» Introdução da série “Para ser um médium”
A mediunidade é a capacidade da consciência humana de trocar informações com outras consciências de forma não verbal, influenciar e ser influenciada por elas. Sejam consciências que habitam um corpo físico, sejam consciências incorpóreas.
Um homem não crê no que você diz, ele afirma que você não está vendo ninguém ao seu lado esquerdo, nem ao seu lado direito. Ele tem toda razão: você não está vendo esses dois espíritos ao lado dele, assim como você não está vendo homem algum encarnado a sua frente…
Há muito a ciência já comprovou que tudo o que percebemos através do olho humano são fótons, pequenos pacotes, ou quanta, de partículas de luz pura. Para tal usamos nosso sentido de visão, mas ele só funciona quando há luz: no caso, os fótons que viajaram desde o Sol até as frestas da janela do centro espírita em que você se encontra, “ricocheteando” em qualquer pequeno pedaço de matéria que reflita luz.
A física também já provou que ao trocarmos apertos de mão, nenhum átomo de nossa mão se choca com átomos da mão alheia: do contrário, já teríamos nos exterminado em fusões ou fissões nucleares. Cabe à força de repulsão eletrostática, gerada pelos elétrons a circular freneticamente cada um dos átomos de nossas mãos, “imprimir” uma “sensação de solidez” a um aperto de mão, através das terminações nervosas de nossos dedos e da palma da mão e, mais especificamente, através de nosso sentido de tato.
Daí você pode se questionar: “mas eu consigo ver os fótons a refletir no corpo deste homem, eu consigo encostar levemente em sua testa durante meu passe magnético, mas não consigo realmente ver os espíritos ao seu lado, muito menos os cumprimentar com um abraço, da forma que eu gostaria!” – E você, igualmente, terá toda razão.
Sabe quando você anda pela rua do centro, apinhada de gente, mas por vezes percebe quando uma – apenas uma! – garota interessante está olhando para você com aquele “olhar de interesse”? Ora, admita: você é jovem, solteiro, você faz isso tantas vezes ao dia que é algo até mesmo corriqueiro… Mas você não percebe tais olhares, tais possibilidades de um amor futuro, com a visão, nem com o tato, nem com os outros sentidos ditos físicos – audição, olftato e paladar. Você percebe tais olhares com algum sentido obscuro, talvez um sexto ou sétimo sentido, quem vai saber?
Isso pode parecer “anticientífico”, mas há cientistas renomados estudando tal fenômeno de maneira séria e genuinamente científica, como o biólogo britânico Rupert Sheldrake, que chegou a dedicar o título de um de seus livros ao assunto: A sensação de estar sendo observado (publicado no Brasil pela Cultrix). De fato, isso abre caminho para que o sentido exato que você usa para ver tais espíritos seja um dia compreendido plenamente pela ciência… Mas não se engane: até lá você terá de se contentar com o que vê, como o que intuí, com o que sente. Até lá te acusarão de ser louco, esquizofrênico, charlatão, fraude, enganador… Ou, tanto pior: bruxo, feiticeiro, maçom, necromante, “adorador de demônios” – ainda que não façam a mais vaga ideia do que alguns desses termos efetivamente signifiquem. Esteja preparado.
No entanto, você nem sequer está plenamente convencido de que tudo isso que se passa em sua mente é real, ou fruto da própria imaginação. Este é um questionamento que deve permanecer em sua alma por grande parte de seu desenvolvimento, quando passará de médium passivo (como quase todos) a um médium ativo… Guarde-o com carinho e consideração. Você sem dúvida pode estar errado, e muitas vezes está (ou estará), portanto não tenha nem um pingo de pretensão de ser dono de alguma verdade, nem jamais, jamais se coloque na posição de julgar a “evolução espiritual” ou o carma alheio.
Você sempre será apenas o juiz e o escravo de sua própria causa, muitas vezes mera ferramenta na mão de seres muito mais sábios do que você, para que auxilie na evolução alheia e, dessa forma, na sua própria. Ser médium é ter disciplina suficiente para assumir uma maior liberdade e responsabilidade perante o próprio caminho ascendente da alma, é ter conhecimento e discernimento suficientes para poder julgar melhor do que ninguém o que vem de fora e o que vem de dentro, é ter compaixão e vontade suficientes para sacrificar uma boa parcela de sua vida mundana em prol da espiritualidade.
