Francis Bacon (1561-1626) foi um dos mais conhecidos e influentes rosacruzes e também um alquimista, tendo ocupado o posto mais elevado da Ordem Rosacruz, o de Imperator.
Estudiosos apontam como sendo o real autor dos famosos manifestos rosacruzes, Fama Fraternitatis (1614), Confessio Fraternitatis (1615) e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz (1616).
Bacon interessava-se por astrologia e tentou formular uma ciência empírica baseada na co-relação das conjunções astrológicas e os fatos históricos. Se tivesse levado a cabo esse projeto, a ciência hoje seria completamente diferente. Mas, pressões acadêmicas da época forçaram-no a abandonar a empreitada.
A produção intelectual de Bacon foi vasta e variada. De modo geral, pode ser dividida em três partes: jurídica, literária e filosófica.
As obras filosóficas mais importantes de Bacon são Instauratio magna (Grande restauração) e Novum organum. Nesta última, Bacon apresenta e descreve seu método para as ciências. Este novo método deverá substituir o Organon aristotélico.
Seus escritos no âmbito filosófico podem ser agrupados do seguinte modo:
1) Escritos que faziam parte da Instauratio magna e que foram ou superados ou postos de lado, como: De interpretatione naturae (Da interpretação da natureza), Inquisitio de motu (Pesquisas sobre o movimento), Historia naturalis (História natural), onde tenta aplicar seu método pela primeira vez;
2) Escritos relacionados com a Instauratio magna, mas não incluídos em seu plano original. O escrito mais importante é New Atlantis (Nova Atlântida), onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por idéias de caráter científico. Além deste, destacam-se Cogitationes de natura rerum (Reflexões sobre a natureza das coisas) e De fluxu et refluxu (Das marés);
3) Instauratio magna, onde Bacon procura desenvolver o seu pensamento filosófico-científico e que consta de seis partes:
(a) Partitiones scientiarum (Classificação das ciências), sistematização do conjunto do saber humano, de acordo com as faculdades que o produzem;
(b) Novum organum sive Indicia de interpretatione naturae (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), exposição do método indutivo, trabalho esse que reformula e repete o Novum organum;
(c) Phaenomena universi sive Historia naturalis et experimentalis ad condendam philosophiam (Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia), versa sobre a coleta de dados empíricos;
(d) Scala intellectus, sive Filum labyrinthi (Escala do entendimento ou O Fio do labirinto), contém exemplos de investigação conduzida de acordo com o novo método;
(e) Prodromi sive Antecipationes philosophiae secundae (Introdução ou Antecipações à filosofia segunda), onde faz considerações à margem do novo método, visando mostrar o avanço por ele permitido;
(f) Philosophia secunda, sive Scientia activa (Filosofia segunda ou Ciência ativa), seria o resultado final, oragnizado em um sistema de axiomas.
Fama Fraternitatis Rosae Crucis (Fama fraternitatis Roseae Crucis oder Die Bruderschaft des Ordens der Rosenkreuzer), ou simplesmente Fama Fraternitatis, é um manifesto rosacruciano publicado em 1614 na cidade alemã de Kassel.
Fama Fraternitatis foi dirigido às autoridades políticas e religiosas, bem como aos cientistas da época. Ao mesmo tempo em que fazia um balanço talvez negativo da situação geral na Europa, revelou a existência da Ordem da Rosa+Cruz através da história alegórica de Christian Rosenkreutz (1378-1484), desde o périplo que o levara pelo mundo inteiro antes de dar vida à Fraternidade Rosacruz, até à descoberta de seu túmulo. Esse Manifesto já fazia apelo a uma Reforma Universal. Continha a história, a constituição e as Leis da Ordem. A confissão da Fraternidade da Rosa-Cruz dava 37 razões para sua existência, definindo seus objetivos e os meios para alcançá-los.
Confessio Fraternitatis (Confessio oder Bekenntnis der Societät und Bruderschaft Rosenkreuz), ou simplesmente Confessio Fraternitatis, é um manifesto rosacruciano publicado em 1615 na cidade alemã de Kassel.
Confessio Fraternitatis completou o primeiro Manifesto, por um lado insistindo na necessidade do ser humano e a sociedade se regenerarem e, por outro lado, indicando que a Fraternidade dos Rosacruzes possuía uma ciência filosófica que permitia realizar essa Regeneração. Nisso ela se dirigia antes de tudo aos buscadores desejosos de participar nos trabalhos da Ordem e promover a felicidade da Humanidade. O aspecto profético desse texto intrigou muito os eruditos da época.
Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz (Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz anno 1459), ou simplesmente Núpcias Alquímicas (ou Químicas) de Christian Rozenkreuz, é um manifesto rosacruciano publicado em 1616 na cidade alemã de Estrasburgo (anexada à França em 1681).
