Uma Noite Bruxa às Margens do Danúbio

Logo ao sul das montanhas dos Cárpatos, onde rio Danúbio flui através do centro dos Bálcãs, a Sérvia, rodeado pela Romênia, Bulgária, Macedônia e toda uma rede de história contadas nestas terras e dentre os seus vizinhos. Romanos, bizantinos e otomanos ainda sobrevivem como esboços de uma memória notavelmente próxima nesta terra rica em sabedorias e mitos. Esta é a terra do povo do dragão e diz-se que foi aqui que o dragão Lúcifer caiu. O Danúbio é o lar de estirpes pré-históricas de Beluga e vários outros emissários do próprio Dagon que mantinham até mesmo as águas ricas em lendas e sabedorias do dragão. Então, aqui nas margens do Danúbio, o sábio encontro entre dois bruxos ocorreu nos dias anteriores à maré de verão, lavando o calor que escaldava as pessoas, as terras e águas com seus raios de fogo. As margens das veias de Dagon parecem uma cenário muito apropriado para partilhar algumas partes de nossas conversas na forma de uma entrevista com Radomir Rade Ristic, autor do livro Balkan Traditional Witchcraft (Bruxaria Tradicional dos Bálcãs). Então, com isso, dou-lhes boas vindas para compartilhar este momento com a gente, fora de tempo e espaço.
(Do original A Witchy Night at the Shores of the Danube)

Nick: Bruxaria não é apenas um termo carregado, mas também ambíguo, já que várias “denominações espirituais” abraçam e usam este termo, e ainda assim dando-lhe um conteúdo muito diversificado. Há também as questões de como uma bruxa é feita – ou nascida, e então, irmão, como você acabou abraçando o fato de que você era um “bruxo”?

Rade: Bem, devo admitir que não foi fácil, certamente. Na Sérvia, assim como em muitos outros países no mundo, o termo “bruxo” implica em algo ruim, o mal ou uma pessoa má. Não há razão verdadeira para isso porque no idioma sérvio a palavra “bruxa” pode ser traduzida simplesmente como “uma pessoa com habilidades especiais”. Há uma palavra “vestica” para uma mulher, que significa “uma mulher habilidosa” ou “vestac” para um homem, que significa “homem habilidoso”. Durante os séculos esta palavra foi corrompida, principalmente por causa do medo que as pessoas tinham de outras pessoas que possuíam alguns dons especiais. Estudos recentes, realizados pelo professor croata Tomo Vinscak, demonstram claramente que todo o mal-entendido surge de um ponto de vista mantido pelas pessoas. Se a pessoa em questão gostava da bruxa, ela não a chamaria de bruxa, mas usaria alguma outra referência, como sábia, pessoa mágica, astuto e assim por diante. Se a pessoa não gostava da bruxa, ela a chamaria de bruxa. Vinscak mostra que isso é muito comum entre as pessoas de uma aldeia chamarem pessoas de outras aldeias como “bruxas” e vê-las como opositores de alguma maneira. Pessoalmente, precisei de algum tempo para me assumir como um bruxo. Eu nunca faria isto se não tivesse um sonho em particular. Curiosamente, em todos os dias primeiro de maio eu tinha um sonho lúcido. Nesses sonhos eu experimentava algo como uma série de iniciações e ensinamentos, e no final de cada sessão eu receberia um dom espiritual. Em um desses sonhos-encontros dois caras me trouxeram uma vassoura e me disseram como usá-la. Fiquei surpreso e perguntei-lhes “o que diabos é isso?” E eles sorridentes me disseram: “Você ainda não sabe quem você é? Você é um bruxo”. É assim que minha jornada começou na bruxaria. Antes eu não estava interessado nesse assunto. Na época pensei que tinha passado por algum aprimoramento pessoal, de minha alma ou persona, e que eu não pertencia a qualquer sistema espiritual. Verdade seja dita, na época eu estava mais interessado em psicologia.

Nick: Eu conheço esse sentimento, quando o outro mundo se choca em sua vida e você se pergunta, ou a eles: o que diabos está acontecendo? O que você quer? De certa forma isso esse é o ponto inicíatico crucial sendo estabelecido, e a meu ver, a iniciação no verdadeiro sentido, o início da jornada para abraçar o sangue assim como dado por mediadores humanos e não-humanos, mas isso levanta outra questão: o que é bruxaria, como você a vê?

