O Tarot, a Kabbalah e a Alquimia

O sistema do Tarot, no seu sentido mais profundo, mais amplo e mais variado, está para a metafísica e o misticismo na mesma relação que um sistema de notação decimal ou outra qualquer está para a matemática. O Tarot poderá ser apenas uma tentativa para criar tal sistema, mas mesmo assim é interessante.
Para conhecer o Tarot, é necessário estar familiarizado com a idéia da Cabala, da Alquimia, da Magia e da Astrologia.

De acordo com a opinião muito plausível de vários comentadores do Tarot, ele é uma sinopse das ciências herméticas com as suas diversas subdivisões, ou uma tentativa de tal sinopse.
Todas essas ciências constituem um único sistema de estudo psicológico do homem nas suas relações com o mundo dos númenos (com Deus, com o mundo espiritual) e com o mundo dos fenômenos (com o mundo físico visível).
As letras do alfabeto hebraico e as várias alegorias da Cabala, os nomes dos metais, dos ácidos e sais na Alquimia, os nomes dos planetas e constelações na Astrologia, os nomes dos espíritos bons e maus na Magia, tudo isso nada mais era do que uma linguagem oculta convencional para as idéias psicológicas.
O estudo aberto da Psicologia, sobretudo no seu sentido mais amplo, era impossível. A tortura e a fogueira estavam reservadas aos investigadores.
Se nos aprofundarmos ainda mais nas épocas passadas, veremos ainda mais te­mor em todas as tentativas de estudo do homem. Como era possível em meio a toda escuridão, ignorância e superstição daqueles tempos falar e agir abertamente? O estudo livre da Psicologia está sob suspeita mesmo em nossa época, que é considerada esclarecida.
A verdadeira essência das ciências herméticas estava, por isso, oculta por trás dos símbolos da Alquimia, da Astrologia e da Cabala. Entre estas, a Alquimia adotou como meta exterior a preparação de ouro ou a descoberta do elixir da vida; a Astrologia e a Cabala, a adivinhação; e a Magia, a subjugação dos espíritos. Mas, quando o alquimista autêntico falava da busca do ouro, falava da busca do ouro na alma do homem. E, ao falar do elixir da vida, falava da busca da vida eterna e dos caminhos da imortalidade. Nesses casos, dava o nome de “ouro” ao que nos Evangelhos é chamado Reino do Céu e, no Budismo, Nirvana. Quando o astrólogo verdadeiro falava das constelações e planetas, se referia a constelações e planetas na alma do homem, isto é, a propriedades da alma humana e suas relações com Deus e o mundo. Quando o cabalista legítimo falava do Nome de Deus, ele buscava esse Nome na alma do homem e da Natureza, e não nos livros mortos, não nos textos bíblicos, como os cabalistas escolásticos. Quando o verdadeiro mago falava da subjugação dos “espíritos”, elementais e outros à vontade do homem, compreendia isso como a submissão a uma única vontade dos diferentes “eus” do homem, de seus diversos desejos e tendências. A Cabala, a Alquimia, a Astrologia e a Magia são sistemas simbólicos paralelos de Psicologia e Metafísica.

Oswald Wirth, num de seus livros (L’Imposition des mains et la médecine philosophale. Paris. Chamuel Editor, 1897), fala de modo muito interessante da Alquimia:

“A Alquimia estuda, na verdade, a metalurgia e a metafísica, isto é, as operações que a Natureza opera nos seres vivos; a mais profunda ciência da vida estava oculta aqui sob estranhos símbolos…
“Mas essas idéias imensas teriam queimado cérebros que eram demasiadamente limitados. Nem todos os alquimistas eram autênticos. A ganância atraiu para a Alquimia homens que visavam o ouro, alheios a qualquer esoterismo; eles compreendiam tudo literalmente e suas loucuras muitas vezes não conheciam limites.
“Dessa fantástica cozinha de charlatães vulgares resultou a química moderna. Mas os filósofos verdadeiros, dignos desse nome, amantes ou amigos da sabedoria, cuidadosamente separaram o sutil do grosseiro, com cuidado e previsão, como exigia a Tábua de Esmeralda, de Hermes Trismegistos, isto é, rejeitavam o significado pertencente à letra morta e conservavam apenas o espírito secreto da doutrina.
“Nos nossos dias, confundimos o sábio com o insensato e rejeitamos completamente tudo que não tem o selo oficial.”

