Uma Nova Era

Então este é o primeiro dia de uma nova era…

Há tempos que temos orado e esperado por uma grande mudança espiritual no mundo – mas, porque ela nunca chega?

Quando éramos crianças pequenas e inocentes, brincávamos em nossas caixas de areia… O parque nos era desconhecido, mas em nossas brincadeiras pelos pequenos montes de areia, éramos verdadeiros especialistas. Os seres a perambular em nossa volta eram ignorados, mas sabíamos o nome de cada uma das crianças a brincar conosco na areia.

Por vezes formávamos grupos, até que uns brincavam apenas entre si, e não deixavam as crianças “de fora” entrar… Por vezes até discutíamos uns com os outros, ou brigávamos: um grupo contra o outro… E os seres a nos observar, passeando pelo parque, davam gargalhadas: “São apenas crianças, têm ainda muito por conhecer”.

Mas e o que seriam nossas doutrinas religiosas senão o fruto das brincadeiras que alguns profetas encenaram em seus pequenos desertos? E o que seriam tais mandamentos senão as regras para que as crianças pudessem continuar brincando sem se ferir?

E quando uma criança se exalta e brada: “Eu conheço todas as brincadeiras do mundo!”, aqueles seres transeuntes do parque apenas comentam: “Eles ainda estão na era das caixas de areia…”.

Mas quando afinal chegará nossa vez de conhecer todo o parque a volta? Será que precisaremos realmente esperar este pequeno planeta rodear seu sol por mais um tanto de vezes? E que diferença isso faria, se nosso sol é apenas mais um grão de poeira a girar pela galáxia – e a galáxia, mais um punhado de grãos empurrados adiante pelos ventos do infinito…

E o que seria este dia, senão mais um despertar de nossa consciência, após mais um passeio pelo parque etéreo dos sonhos? E quem seriam afinal os grandes responsáveis pela instauração de uma nova era espiritual no mundo, senão nós mesmos?

Temos brincado e rolado juntos pelos montes de nossa pequena caixa de areia, e por vezes a temos tentado apanhar com as mãos – mas tal areia do deserto é como o tempo a escorrer entre os dedos, e não é possível guardar quase nada de todo esse turbilhão. Tudo o que guardamos são as brincadeiras, tudo que nos resta é continuar a brincar…

E, quem sabe, dia virá em que percebamos como fomos tolos em brincar em grupos fechados, separados uns dos outros por uma ou outra regra de um jogo que, no fim, todos nós temos jogado a tantas e tantas eras…

Que aquele que bate no peito e se sente no direito de ditar aos outros como todos os jogos têm de ser jogados, é porque ainda não aprendeu a grande brincadeira da vida: persistir em semear todos esses parques em meio ao infinito de si mesma, e observar todas essas brincadeiras que suas crianças têm brincado, até que se cansem de rolar pela areia, e se juntem aos transeuntes do parque.

Mas eis que há muitos parques no Reino, e no momento em que chegamos finalmente a um deles, há uma grande festa a nossa espera:

“Bem vindo, agora se inicia uma nova era!”

raph’11

***

Crédito da foto: Roderick Chen/All Canada Photos/Corbis

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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Respostas de 12

  1. Lindo texto. Que neste novo ano todos nós voltemos a brincar com as caixas de areia pelos parques da vida.

    Feliz ano Novo!!!

    @raph – Obrigado pessoal, feliz ano novo a todos, boa brincadeira!

  2. 1º de janeiro é meu aniversário.
    Que belo presente esse texto! =D

    @raph – Opa, parabéns Alfredo 🙂

  3. Imagine quando descobrirmos que no parque há flores, animais, pedras e muitas trilhas para seguir!!
    Mais uma vez iluminado Raph, seu nome não foi dado a esmo!
    Parabéns! 🙂

  4. Muito bom o texto, como sempre. Já me animei com o ano novo e empunhei minha pazinha, bem como enchi meu baldinho de água. Agora é molhar a terra para brincar de criar formas…
    Pena que temos coleguinhas que preferem destruir as construções alheias, ao invés de criar seus próprios castelinhos.
    Quem sabe um dia, eles resolvam construir um castelo maior com a gente e fazer parte da brincadeira. Depois, quando a água tiver evaporado, iremos ver o vento desmanchá-lo naturalmente, sem precisar de nenhum chute, nenhuma agressão…
    Ah, mas antes mesmo do vento começar a desmanchar o castelo de areia seca, aposto, já estaríamos com a pazinha e o baldinho em punho, recriando novos catelinhos na areia, para encenarmos uma nova brincadeira, com novas aventuras…
    Feliz ano novo e boa brincadeira pra vc! E não se esqueça de levar consigo sua pazinha e seu baldinho, para poder recriar as formas…. Se acabar a água, o Grande Mar estará por lá, bastará encher novamente… Abraços!

    @raph – E criamos castelos junto ao mar, mesmo sabendo que o mar logo logo vem e os leva embora.. Pq acredito, as crianças já o sabem: o importante é o tempo que passamos juntos, brincando de construir.. Existe alguma coisa de eterna nessa brincadeira, alguma coisa que nem as ondas levam embora.. Feliz 2012!

    1. Novamente na mesma sintonia… pensou o que sinto dessa brincadeira cósmica. Amigo, não é a toa que os judeus denominaram o espírito crístico de Emmanuel, que é Deus conosco. O importante não são os castelos, que são apenas formas, mas quem os cria, com suas pazinhas e baldinhos em punho. É no ato de criar, que nos tornamos iguais ao infinito e é assim que o temos conosco: nos fazendo co criadores de formas e conteúdos de nós mesmos, mesmo que manifestados fora de nós…

      1. Esqueci de um detalhe muito importante dessa estória: os castelos, em si, são só formas e todos nós sabemos o que são as formas, quando a vida lhes deixa… Construamos os castelos, sem nos apegarmos a eles. A brincadeira é o que importa… Criar e recriar juntos… me estendi demais no papo…. abraços e feliz 2012.

        @raph – Somente quando deixamos de ser crianças que esquecemos das brincadeiras, e nos apegamos aos brinquedos… As melhores brincadeiras não precisam de brinquedos, só de amigos. Abs!

        1. É por causa desses comentarios que eu sempre leio a sessão comentarios e não somente o texto ! Obrigado a ambos.

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