Rade: Em minha opinião, se considerada globalmente, bruxaria é um sistema mágico que está enraizado na era do xamanismo, e com isto quero dizer, é uma parte proibida da religião e da cultura, algo que pertence ao “lado de fora” nas culturas onde é encontrada. Em todas as culturas as bruxas são hereges porque não seguem os dogmas oficiais e interagem diretamente com os seres do “outro lado”. Elas não são sacerdotes ou sacerdotisas que adoram a Deus ou deuses e deusas, mas pessoas que “andam” entre os mundos e tentam fazer um efeito em ambos os mundos (material e espiritual) e, portanto, dentro delas mesmas.
Mas se olharmos para o significado da bruxaria como é percebida em solo europeu, em minha opinião, é uma mistura de paganismo popular e o cristianismo herege junto com uma clara metodologia xamânica. É claro que isto é um resumo, mas no meu próximo livro “Mistérios da Bruxaria” (que ainda está em processo de tradução para o Inglês) eu explico esta questão em profundidade e forneço uma definição precisa desse termo.

Nick: Concordo com isso, irmão, e sinto que é exatamente aqui que muitas pessoas se perdem, porque a bruxaria é tudo – mas, mais do que isso, não é nada disso. Podemos perceber que de certa forma, a bruxaria escapa dos rótulos e da afirmação da alteridade, o que provoca os estabelecimentos civilizados da religião e da sociedade pelo seu jeito imprevisível e indomado de ser, não importa o quanto você queira que ela vá embora. De certa forma, a bruxaria sempre foi um embaraço para aqueles que procuravam organizar a religião, a sociedade e os cultos – por causa deste elemento de escape, e assim, o que é uma bruxa?

Rade: Ah! Para mim é muito simples dizer o que é uma bruxa, mas receio que muitas pessoas não gostariam da resposta. É claro, devo enfatizar que falo do ponto de vista dos Bálcãs. Bruxas são nada mais, nada menos, do que mediadores entre as pessoas e o mundo espiritual com seus residentes. Para as bruxas dos Bálcãs, demônios, anjos, fadas, dragões e todas as formas de espíritos são apenas isso, seres espirituais – e todos eles são “bastardos”. Não confie neles. Tente fazer um acordo, tente ajudar alguém ou realizar algo, mas não os adore. Isto é proibido na Bruxaria dos Bálcãs. Se você é nascido bruxo, eles não podem prejudicá-lo, a menos que você se permita cair em sua rede. Assim você é algo como um advogado. No entanto, durante o processo de interação com o outro mundo fará um “upgrade” de si mesmo, alguns até mesmo ao nível da divinização.

Nick: Concordo, de meu próprio envolvimento em várias vertentes da Arte, parece haver uma ênfase na precaução com espíritos – levando a uma preferência pela reverência e não à adoração, bem como a crença de que os espíritos não são necessariamente tão interessados em todos os seres humanos como muitos pensam. A interação particular entre o outro mundo e a “bruxa” é um laço de sangue e através deste reconhecimento, a meu ver. Então, há algo em comum aqui, mas o que encontramos na sua Sérvia nativa que seja particular às variadas matrizes da bruxaria tradicional?

Rade: Seria a presença do xamanismo e sua forte influência gnóstica (Bogomilo). Exceto o fato de que toda bruxa nos Bálcãs segue algumas regras quando realizam seus rituais. Pelos antropólogos, essas regras são do xamanismo. Se são rituais importantes, através do qual as bruxas querem interagir com forças superiores, elas realizam seus ritos depois da meia noite. Elas podem usar a nudez ritual, o silêncio ritual, executar gestos mágicos apenas com a mão esquerda, sair da área do ritual sem se voltar para trás, etc. Além disso, as ferramentas mais usuais da bruxa são a kustura (adaga mágica/athame), vassoura, bastão, machado, espelho, sinos, cordas, panelas de cobre, caldeirões, crânios de animais, chifres de animais, plantas…

Nick: O xamanismo é um outro termo carregado, sujeito a muitas interpretações diferentes, da mais básica a mais complicada. Certamente o Xamã detinha uma posição de forasteiro para sua sociedade, e ele ou ela era respeitado por isso, porque os dons da cura e da profecia surgiam de uma pessoa que assumia isso ou era eleita para abraçar esta posição maldita, mas para você o que é um Xamã?

