Xamãs, Heróis e Dragões

Este texto é destinado principalmente a todos aqueles que sabem perfeitamente a diferença entre imaginação, fantasia e realidade, e exatamente por isso se sentiram “atraídos”, desde cedo, pelos mitos modernos – embora, talvez hoje saibam, estes sempre foram também uma parte dos mitos de outrora…

A chamada tradição oral é a preservação de histórias, lendas, usos e costumes através da fala. Origina-se do primórdio da história humana, quando ainda não havia a escrita e os materiais que pudessem manter e circular os registros históricos.

Na atualidade própria das classes iletradas, a tradição oral tem sido, contudo, muito valorizada pelos eruditos que se dedicam ao seu estudo e compilação (os contos dos Irmãos Grimm, por exemplo), ao considerarem que é na tradição oral que se fundamenta a identidade cultural mais profunda de um povo. Supõe-se, por exemplo, que a Ilíada e a Odisseia de Homero foram, inicialmente, longos poemas recitados de memória.

Joseph Campbell gostava de dizer que “o mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre”. Esse aparente paradoxo pode ser reconciliado se entendermos a tradição oral, mãe da mitologia, como a melhor forma com a qual o espírito humano pôde passar adiante suas experiências no contato com a essência das coisas, com o que há de eterno no mundo. Dessa forma, todas as variantes de um mesmo mito são, no fundo, uma mesma história. E toda mitologia é, no fundo, uma mesma mitologia, uma mitologia do espírito humano.

Mas hoje não vivemos mais em tribos e aldeias, e nem todos necessitam decorar tais histórias antigas. Além disso, não são os xamãs nem os anciãos quem nos passam os mitos, mas alguns poucos textos sagrados de outrora, que até hoje inspiram inúmeras variações na mente dos contadores de histórias modernos – a quem conhecemos, principalmente, como artistas. Existem mitos sendo recontados em todos os cantos: nos livros de vampiros adolescentes, nos filmes de Hollywood, nas séries de TV de fantasia, e até mesmo num gibi.

Desde pequeno eu fui imediatamente atraído pela mitologia dos super-heróis do século passado. E o meu predileto é Steve Rogers, o Capitão América, que era fisicamente fraco, mas ao passar pelo processo “mágico” do projeto do supersoldado, tornou-se um ser sobre-humano. No entanto, a maior força de Steve sempre foi sua honra e sua ética, sua compaixão pelos fracos – tão fracos e indefesos como ele fora um dia. Ora, essa história é um mito, e esse mito nada tem a ver com os Estados Unidos da América. Steve calhou de ter sido criado durante a Segunda Guerra, por quadrinistas americanos, e por isso serviu como um elemento patriótico na luta contra o nazismo. Mas a guerra acabou. As guerras passam, os mitos permanecem.

Por isso os heróis das histórias precisam continuar lutando suas guerras, e vivenciando suas aventuras e jornadas de heróis – tais histórias podem hoje terem se tornado superficiais, mitos “diluídos” em uma sociedade que em sua maior parte se esqueceu da espiritualidade antiga… Mas ainda continuam narrando, em essência, aquilo que está fora do tempo. Continuam se tratando de jornadas espirituais. Mesmo que não saibamos, estamos até os dias de hoje vivenciando a mitologia, apenas uma mitologia moderna, que nos chega através de gibis e filmes 3D, e não pela boca de um contador de histórias, próximo à fogueira no centro da aldeia, numa noite de céu estrelado – salpicado de super-heróis.

Essa reflexão pode não ter nada de aparentemente espiritual, mas isso é porque poucos interagem com os mitos. As histórias contadas da maneira antiga serviam principalmente para que cada homem e cada mulher se imaginassem como o herói ou heroína através de sua jornada. Não era algo para se ouvir e simplesmente decorar. Era algo para se ouvir, imaginar, experimentar, modificar, e só então passar adiante… Obviamente que as histórias foram alteradas, e seria estranho que não fossem. Mas, ainda mais estranho, é que tenham chegado aos dias atuais com sua essência inalterada – eis que são diversos modos de se abordar um mesmo mito, e o mito não se altera, pois sua essência reside fora deste mundo.

J. R. R. Tolkien foi um filólogo e escritor britânico que desde cedo se ressentiu do fato da maior parte da mitologia inglesa ter se perdido com o tempo. Ele decidiu resolver o problema criando uma nova mitologia inglesa. Claro que de nova ela não tinha nada, pois que todos os mitos são tão antigos quanto à humanidade, mas era uma mitologia moderna, uma mitologia que cativou seguidores em todo o mundo… Só para terem uma ideia, existem grupos que se reúnem para falar em quenya, um idioma fictício que existe apenas nas obras de Tolkien. Esses estão literalmente “entrando na história”, vivenciando o mito.

