Retirado do Tao Te Ching (*)
Todos neste mundo reconhecem a beleza do que é Belo
e, desta forma, reconhecem também a feiura.
Todos neste mundo reconhecem a habilidade dos Habilidosos
e, desta forma, desejam desenvolver tal habilidade.
Da mesma forma, a existência e a não-existência
geram uma a outra.
E assim o longo e o curto se delimitam entre si,
o alto e o baixo surgem de seu próprio contraste,
as notas musicais se harmonizam na própria melodia,
e aquele que veio antes demarca o que veio após.
Com este conhecimento,
o sábio executa suas tarefas sem agir
e ensina sem nada dizer.
Todas as coisas fluem sem timidez.
Elas crescem, e nenhuma interfere no fluxo natural.
Sem expectativas nem orgulho,
elas realizam o que devem realizar.
É a sua falta de apego ao mérito da realização
que faz com que sua energia jamais as abandone.
***
Reflexão
Um leão é grandioso para um rato, mas pequenino para um elefante. Seria o leão grandioso ou pequenino? Quando exatamente deixa de estar calor e começa a fazer frio? Um brasileiro e um islandês poderiam concordar sobre quando está frio e quando está calor? Não há Algo por detrás de todo calor e todo frio, anterior a majestade dos leões? Não há Algo de onde tudo flui? Os peixes no fundo do mar acaso veem letreiros a anunciar a Grande Igreja do Oceano?
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Todo mês traremos mais uma passagem do Tao Te Ching para uma interpretação e reflexão conjunta…
(*) Nesta tradução exclusiva do Tao Te Ching a partir da tradução clássica de James Legge para o inglês, Rafael Arrais (autor do blog Textos para Reflexão) usa do auxílio precioso das interpretações do ocultista britânico Aleister Crowley e do filósofo brasileiro Murillo Nunes de Azevedo para compor uma visão moderna da antiga sabedoria de Lao Tse.
Respostas de 4
Lendo este passagem fica clara a relação com o princípio Hermético da polaridade, onde todos os opostos podem se reconciliar pois a sua natureza, isto é, sua origem é a mesma…
Sendo assim posso dizer que tanto os ensinamentos de Lao Tse quanto Hermes Trimegisto embora distantes geograficamente bebem da mesma fonte…
@raph – Com certeza, ambos tratam do que era “anterior ao Soberano do Céu”, ou seja, anterior mesmo a primeira dualidade. A reconciliação está na engenharia de realidade desde a Eternidade. Abs 🙂
um grande abraço!
É praticamente a versão escrita do símbolo do Tao
@raph – Mais sobre ele aqui: http://aoikuwan.com/2011/08/01/o-yin-e-o-yang/
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triste que na sociedade ocidental, certas religiões levaram os opostos a serem vistos como inimigos em batalha, e o passivo/feminino foi demonizado como o “mal”. Nesse aspecto as religiões orientais são muito mais avançadas