Rade: Nos Bálcãs, como demonstrado por estudiosos, a bruxaria não é algo inexistente porque ainda existem bruxas autênticas nas regiões rurais. Os antropólogos descobriram que todas as bruxas compartilham duas coisas: uma cristandade “herege” e xamanismo. O xamanismo não possui qualquer dogma, mas uma metodologia específica de trabalho, e então todas as pessoas que são bruxas usam métodos ritualísticos xamânicos. Estes métodos são: 1) Transe ritual induzido pela dança, o uso de plantas e interação com “almas” específicas são os elementos mais importantes, porque isso permite que a bruxa deixe seu corpo em formas particulares… na maioria dos casos na forma de algum animal. 2) Dança como um método para induzir transe. 3) Realização de rituais após a meia noite e em encruzilhadas, já que a encruzilhada tripla é considerada no “xamanismo” o portal onde se encontram três mundos: o mundo inferior, o mundo das pessoas e o mundo superior, ou céu. 4) A importância dos animais 5) A importância de facas, bastões, caldeirões, vassouras e similares. 6) Não há dogma fixo. 7) Elas pragmaticamente usam o que acreditam que vai funcionar. Estes são todos os velhos costumes e têm suas raízes no xamanismo dos Bálcãs, tal como apresentado por muitos estudiosos e eu concordo com eles. Se você tomar isso e mediar em torno doutrina dos Bogomilos você terá uma idéia do que é a Bruxaria Tradicional dos Bálcãs. Por causa disso e do grande impacto do gnosticismo hoje não temos mais xamãs puras – mas bruxas – pessoas que utilizam a metodologia xamânica dentro de uma moldura gnóstica, juntamente com os costumes da magia popular. Nós não estamos falando de rituais longos e complicados de natureza cerimonial, mas interações diretas com o outro mundo em premissas pragmáticas e xamânicas. Expliquei tudo isso em meu livro The Last European Shamans (Os Últimos Xamãs Europeus, ainda não disponível em outros idiomas exceto o sérvio) e algo similar ao trabalho de Ginzburg, mas com informações atualizadas e frescas.

O livro Balcan Traditional Witchcraft

Nick: Há um outro elemento, sujeito à controvérsia entre as pessoas que falam sobre bruxaria – e que é sobre o papel da hoste caída – em particular, Lúcifer. Em seu livro Balkan Traditional Witchcraft  você menciona que o próprio Lúcifer caiu em uma árvore na região da Valáquia, ao leste da Sérvia. Para mim, isso diria que a raiz real de uma Tradição Luciferiana propriamente está localizada na Valáquia, mas como você entende esse fenômeno?

Rade: Isso é difícil de explicar em uma entrevista. Portanto, estamos falando sobre a região no leste da Sérvia, onde os valaquianos vivem. Eles falam uma forma de latim e são muito conectados com os antigos romanos. A presença de Lúcifer como a Estrela Matutina é uma ocorrência normal em suas crenças. Eles têm costumes como colocar pedras brancas de rio no bolso dos falecidos para que Lúcifer possa iluminar a jornada da alma ao céu. Mas Lúcifer também está ligado com os dragões nos Bálcãs. Ele é um dos dragões! Na verdade, ele é o mestre de todos os dragões. A estória fala que os dragões caíram sobre os Bálcãs há muitos séculos atrás. Eles caíram no que hoje chamamos de chuva de meteoros. Por causa disso, ainda hoje as bruxas e camponeses conectam dragões com meteoros, como foi observado por muitos etnólogos sérvios. Alguns desses dragões caíram no rio Danúbio, como Timok e Pek, e outros caíram em florestas e montanhas. Aqueles que haviam caído em rios continuaram a viver neles, sob as águas. Eles se parecem com homens-sereias, com os cabelos meio longos, grandes olhos e narizes – e longos dentes caninos. Aqueles que caíram nas florestas habitavam grandes árvores, principalmente velhas faias com buracos. É duro dizer como eles se parecem, pois algumas bruxas alegam que eles são somente grandes luzes, e outras que eles são serpentes antropomorfas com asas que se transformam em grandes luzes somente quando eles começam a voar. Aqueles que caíram nas montanhas habitam cavernas e se parecem com o que entendemos ser dragões. Assim, a estória se passa – e conta de uma determinada árvore no leste da Sérvia, na qual a Estrela da Manhã (Lúcifer) ou Danica – como ele é chamado em sérvio, vive dentro após sua queda. Aquela árvore é objeto de culto. Todas as bruxas locais respeitam aquela árvore, ou melhor, o que reside dentro dela. Elas trabalham com Danica como fonte de conhecimento e poder, mas elas não o adoram! O que é interessante aqui é que Lúcifer está conectado com os dragões, porque ele é – como todos os dragões – uma estrela que caiu e vive em árvores como os outros dragões fazem. O que podemos concluir de tudo isso é que essas estórias são muito semelhantes às que encontramos no Primeiro Livro de Enoque. Temos certeza que o Primeiro Livro de Enoque e da forma que trata dos guardiões, ou anjos caídos, e de como eles dormiram com as mulheres e tiveram filhos foi muito importante entre Bogomilos Gnósticos dos Bálcãs. O que encontramos no Segundo Livro de Enoque – que foi descoberto em Belgrado – fala sobre a guerra no céu e Lúcifer. O Segundo Livro de Enoque também é chamado de Enoque Eslavo, porque foi encontrado na Sérvia e escrito na antiga linguagem litúrgica sérvia. Estórias sobre dragões e sangue-bruxo que encontramos dentre as bruxas da Sérvia são muito semelhantes aos do Livro de Enoque, embora elas não falem sobre anjos caídos, mas de dragões. Mas podemos concluir que nesta região anjos caídos e dragões são a mesma coisa. É por isso que este fenômeno não é estranho para mim.