Mas foi através de Gary Gygax que encontramos uma forma totalmente inesperada de vivenciar mitos. Em 1974 ele adaptou, junto com seu amigo Dave Arneson, um jogo de guerra baseado no movimento de miniaturas em um tabuleiro. O tabuleiro passou a ser irrelevante, as partidas passaram a ocorrer principalmente na imaginação dos jogadores, e todos se tornaram contadores de histórias – novamente. No jogo de Gygax, o primeiro Role Playing Game da história (“Jogo de Interpretação de Personagens”), heróis enfrentavam jornadas épicas e aventuras sem fim, adentrando masmorras obscuras como labirintos de minotauros, e digladiando-se com dragões e outros seres mitológicos… Cabia ao jogador designado como mestre do jogo, um novo xamã da tribo, determinar o desenrolar da história – mas todas as escolhas dos heróis eram feitas por eles próprios, os jogadores. Todos estavam vivenciando a jornada.

Os resultados se suas ações eram determinados pelo resultado obtido em se arremessar poliedros regulares na mesa. Os famosos sólidos de Platão e Pitágoras continuavam a ser sagrados – são os rolamentos dos dados de 4, 6, 8, 12 e 20 faces que decidem o destino dos heróis (bem, existe também o dado de 10 faces, embora este não seja um poliedro regular). Todo jogo de RPG tem alguma coisa de experiência religiosa, mas foi só muito tempo depois de ter jogado a primeira vez, com cerca de 11 anos de idade, que me apercebi disso.

Cheguei a criar meu próprio mundo de fantasia e cenário de RPG. A mitologia moderna me atraiu, e não poderia ter sido de outra forma. Hoje compreendo: aquele jogo tão distinto, onde o tabuleiro existia principalmente em nossa mente, foi talvez a minha primeira experiência genuinamente espiritual.

E, se não lhes pareceu suficientemente profunda, gostaria de lembrar brevemente que quando um personagem com o qual jogamos RPG eventualmente morre na história, podemos ser ressuscitados por feitiços, mas também podemos ter de criar um novo personagem. E, não importa se este novo é um guerreiro ou ladrão, enquanto o antigo era um clérigo ou mago, nosso entendimento do jogo se desenvolveu, nosso potencial para jogar e interpretar cada vez melhor é hoje maior do que ontem. E, se tivermos de começar uma vez mais do nível 1, não significa que tenhamos perdido a experiência de um dia termos chegado, quem sabe, a um nível 13 ou 14… Um dia chegaremos finalmente ao nível 20, e depois quem sabe a semi-deuses, e depois a algum nível que nem mesmo Gygax descreveu nas regras. E teremos de criar novas regras nós mesmos.

Assim também ocorre com o espírito. Esta vida é meu mais novo personagem, e sinceramente não sei mais em que nível eu estou…

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Posts relacionados a este tema, no meu blog:

» Poesia em quadrinhos

» Arte, Magia e Moore

» Festa estranha (série de depoimentos pessoais da qual este texto faz parte)

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Crédito das imagens: [topo] Jason Thompson; [ao longo] Divulgação (Capitão América/Marvel)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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Respostas de 21

  1. Muito bom texto Raph ,eu também sou fascinado por esse universo da mitologia e rpg ,impressionante como cada vez mais aprendo alguma coisa com seus textos pois realmente não tinha parado para refletir como o rpg pode nos dar experiencias profundas.Parabéns pelo texto.

    @raph – Obrigado. Pois é, foi um pensamento de me ocorreu “de passagem” em alguma madrugada enquanto estava jogando, mas não me pareceu nada demais… Só muitos anos depois, quando “desenvolvi” meu pensamento acerca da reencarnação, e sobre a Personalidade e a Potencialidade, que percebi que aquele pensamento era mesmo bem mais profundo do que me pareceu a primeira vista… E que, talvez não tenha sido a toa que comprei (na verdade, meu pai comprou pra mim) meu primeiro gibi da Marvel ainda antes de sequer saber ler! Abs.

  2. Joseph Campbell é o melhor especialista em mitologia que eu conheço,e realmente,as pessoas quando realmente consenguem sentir a essencia do mito,tambem vão querer seguir a jornada do heroi e ser o xamã que vai passar o mito para outras pessoas(embora desde o nascimento todos nõs estamos seguindo nossa propria jornada,mesmo sem a jente saber), e por falar em xamãs,voce conhece algum livro que fala sobre xamanismo.Sou fasinado pela cultura xamanica.