Por P.D. Ouspensky

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Respostas de 23

  1. Ótimo texto…..
    Eu ainda acredito que o que causa tanta confusão no mundo são as terminologias empregadas nos diferentes ramos da ciência (estudo)…..pois no fundo, é tudo a mesma coisa……(e isso fica claro pra quem assitiu The Secret …)
    bom deixo os parabéns pra vc Marcelo……o Blog é d+….e ta me ajudando muito nos meus estudos……conheci amigos (que eu não sabia serem da Amorc – Salto/Sp), e depois e dois anos começamos a conversar sobre ocultismo e Esoterismo… ai eles me convidaram a conhecer….ainda não pude ir… pois somente nos ultimos sabados
    do mês as reuniões são abertas para os profanos, ja fazem tres anos que estudo maçonaria eoutras coisa por conta, espero conseguir entrar para a De molay de la pois aqui em Indaiatuba não existe De Molay só maçonaria, e como tenho 19 anos ainda não estou “maduro o bastante” para entrar….

    Boa sortre no blog e que GADU ilumine seus passos mais e mais………

    pax e lux…….
    abrassos

  2. Incrivel como a sabedoria parece não ter limites.

    Sou um estudioso do Tarot e cada palavra aqui dita somente reflete aquilo que o meu espirito sente.

    Estou sempre em busca da perfeição, mas a muito percebi que sempre estou mais longe.

    Texto incrivel.

  3. Fala MDD, num sei se vc já falou sobre este texto mas outro dia eu o li e achei muito bom o paralelo traçado entre a goécia e as idéias do Jung, se achar válido depois publica aqui no site pra galera ler, já q tem gente q precisa do seu aval pra ler as coisas.

    De qq forma acho q tem haver com este texto postado por vc. Num sou o MDD mas recomendo a leitura.

    http://www.mortesubita.org/demonologia/estudos/estudos-demonologia/uma-nova-goecia

    Um abraço!

    Bernardo

    PS – já iniciei meus estudos na AMORC, depois se quiser sua comissão pode pedir lá (hehehhee) já q eu mesmo soh entrei na AMORC pq por vc descobri um pouco do q ela é e pode proporcionar.

  4. “…quando o alquimista autêntico falava da busca do ouro, falava da busca do ouro na alma do homem…”

    Agora as coisas começam a fazer mais sentido…

    Obrigado pelo texto

  5. Marcelo, vc poderia comentar a noticia abaixo:?

    http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1002242-16022,00-ASTROLOGOS+CELEBRAM+O+COMECO+DA+ERA+DE+AQUARIO.html

    Astrólogos informaram o inicio da Era de Aquario no dia 14/02

    @MDD – e depois perguntam porque ninguém leva a “astrologia” a sério…

  6. Todos nós nascemos aptos a evoluir, desde os porcos que subjugam as pérolas até os sábios mestres que conseguiram destruir seus egos. O sentimento que estes ensinamentos transmitem para o buscador é indescritível, alguns encontram caminhos diferentes, mas são guiados pelas mesmas estrelas, outros entendem o que está por baixo dos véus do oculto e travam uma árdua batalha para se tornarem -e também quem esta a seu redor- melhores.
    >>
    Del Debbio, quando Paracelso diz que “nossa natureza se cura e se estabiliza, preenchendo-se de si mesma”, no sentido físico, se tratando de uma ferida sua cura seria apenas esperar que a carne cresça de dentro para fora, como ele disse…
    Mas no sentido espiritual o que isso quer dizer? Poderia responder?
    Obrigado

  7. Incrível esse texto, e, por coincidência ou não, quando estava vindo para o trabalho hoje estava tendo justamente esse raciocínio, principalmente sobre a alquimia.