Nick: Eu iria um pouco mais longe em dizer que este é um elemento comum em várias correntes da Bruxaria européia, a idéia do dragão-meteorito e sua importância. Também devo confessar que tinha dúvidas sobre a existência de uma Tradição Luciferiana como tal, até que você me introduzisse a este legado. Ainda assim, a Tradição Luciferiana nas terras da Valáquia é surpreendentemente diferente do significado que a maioria das pessoas dá ao legado Luciferiano. Mas, qual é, em sua opinião, o ponto de encontro entre a arte bruxas e Lúcifer como anjo caído na Sérvia?

Rade: A crença é que esses dragões, ou anjos caídos, após suas quedas seduziram as mulheres e tiveram filhos com elas. Esta não foi uma tarefa difícil para eles porque eles também são metamorfos. Então, quando eles queriam seduzir as mulheres, assumiam a aparência de belos homens e as seduziam. Foi assim que tudo começou. As crianças nascidas destas relações tornam-se meio humanos, meio dragões. O mais importante é que através deste processo as crianças herdaram alguns poderes e habilidades de seus pais. Isso significa que eles têm alguns poderes básicos, e esses poderes são diferentes de pessoa para pessoa, mas todos eles têm um poder supremo, e este poder era que eles possuíam uma alma diferente, e é por isso todas as bruxas possuem a capacidade de deixar seus corpos quando querem. Quando a bruxa sai do corpo podemos ver como ela realmente se parece. Elas se parecem com seres humanos, mas com pele de cobra ou com pêlos por todo o corpo, e lógico, com asas de morcego. Por causa deste “poder”, todas elas são capazes de contatar o outro mundo e suas forças ocultas, que seriam visíveis para elas somente quando elas deixam seus corpos. Este contato lhes proporciona conhecimentos adicionais de magia. Durante seus vôos noturnos, elas podem entrar em contato com fadas, outros dragões, ancestrais e muitos outros seres espirituais.

Nick: Da forma que entendo você está abordando aqui ainda outra controvérsia, ou seja, o sangue-bruxo. Sendo assim, como a bruxa se funde com este sangue antigo, como é que uma bruxa chegar à conclusão de que ela é algo “diferente”?

Rade: Ao ouvir as histórias sobre esses mistérios que são passadas de gerações a gerações. Normalmente descobrimos que esta é uma linhagem consangüínea dentro de uma família e, portanto, seus membros preservam esses contos e lendas. Este é seu legado, sua história, da mesma forma que outras famílias podem ter outras histórias sobre suas origens. Alguns explicam que tudo começou quando alguns dragões seduziram as avós de suas avós, e de como elas conceberam filhos que possuía poderes estranhos, e como seus filhos, por sua vez, também possuíam algumas habilidades extraordinárias e assim por diante. Tudo isso é explicado em meu artigo “Fadas, Dragões e Sangue-Bruxo”.

Nick: Para mim, a bruxa é uma força da natureza, é indomada e desenfreada, e então a bruxa prosperaria melhor na natureza, mas isto é naturalmente aberto a debate. Qual é o seu entendimento sobre a natureza e civilização e em que medida a bruxa pertenceria ali?

Rade: A bruxa pertence em toda parte! A Bruxaria Tradicional não é uma religião e, por extensão, também não é necessariamente uma religião da natureza. Ele se encaixa em todos os ambientes. Espíritos estão por toda parte e até mesmo grandes cidades têm lugares muito poderosos. Às vezes você realmente precisa de floresta, cavernas ou um rio para seus rituais, mas outras vezes um porão escuro e úmido pode ser exatamente o que você precisa, assim como uma rua escura à noite, um cemitério ou uma encruzilhada. Tudo atrai algumas energias específicas e “portais” que poderiam nos ser útil e que podem ser encontrados em toda parte.

Santa Petka, ou Paraskeva

Nick: Eu gostaria de voltar um pouco para a natureza, o selvagem, porque em seu livro você escreve muito sobre a Mãe da Floresta. Parece-me que ela é de suma importância, e então quem é essa?