    @raph – Conheço somente livros de mitologia mesmo, não tenho um específico sobre o xamanismo em si, mas poderia recomendar o excelente “O Espírito e o Tempo”, de J. Herculano Pires (ed. Paideia), que fala sobre a história da mediunidade desde a pré-história.

  3. Jogo rpg a muito tempo e agora estou começando a jogar outro mmorpg da vida ( conheço muitos e já joguei muitos desses) isso quer dizer, começar do zero, conhecer novas pessoas, adquirir novas conquistas, tudo isso tem de ser feito no jogo e na vida real, para aprimorar o personagem virtual ou o real, o bom agora é q eu não consigo ficar mais muito tempo no mundo virtual então meu foco vai pro mundo real mesmo, quanto ao nivel em que estou também não sei.

    @raph – Pois é, em MMORPGs as analogias também são bem profundas. Estranho de se pensar: você está lá com um monte de pessoas “interpretando” personagens virtuais, se unindo em prol de um objetivo em comum, se tornando amigas umas das outras (as vezes você pode passar meses falando mais com seu grupo num MMORPG do que com pessoas íntimas de sua própria família)… Mas todas tem um “outro eu” mais profundo e as vezes desconhecido. Podemos estar lutando ao lado de um adolescente de 13 anos ou de um pai de família de 50, mas no jogo todos parecem apenas guerreiros e magos… Tudo isso dá o que pensar se fizemos a analogia da vida física correspondendo a simulação de um mundo virtual de um MMORPG, e a vida espiritual correspondendo a “vida real”… Mas, acima de tudo, sabemos que de um dia para o outro qualquer um pode parar de jogar e “morrer”, ou ainda todos podem migrar para um MMORPG de nova geração. Sim, dá o que pensar!

    1. Essa analogia já foi exposta aqui ou no Sedentário ! E como, nos MMORPG, na nossa vida a jornada deve ser aproveitada!

  4. “Por isso os heróis das histórias precisam continuar lutando suas guerras, e vivenciando suas aventuras e jornadas de heróis – tais histórias podem hoje terem se tornado superficiais, mitos “diluídos” em uma sociedade que em sua maior parte se esqueceu da espiritualidade antiga… Mas ainda continuam narrando, em essência, aquilo que está fora do tempo. Continuam se tratando de jornadas espirituais. Mesmo que não saibamos, estamos até os dias de hoje vivenciando a mitologia, apenas uma mitologia moderna, que nos chega através de gibis e filmes 3D, e não pela boca de um contador de histórias. Próximo à fogueira no centro da aldeia, numa noite de céu estrelado – salpicado de super-heróis.”

    ^^ Isso.
    Transportei-me para um lugar e tempo onde não havia energia elétrica; onde os sons noturnos eram somente os de animais caçando ou fugindo na floresta. Quando bastaria olhar para cima e contemplar a glória e plenitude das luzes estelares. Ao redor de amigos e aquecido pelo fogo no centro do círculo e pelo fogo de nosso companheirismo, ouviamos e contávamos histórias longínquas de grandes feitos e grandes ameaças, enfrentadas por homens e mulheres extraordinários que, apesar de suas façanhas, compartilhavam sentimentos e aflições bastante parecidos com os de cada um de nós…

    @raph – O grande centro de entretenimento de outrora eram as rodas em torno de fogueiras, após as caçadas… Foi assim que nos tornamos seres socias, acima de tudo… É por isso que até hoje muitos passam boa parte de seu convívio social “fofocando”, enquanto outros ainda se lembram das antigas histórias, e preferem pensar em coisas maiores, em coisas cósmicas… (aqui no TdC eu ainda vou falar de ancestrais nossos sentados em torno da fogueira da tribo, e deve ficar bem legal).

    1. Mas não vamos também denegrir o valor da boa fofoca rs
      Em termos de psicologia evolucionista, a capacidade humana de “fofocar” é um grande ganho evolutivo, que permitiu ao ser humano ter se diferenciado dos nossos primos símios.
      Para os animais com pouca capacidade de transmissão de informação através da linguagem a busca pela sobrevivência é muito mais complicada. Um chimpanzé, por exemplo, não pode avisar aos seus companheiros em que setor da floresta há maior incidência de boas frutas e até teorizar as causas desse acontecimento.
      Os antigos hominídeos, de que descendemos diretamente, tiveram uma grande vantagem, pois formaram grupos com “informações quentes”, permitindo aqueles que faziam parte do grupo maiores chances de sobrevivência, e consequentemente, transmitir os seus genes para a próxima geração.
      Se hoje estamos aqui discutindo as grandes idéias é porque aproveitamos as boas fofocas (e continuamos aproveitando na sociedade de interesses).

