Conclusões sobre Nossas Possibilidades – Parte 4


Série Plano Astral e Fenômenos Psíquicos: 1. O Plano Astral e o Hermetismo / 2. As Forças Invisíveis / 3. As Possibilidades Humanas
Se agora juntarmos todas as possibilidades ativas ou passivas que reúnem a série de fenômenos ditos ocultos, será fácil ver quais são os desejáveis e o que eles supõem.
O médium nos parecerá mais digno de ser lamentado do que encorajado se não for cuidadoso e dirigido por algum iniciado de ordem elevada e de alta ciência capaz de o afastar das influências nefastas que ameaçam a passividade enquanto ele não tiver uma espiritualidade bastante desenvolvida para escapar sozinho das influências inferiores. Só então, e somente aí, poderá ser de alguma utilidade para suprir a insuficiência dos iniciados; mas suas explorações do invisível pedirão sempre para serem comentadas. No seu mais alto grau de pureza ele se tornará um profeta. Mas não devemos nos esquecer de que a profecia é um dom absolutamente espontâneo e acidental do universo: seu exercício regular não pode ser esperado.

Rendamos homenagens aos médiuns espíritas reconhecendo não somente a boa fé, mas a pureza moral e o devotamento da maioria deles. Se o amor próprio ou alguma ambição entra às vezes nos móveis que determinam seu começo, acontece sempre aos mais notáveis experimentar em seguida muitas fadigas, aborrecimentos e repulsas do que encorajamento no exercício de suas faculdades.
Fora dessas condições de alta moralidade sobre a qual acabamos de falar não podemos ter nenhuma certeza das visões, discursos e mesmo as aparições que nos aconteçam pela mediunidade. Sabemos muito bem que elas podem ser o produto de simples alucinações ou expressões desses desejos insatisfeitos (elementais Kama-manasiques) que flutuam ao redor de nós ou a manifestação de alguma pobre alma encerrada pelo dragão do fogo na atmosfera astral. O médium pode nos dar ainda as inspirações inconscientes de seu próprio espírito emitidas pela alma espiritual e o órgão magnético através da palavra, da escrita ou da mímica.
Sabemos também que os pensamentos, os desejos da mesma espécie ao se multiplicarem ajuntam-se num corpo poderoso para formar uma personalidade forte e bem determinada; produzem então sobre a alma astral dos nossos médiuns o quadro realizado daquilo que, na atmosfera etérea, não passa de um potencial efêmero. Assim é que as épocas confusas como a nossa, de vagas ansiedade públicas, de múltiplas aspirações, podem ser fecundas em falsas profecias, expressões de medo e de vozes variadas da alma nacional. O Evangelho nos diz que elas precedem os tempos da alta espiritualidade. Mas que só são anunciados pelo desejo das criaturas que os pressentem e não pela inspiração direta do Universal divino, que nos traz com as profecias reais a benção das esperanças supremas.
Devemos mostrar a mesma reserva pelos acontecimentos hipnóticos e magnéticos que só tem como fim a utilidade dos nossos semelhantes. Nesta ordem, a experiência justificada pela ciência também pede uma prudência e um humanismo extremo; o estado intelectual da nossa época pode apenas desculpá-la.
Quanto à magia cerimonial e ao naturalismo podemos apenas condená-los por causa de sua inutilidade e pelos perigos formidáveis que representam e o estado de alma que aparentam. Mas notemos bem os limites dessa condenação; ela não atinge o emprego de recursos mágicos (pentáculos, correspondências) pelo iniciado de grau elevado: cooperador e mandatário da vontade divina que observa as leis universais e no interesse universal. Sua operação é a teurgia e não a magia cerimonial. Percebe-se nesta última denominação a operação onde a vontade humana e a inteligência humana agem sozinhas sem o concurso divino. Trata-se da distinção que a história fez entre Moisés e os magos do faraó, e mais claramente ainda entre São Paulo e Simão, o Mago, quando este último lhe pede para vender o segredo de seu poder: mago em dez de mágico, ele teria sabido que o poder de um perfeito pode ser encontrado apenas pela santidade.
Resta-nos lembrar que os acontecimentos de alto magnetismo atrativo produzem a leitura de pensamentos. O automagnetismo, as faculdades espirituais de lucidez em plena consciência, ou o êxtase durante o sono magnético especial com o conhecimento direto. E ainda esta ação desejada sobre as forças naturais que tem na alquimia uma de suas manifestações mais conhecidas. Todos os prodígios desta ordem supõem um estado moral dos mais elevados e uma vontade pura, conforme já dissemos. Todos necessitam de espiritualidade, e diremos mais ainda, de santidade, de uma união mais íntima com o Universal e com a vontade divina. Assim vemos que a santidade mística, sozinha, sem nenhum exercício especial, já concede na maioria das vezes esses dons com os quais frequentemente concorre a vaidade do mágico: a lucidez, a leitura de pensamentos, o dom de curar, a ubiquidade, o êxtase e o conhecimento direto. O iniciado aprende a aperfeiçoá-los e nada mais. Mas o amor místico do divino lhe dá tudo isto por acréscimo.
É isto que nos diz o nosso caro irmão Amo quando nos recomenda o amor como meio para uma elevação até a Unidade diretora de todas as forças do mundo! A razão nos aparecerá claramente se nos lembrarmos da origem e do fim do universo assim como nos mostra as belas teorias do sábio P. Leray.
Deus nos criou para que cumpríssemos nele a espiritualização do nada. Ajudados pelo seu socorro providencial até os confins do mundo onde a alma se agita nas sombras confusas do destino; de posse da liberdade; vendo a luz e a unidade para a qual todas as unidades se encaminham nos transportes do amor, teremos apenas uma finalidade: sairmos da fatalidade e, conosco, fazer sair o mundo etéreo que devemos levar além dos anéis do Dragão. E não temos mais do que um meio: cumprir através da nossa vontade a vontade divina.
Se a nossa fraqueza o permitir, a providência ajudará com os castigos e solicitações da vida comum que se passa ao abrigo das forças astrais. Aos mais corajosos ela oferece uma via mais rápida, mas também muito mais penosas: a tríplice vida mística no fim do qual estão armados os cavaleiros da milícia celeste, mestres dos poderes que este estado comporta: o manejo da força plástica do cosmo, do astral, em vista da cooperação com o Eterno.
Mas aos ambiciosos, aos imprudentes, aos perversos, a resposta mais doce que a providência pode dar é o relâmpago que os arranque de suas obras ímpias antes que tenham tido tempo de retardar ou de perder sua imortalidade.
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 Na próxima parte:
– Fatos Científicos e Fatos Psíquicos
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 Retirado da obra :
Tratado Elementar de Ciências Ocultas (Papus)