Rade: Ela desempenha um papel muito importante nos mistérios das bruxas. Ela é única, mas possui várias qualidades. Basicamente, ela se mostra em duas formas. Porque seu nome é Maria ou Mara, nós a chamamos – ou “elas” a chamam, Mara da Floresta e Mara Molhada, conectada com lagos e rios. A primeira é branca e está conectada à lua cheia. Ela é perigosa, mas é uma protetora feroz das mulheres, da fertilidade e coisas semelhantes. Ela se mostra nua ou com um vestido branco transparente. A outra é negra e lhe dá poderes mágicos. No entanto, ela é mortalmente perigosa. Ela é conectada com a lua negra. Assim, como a primeira é Eva e a segunda, Lilith; a primeira é a Virgem Maria e a segunda, Maria Madalena. Ambas podem se mostrar de forma tripla, mas sempre com a mesma aparência. Elas são conectadas à Hécate, cujo culto era forte aqui na antiguidade, onde ela era sempre representada com três jovens e o grande espírito de Destino. As bruxas trabalham principalmente a Maria branca, e usam o ícone da Virgem Maria como sua representação. Temos também um tipo de velha, mas ela é uma entidade totalmente separada. Ela é algo como uma fonte primordial. Sua representação é o ícone de Santa Petka ou Paraskeva, mas não é bom falar muito dela para que ela não venha…

Nick: Outro espírito que você dá muita atenção é Dabog ou Daba Manco. Ele parece ser misterioso, e seu mancar poderia indicar que ele próprio caiu – ou pelo menos tem um pé em ambos os mundos, você pode me dizer um pouco mais sobre ele?

Rade: É muito difícil descrevê-lo e ao seu significado. Ele não é somente um espírito, mas algo como um deus. Sua raiz deve ser traçada ao dualismo dos Bogomilos. Então ele não é algum deus pagão da tradição eslava – embora ele pudesse ser conectado com o Veles eslavo, que é o mestre do mundo subterrâneo, cujo oponente era o deus Perun, o mestre do céu. Da perspectiva dos Bogomilos, Dabog é o Deus na Terra e rei do mundo material. Existe um Deus no céu que governa o universo imaterial, mas Dabog é o rei do mundo. Ele é representado como um grande dragão negro ou em forma humana, como um homem alto com uma capa negra, usando um chapéu de aba longa que esconde sua face. Mais tarde na história a Igreja Ortodoxa o reconheceu como um Diabo. Hoje as pessoas o conhecem como o Daba manco, que é um outro nome para o Diabo. Um de seus símbolos é uma muleta que tem a mesma forma de um forcado.

Nick: Mais adiante em seu livro, como em nossas conversas aqui no Danúbio e nas terras da Valáquia você fala freqüentemente sobre o Bogomilos, como eles formaram a Bruxaria dos Bálcãs, qual foi sua contribuição?

Rade: Pessoalmente, penso que eles ajudaram na formação de toda a Bruxaria Tradicional que encontramos na Europa – e existem muitas razões que eu declare isto. Para explicar isto talvez seja melhor relembrar algumas partes de meu artigo “The Origin of the Coven structure” (“A Origem da estrutura de Coven”)
“Bogomilos. Quem eles são?” Pelos estudiosos, eles tomaram forma na Bulgária nos Bálcãs em algum momento por volta de 927-970. Isto é correto, mas somente se você observar aquele preciso momento, porque naquele tempo muitos países dos Bálcãs estavam sob ocupação Búlgara. A verdade é que os Bogomilos foram formados no país conhecido hoje como a antiga República Iugoslava da Macedônia. O fundador do movimento foi certo padre chamado Bogumil, que pregava este ensinamento por volta de 950 nas regiões em torno das cidades de Veles e Prilep.
Este movimento se estenderá muito rápido, principalmente em duas direções. Primeiramente ocupará toda a Bulgária, Sérvia, Bósnia e a região Dalmácia, que nos dias atuais é a Croácia. Depois, uma parte migrou para o leste da Rússia e outra para a Europa Ocidental. Na Europa Ocidental o Bogomilismo chegou através de duas direções, uma foi através da Bulgária Oriental, Sérvia, Bósnia, Dalmácia, Itália e França. A outra foi através da Bulgária Ocidental, Sérvia, Hungria e novamente para a França. Da França este movimento se espalhou para o sul da Espanha e oeste da Inglaterra, o qual somente algumas pessoas conhecem… Os Bogomilos eram um grupo muito interessante. Seus ensinamentos eram uma mistura de elementos indo-europeus, pagãos, cristãos e gnósticos. Eles eram algo como patriotas locais e não desejavam falar Latim nem Grego. Eles não queriam adotar nomes cristãos bizantinos, e preservaram os velhos costumes. Por causa de seu “patriotismo”, eles preservaram todas as crenças populares, a magia, rituais e festivais do povo. O melhor caminho para entender isto é lendo a seguinte citação no qual o Sínodo de Borila os acusava:

“Aqueles que no dia 21 de junho, o dia quando São João Batista nasceu, fazem magia e coletam plantas; e naquela noite fazem coisas misteriosas como nos ritos Helênicos; aqueles que dizem que Satanás criou todas as coisas, e aqueles que com ‘kumirs’ chamam a chuva e aclamam todas as coisas que vêm da Terra…”

