Introdução ao estudo da Kabala mística e prática, e a operatividade de suas Tradições e seus Símbolos, visando a Teurgia, de Robert Ambelain.
Robert Ambelain nasceu no dia 2 de setembro de 1907, na cidade de Paris. No mundo profano, foi historiador, membro da Academia Nacional de História e da Associação dos Escritores de Língua Francesa.´ Foi iniciado nos Augustos Mistérios da Maçonaria em 26 de março (o Dictionnaire des Franc-Maçons Français, de Michel Gaudart de Soulages e de Hubert Lamant, não diz o ano da iniciação, apenas o dia e o mês), na Loja La Jérusalem des Vallés Égyptiennes, do Rito de Memphis-Misraïm. Em 24 de junho de 1941, Robert Ambelain foi elevado ao Grau de Companheiro e, em seguida, exaltado ao de Mestre. Logo depois, com outros maçons pertencentes à Resistência, funda a Loja Alexandria do Egito e o Capítulo respectivo. Para que pudesse manter a Maçonaria trabalhando durante a Ocupação, Robert Ambelain recebeu todos os graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, até o 33º, todos os graus do Rito Escocês Retificado, incluindo o de Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa e o de Professo, todos os graus do Rito de Memphis-Misraïm e todos os graus do Rito Sueco, incluindo o de Cavaleiro do Templo. Robert Ambelain foi, também, Grão-Mestre ad vitam para a França e Grão-Mestre substituto mundial do Rito de Memphis-Misraïm, entre os anos de 1942 e 1944. Em 1962, foi alçado ao Grão-Mestrado mundial do Rito de Memphis-Misraïm. Em 1985, foi promovido a Grão-Mestre Mundial de Honra do Rito de Memphis-Misraïm. Foi agraciado, ainda, com os títulos de Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente Misto do Brasil, Grão-Mestre de Honra do antigo Grande Oriente do Chile, Presidente do Supremo Conselho dos Ritos Confederados para a França, Grão-Mestre da França – do Rito Escocês Primitivo e Companheiro ymagier do Tour de France – da Union Compagnonnique dês Devoirs Unis, onde recebeu o nome de Parisien-la-Liberté.
“Uma Força mágica, adormecida pela
Queda, está latente no Homem. Ela pode
ser despertada, pela Graça de DEUS, ou
pela Arte da KABALA…”
[J.R. VAN HELMONT: “Hortus
Medicinae – Leyde 1667].
1. Definição
A Teurgia [do grego theos: deus, e ergon: obra], é o aspecto mais elevado, mais puro, e também o mais sábio, disso que o vulgo denomina a Magia. Definir esta, reter a essência e o aspecto mais depurado, é chegar a primeira.
Pois bem, segundo Charles Barlet, “A Magia Cerimonial é uma operação através da qual o Homem busca forçar, pelo próprio jogo das Forças Naturais, as potências Invisíveis de diversas ordens a agirem conforme o que ele requer Delas. A esse efeito, ele as surpreende, as agarra, por assim dizer, projetando [pelo efeito das “correspondências” analógicas que supõe a Unidade da Criação], Forças das quais ele mesmo não é senhor, mas as quais ele pode abrir caminhos extraordinários, no próprio seio da Natureza. Daí esses Pantáculos, essas Substâncias especiais, essas condições rigorosas de Tempo e de Lugar, que é necessário observar sob pena dos mais graves perigos. Pois, se a direção buscada está por pouco que seja errada, o audacioso fica exposto a ação de “potências” junto as quais ele não é mais que um grão de pó…” [Charles Barlet: A Iniciação, n° de janeiro de 1897].
A Magia conforme se viu, não é mais que uma Física Transcendental.
Dessa definição, a Teurgia retém somente a aplicação prática: aquela da lei de “correspondências” analógicas, subentendendo:
1° – A unidade do Mundo, em todos seus componentes;
2° – A identidade analógica do Plano Divino e do Universo material, este sendo criado “a imagem” daquele e permanecendo seu reflexo, inferior e imperfeito;
3° – Uma relação permanente entre ambos, relação decorrente dessa identidade analógica, e podendo ser exprimida, ao mesmo tempo que estabelecida, por uma ciência secundária, chamada de Simbolismo.