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Uma resposta

  1. Bom Dia; Tenho a um tempo um dúvida que surgiu com o tempo, pode ser parte do fruto da imaginação da mente do ser humano, ainda mais de uma mente jovem, fértil e com grandes devaneios na procura de uma aventura pela falta de emoções em suas vidas, mas enfim…
    – Em um livro com base bem símples e uma formosa história do “Clube de Caça”,
    mas pelos pequenos pontos perdidos e através de um Autor ou outro, pude perceber uma mera semelhnça entre
    estes dados teus e os de alguns dos “Pavilhões…” e que seu símbolo é a “Cruz do Calvário rodeada de um…” enfim, de uma ocultista interessante, D.F. imagino
    que tenha algum conhecimento sobre estes dados, se tiver, o que pode me informar e contar, apenas uma grande curiosidade
    e também certa adimiração, até o pouco de conhecimento que tenho, e uma última pergunta, se tem alguma correlação com
    o “Castelo de Versales”?
    Essas idéias são muito comuns no mundo das idéias onde vivem os filósofos, porém, somos um reflexo do outro plano, então deveras sabermos hora ou outra, achei que se encaixa no fator das Milícias.
    “Que o Divino prossiga a iluminar vossas mentes e caminhos”
    @jeffalves20 – Não li “Clube de Caça”. Talvez algum dos outros leitores possa o informar.

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