P.Kemp concluiu que a doutrina dos Bogomilos influenciou as pessoas, da mesma forma que as crenças do povo tiveram influência sobre sua doutrina. E realmente, nos Bálcãs, especialmente naqueles tempos, a prática xamânica era muito viva. Xamãs eram indivíduos, homens e mulheres, e toda aldeia tinha pelo menos alguns deles. Sua obrigação mais importante era dar à comunidade sua medicina e auxílio mágico. Eles eram curandeiros, herbolários, clarividentes e lutadores contra criaturas antinaturais, demônios e condições meteorológicas. Além disso, eles eram guardiões das crenças do povo, mitos, conhecimento e sabedoria. Este tipo de xamãs solitários era bem conhecido na Europa inteira. Por exemplo, na tradição nórdica as Völvas praticavam seiðr, spá e galdr, práticas que englobavam xamanismo, feitiçaria, profecia e outras formas de magia e encantamentos. A situação era semelhante na Alemanha e outros países europeus. Na antiguidade as bruxas gregas e romanas tinham elementos bem similares. Todos estes xamãs compartilham algumas características importantes. Todos eram xamãs; usavam transe ritual, danças, máscaras, partes de corpos de animais, plantas, etc. Suas ferramentas usuais eram facas mágicas, bastões, caldeirões, vassouras, etc. Eles executavam especialmente seus rituais durante à noite porque no xamanismo acredita-se que este é o tempo quando o mundo das pessoas e o mundo de deuses, espíritos, demônios e antepassados se cruzam. Eles executavam seus rituais em encruzilhadas, cemitérios, pelos rios e outros lugares importantes para eles. Assim estavam lidando com magia e eram os guardiões dos mitos e crenças do paganismo popular. Eles eram bruxos xamânicos clássicos! Contudo eles não tinham metas espirituais, uma tradição iniciática como tal, com estrutura organizada, trabalho em grupo, etc.
Muitos deles se tornaram Bogomilos nos Bálcãs. Bogomilos e xamãs solitários chegaram a trocar seus ensinamentos. Até mais adiante, os Bogomilos acabaram incorporando todos eles em seus próprios ensinamentos, e sabemos disso com certeza, porque muitos livros Bogomilos estão preservados até hoje. Nos Bálcãs estes livros são conhecidos como knjige starostavne, o que significa que foram escritos muito tempo atrás. Eles estão cheios de rituais mágicos, orações estranhas, métodos de adivinhação, astrologia, etc. Além disso, sabemos com certeza mais uma coisa, que Bogomilos não pagavam impostos e se recusavam a trabalhar. Eles começaram a viver como aqueles xamãs, trabalhando como curandeiros, herbolários, clarividentes e assim por diante. Eles negociavam seus serviços por comida, dinheiro, animais, roupas ou alguma outra coisa.
Nos Bálcãs os governantes e a Igreja começaram a chamar-lhes de Babajci, que significa “pessoas que seguem a religião da avó”, e esta é somente outra palavra para Bruxaria. Nos Bálcãs, principalmente as mulheres velhas eram xamãs e conforme previamente dissemos, elas eram guardiãs da memória da magia popular, assim este apelido para elas era bastante apropriado.
Então outra coisa aconteceu, os Bogomilos se recusaram diferenciar homens e mulheres. Eles se tornam os primeiros feministas na história e apoiavam a liberação sexual, em parte porque o gênero não era importante para eles. A razão para isto é que eles viam o corpo físico como uma parte do mundo material, assim como tudo ao nosso redor. Pelo seu sistema de crença todos os gêneros estão na mesma posição, porque todos eles estão no inferno, e o inferno é o mundo material. Assim eles olhavam para as mulheres como iguais, estávamos todos no Inferno.
Esta perspectiva era uma heresia tremenda na Idade Média e aos olhos da Igreja, então eles deram um passo adiante. Organizaram seus grupos pelas antigas regras passadas pelas “Avós” de “um Deus e 12 membros”, ou um líder de procissão e 12 participantes, e incluíram mulheres naqueles grupos. Até mais, mulheres podiam liderar rituais também. Este foi o momento em que os primeiro covens foram formados, bem como a Bruxaria Tradicional que reconhecemos hoje. A Bruxaria Tradicional real é uma amálgama do velho xamanismo, do paganismo popular e do gnosticismo. Aquele foi um momento quando elementos espirituais foram incorporados na Arte, como também metas espirituais. No fim das contas, aquele foi o momento quando a Bruxaria Tradicional nasceu nos Bálcãs, e acredito que este é o caso da Europa também.
Como tivemos a oportunidade de ver, o movimento dos Bogomilos floresceu muito rápido através de quase toda a Europa. Eles eram reconhecidos como um grupo perigoso e os governantes de alguns países começaram a processá-los. Começaram a caçar aqueles grupos de 13 membros à noite, em igrejas e cemitérios abandonados e outros lugares onde eles se reuniam. Claro, todos eles eram acusados de praticar bruxaria. Mais tarde, palavras como “bruxa” e “bruxaria” seriam denominadores comuns para a prática dos Bogomilos. E mais, esta palavra também foi usada para descrever praticantes solitários deste xamanismo popular mágico-herético. Durante o Renascimento muitas pessoas foram perseguidas por estas práticas, embora elas não tivessem nenhuma associação com a bruxaria ou gnosticismo.
Então, assim como podemos ver que a estrutura de coven tem sua origem no gnosticismo e é derivada, num nível geral, do cristianismo. Os primeiros covens que se parecem com “covens de bruxas” nasceram nos Bálcãs entre os Bogomilos, pois este foi o tempo em que as mulheres foram incluídas neles pela primeira vez. Além disso, os Bogomilos foram responsáveis em conectar o velho xamanismo europeu e o gnosticismo, o que trouxe para o mundo a Bruxaria Tradicional. Este gnosticismo medieval se espalhou por toda parte da Europa e com ele a clássica estrutura de coven de 13 membros. Os primeiros grupos que vieram a ser perseguidos são datados de 1022, em Orleans, França, e em 1175, em Verona, na Itália.
É por isso que eles são tão importantes, mas infelizmente não existem informações suficientes sobre eles no ocidente.