    Inclusive, Marcelo, estou lendo um livro muito interessante que chegou até minhas mãos até que meio por um sonho primeiramente, seu nome é: “O Ouro dos alquimistas” do escritor Jaques Sadoul. Creio eu ser esse livro um clássico sobre alquimia, você tem alguma opnião a respeito dele? Já o Leu?

    Abraços Fraternos

    Nos vemos em breve num dos seus cursos. ;D

  8. MDD,

    Como diria o “outro”: “Aurum nostrum nom est aurum vulgi” .
    Gostei da parte da citação de Oswald Wirth… Vlw!!!

    Obrigado, abraços Fraternos e PP!!!

  9. estou pensando o q existe de verdadeiro, legitimo, autentico e puro dentro do ocultismo…
    existe um cabalista legitimo hj? onde ele está?

  10. Pingback: jar.io
  11. Então a Química moderna seria um “desvio de curso” da Alquimia, tendo como causa a charlatanice dos gananciosos?

    @MDD – Não… são duas coisas paralelas; uma material e outra espiritual.

  12. @MDD – Não… são duas coisas paralelas; uma material e outra espiritual.

    Mas essa material (Química) não teria se tornado material em consequência da ganância, o que desviava os gananciosos do curso “espiritual”?

    @MDD – Acho que a distorção do termo “alquimia” é que é resultado desta ganância. Manés que achavam que “desvendando os segredos dos alquimistas” seriam capazes de transformar chumbo em ouro e ficarem ricos que começaram com essa distorção. Para os alquimistas, sempre a química e a alquimia andaram lado a lado, uma física e a outra espiritual, sem nunca misturar.

  13. O tarô alquímico é não-recomendavel para iniciantes ou posso começar por ele sem medo?

    @MDD – Eu recomendaria começar pelo Rider Waite ou Mitológico.

  14. Bom, não li o artigo inteiro, mas queria saber sobre a origem da leitura da sorte no baralho comum, quem lia e etc… Apesar do artigo não falar sobre baralho e sim sobre tatot.

    Mas é pq minha bisavó lia a sorte no baralho comum, tanto que ensinou pra minha vó e talz, porém não sabemos que a ensinou, ela era de uma família de fazendeiros na bahia do final do séc. XIX e começo do séc.XX. Os pais dela tinham escravos e tal, mas ouvi falar que não existe a tradição na áfrica de leitura de baralho(ou seja, não foi uma escrava que a ensinou), engraçado que suas características físicas era de escandinavos(finlândia, dinamarca, oeste da rússia). Ela não sabia ler tbm, mais uma coisa que me intriga… Só que essas informações (inclusive sobrenome) se perderam, pq ELA se casou com um ex-escravo, na tradição antiga a mulher perdia o sobrenome pra pegar o do marido.

    Gostaria de saber se tens alguma explicação!!!

    @MDD – A leitura de cartas a partir do “baralho normal” começa no século XVII-XVIII; os Arcanos Menores (de ás a dez nos 4 elementos) e os arcanos de corte (rei, rainha, cavaleiro e princesa dos 4 elementos) começaram a ser usados nos salões europeus neste período, depois tendo sito trabalhados por Mdme Lenormand (esposa de Napoleão Bonaparte) e acabaram se transformando em uma vertente do tarot chamada “Tarot de lenormand” que hoje é conhecido aqui no Brasil como “cartas Ciganas” (que de cigano não tem NADA, só a picaretagem). Muitas mulheres deste período usavam os baralhos profanos como substitutos para o tarot de Marselha e tal oráculo tornou-se conhecido como CARTOMANCIA (que é diferente de “tarot”) e que veio a ser popularizado no Brasil com as prostitutas que vinham da França e com as cortesãs portuguesa nesse período.

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