Eu digo: minha religião é meu pensamento.
Pois a religião não é uma doutrina de regras fossilizadas, mas um caminho eterno, uma via que se inicia estreita, mas cujo final se perde na névoa que o próprio infinito interpõe ao horizonte.
Que não se busque a religião como quem busca um reino específico: o reino dos céus, o cume da montanha de todos os sábios, a sombra da árvore de onde se pode alcançar um nirvana…
Pois se tudo que fazemos neste mundo é reflexo daquilo que somos, daquilo que pensamos, daquilo que sentimos, daquilo que intuímos, é somente através do pensamento, da música tocada pelas mãos etéreas, que efetivamente caminhamos à frente, em Sua direção.
Eu digo: minha vida é minha bíblia
Pois ainda que exista um livro infalível, o mais sagrado de todos, isso não significa que sejamos hoje tão sagrados quanto ele. Isso não significa que estejamos em plenas condições de o compreender.
Que a verdade é como o horizonte: quanto mais a buscamos, mais e mais descobrimos o quão infinito é o mundo, e além do mundo…
No entanto, quando finalmente descobrimos uma verdade, é como se o próprio horizonte tivesse cedido, e recuado, e nos reverenciado, e nos agraciado. Este é o mistério, a angústia, e a suprema felicidade da vida: escrever nosso próprio texto sagrado com nossos passos na areia do tempo. E que hão de desvanecer, quando Seu vento soprar.
Eu digo: minha igreja é meu coração
Pois o reino não foi edificado para que fosse circundado por colunas e paredes de templos, e os escolhidos não foram apenas alguns poucos agraciados, mas todos os seres do infinito.
Que ninguém poderia ser feliz num jardim de ociosidade enquanto outros de seus irmãos ardem nos lagos de enxofre. Que o reino não é feito de fronteiras delimitadas, e todos os templos precisam ser erigidos em nossas próprias almas…
Pois se o reino está em toda parte, debaixo de pedras e dentre galhos partidos, os convites para o Seu banquete foram enviados a todos nós: os filhos do Cosmos. E só poderemos entrar no reino de mãos dadas.
Nós dizemos: Deus é nosso amor
Conforme consta em todas as leis naturais, desde o núcleo do átomo até os agrupamentos de galáxias mais distantes: tudo esta conectado, tudo está em harmonia, tudo flui, tudo vibra, tudo se atrai mutuamente pela gravidade divina, enquanto de alguma singularidade de amor Ele continua a nos arremessar no turbilhão sem fim.
Tudo se iniciou em um pensamento de amor, e todo o amor do mundo jaz neste momento aos Seus pés: o amor de todos os dias dos homens, e dos seres de outrora, e dos seres do porvir.
E todos os cânticos sagrados, e todos os poemas e orações, e todas as bênçãos e maldições, e todos os erros e acertos, e todos os códigos sagrados, e todos os evangelhos, e este nosso evangelho…
raph’11
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Crédito da imagem: Tom Grill/Corbis (modificada por Rafael Arrais)
O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.
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Respostas de 12
Lindo texto! Sempre tento falar para as pessoas quem tentam ‘me converter’ que eu já achei o meu caminho. Mas é triste ver que muitos ainda brigam para impor o que para eles é certo, sendo que a verdade é diferente para cada pessoa! Muito ainda temos que caminhar nessa senda, mas acho que respeitar a opinião dos outros é um dos primeiros passos, talvez o primeiro é conheçer a si mesmo.
Parabéns Rafael!
@raph – Valeu Daniela. Acho que você entendeu bem o que quis dizer: minha religião é meu pensamento, e a sua religião é o seu… Porém, Deus é *nosso* amor! Abs.
Acho interessante que inúmeros textos aqui do TdC me levam a apenas uma reflexão: cada um tem um único caminho, que é diferente para cada um de nós.