Quanto ao “domínio” no qual vão se exercer esses princípios secundários, a Teurgia se separa claramente de Magia.
Esta somente aciona Forças Naturais, terrestres ou cósmicas, se exercendo só no domínio puramente material que é o Universo, e, por consequência, não sendo mesmo Causas Secundárias, no máximo “intermediárias”, de “Causas terciárias” pelo menos. Por consequência a ação da Magia perturbando a intenção das Causas Segundas, estas não fazendo mais do que exprimir a da Causa Primeira, se exercendo por uma de suas “possibilidades”. Daí esse restabelecimento inevitável do equilíbrio rompido, denominado “choque de retorno”, e que se segue a toda realização mágica, a violência desse efeito contrário é proporcional a amplidão e a duração da realização obtida. Pois é uma lei imprescritível, que o Mago deve pagar na dor, as alegrias que sua Arte tiver arrancado às “Imagens Eternas”, saídas do ABSOLUTO, depois orientadas e fixadas pelas Causas segundas.
É completamente diferente o domínio da Teurgia e das faculdades que ela movimenta, fatores puramente metafísicos e jamais cósmicos ou hiperfísicos. Pois é no próprio seio da Arquétipo, nas “possibilidades” que passam – imagens fugidias – na INTELIGÊNCIA PRIMORDIAL, que o Teurgo operará. Definamos pois esse domínio.
O Teurgo crê necessáriamente na existência de um só SER, Único, Eterno, Onipotente, Infinitamente Sábio, Infinitamente bom, Fonte e Conservação de todos os Seres emanados, e de todas as Criaturas passageiras. Esse SER único, ele o designará sob múltiplos Nomes, exprimindo por cada um dos “Raios” de Sua Glória, e que chamaremos aqui simplesmente: DEUS.
Porque DEUS em si é infinito em potências e possibilidades, o Bem e o Mal coexistem e se equilibram eternamente. Mas, porque Ele é também infinitamente Sábio, e é o Bem Absoluto, contemplando desde toda eternidade, em Sua Onisciência, todas as futuras possibilidades, opera entre eles eternamente, e por sua Onisciência, uma Discriminação que é eterna. Essa Discriminação constitui pois, face a face, o Bem e o Mal.
O que DEUS admite, retém, deseja, realiza e conserva, constitui um Universo Ideal, ou Arquetípico. É o “Mundo do Alto”, o Céu. O que Ele refuta, rejeita, reprova, e tende a destruir, constitui o “Mundo de Baixo”, o Inferno. E o Inferno é eterno, como o Mal que exprime, agora o compreendemos.
Como Deus é eterno, e contém em Si todas as “possibilidades” o Mal é eterno e Ele não pode destruí-lo. E como Ele é infinitamente bom, Ele não quer destruí-lo.
Então, como Ele é também o Infinitamente Sábio, Deus o transforma em Bem…
Mas , como o Mal também é eterno, como “princípio”, eterna é essa obra de Redenção dos elementos rejeitados, assim como é eterno o Bem que ele manifesta e realiza.
O Homem, como toda a criatura, leva em si uma centelha divina, sem a qual não poderia existir. Essa centelha, é a VIDA mesma. Esse “Fogo” divino, leva nele todas as possibilidades, assim como FOGO INICIAL de onde ele emana.. As boas como as más. Pois ele não é mais que um reflexo, e entre o braseiro e a centelha, não há nenhuma diferença de natureza!
Esse “fogo” é pois suscetível de “refletir” o Bem ou de “Refletir” o Mal. Quando o Homem tende a se reaproximar de DEUS, ele sopra e anima em si o “fogo claro”, o fogo divino, o “fogo de alegria”. Quando ele tende a se afastar de DEUS, ele sopra e acende em si o “fogo sombrio”, o fogo infernal, o “fogo da Cólera”. Assim ele gera em si, como DEUS o faz no grande TODO, o Bem ou o Mal, o Céu ou o Inferno. E é em nós que levamos a raiz de nossas dores, e de nossas alegrias.
É a essa Obra de Redenção Universal e comum, que faz do Homem o auxiliar de DEUS, que a Teurgia convida o Adepto.
