O Ritual de Iniciação é o que garante a entrada do profano a Ordem. A partir do momento em que este passa pelas provas, é instruído nos deveres e obrigações, e faz os juramentos, acontece um novo nascimento. Mas não só isso. Devemos entender por “Iniciação” um sentido mais amplo, e não somente o de cerimônias restritas a ordens iniciáticas.
Iniciações são processos de mudança que ocorrem devido a acontecimentos na vida que marcam um indivíduo de maneira impactante, fazendo com que a pessoa se torne alguém diferente. As iniciações são processos naturais, pois acontecem com a cronologia da vida, como o crescimento e a necessidade de mudança no caráter devido as novas responsabilidades. Acontecimentos positivos e negativos, acidentes, infelicidades e felicidades, morte e o nascimento, nos transformam em uma nova pessoa quando tiramos lições dos acontecimentos.
Isso são Iniciações e não há outras.
As Iniciações Ritualísticas que acontecem nas Ordens Iniciáticas Tradicionais tem outro objetivo: revelar verdades e preparar-nos para o que está por vir, que são as verdadeiras iniciações da vida. Ninguém torna-se Iniciado por passar por uma cerimônia ritualística de iniciação, são as atitudes e a prática, a maneira de conduzir a vida, que torna alguém Iniciado ou não. Você é apresentado à Egrégora, se adentrará e permanecerá nela ou não, é escolha pessoal.
Vamos analisar a Iniciação pelo Hermetismo e iniciar nosso estudo sobre Alquimia.
INICIAÇÃO
A mitologia greco romana personificou a questão temporal no mito de Cronos/Saturno, a divindade que devora os próprios filhos. E o tempo é como nos ensina a mitologia, devora quem não sabe utilizá-lo.
A única certeza da vida é a morte. Nascemos num mundo temporal e pelo tempo seremos devorados, assim como simboliza o mito de Saturno. Essa é a primeira grande lição que nos lembram as Iniciações. Iremos morrer, e nada existe para nos tirar desse destino.
Um erro comum e profano em relação a morte é ficar se perguntando e preocupando com o “quando irá acontecer a morte”, ignorando a questão mais importante de todas. A questão principal é “como chegaremos lá”, “o que teremos realizado”, olharemos para trás no momento da morte e contemplaremos um trabalho bem feito? Ou seremos devorados por Cronos fugindo das responsabilidades até o ultimo momento?
Entender a morte é uma das grandes lições da Iniciação. Devemos morrer, não podemos temer a morte.
As Iniciações Ritualísticas existem para nos mostrar as verdades da vida, que são transmitidas através dos símbolos nos rituais. Os Rituais são vivências mitológicas, onde temos a oportunidade de participar, de simular, esses símbolos e seus significados, que são os acontecimentos inadiáveis da vida, e principalmente somos ensinados a como devemos nos conduzir até chegar ao ocaso da vida.
O símbolo da Iniciação é a morte e o renascimento, cuja representação encontramos também no Ouroboros.
É por esse motivo que desde a mais remota antiguidade as iniciações simulam um processo de morte, onde o iniciado é posto em algum lugar que simbolize a escuridão. Esse local escuro é também o símbolo do momento da morte. Para o nascimento dizemos “foi dada a luz”, e para a morte é o oposto, usamos o termo “putrefação” herdado da Alquimia. Esse locais escuros são representados por cavernas, por túmulos, ou por vendas, cujo objetivo é levar o iniciado a uma jornada em que tudo lhe é desconhecido. Esse é uma jornada ao interior de si mesmo.
Não podemos separar Alquimia e Hermetismo das Iniciações Maçônicas e DeMolay e do objetivo da jornada dos iniciados nessas Ordens.
A Alquimia visa transmutar o Chumbo, o metal pesado que representa simbolicamente nossos defeitos, em Ouro, que são virtudes. O chumbo é o metal representado por Saturno, e o ouro pelo Sol. Em outras palavras, o objetivo da alquimia e do Inciado é se tornar senhor de si mesmo, diluir e transmutar todo seu ser, morrendo e renascendo como alguém novo.
Possuímos todos esses símbolos e ensinamentos dentro dos rituais de Inicição DeMolay e Maçom.
O Hermetismo está por trás da Alquimia, pois é do Hermetismo que a Alquimia tira seu simbolismo. A transmutação do Chumbo em Ouro é num campo psíquico denominado de Transmutação Mental pelos hermetistas. “A Mente (tão bem como os metais e os elementos) pode ser transmutada de estado em estado, de grau em grau, de condição em condição, de pólo em pólo, de vibração em vibração. A verdadeira transmutação hermética é uma Arte Mental”, O Caibalion.