Na sua vida desperta, muitas vezes duvidará da soberania do mundo espiritual sobre as contas a pagar, as relações amorosas instáveis, os problemas de relacionamento no trabalho, o jogo decisivo de seu time de futebol no fim de semana, etc. Mas então virão os sonhos, aqueles em que você se encontra com os espíritos da mesma forma que eles aparecem para você, e que se veem sem usar a visão, e se falam sem usar a voz, e se ouvem sem usar a audição, e flutuam e voam (até mesmo você, as vezes), e por vezes se tocam, e as ditas explosões nucleares serão o que mais se assemelha a sensação de preenchimento, de sentido, de “pertencimento” a uma outra espécie de realidade – muito maior.
Ser médium é trazer um pouco de sonho, um pouco de poesia, um pouco de amor, para esta realidade de átomos a deslizar por alguma espécie de tecido espaço-temporal, e de luz eterna a preencher tudo o que observamos a olhos vistos… Um grande médium e poeta português uma vez psicografou de si mesmo tais versos:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm. [1]
Pode-se mesmo dizer que, de certa forma, toda a essência da mediunidade se encontra em tais versos. Se não os conseguiu compreender até hoje, guarde-os com carinho, sinta-os, que um dia talvez compreenda melhor…
O caminho de mediunidade é tão árduo e recompensador quanto qualquer outro grande caminho da alma humana. Você pode ser um grande iniciado nos conhecimentos ocultos, um grande conhecedor de ramos da filosofia, um grande conhecedor da sabedoria oriental antiga, um grande entusiasta da ciência, um grande especialista em raciocínio geométrico e matemático, etc. Ou mesmo pode seguir num ou mais desses caminhos ao mesmo tempo. Mas não espere apenas vento favorável, nem recompensas garantidas, nem um céu de ócio eterno… Afinal, a Natureza tem sido muito clara com todos nós, por todos esses anos, todas essas eras, e todas essas vidas: não há almoço grátis, os grandes saltos evolutivos se dão exatamente através da “guerra da fome e da morte”, do embate com as adversidades que a vida nos coloca à frente, sempre confiante, sempre esperançosa em nossa própria capacidade divina de suplantar tais barreiras, e melhorar, passo a passo, um pensamento de cada vez.
Feita esta breve advertência, se quiser realmente prosseguir em tal caminho, tentarei lhe auxiliar com algumas das mais profundas cascas de sentimento que conseguir retirar de mim mesmo. Esta provavelmente será uma série longa de artigos, e eu no momento não faço ideia de onde exatamente irá nos levar – e esta é uma “peculiaridade” essencial da mediunidade, e da poesia: ser livre.
Médium, assim, de mim mesmo, todavia subsisto. Sou porém menos real que os outros, menos coeso, menos pessoa, eminentemente influenciável por eles todos. [2]
***
[1] Trecho inicial do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa.
[2] Trecho da Carta ao casal Monteiro, de Fernando Pessoa.
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Crédito da imagem: Bernd Vogel/Corbis
O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.
Ad infinitum
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Respostas de 24
Mais um texto que faz mal uso de conceitos da Física para defender a existência de fantasmas. Sinto pena de quem lê e cai nesse papo.
@raph – Aonde no texto exatamente isto ocorre? Talvez aqui neste trecho: “Você sem dúvida pode estar errado, e muitas vezes está (ou estará), portanto não tenha nem um pingo de pretensão de ser dono de alguma verdade”?
back to basics:
mal é contrário de bem, mau é contrário de bom.
Próximo episódio: conceitos de física.
Agora também fiquei curioso…será que o Sr.Bruno do alto de sua “sabedoria” poderia nos elucidar quanto aos itens que “acredita”…ou melhor para este caso, que tem “absoluta certeza” de mal emprego de conceitos da Física??… afim de alertar os “incautos” que acreditam em gasparzinhos….Quanto a sua “pena”, o sentimento é recíproco .
Desce do salto irmãozinho, um pouquinho de “eu só sei de que nada sei” sempre faz bem…Leia o texto, absolva o que achar que deve, descarte o que achar que não e “segue o jogo”….