Talvez ele não venha a fazer milagres aparentes, e talvez ele ignore o Bem que tiver realizado. Mas, nessa própria ignorância, sua obra será cem vezes maior que aquela do mago negro, mesmo se este realizasse espantosos prestígios.
Pois estes últimos não farão mais que exprimir a realidade do Mal arquetípico e com eles colaborar. Dessa realidade, ninguém duvida, e essa colaboração lhe é bem inútil…
A Magia nos demonstra pois que nada se perde, que tudo se reencontra, e retoma seu lugar. “Cada um semeia o que colhe, e colhe o que semeou”, nos dizem as Escrituras.
O mago negro, no fundo, é um ignorante, que joga um jogo de tolo !
Seus desejos ou seus ódios envenenam seus dias, e representam o tempo perdido para o Conhecimento Verdadeiro. Ao entardecer de sua vida, ele poderá refletir. Nem Amor, nem a Fortuna, nem a Juventude, nem a Beleza, estarão mais em seu leito para justificar as Horas mal gastas. Somente lhe restará uma coisa: uma dívida a pagar, nesta ou em outra vida, e que nenhuma criatura no Mundo poderá pagar por ele.
Pois, querendo submeter “Forças” tão potentes quanto desconhecidas, tão misteriosas quanto terríveis, à seus desejos e a suas fantasias passageiras, ele terá talvez se tornado escravo inconsciente, mas jamais seu senhor!… Sem o saber, ele as terá servido…
“Quando mentimos e enganamos, diz Mephistópheles, damos o que nos pertence!…”. Pela voz de Goethe, é a multidão anônima dos Iniciados de todos os tempos que nos adverte!
Aqueles “princípios” que DEUS conserva, porque os deseja, desde toda eternidade, Ele os emana. Eles então se individualizam, depois se manifestam, por sua vez, e conforme sua natureza própria que é o Ideal inicial divino. O conjunto dessas “Emanações” constitui o Plano Divino ou Aziluth. Cada uma delas é um Atributo Metafísico. Há assim a “Justiça”, o “Rigor”, a “Misericórdia”, a “Doçura”, a “Força”, a “Sabedoria”, etc…
Como ele são de essência divina, se concebe que os metafísicos orientais, após os ter designado e dotado de um nome próprio, os tenham acrescido os finais “El” ou “Iah”, que significa “DEUS”, feminino ou masculino. Se obtém então essas denominações convencionais: “Justiça de Deus”, “Rigor de Deus”, etc…
Cada uma dessas Emanações, pois que são elas mesmas parte constituinte da DIVINDADE-UNIDADE , emana por sua vez modalidades secundárias de sua própria essência. E assim a seguir.
Assim se constituem esses seres particulares que chamamos de Anjos, Gênios ou Deuses, seres que as teodicéias agruparam em dez divisões convencionais. São os nove coros angélicos, aos quais se acrescenta aquele das “almas glorificadas”, da Teologia judeo-cristã e da Kabala.
No “Mundo de Baixo”, que DEUS rejeita [os Quliphoth, ou “Escórias”, da Kabala], cada um deles tem sua antítese, um ser absolutamente oposto, emanado por um dos Atributos Contrários, e que DEUS tende a fazer evoluir para Melhor e o Bem.
Há pois a “Injustiça”, a “Fraqueza”, a “Crueldade”, a “Insensibilidade”, e o “Erro”, e também aí se acresce os finais correspondentes, El ou Iah, se obtendo os Nomes Demoníacos: “Injustiça Suprema”, “Fraqueza Suprema”, “Crueldade Suprema”, etc…
Todas as “possibilidades”, rejeitadas “em baixo”, são destinadas a virem a ser “criaturas”, e, emergindo do Abismo pela Graça e o Amor de DEUS, elas constituem então o Mundo da prova e da Necessidade, a “Terra”, em hebreu Aretz, único reflexo superior desse Abismo.
Todos os Seres que não são, desde toda eternidade, os “Deuses Atributos” do ABSOLUTO, nascem no seio do Abismo, conjunto do que a Eterna Sabedoria rejeita eternamente. Da mesma maneira, os seres vindos de Baixo devem finalmente chegar “Ao Alto”, no “Palácio do Rei”, religados a uma das Dez Esferas antes citadas, mas aperfeiçoadas, evoluídas, se tornam por fim tais como DEUS o deseja eternamente, e ricas da totalidade de suas lembranças e de suas experiências passadas.