É algo tão simples em sua essência, mas tão difícil de ser entendido pelo coração dos homens (de modo algum me coloco como alguém que tenha isso em si, mas pelo menos tento cada vez mais entender e aceitar).
@raph – Que é através do amor, e não da “evangelização da salvação”, que estamos desde sempre conectados a nossos irmãos. É o amor que salva, e por amar, devemos deixar cada um livre para seguir seu próprio caminho no amor.
Disse tudo, Rafael.
Cara, você é demais. Tá na hora das pessoas “desautomatizarem” seus atos… Só assim poderão ver que a Verdadeira Palavra não está em livros editados por imperadores, nem é dita por “Gezuis” (nem pelo MDD hehehe). Está dentro de nós mesmos… Parece clichê, mas, se olharmos para dentro de nossa mente, e evoluir nossa conduta pessoal, estaremos evoluindo o mundo ao nosso redor. Como o grande poeta Aligheri já dizia:
“Existem leis, mas não quem as proveja”
Purg., XVI, 97.
Parabéns Raph. Continue assim.
@raph – Valeu… Minha religião pode ser só a minha religião, assim como meu pensamento pode ser só o meu pensamento. Mas pelo amor, todos os pensamentos de amor e liberdade e fraternidade se conectam, e se tornam, no amor, um mesmo conjunto, uma mesma vontade, uma mesma curiosidade acerca da imensidão do Cosmos.
Parabéns!Incrível post!Muito inspirador.
Lindo texto…
Raph,
Você estava bem inspirado neste texto, muito bom.
@raph – Obrigado a todos os parabéns aí de cima 🙂
Na verdade estas 4 frases foram meio que “recebidas” mesmo, há muitos anos, e eu desde então as venho desenvolvendo. Uma mudança de conceito enorme ocorreu através de um comentário no meu blog, também já há alguns anos, quando me demonstraram que “Deus é meu amor” não estava “correto”, o mais profundo seria usar “Deus é nosso amor”. A partir dali é que acho que cheguei a um resultado final mais abrangente…
o que os Ateus pensam sobre a criação do universo e o fim dos tempos?
Ateus são, em sua maioria, “adeptos” da ciência, são céticos e muitos deles se posicionam ao materialismo. Em outras palavras, eles não especulam sem embasamento científico.
A criação do universo está expressada na teoria do Big Bang, oriundo de uma causalidade até agora inexplicada. O “fim dos tempos” da Terra, com toda a naturalidade, é estipulada daqui alguns bilhões de anos, naturalidade esta que pode ser literalmente destruída pelos humanos.
Cara, juro q andei tentando amar de verdade, me doando, ajudando… acho q acabei é faltando com respeito comigo mesmo.
Se a gente ‘atrai’, gostaria de saber como faço pra mudar minha ‘frequência’. Devo estar desejando o que me faz infeliz inconscientemente mas eu não sei como mudar. Conscientemente me esforço mas só dou com os burros n’agua!
@raph – O amor é um caminho mesmo, e o importante é dar um passo de cada vez, melhorar onde hoje é possível melhorar, pois ninguém vai agir naturalmente no amor da noite pro dia, como num “passe de mágica” (e nem existem rituais nem entidades capazes de fazer isso)… O importante é ter em mente que a recompensa do amor não é um tapinha nas costas do seu “guru”, uma benção de Deus, nem algum céu ou nirvana – o amor é sua própria recompensa, sua própria benção, seu próprio nirvana. Por isso os grandes seres amorosos agem naturalmente no amor, sem se perguntar porque ou para que: simplesmente amam pois são imensamente felizes assim. Já sobre dar um passo de cada vez, talvez esta apresentação te ajude: http://textosparareflexao.blogspot.com/2011/09/4-amores-um-caminho-de-evolucao.html Abs e boa sorte!
Obrigado pela sugestão. Esse tipo de atenção faz a diferença.
abraço.
“A religião é o freio da besta humana.”