…Rafael, belo texto cara!!!….mais uma vez me deu muito o que pensar, e desculpa aê, mas nem sempre consigo ser assim tão legal…abçs!
raph – Obrigado! É aquela história, ame as ideias, odeie as falácias 🙂
Apesar do texto realmente ter algumas coisinhas erradas, o cara ali em cima reagiu de maneira exagerada, provavelmente por causa do preconceito contra espiritualismo/ocultismo em geral.
Mas vamos lá:
1 – O plural de quantUM é quantA, não quantAS. (@raph – este irei corrigir)
2 – Fótons não são “pequenos pacotes (…) de partículas de luz pura”, fótons SÃO A LUZ, que ao contrário do que aparenta no dia-a-dia, não se propaga de maneira contínua como um rio, mas sim de maneira discreta(quantizada), como em uma metralhadora.
3 – Sobre o “nenhum átomo de nossa mão se choca com átomos da mão alheia”, eu recomendo este vídeo do youtube(em inglês), que explica porque este pensamento está errado, ao imaginar átomos como “bolas de bilhar”, com tamanho e fronteira determinados. Link do vídeo: watch?v=bKldI-XGHIw (é só colar depois do endereço do youtube).
No mais, belo texto, parabéns!
@raph – Oi Kauê, obrigado pelas correções. Sobre o item #3, eu até tenho um outro texto mais recente no meu blog que trata exatamente deste assunto: http://textosparareflexao.blogspot.com/2013/10/e-nao-pisquem-os-olhos.html Abs!
Note que ele diz que os átomos realmente nunca se tocam.
Eles trocam entre si partículas virtuais.
A questão é que as partículas virtuais, segundo ele mesmo, não possuem massa (logo, não são matéria, mas sim energia), não seguem todas as leis da Física, e são Indetectáveis.
Então…. é, eles não se tocam. Eles enviam pedacinhos de energia indetectável entre eles, e isso muda a direção de cada um.
Mais ou menos da mesma forma que aconteceria se eu e você viéssemos um em direção ao outro e, ao nos aproximarmos, usásse-mos eletroimãs para mudar os nossos Momentuns.
Dizer que isso é “tocar” o outro é um erro gramatical. Não é mais “tocar” do que, por exemplo, jogar uma pedra em alguém. Você não toca as pessoas em quem joga pedras – você tem que estar em direto contato com elas para haver toque.
@raph – É realmente algo conceitualmente difícil de explicar em detalhes estritamente científicos, mas o cerne da questão, e o motivo de eu sempre me referir as fissões e fusões nucleares, é que realmente não há este “encontro das massas”, ainda que os átomos tampouco possam ser vistos como “bolas de bilhar”. O link que passei na outra resposta fala exatamente desta “espantosa metafísica da física” 🙂
Cara, espíritos não são necessariamente fantasmas. Acho que você está correto Bruno Barros, civilizações inteiras, estudiosos e mestres é que estão incorretos…
Sou estudante de Química e Física e não consegui identificar nenhum conceito da ciência sendo mal usado no texto…
Não cabe rebater nem discutir, apenas compartilhar…. algo pessoal…. sempre fui ateu e cético, fascinado pela ciência…… até meus 20 anos…… com essa idade entrei para a universidade, e me tornei um biólogo…… apaixonado pela vida hoje não consigo mais imaginar o que seria de mim se anda fosse cético e ateu….
@raph – Sou amigo tb de céticos e ateus (por exemplo, do Kentaro Mori), e há diversas abordagens para a mediunidade que podem ser discutidas ainda assim, desde que a mera citação de “espírito” não seja nenhum motivo de escândalo alheio. Ainda que a mediunidade seja, por exemplo, mera fantasia da mente humana, ainda há uma infinidade de questões que podem ser debatidas acerca da origem das fantasias da mente humana 🙂
E você, meu caro, faz mal uso de conhecimentos quanto à Física (note que, pela construção gramatical, estou implicando que o conhecimento está correto, mas o uso que está sendo feito é que está errado) para justificar a não-existência de algo – justamente o tipo de atitude anti-científica e secular que determina a estagnação de toda e qualquer possibilidade de pesquisa e desenvolvimento de conceitos e abordagens.
E, pior ainda, utiliza-se da escrita para exteriorizar uma intolerância e uma necessidade afetiva que de forma alguma justificam-se por meio de seu conhecimento ou de sua capacidade de análise.