Todos esses seres se elevando pois outrora através de todas as “formas” possíveis e imagináveis da Vida, nesse vasto caleidoscópio que é a NATUREZA ETERNA; formas sucessivamente visíveis ou invisíveis, minerais ou vegetais, animais ou hominais. Chegadas a esse último estado, encruzilhada onde os espera a Liberdade moral e sua Responsabilidade, eles constituem então esse Mundo de Prova e de Fatalidade que é a “Terra”, precursor dos “Céus” simbólicos.
Em virtude dessa Liberdade e dessa Escolha, e se encontrando no plano de Aretz [“Terra”], submissos à Experiência, consequêntemente ao Sofrimento e a Morte transmutadora, os Homens podem, por sua aceitação ou recusa, sua escolha inteligente ou desarazoável, se elevar ou descer na Escala, escala dos “devires”.
Se notará que a Kabala dá o mesmo valor numeral a palavra Sinai e a palavra Soulam, significando escala [130]. A Guematria nos mostra aí uma das chaves principais da metafísica kabalística. Em efeito, essa “escala” está ligada a lenda do patriarca Jacó, palavra significando “que suplanta”. Para uma alma, subir, é, para uma outra descer. [Ver nos “Mabinoggion”, ou “Contos para o Discípulo”, o ensinamento bárdico a esse respeito, no conto de Peredur ab Ewrach]. E sobre a Roda Eterna, todas as almas passam sucessivamente por todos os estados [Ver a “Revolução da Almas” do rabino Issac Loriah]. Nessa subida sobre a escala , uma alma é o “suplantador” enquanto que uma outra é o degrau…
Pois, tendo chegado uma primeira vez no “Palácio Celeste”, mundo da plenitude, onde ele encontra por fim o conjunto de suas lembranças e de suas faculdades, o Ser pode tornar a descer voluntariamente sobre a “Terra”, em Aretz, e aí se encarnar, seja visando novas experiências e do benefício que daí decorre, seja com a finalidade altruística de ajudar os outros seres a se desprender do Abismo, a sair do Sheol [“Sepultura”]. E isso tantas vezes quantas ele desejar, protegido pelo Esquecimento.
Concebemos o inferno mental que seria a Vida se nos lembrássemos de tudo o que fomos ? Imaginemos o nosso eu imortal animando por exemplo uma aranha ? Nos vermos, como aranha, metida em um buraco infecto, dançando sobre uma teia, receptáculo de todas as sanies ou imundices, e devorando com as mandíbulas os cadáveres de moscas decompostos ? “O Esquecimento das vidas precedentes é um benefício de DEUS…” nos diz a tradição lamaica!
E porque a eternidade e o Infinito Divinos fazem com que o ABSOLUTO permaneça sempre inacessível ao Ser, mesmo tendo chegado ao “Palácio dos Céus”, eternos em duração, infinitos em possibilidades são “experiências” da Criatura, e assim, a Sabedoria e o Amor Divinos a fazem participar de uma eternidade e de um infinito relativos imagens e reflexos da eternidade e do infinito divinos, e por si mesmo, geradoras de um eterno vir a ser.
Mas não devemos confundir os Seres em curso de evolução para o Plano Celeste, e os Atributos do Divino, que são partes constituintes de DEUS.
E é pela onipotência do Verbo, se exprimindo através da prece e as santa Orações, por um caminho que se aproxima, tanto quanto é permitido ao Homem, de suas próprias perfeições, que o Teurgo desperta e põe em ação os Atributos Divinos, e o faz, se elevando até eles…
E é pelo Simbolismo, que lhe permite canalizar e conduzir essa ação, a “situando” no Tempo e no Espaço, que o Teurgo age então indiretamente sobre os Seres do Universo material.
Pois, partindo do princípio iniciático universal que a “parte” vale o “Todo”, e que “o que está em baixo é como o que está no alto”, esse Simbolismo lhe permite então realizar um microcosmo realmente em relação de identidade analógica com o Macrocosmo. Essa teoria se reencontra, degradada, no princípio do Envultamento e aquele do estabelecimento de seu “vulto”.