Nick: Daqui entendo como a memória da terra, e então a partir deste rico legado Bogomilo que marcou a Europa, qual é a relação entre espíritos e terra? Refiro-me ao dragão Tarotor que possui um significado relacionado ao Rio Danúbio e outros locais que têm uma importância particular atribuída aos poderes encontrados lá. O que isto significa para nós, hoje em dia?

Rade: Bem, isso significa que às vezes devemos deixar a nossa casa, se quisermos fazer alguma coisa. Como você disse, alguns espíritos estão ligados a alguns lugares específicos e não querem deixá-los, ou mesmo que quisessem, não conseguiriam sair destes lugares. Isto é bem comum nos Bálcãs. Bruxas geralmente reconhecem dois tipos de lugares, os bons e os maus, porque a energia desses lugares é forte, ela atrai alguns espíritos ou os provê com certa energia para viver ali. Sempre me lembrarei de como minha avó me ensinou a reconhecer estes lugares. É simples. Locais com vegetação baixa, com muitas plantas mortas, ou aquelas que não são capazes de crescer e atingir o tamanho normal são lugares de má energia e más entidades. Aquelas vegetações verdes e prósperas são boas. É lógico que há mais, alguns lugares são significativos porque alguém morreu ali, ou possui uma edificação significativa, encruzilhadas, objetos, árvores, pedras ou qualquer coisa que realmente pode atrair, carregar e preservar energia.

Nick: Agora já discutimos a conexão entre Xamãs, Bruxas, Bogmomilos e Dragões. Mas, sentado aqui na cidade onde o infame Vlad Dracula defendeu contra o sítio otomano, é no mínimo apropriado perguntar sobre como os vampiros se encaixam nesse imaginário, porque as lendas vampíricas são ricas nos Balcãs.

Rade: Vou tentar responder isso de uma maneira curta, se isso é possível, mas isso vai ser explicado como deveria no meu terceiro livro “The Last European Shamans”.
Resumidamente, “vampiro” é a única palavra sérvia que entrou nas linguagens do mundo. Ela era usada somente na Sérvia antes de um grande escândalo no início do século XVIII, quando alguma epidemia estranha começou a matar soldados austro-húngaros na Sérvia. Naquela época estávamosem guerra. Elesdisseram aos seus superiores que soldados sérvios mortos os atacaram à noite, e que os teriam “comido”. Eles não haviam bebido seus sangues, mas consumido suas vitalidades. Então, alguns médicos de Viena chegaram e cavaram os túmulos dos suspeitos e descobriram que todos os corpos ainda estavam frescos. Assim, a notícia se espalhou por toda a Europa como rastilho de pólvora – e por esta palavra o vampiro ficou conhecido.
Oficialmente na nossa antropologia, vampiros são almas de pessoas más que atacam pessoas à noite. Seus corpos ficam frescos na cova porque durante a noite eles retornam a eles, após sua caçada noturna em busca de fluidos vitais e energia.
Mas isso está correto apenas em um sentido, porque sim, vampiros são as almas de bruxas mortas, homens-dragão e todos os outros que possuem “sangue de dragão”. Assim, durante o tempo de vida foram capazes de deixar seus corpos quando queriam, e de voar em sua forma real. Depois que eles morreram, eles se tornaram ainda mais perigosos, porque agora eles eram apenas espíritos que podiam dormir durante o dia em seus túmulos e se alimentar à noite com energia de outros humanos. Então, as pessoas têm muito medo deles… Por causa de sua aparência em sua forma de dragão, temos imagens reconhecíveis, asas de morcego, lobisomens e afins.