Justificam-se, tão e somente, pela sua própria necessidade de impor ao mundo uma visão de “certo” e “errado” (como ao determinar que o uso de conceitos da física para justificar a mediunidade é um erro – ainda que não haja nada conceitualmente errado na questão) – algo muito egoísta, muito subjetivo e muito humano para ter qualquer aval científico.
Por mais que esteja pobremente escondido em meio à sua úbris.
gratidão!
@raph – _/|\_
Gostei do texto e da resposta tbm kkkkkkkkk
Muita gratidão, pelo compartilhamento desse sentir e desse viver.
E não podia ter escolhido melhor data, não?
Parabéns e vamos ver até onde essa jornada nos leva, hein?
Obrigado.
@raph – Obrigado, será uma série longa que vai até o fim do ano, sinta-se convidado para esta viagem 🙂
Reserva um lugar ai já então hahahahaha
Que bons ventos “nos” guiem ^^
@raph – 🙂
Raph, se suas palavras fossem materializadas, seriam como um bom vinho que se bebe na companhia de um grande amigo.
Obrigado!
@raph – Namastê 🙂
Rafael. Muito Bom o texto!
Gostaria de sua opinião sobre algo que aconteceu comigo e minha esposa:
Minha esposa sempre foi muito sensitiva e disse várias vezes que as vezes sentir a presença de espíritos por perto, e algumas vezes já sentiu que seu pai tentou se comunicar com ela(ele é falecido). Ela é católica mas sem nenhum preconceito. Mas o problema é que ela tem muito medo de ver e não quer ter contato algum com o sobrenatural.
Uma dia, após ela ter sonhos com espíritos eu a aconselhei a ver o que eles queriam, pois talvez eles a deixassem em paz.
NA semana passada, de noite ,eu estávamos dormindo e ela me acordou chorando, pois disse que tinha acordado naquela hora e visto muitos espíritos ao nosso redor, distantes, e um deles se aproximou para falar com ela. Ele disse que todos aqueles espíritos precisavam da ajuda dela. Ela disse que não queria pois tem muito medo. Perguntou se eu não poderia ajudar, já que eu gosto muito disso tudo. Ela disse que ele se aproximou de mim e me olhou na cama e disse que eu não servia e tinha que ser ela. Ela falou então que por favor, que não queria pois tinha muito medo. O espirito então disse que a missão dela estava acabada e se foi, assim como os outros. Ela então me acordou assustada, chorando, com medo de morrer.
Acalmei ela, fiz algumas limpezas no ambiente e nunca mais aconteceu.
Tenho duas perguntas:
– como devo proceder? e
– Será que eu não posso fazer esse trabalho e não tenho esse tipo de mediunidade? Pois eu sim gostaria de desenvolve-la.
Obrigado pela atenção.
@raph – Olha, o que eu sempre aconselho nesses casos é que o médium tente, na medida do possível, estabelecer contato, ou seja, um diálogo onde haja troca de informações com os supostos espíritos. Não há como vencer a dúvida sem esta troca de informações, pois é a conversa que acaba convencendo o médium de que aquilo é algo natural e importante para ele. E eu falo “dúvida”, pois muitas vezes o medo é um reflexo da dúvida. O ceticismo sadio só será alcançado quando exercemos uma curiosidade genuína, uma “dúvida sem medo”, senão caímos muitas vezes em “ceticismos de negação” (no caso de céticos), ou em “medos exacerbados” (no caso dos que creem).
O importante é ter em mente que “espíritos falam apenas sobre o que sabem”. O fato de estar desencarnado não é algo que, por si só, torne o espírito um “grande ser de luz”, e muito menos um “grande ser das trevas”. Anjos e demônios são nomes que damos a consciências que estão em estados elevados ou cegos e ignorantes (principalmente do Amor), sejam elas consciências de seres encarnados (como nós) ou desencarnados (como os que as vezes vêm falar com os médiuns).
Mas o que o médium precisa antes de mais nada é aprender a incorporar a si mesmo. Há muitos que vivem “meio fora de si”, e porisso não sabem ao certo quais são os pensamentos que vêm de dentro, e quais os que chegam de fora… O autoconhecimento, portanto, é o que torna o médium um ser seguro de si, com bem menos medo e dúvidas “ruins”, e bem mais entusiasmo e dúvidas “boas”, e curiosidade genuína acerca deste e de outros mundos. Quando ela alcançar este ponto será natural conversar com espíritos quando for o momento de conversar, e ignorá-los quando for o momento de ignorar. O que você pode fazer para ajuar, neste caso, é tentar avançar neste autoconhecimento juntamente com ela. Acessar este site e ler este artigo já foi uma pequena parte do processo, ou pelo menos eu gosto de acreditar que tenho apontado caminhos de certa luminosidade para os que me leem. Boa sorte 🙂
Um contraponto interessante – sabe que, também do lado espiritualista, reduzir este contato em torno de conceitos como energias e partículas, também é conceder demais ao materialismo ?