Não somos “Iniciados” por termos passados por rituais de iniciação, pois nas Ordens se encontram muitos profanos de aventais e de capa. Podemos ser Iniciados pela alquimia realizada por nós a cada dia, morrendo para o profano e renascendo para um ser espiritual. Passamos pelos rituais de iniciação e pelos graus para recebermos novos deveres do que fazer e como nos portar diante a vida.
Muitos ensinamentos são passados de maneira velada e oculta. Isso existe por dois motivos, o primeiro e menos importante é velar dos profanos o entendimento dos rituais. O segundo e principal, é porque só atingimos o conhecimento e a evolução através do trabalho e do suor, e devemos trabalhar sobre o que está oculto para atingirmos algum progresso. E todo progresso deve ser feito pelo conhecimento de si mesmo. É trazer a luz a escuridão.
Muito dos nossos rituais tem sido negligenciado e negado, mas o dito aqui e muito mais estão nas suas entrelinhas.
O motivo pelo qual fechamos os olhos nas iniciações são os mesmos pelo qual fechamos numa meditação: para voltar à consciência para dentro de nós. Em outras palavras, o objetivo da Iniciação é o auto conhecimento.
Como diziam os antigos iniciados: saibamos viver para saber morrer.
O leitor já deve começar a fazer as analogias entre os textos e entre os rituais, e com as chaves achar o que estão velados nas entrelinhas dos rituais.
Já chegou a hora de estudar a Alquimia e a Mitologia nos rituais. As ciências dos nossos antepassados.
Respostas de 11
Excelente texto! Parabéns a todos os colaboradores do blog. Esse site é uma excelente fonte de informação.
Irmão, não só o conteúdo do seu texto é fantástico, muito rico e inteligente, como também a forma como o passa é. Muito bom mesmo. É raro achar alguém que concilia o bons conteúdos a apresentar e formas claras e organizadas de apresentação. Parabéns.
Excelente texto.
Gostei muito desse post , adoraria ver mais explicações envolvendo a Ordem DeMolay a qual faço parte.
Belo texto! Gratidão!
O texto é bem articulado e até com boas ideias (que de certa forma eu compartilho), mas sinceramente, essa coisa do “conheça-te a ti mesmo, do “se tornar senhor de si mesmo” e tuti quanti… é, ao mesmo tempo, um tanto antropocêntrico demais; em outras palavras, essa enfatização do eu como centro das coisas pode se tornar enfadonho se não houver cautela.
Não vos esqueçais de uma sentença feita pelo Sábio Rei Salomão: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”.
Assim como também afirmou o Rei Davi: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao VOSSO nome dai a glória”.
Enfim, é importante conhecermo-nos a nós mesmos e sabermos o que estamos fazendo aqui, mas mais importante ainda é termos em mente nossa pequenez e nossa necessidade de D’us.
Muito bom.
Gostei muito deste texto! Através deste e de outros do sites é possível refletir tanto e começar a perceber como há tanta coisa nas entrelinhas.
Só tenho a agradecer ao MDD e aos outros colunistas pelo excelebte site!
O texto é bem articulado e até com boas ideias (que de certa forma eu compartilho), mas sinceramente, essa coisa do “conheça-te a ti mesmo, do “se tornar senhor de si mesmo” e tuti quanti.. é, ao mesmo tempo, um tanto antropocêntrico demais; em outras palavras, essa enfatização do eu como centro das coisas pode se tornar enfadonho se não houver cautela.
Não vos esqueçais de uma sentença feita pelo Sábio Rei Salomão: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”.
Assim como também afirmou o Rei Davi: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao VOSSO nome dai a glória”.
Enfim, é importante conhecermo-nos a nós mesmos e sabermos o que estamos fazendo aqui, mas mais importante ainda é termos em mente nossa pequenez e nossa necessidade de D’us.
Tiago, vc está sendo contraditório:
“Enfim, é importante conhecermo-nos a nós mesmos e sabermos o que estamos fazendo aqui, mas mais importante ainda é termos em mente nossa pequenez e nossa necessidade de D’us.”
Em outras palavras, conhecer a mim mesmo é conhecer minha pequenez e minha grandeza, é conhecer a minha necessidade do Pai Celestial e o meu estado n’Ele.
Gostaria de compreender melhor, apesar de ter entendido, há ainda coisas muito obscuras,…