Pelo Simbolismo, o Teurgo realiza, sobre seu Altar, sobre seus Pantáculos, ou em seus Círculos operatórios, verdadeiros “vultos” do Mundo Celeste, do Universo material, dos seres que aí residem, da Forças que aí estão encerradas.
Mas, ao contrário do praticante da Magia vulgar, realmente ligado as virtudes particulares de seu objetos, de seus ingredientes, aos ritos [tornados fórmulas supersticiosas] de seu Sacramentário, assim como o Físico ou o Químico estão a aquelas de seus aparelhos de laboratório, dos corpos que eles utilizam, a aqueles das fórmulas de seus códex, o Teurgo não tem essa servidão supersticiosa. E ele não utiliza o Simbolismo a não ser como meio de expressão, complemento de seu verbo, este expressão de seu pensamento.
Pois o Simbolismo completa [no domínio das coisas inanimadas] o Gesto do Teurgo, seu Gesto completa sua palavra, sua palavra exprime seu pensamento, e seu pensamento exprime sua Alma. E esse é exatamente o segredo das “Núpcias fecundas do Céu e da Terra”.
Desse modo temos na Trindade Divina e na Trindade Humana :
DEUS UM…………………………..ALMA UNA
Pai………………………………………..Pensamento
Filho……………………………………..Palavra
Espírito Santo…………………………Gesto
Por fim, o Teurgo não pretende submeter, mas obter, o que é muito diferente! Para o Mago, o rito submete inexoravelmente as Forças a quem ele se dirige. Possuir seu “nome”, conhecer os “encantos”, é poder encadear os Invisíveis, afirmam as tradições mágicas universais.
Mas a lógica não admite, à essa pretensão, mais que três hipóteses justificativas:
a) ou as Forças dominadas o são sujeitas porque inferiores em potência ao próprio Mago. E então, nenhum mérito em dominá-las, e nenhum benefício a alcançar. Pois a Ciência oficial, com paciência e tempo, chegará ao mesmo resultado…
b) ou elas se prestam por um momento a esse jogo, aceitando uma servidão momentânea aparentemente, e na espera de uma consequência fatal, que escapa ao homem, mas à que, logicamente deve, seu proveito. Nesse caso o Mago é enganado, a Magia é perigosa, e como tal deve ser combatida…
c) essas Forças são inconscientes, logo sem inteligência e por consequência naturais. Nesse caso , a pretensão do Magista de submeter as “potências” do Além não é mais que uma quimera. Seu ritual, fastidioso, irregular em seus efeitos, imprevisível em suas consequências últimas, deve ser substituído por um estudo científico desses fenômenos, preludiando a sua incorporação no domínio das artes e das ciências profanas. Desde então, não há mais Magia…
Para o Teurgo, nenhuma “explicação” tendente a diminuir seus poderes é temida, pois que ele afasta de primeira todo fator material dotado de qualquer virtude oculta, toda força encerrada ou infundida por ritos em seus auxiliares materiais. Somente, o Simbolismo deve o unir ao Divino, com o elã de sua alma, por veículo. Já de início ele situa o problema: se dirigindo a DEUS pelo canal do Espírito e do Coração, nenhuma defloração do grande arcano deve ser temida, e, o que quer que advenha em suas diversas realizações, o Mistério dessas últimas permanece por inteiro.
O que o Mágico pagará a continuação com dor, o Teurgo completará com alegrias. E assim como dizem as escrituras, o Teurgo acumulará tesouros inalteráveis, enquanto que o Mágico realiza um mau futuro…
Texto retirado de Hermanubis Martinista.
Respostas de 13
é o caminho da senda cardíaca que Saint Martin faz um alerta para seguirmos, onde podemos citar o adágio: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. Todas as resposta está dentro de nós mesmos, e não precisamos de meios externos…
Estou muito surpreso, no mesmo dia em que compro a cabala teúrgica (jean louis de biasi) vejo este teu artigo. Estou com um sorriso de orelha a orelha.
Esta sensação de ” coisas coincidindo” não tem preço, né?
Um texto fabuloso: A Alquimia Espiritual, um mverdadeiro dicionário da Via INterior. :
Gostaria de informar que existem ramificações/ vertentes da Ordem Rocruz ou do Rosacrucianismo.
