um senhor que me contou sobre a Igreja evangélica brasileira, fndada no séc. XIX, por Miguel Ferreira Vieira, e fiquei mais que surpreso pela história, que eu não conhecia. O fundador foi abolicionista, republicano, letrado e um dos primeiros, e poucos, a lutar pelo direito das mulheres estudarem, sendo que sem ter apoio e todos não o davam ouvidos, decidiu ele mesmo fundar um colégio para moças. Era cientista, geógrafo e primava pelo conhecimento e PELA LIBERDADE DE CRENÇA, algo bem distante do que vemos por aí do povo querendo uma jesuscracia. acho q vale a pena dar uma pesquisada sobre essa igreja, pelo pouco que conheci está bem distante do geral de hoje. posso estar enganado, mas há esperança. hehehehehe
Cara, brilhante essa série de post, mas direcionada demais a determinadas vertentes. Sei que vai achar um porre, mas experimenta fazer trabalho de campo e “frequentar” algumas vertentes “evangélicas” (discordo veemente da maneria como o termo é empregado), não como um pesquisador, nem como fiel, mas com o “olhar da criança”, vai descobrir que a coisa vai além da visão grosseira .Tem gente muito séria lá e gente que sabe do que fala ( risos)
Abração e continue com o excelente trabalho !
Saca essa…
http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2013/09/10/lei-do-trafico-proibe-candomble-em-favelas-e-expulsa-pais-e-filhos-de-santo/
Sobre a Tradição:
Primeiro devemos lembrar que desde o luteranismo até as neopentecostais há 497 anos de história o que pode ser visto por si só como uma tradicão, e levá-se em conta que não foi um só protesto e sim uma série de rupturas, com soluções bem diversas como os anabatistas, mormons, amish, anglicana etc.
O Termo cristão fundamentalista era justamente buscar essa tradição em um momento anterior ao inclusão dos costumes romanos e também da metafísica do pensamento Agostiniano. O conceito de Sola scriptura, que afirmava que na biblia havia todos os conhecimentos para a salvação, foi uma das respostas basilares da reforma. E foi a primeira tentativa se se produzir um cristianismo europeu mais semita (Acho fantástico como as cinco solas me lembrar a shahada islâmica)
No tocante do ocultismo: o que muito pastor jamais vai admitir mais uma boa parte da metafísica evangélica fora influenciada senão quase completamente pautada no rosacrucianismo e parcialmente pelos gnosticos.Sem tirar o fato que a Rainha Elizabeth, a virgem que era anglicana tinha como conselheiro o famoso John Dee.
Portanto podemos concluir que há uma tradição. Mas aí fica a pergunta: Por que a tradição aqui no brasil é completamente posta de lado?
Boa noite
Já faz algum tempo que acompanho este blog e achei muito interessante seu ponto de vista sobre os evangélicos.
Desde meus 7 anos frequento igreja evangélica e até faço parte de algumas lideranças. Porém nunca quis me fechar as opiniões adversas a minha religião. Fico muito triste e aborrecido ao ver o que as pessoas pesam de minha religião, mas cá entre nós, os evangélicos fazem por merecer tal fama.
Muitas coisas na Bíblia não dá para se explicar pela perspectiva humana, é preciso ter fé para crer. Porém a maior parte da massa evangélica é composta de gente ignorante, que tem preguiça de se comprometer a ler e estudar a Bíblia da maneira que se deve, e acaba se deixando guiar por pessoas de má índole que exploram a fé do povo, manipulando os texto, tirando-os do contexto e carregando a liturgia do culto com sentimentalismo barato, que a Bíblia condena. Em Romanos 12, o Apostolo Paulo, diz que devemos aprestar o culto de forma racional, ao repreender a igreja local pelas suas atitudes, pois os membros se jugavam superiores aos outros por desempenharem certas funções no templo. Não somos superiores ou melhores que ninguém, só desfrutamos de graça divina, que está ao alcance de todo aquele que crê, pois somos todos merecedores do inferno assim como do céu.
A verdade é que o Cristianismos, pregado pelos evangélicos, se tornou um nicho de mercado, intitulado gospel. Nele, você pode explorar a fé das pessoas, colocando Deus a venda em uma prateleira, oferecendo promessas infundadas de prosperidade, bem-aventuranças e autoridade até sobre o próprio Deus – o que é um absurdo – “Eu determino em nome de Jesus!!” quem é você pra determinar algo em nome de Jesus.
Jesus, parte da trindade de Deus, foi pobre e sofreu morte de cruz, para remir o pecado dos outros. Os apóstolos foram perseguidos, presos e alguns assassinados. A maior parte dos personagens bíblicos, tiveram vidas que vão na direção oposta das que as igrejas oferecem hoje.
Acredito que estamos vivendo uma era de apostasia, e cada vez mais o Cristianismos vai se perder e cair em descredito.
Espero não ofender ninguém, mesmo porque este texto não me ofendeu nem um pouco. Pelo contrário, me fez abrir os olhos para começar uma reforma e conscientizar meu meio, para que na próxima vez que forem escrever algo sobre evangélicos, outras palavras sejam usadas, e que possam impactar as vidas das pessoas e não deixa-las indignadas, como vem acontecendo.
Brilhante comentário! Os verdadeiros Cristãos o agradecem.
de todos os seus posts que li esse foi o mais fraco e com menos referencias significativas, a parte que mais me causou estranheza foi a afirmação que as igrejas evangelicas saíram do igreja catolica. a pergunta é, se eram 12 apostulos, que sairam e tomaram cada um seu rumo, como pode existir apenas uma igreja cristã. queria colocar mais alguns comentários, mas o trabalho me chama. até mais!.
Muito bom trabalho..Obrigado..
Não sei se a ideia foi a crítica, mas essa discriminação entre
“os do mundo” que eles fazem não difere muito do que vira e mexe leio aqui sobre o “mundano” e “profano”. Acho que cada um encontrou sua forma de se localizar no mundo em que vivem… Sei que pode haver o blá blá blá explicatório para cada uma das palavras, mas cada um usa no mesmo sentido: se separar ou exemplificar uma ideia…