Radomir nos apresenta o Portal de São Pedro na Sérvia

Nick: Dabog, o Diabo, e este mundo como um Inferno habitado por Dragões e mestiços – e agora, vampiros, é muito fácil para as pessoas com uma mentalidade mais racional e moderna verem que aqui estamos pintando o Diabo sobre toda a Bruxaria, e então talvez um esclarecimento do papel do Diabo na Bruxaria Tradicional seja o mais adequado?

Rade: Mais uma vez, é muito difícil dar uma resposta boa, direita e curta para isso. Sim, o conceito do Diabo existe, bem como os conceitos de muitos Anjos e Santos. Assim, podemos encontrar personagens do cristianismo, bem como do paganismo popular, como as fadas, espíritos da natureza e de lugares, etc. Ele é muito importante em muitas tradições. Dizemos “muitas”, porque não há um culto central, e tudo está em nível regional. Mas ele não é de forma alguma um objeto de adoração! Isto é proibido. Bruxas podem trabalhar com ele, mas não como muitas pessoas pensam. Elas podem dar-lhe uma oferenda para curar alguém ou para a magia de amor, bem como para fins malignos. Em geral – e na maioria das tradições – ele é o Daba manco e é conhecido como um doador altruísta de todos os bens. O famoso antropólogo Veselin Cajkanovic escreveu um livro fantástico sobre o assunto.
Em muitos cultos, ele é o inventor e detentor dos conhecimentos ocultos. Ele tem dois espaços rituais fechados e dois abertos. Os fechados são: a forja onde a bigorna é o altar e o moinho, onde a mó é o altar. O primeiro espaço ritual aberto é a encruzilhada, e o segundo e a ponte. As tradições populares nos dizem que ele é o inventor da forja e do moinho, e assim ele é muito conectado a esses lugares. A forja e a bigorna estão conectadas a ele através de lendas. Dizem as lendas que ele aparece após a meia-noite na encruzilhada, porque estes lugares também são encruzilhada de mundos, e outros mitos nos dizem que ele havia sido acorrentado, após sua queda, sob uma ponte. Em algumas outras tradições ele é um guardião do Portal de São Pedro, o portão através do qual as almas dos mortos seguem para o céu.
Em uma tradição muito interessante que encontrei no leste da Sérvia, revelaram-me um segredo de quem ele é. Disseram-me que ele é um Cristo, porque Deus não pode ser material, mas Cristo foi, e então ele é imagem de Deus no mundo material… Considerando as conseqüências teológicas nesta declaração, preciso acrescentar que esta é uma pura declaração Bogomila?
Além disso, devo mencionar que, em muitas ocasiões, ele é aquele que tenta as pessoas e em muitas tradições sua presença na iniciação é uma obrigação, se alguém procura o sangue. Há muito, muito mais para contar sobre ele, o que fiz no “The Last European Shamans”, mas por enquanto isso é tudo.

Nick: E por último irmão, neste dia e era de tumulto e confusão, você acha que a bruxa tem uma missão ou propósito no mundo moderno, uma missão especial para levar a cabo? Se assim for, o que é?

Rade: Honestamente, eu não sei. Eu não tenho dado muita atenção a isso. Só posso repetir o que já disse. Bruxas são mediadores entre as pessoas e os espíritos deste ou de outros mundos. Elas devem ser o que são e fazer o que querem fazer. Alguns delas serão boas, outras más, mas todas elas são livres em suas almas. Durante esse processo algumas conseguem se divinizar e prosseguir nesta jornada perigosa…

E com isso terminamos ainda outro copo de Jelen, juntamente com outro Stomaklija, enquanto pedimos outra rodada destes abençoados fermentados sérvios. Acendemos mais um Cohiba, ponderando sobre o propósito da bruxa no mundo, enquanto meteoritos começam a cair do céu azul claro sobre o Danúbio…
– Por Nicholaj de Mattos Frisvold

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Respostas de 8

    1. Olá Mariana,
      Os autores da entrevista realmente desejavam “passar a linha” da forma mais simples e direta possível, e realmente, há muito no que se aprofundar para captar isto tudo. O que mais achei interessante foi a declaração desta sobrevivência, a mistura entre o cristianismo herético, o paganismo popular (fora do foco sacerdotal/litúrgico), do gnosticismo e xamanismo. Este é um ponto de convergência que há muito tem sido defendido por poucos que tentam mostrar que há muito mais liberdade na forma tradicional da bruxaria do que na forma “institucional” que anda se alastrando.
      Bem se sabe que quando a hora chega o peregrino desperta, mas a função deste trabalho que está sendo feito aqui e em outros blogs relacionados é o de deixar este testemunho liberto dos grilhões emocionais que abraçam as “seitas” mordernas.

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