Todas são distintas entre si e cabe a cada um de nós, procurar o que busca encontrar nesses fraternidades.
— Fraternidade Rosacruz (Max Heindel) (Fraternidade Rosacruz)
— Lectorium Rosicrucianum
— Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C)
— Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA)
— Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz (OKRC)
— Antiga e Mística Ordem Rosa-Cruz (AMORC) -http://www.amorc.org.br
também está no Facebook. Site e páginas oficiais.
Eu gosto de pensar que um dia tive uma existência como um peixe, e imagino que no futuro me lembrarei do momento atual como hoje penso no peixe, e ainda assim perceber a beleza e a perfeição de cada momento, e que naquele exato instante, todo o universo fluía e refluía em minhas brânquias. Por isso não creio que o esquecimento seja necessariamente uma dádiva do criador, por certo uma necessidade para o estágio atual das consciências individualizadas, mas num determinado momento estaremos aptos a enxergar a sabedoria imanente em cada movimento de nossas energias em reintegração ao corpo do homem universal e então, poderemos nos destacar, como uma célula perfeitamente pura deste corpo, integralmente consciente, capacitada a ‘munir-se do arado’ e lavrar as ‘vinhas cósmicas’.
Muito obrigada pelo texto!
Bom dia! Tenho buscado muitos caminhos, e o que mais me satisfaz, por causa da profundidade teórica (o conteúdo em si) e utilidade e propósito prático (conversação e conhecimento do SAG) é o da teurgia e hermetismo. Mas vejo advertências (Israel Regardie, Eliphas Lévi) sobre os perigos que o medo pode trazer. Possuo mediunidade de incorporação não desenvolvida, e talvez isso possa explicar, pq tenho tido problemas pra dormir e receio quanto a andar por lugares escuros e/ou isolados à noite, por medo de entidades (embora no terreiro eu não tenha medo, pelo contrário, me sinto bem e à vontade com as entidades). Tenho no meu mapa Plutão em 12. casa, que diz “Ao longo de sua vida, você terá que enfrentar e exorcizar
demônios psicológicos internos que desafiam os limites da
racionalidade”. Enfim,
1) isso pode me trazer problemas nas invocações?
2) Se for válido, como resolver isso? Ou fico privado do caminho que mais me apraz?
3) E quanto às ordens alquímicas, como a AA?
Perdoem-me a ignorância em todos estes assuntos e a pressa de vir tomar seu tempo antes de pesquisar em outras fontes. Agradeço muito a resposta.
P.S.: Ou podem me indicar algum texto que detalhe mais os problemas da pessoa e suas consequencias nesse tipo de prática? Há algum caminho parecido, livre desses riscos?
@Jeff – 1. Enquanto não controlar o medo, há advertências sérias com relação às evocações. 2. Enfrentando e exorcizando seus demônios interiores, conforme diz seu mapa. 3. É uma ótima ordem para você ingressar e condiz com os sistemas que você tem como meta. Também te ajudará no trabalho interior e a vencer seus medos.
Eu tive um sonho que alguem me falava de teurgia…não sabia ao certo o que era, e assim que acordei vim pesquisar na net, e achei esse site..acham que algumas coisas podem estar ligadas? Tipo, alguem me mandou uma mensagem através de sonho? Ou tem algo haver com vidas passadas? Sei lá, ou coisas do tipo. Ou será apenas coincidência? Enfim, achei interessante .
Lindo texto, porém ainda tenho dificuldades em diferençar a Teurgia da Magia Clássica. Seria a mesma? A Magia Enochiana, Elementar…é considerada que tipo de Magia ou Via? O que especificamente e na prática (se puder dar um exemplo) poderíamos definir como Teurgia? Nem mesmo sei se a pergunta procede. Se o amado Frater Jeff puder me responder, agradeço desde já. P.P.
Sr, Jeff Alves,
SE “Todos os seres que não são desde a eternidade os Deuses Atributos do Absoluto nascem do seio do Abismo, conjunto que a Eterna Sabedoria rejeita eternamente”, posso concluir que o Abismo não nasce de Deus, e que o Abismo é eterno?