      Agora quanto ao texto, essa é uma visão que eu já tinha concluído. Nas partidas de RPG que eu mestro sempre coloco os meus jogadores para enfrentarem grandes dilemas morais, procurando fazer com que eles cresçam como pessoas.

      Abraço,
      Teo

      @raph – Claro, se a fofoca não tivesse sido tão importante, não estaríamos a particá-la até hoje. E nem toda fofoca é ruim, você não precisa ficar falando mal dos outros para fofocar, pode simplesmente estar compartilhando sua visão social do mundo a volta com outras pessoas que lhe são queridas, e das quais você valoriza a opinião… Talvez, quem sabe, tenha sido de tanto fofocar, de tanto nos “colocarmos no lugar do outro”, que eventualmente aquilo que chamamos de amor tenha primeiramente surgido na espécie 🙂

      1. Você disse em “colocarmos no lugar do outro”.
        Isso é bem interessante, já que acreditamos que somente o ser humano teria essa capacidade de tentar pensar como o outro pensaria.
        Os estudos até o momento apontam que essa capacidade começa a se desenvolver, se não me engano, aos 4 anos (faz tempo que vi esse estudo, não tenho certeza, mas é por volta disso mesmo).

        Fazendo uma ligação com outra teoria, muito questionada, que eu mesmo não vejo nenhuma evidência conclusiva, mas que é valorizada, por exemplo, pelo André Luiz em um dos livros da série é a de que a “a ontogénese repete a filogenese”.
        Isso siginifica dizer quer o desenvolvimento do indivíduo humano (do feto à fase adulta) seria uma recapitulação do desenvolvimento da espécie humana.
        Se essa teoria tivesse alguma validade, poderiamos correlacionar os 4 anos da criança que se desenvolve com essa habilidade de “pensar como se fosse outra pessoa”, com o próprio desenvolvimento da capacidade na espécie, corroborando com essa hipótese.

        No entanto, como afirmei antes, a recapitulação é muito fraca em evidências conclusivas, sem contar que no passado foi utilizada para justificar o racismo e o imperialismo.

        @raph – Se colocar no lugar do outro é também pré-condição para que passemos a ser capazes de enxergar outros indivíduos como “mentes em separado”, é assim que a partir de certa idade começamos a ter a noção de que alguém pode querer nos enganar, pois para compreendermos isso precisamos antes “pensar como se fossemos o outro”, e eventualmente imaginar o motivo de uma eventual falsidade da parte do próximo… Acho que essa questão da falsidade foi vital no nosso desenvolvimento, tanto que até hoje a falsidade é um dos defeitos mais abominados em qualquer relação social. Assassinos podem conviver com outros assassinos sem problemas, mas se acham que estão sendo enganados, ficam uma fera!
        Os animais, infelizmente, não conseguem compreender a extensão da falsidade humana, a conscieência deles ainda não chegou nesse ponto. Há também a questão das crianças selvagens, como Amala e Kamala, as indianas que foram criadas por lobos nas florestas da Índia, e que foram “salvas” por um missionário católico. Uma delas morreu logo de cara, a outra viveu alguns anos, mas jamais desenvolveu-se mentalmente a ponto de saber como “lidar com o ser humano”… Isso me leva a crer que o ser humano é um ser pleno de potencialidades com “certo prazo de validade”: ou as despertamos na infância, ou pode ser tarde demais.
        Não sei se chegamos a alguma conclusão aqui… Mas se houver alguma, eu diria que é uma lição de como todos estamos conectados – como não estamos tão distantes assim dos bonobos e chimpanzés, e como nossa sociedade infelizmente está muito mais para um grupo de chimpanzés do que para um grupo de bonobos. Fofoca e sexo promíscuo seria muito melhor do que agressividade e hierarquias rígidas…

  5. Olá @raph, faço questão de comentar uma coisinha que me veio. Antes passava exporadicamente no seu blog, mas acho que não me tornei um leitor seu de vez por que simplesmente não o adicionei no feed. Faço questão de dizer que é meu grande favorito aqui no TdC.
    Está sempre de parabéns

    Abraço

    @raph – Oi Petri, muito obrigado. Acho que cada colunista acaba falando sobre uma área em específico, as vezes até os assuntos se convergem, mas o MDD foi muito competente em escolher um grupo bem diverso para que pudéssemos abordar os mais diversos assuntos na espiritualidade… No meu caso, acho que fico mais dentro de uma filosofia espiritualista, com pitadas de ciência e poesia aqui e acolá 🙂