Ora, o transcendente, por definição, escapa a materialidade, não só a sensível, mas também aos seus tijolinhos, sejam fótons, bósons, quarks, léptons…
Restringir, mesmo no sentido figurado, qualquer ente espiritual, vai criar uma falsa expectativa de se detectar, algo que muitas vezes está até além de Kether
@raph – Mesmo os mundos da física de partículas e da mecânica quântica são muito mais construções teóricas do que algo que possamos realmente “experimentar sensorialmente”. Na resposta a pergunta #82 do Livro dos Espíritos, temos uma curiosa “revelação”: o espírito não é imaterial, mas formado por matéria “quintessenciada”, “etérea” demais para que os nossos instrumentos pudessem detectar. Poderíamos dizer o mesmo dos neutrinos até poucos anos atrás, e sem dúvida podemos dizer o mesmo dos 96% de matéria e energia escuras que hoje sabemos que não interagem com a luz…
Mas ficar tentando achar “o pedaço de matéria que forma um espírito” não é muito diferente de “fazer experimentações com pilhas voltaicas”. Da mesma forma que não somos exatamente o mesmo que os átomos do nosso dedão, achar um “átomo do dedão do pé de um espírito” não nos dirá nada sobre o espírito, embora talvez agrade aqueles que gostam de “comprovar” as coisas 🙂
Belo texto! Tocante!
Fico desconcertada de ver os “cientistas” se manifestarem com todo o tipo de críticas e correções, afinal o que é considerado “verdade científica” é só o limite atual do nosso conhecimento. Qualquer adolescente sabe que a “verdade’ de ontem perde seu valor a medida que a ciencia evolui… Sou Química, formada em uma excelente Universidade (tirei 10 em mecânica quântica…) e sou médium. Para mim a vivência da mediunidade é tão real/material quanto meu tato, audição… Tento explicar para os meus amigos céticos que é a mesma coisa que usar óculos. Tive miopia a vida toda, então ninguém poderia me cobrar de não “ver”, já que meu corpo tinha uma limitação física. É a meeeeeeeeeeesma coisa.
@raph – Oi Isabel, é sempre reconfortante e interessantíssimo ler comentários de cientistas médiuns 🙂 Acredito que deva gostar de ler isto aqui também: http://textosparareflexao.blogspot.com/2012/07/anti-reflexo.html
Lindo texto, Rafael, e descreve exatamente como me senti ao colocar meus primeiros óculos, pela primeira vez e olhar para fora do ônibus circular… 26 anos se passaram desde este dia e nunca mais consegui ter aquela sensação. 🙂 Obrigada
@raph – O mesmo ocorreu comigo 🙂 Abs!
O início, sobre a visão e o tato, me lembrou uma palestra do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira sobre a Glandula Pineal: http://www.youtube.com/watch?v=9hwsfO9lgH4
@raph – Sim, foi exatamente daí que veio a ideia de explorar a “natureza da matéria” mais a fundo. E, sim, o Dr. Sérgio continua tendo toda a razão sobre o que falou ali 🙂
Ótimo texto, muito obrigado Raph!
O complicado é aguardar o próximo da série 🙂
@raph – Obrigado. Você está com sorte pois “o próximo da série” acabou de sair hoje 🙂
Parabéns pelo texto, sou da área de exatas (engenharia) cultivo o pensamento da espiritualidade e vejo que logo a luz chegará a ciência.
Chegará um dia em que veremos que os cientistas que nos deram a luz desse conhecimento eram estudiosos de espíritos e outros fenômenos espirituais na maioria das vezes.
Os conceitos que temos hoje são apenas uma sombra dos conceitos reais, então não podemos usa-los como verdade ou certeza, apenas uma estatística confiável.
Acredito que todos devem passar por essa fase de materialismo, mas para nós que buscamos superar, esta na hora de seguir em frente.