Muito obrigado
José Elias
Amigo, José Elias, vou expor minha opinião…
Antes de ser Ain Soph (ilimitado, infinito), o Santo, bendito seja é Ain (nada, inexistente). Inexistente pq transcende a compreensão humana. precisamos, ainda, sair da condição do humano, para algo mais sutil, sublime, que nos invocará ou permitirá compreensões além de nossa capacidade “limitada” atual.
São dez sephirots, não nove e nem onze. Assim o diz no Sepher Yetzirah.
O santo, bendito seja, Du’s está ao mesmo tempo, dentro e fora, do esquema existencial. Ele não é uma sephirat, nem mesmo Kether… Conjecturamos que tudo iniciou-se do NADA… do FIAT LUX… até mesmo o Abismo.
Nossas perspectivas humanas “limitam” qualquer definição ou entendimento do que seja D’us, mas podemos conjecturar, que em seu triplo aspecto – Onipotente – Onisciente – Eterno… tudo advém deste Ternário. E Este Ternário não é um simples 1,2 e 3… é uma combinação de forças motrizes, energéticas, existenciais, que planificam o que seja D’us em nosso entendimento… a nível humano…
Seguimos, estudando… compartilhe suas impressões pessoais com todos os que estudam o assunto… Esta é uma das Egrégoras mais Sagradas… Somamos muitas vidas tentando compreender a D’us e com isso evoluindo nossa espécie.
Peço a Jeff Alves e a quem , entre os leitores, tiver luz suficiente para esclarecer minhas dúvidas, que esclareça alguma as muitas dúvidas que tenho sobre o assunto abordado em “A Teurgia”:
Embora o “cristianismo” católico não seja Cabala, nem Teurgia, tento fazer uma analogia entre a trindade descrita por Robert Ambelain na tradução de Jeff Alves e não consigo.1
Peço ajuda a quem tem luz suficiente para responder: a Trindade Católico Romana é constituída pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo como a Trindade da Teurgia, embora os conceitos subjacentes às palavras Pai, Filho e Espírito Santo que me foram apresentados quando eu era católico sejam diferentes.2
Penso na Trindade egípcia, e ela é bem diferente:
Pai ( Osíris). Mãe ( Ísis) e Filho ( Hórus).Talvez nem se trate de uma Trindade , mas de um Quaternário, pois o drama que leva à morte e ressurreição de Osíris inclui Set, que não parece estar hierarquicamente abaixo de Osíris.
Não consigo fazer uma analogia entre essas duas Trindades ( a Teúrgica segundo Robert Ambelain e a Egípcia conforme conheço).3
Pai, Filho e Espírito têm funções diferentes das de Osíris, Ísis e Hórus na lenda egípcio.4
Alguém com alguma luz consegue ver uma relação entre a Trintade Teúriga( Pai, Filho e Espírito Santo) e a Trindade Egípcia( Pai, Mãe e Filho)?5
Um ponto que me faz pensar e ter muitas dúvidas é a sequência Pensamento, Palavra e Gesto.
Para que a Teurgia produza efeitos ( na Terra, ou em Malkuth) não seria necessário que houvesse Pensamento, Palavra , Gesto e Matéria( matéria sobre a qual produzir efeitos)?6
Deus Manifesto (EIN SOF manifesto) tem o poder de criar, destruir e modificar a Matéria?7
A Matéria é preexistente à criação, Eterna, e, por conseguinte, Divina?8
Se a Matéria é preexistente à Criação, é porque Deus Imanifesto(EIN SOF) emana dois Seres Divinos de Polaridade oposta, antes da emanação das sefiroth.O Ser Divino de polaridade negativa é a Matéria.9
Esse Ser Divino, a Matéria, é Incriada e por isso não precisa ser criada nem pode ser destruída?10
Se a Matéria é preexistente, basta a sequência Pensamento, Palavra e Gesto, pois ela tem o mesmo status do Deus Manifesto, não cabendo ao Ser Divino de polaridade positiva nem ao homem criá-la nem destruí-la, mas modificá-la, utilizá-la e principalmente moldá-la em habitações (corpos materiais) para as centelha divinas.11
A Matéria Eterna e o Eterno está acima ( é anterior na sequência) às Esferas da Árvore das Vidas.12
Obrigado pela atenção.
José Elias
Em quais ordens posso aprender Teurgia? AMORC e TOM chegam a pegar essa parte?