    1. Estou redimindo meus pecados hahaha
      agora assino o feed do Textos para Reflexão

      see yah

      @raph – Para quem não quiser assinar feed, mas puder me segir no Twitter, eu sempre posto atualizações do meu blog por lá: @rarrais

  6. uma de minhas mitologias preferidas ( se nao A preferida ) é a que foi exposta no game de playstation Shadow of the Colossus, onde o heroi realiza tarefas dignas de um hercules ( derrota 16 gigantes de pedra ) e abre mão do seu bem mais valioso pra devolver a vida a uma menina/donzela/mulher.
    acredito que tenha muitas semelhança com o antigo mito de pirro, quando dizem “vitoria de pirro” e querem dizer “vitoria a um alto preço”.
    mesmo numa estoria que eu achava ser brilhante e original existem reminiscencias de mitos antigos.

    @raph – Esse jogo é belíssimo 🙂

  7. O jogador de RPG cria o personagem:

    -Dá a ele uma história (Background)
    -Diz a ocupação dele no universo (Classe)
    -Define a sua personalidade e éticas (Alinhamento)
    -Monta suas características físicas. (Status)
    -E prepara um futuro a ele. (Ganchos na história)

    No final ele olha para a ficha e sorri…

    … E ele viu que era bom.

    @raph – Outra questão interessante: ao criarmos nosso personagem, quase nunca nos preocupamos com a quantidade de ouro que ele vai ter – se der para comprar o equipamento inicial está bom. Se der para comprar uma espada mágica +1, está ótimo… Melhor uma espada mágica +1 do que um castelo onde não se ganha XP algum… (obviamente isso que estou dizendo é uma metáfora)

  8. “Deus é o mestre e nós somos os jogadores de rpg”

    Falei isso pro meu amigo evangélico jogador de rpg…digamos q nesse dia ele pensou bastante ;D

  9. Muito bom o texto em si e as respostas!
    Há tempos estou querendo bolar uma imagem mesclando uma ficha de personagem de RPG, uma imagem que representa reencarnação – tipo uma que mostra um adulto envelhecendo, entrando e sendo recebido pela morte em um lado do simbolo do infinito e uma criança saindo do outro.
    Talvez ainda um fractal ao fundo e dois dados, sei lá… mas no sentido de dar uma idéia de que a elaboração de um personagem é semelhante à preparação para ingressarmos novamente nesse “jogo” chamado vida material.
    Não sei lidar muito com esses recursos de montagem de figuras..
    Vlw!

  10. “Certa vez, num encontro de RPG na região da Penha, um homem jovem pediu a entrada na mesa, eu como DM do jogo fiquei receoso, mas o rapaz disse; Não precisa de me dar nenhuma ficha, tampouco habilidades ou poderes, quero ser alguém comum porém embriagado… Achei a oferta justa e logo na primeira chance inseri o Personagem novo no jogo. Esse rapaz ao interpretar o velho bêbado me parecia mais um Mestre dos Magos do que um pobre andarilho sem casa e nem família.
    A sessão única terminou e todos ficaram contentes, depois de alguns meses no encontro Internacional de RPG me surpreendi, aquele rapaz legal era o Caco da Devir Livrarias, me chamava lá de longe para ocupar um lugar na frente, para assistir uma palestra.”

    Por dentro e por fora o RPG molda e qualifica.
    TFA
    monge

  11. Muito legal, de novo, cara!! Joguei muito pouco o RPG ”tradicional”, não-eletrônico. Porém, quem entendeu a mensagem sabe que aqueles jogos antigos de Super Nintendo e os bons Adventure Games e RPGs do Playstation também são ótimas oportunidades de aprendizado e imaginação. Não tão ricas (em possibilidades de imaginação) quanto o bom e velho RPG, mas engrandecidas por uma coisa à mais: as trilhas sonoras, que ajudam nas lembranças, e podem ser usadas como chaves pra alcançar outros estados de consciência, imaginação…
    Obrigado pelas palavras.

  12. Eu ja tinha pensado nessa comparação,mais o jeito que vc colocou as palavras e a reflexão que fez passar em minha cabeça me emocionou ,obrigado cara vc me fez sentir bem

  13. Poxa, fiquei lembrandro do meu breve contato com RPG, e impressionante como consegui ter lembranças exatas, tinha uns 10 anos e foram apenas uns 10 jogos..Agora 18 anos depois, gostaria de tentar de novo, teria alguém de Brasília ou um site para recomendar? Abs.

    @raph – Talvez ache alguém pra jogar nos Fóruns aqui: http://www.rederpg.com.br/wp/ Abs.

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