@raph – Obrigado Eric. Recentemente escrevi em meu blog sobre a “espantosa metafísica da física”, talvez lhe interesse: http://textosparareflexao.blogspot.com/2013/10/e-nao-pisquem-os-olhos.html Abs.
Bom dia Rapha!
Minha mãe é sensitiva, mas nunca aceitou seu dom…
Eu sempre acreditei no sobrenatural por conta do que ela me contava.
Porém os anos foram se passando e eu parei de acreditar… Quando eu era criança eu tinha sempre alguns deja-vu’s muitas coisas me pareciam familiares, com o passar do tempo eu comecei a ter crises de paralisia do sono devido um problema de respiração por conta da renite. Quando acontecia eu sempre via uma fumaça branca que vinha em minha direção com se fosse entrar em mim, com uma horrível sensação de morte e eu sempre sentia como se tivesse um homem perto ou da minha cabeça ou das costas. Por mais que eu tentasse acordar ou me mexer sempre pareceu em vão… Com o passar do tempo eu fui estudando sobre a apnéia e meu amigo que é psicólogo me deu uma dica de quando acontecesse outra vez para eu me acalmar e tentar respirar bastante…
Um dia desses aconteceu e eu segui as dicas e o mais estranho aconteceu desta vez não veio névoa e nem aquela sensação de estar acompanhada por um homem, simplesmente veio uma mulher, que eu não conseguia ver o rosto e ela ficou ao lado do meu corpo dando gargalhadas o que foi horrível… Mas eu me acalmei e respirei bastante, tive a melhor sensação de todas era como se eu estivesse saindo do corpo, ela parou e sorrir e simplesmente sumiu… Nesse exato momento cai no sono e sonhei acordando e no sonho o meu quarto estava cheio de névoa, meu namorado estava ainda dormindo porém eu sabia que aquele não era ele, pois ele já havia saído para trabalhar e eu sabia que estava sonhando, mesmo assim não perdi o foco sai do quarto em direção a cozinha para sair da casa. Quando abro a porta está encostada da mesma forma que ele deixou antes de sair sem trancar e quando eu olho para fora a cidade está repleta de névoa quase não dá para envergar, de repente quando eu olho para o céu eu o enxergo límpido, cheio de estrelas, constelações tudo muito lindo, porém eu volto para casa e me deito novamente na cama onde já não estou mais acompanhada e a névoa sumiu… Acordo e já é dia como minha lucidez lembrava.
Fiquei cm esse sonho na cabeça por dias e um amigo me indicou a meditação em casa mesmo antes de dormir e eu fiz quando terminei fui beber água na cozinha e quando voltei para o quarto ele estava tomado pela névoa… Fechei e abri os olhos duas vezes e estava da mesma forma, fui me deitar e relaxei, quando abrir os olhos novamente estava tudo certo…
Gostaria de saber se isso é normal ou se há algo de diferente acontecendo comigo.
@raph – Oi Milla. Bem, a grande questão é o que é exatamente “normal” não é mesmo?
O que está acontecendo é que você está, mais por conta própria (com alguns conselhos de amigos, claro) do que propriamente por haver ingressado em algum Centro Espírita ou Ordem Magística, tomando controle de sua própria mediunidade. Muito embora o que ocorra contigo esteja mais próximo dos fenômenos de sonhos lúcidos e viagens astrais (que são basicamente a mesma coisa, no sentido de que você sabe que está sonhando e mesmo assim decide permanecer naquela experiência de sonho) do que propriamente da mediunidade (no entanto tudo isto são apenas rótulos que damos ao que, muitas vezes, está muito além da linguagem).
É bem provável que, caso você passe a encontrar outras “pessoas” ao longo dessas viagens, elas sejam bem menos do tipo “zombeteiro” ou “assustador”, e bem mais do tipo que estará lá realmente para participar da experiência junto contigo, seja auxiliando, seja sendo auxiliada por você (e, no caso, você vai compreender intuitivamente a diferença).
Lembre-se, principalmente, que nos sonhos as “pessoas” não falam com os lábios, não escutam com os ouvidos e nem mesmo veem com os olhos. Preste atenção nisso tudo que com o tempo é capaz de você viver até mesmo no “mundo desperto” de uma maneira mais profunda, e com a alma cada vez mais em paz 🙂 Boa sorte!