O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz, num estilo bastante diferente dos dois primeiros Manifestos, relatou uma viagem iniciática que representava a busca da Iluminação. Essa viagem de sete dias se desenrolava em grande parte num misterioso castelo onde deviam ser celebradas as bodas de um rei e de uma rainha. Em termos simbólicos, o Casamento Alquímico descrevia a jornada espiritual que leva todo Iniciado a realizar a união entre sua alma (a esposa) e Deus (o esposo).
Texto publicado originalmente pela Lupy no excelente blog Ponte Oculta
Respostas de 12
Eu sempre confundo “Roger Bacon” com “Francis Bacon”. Há alguma relação entre as duas figuras, tirando o fato de ambos terem sido ocultistas ?
Tio Marcelo,
de acordo com o livro ‘ A história da Rosa-cruz – os invisíveis’ de Tobias Churton, Francis Bacon foi só um dos muitos seguidores dos escritos da Fama e da Confessio, ambos escritos por J.V Andreae, de acordo com o livro.
E ainda falando de acordo com o livro, Francis Bacon não pode ter sido Imperator da Ordem, já que nessa época, eram apenas pessoas compartilhando a mesma ideia espalhados pelo mundo, sem ‘endereço fixo’.
Existem fatos históricos que podem explicar tanto a teoria dita neste texto, quanto a teoria do livro de Churton ?
Oi, Marcello!
Então, Francis Bacon foi sim Imperator da Ordem Rosa Cruz, de acordo com os registros da própria Ordem, ok?! Sinto te dizer que o Tobias Churton está errado quando nega isso em seu livro. E sim, os três manifestos na verdade foram escritos por Valentin Andreae. Afirmo isso porque sou filiada à Rosa-Cruz.
Agora uma pergunta
Ele era uma loja tb?, ou esse ai realmente existiu, digo uma existência com encarnação.
http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Shakespeare
Ademais, Bacon foi um escritor notável. Seus Essays são os primeiros modelos da prosa inglesa moderna. Há muitos que acreditam que tenha sido ele o verdadeiro autor das peças de Shakespeare, teoria surgida há séculos, na chamada Questão da autoria de Shakespeare.
http://www.daemon.com.br/wiki/index.php?title=Francis_Bacon
Depois de ler o Wiki que vc fez, já sei a resposta acima.
Bacon foi um filósofo dos mais importantes, um dos que (como Descartes) inauguraram a filosofia moderna através da recusa dos métodos (parte deles) da filosofia tradicional. Vários dos textos mencionados são facilmente encontrados em qualquer língua moderna, em edições universitárias ou não. Há quem diga que Shakespeare é um pseudônimo de Bacon. Entre as coisas mais importantes que ele disse está: “saber é poder”. Seu discípulo mais famoso foi Thomas Hobbes (“o homem é o lobo do homem”). Bacon é considerado o fundador do empirismo inglês (embora “ismos” não ajudem muito a compreender a filosofia). Um dos grandes problemas em considerá-lo o “pai do método experimental” é que Bacon não diz nada sobre a matemática (esse Bacon, pois há um Roger Bacon medieval que é um dos mais célebres estudiosos da ótica geométrica, entre outras coisas).
Não conheço obras rosacrucianas atribuídas a ele. Seriam as “núpcias alquímicas” de Bacon? Também não tenho evidências suficientes para acreditar que ele é o autor da obra shakespeareana. Gostaria de conhecer as fontes do MDD sobre ele.
Paz.
@MDD – Tanto os textos rosacruzes quanto os shakespeareanos possuem defensores tanto de que foi ele quanto de que não foi. Eu preferiria pensar que não foi, pois assim significaria que existiam pelo menos DUAS pessoas com esta inteligência naquela época. Muita gente defende também de que Shakespeare não era apenas uma pessoa, mas uma loja rosacruz (não no sentido de que temos hoje, claro, mas no de um grupo de estudiosos e literários). Os textos de Shakespeare são recheados de citações que fazem alusões aos textos rosacrucianos e místicos medievais.
Bacon foi também um político corrupto. Isso não é contraditório com os valores morais da filosofia da alquimia?
@Edujanu, se está referindo-se a Sir Francis Bacon, este existiu em carne e osso, ele foi inclusive Chanceler uma época da Coroa Britânica, sem contar que muita gente diz que ele é o verdeiro autor das obras atribuídas a Shakespeare (que seria um pseudônimo).
Marcelo,
você conhece o livro do Paolo Rossi “Francis Bacon: da Magia à Ciência”?
outros livros do Paolo Rossi são bons?
Tio Marcelo,
Li no livro 2012 – A Era de Ouro de autoria de Carlos Torres e Sueli Zanquim (editora Madras) que Francis Bacon foi uma das manifestações no plano material de Saint Germain, assim como O Profeta Samuel, São José, Albano, Merlin, Roger Bacon etc. Essa informação procede?
@MDD – Duvido muito de tudo o que leva o nome do saint Germain…
93!
Já ouviu a teoria (da conspiração?) de que ele era o Willian Shakespeare?
Essa historia/estória procede?
93,93/93
Tive ontem uma aula sobre isso no capítulo R+C. Legal.