Trigo, Vinho, Óleo e Sal


Trigo, Vinho, Óleo e Sal na Cerimônia de Consagração
Há vários casos na Bíblia em que todos os quatro “elementos” são mencionados juntos em uma única frase, por exemplo em Esdras, 6:9, “trigo, sal, vinho e óleo…” e novamente em Esdras, 7:22, e em I Esdras, 6:30. Nas nossas cerimônias de consagração da atualidade, esses “elementos” devem a introdução, quase que certamente, ao seu uso nos tempos bíblicos como oblações, oferendas e sacrifícios sem sangue, como no Templo. Trigo, Vinho e Óleo são mencionados em Deuteronômio, 11:14, entre as recompensas para os que seguiam os mandamentos de Deus. Eles também eram considerados as necessidades primárias da vida diária, daí o seu uso entre os hebreus como oferendas de agradecimento e sacrifícios (não animais).

O sal também é relacionado com o sacrifício, mas possui uma variedade de significados simbólicos na Bíblia. O seu uso é determinado em Levítico 2:13.
Salgarás todas as tuas oblações… Porás, pois, sal em todas as tuas ofertas.
Cruden, na sua Concordance, interpreta o Sal, nessa passagem, como um símbolo de amizade, e na Idade Média era costume na Europa e no Oriente Próximo receber visitantes distintos em uma vila ou cidade com Pão e Sal.
Como o Sal ajuda a preservar da corrupção e é imune ao apodrecimento, ele tornou-se símbolo da incorruptibilidade. Brewer, Dict. of Phrase and Fable, chama-o de símbolo da perpetuidade e essa associação do Sal com a ideia de permanência aparece frequentemente na Bíblia:
“Esta é uma aliança de sal, que vale perpetuamente diante do Senhor…” (Números 18:19).
Rashi, um dos maiores comentaristas hebraicos, disse o seguinte dessa passagem:
“Assim como o sal nunca apodrece, a aliança de Deus… irá perdurar”.
Em um tema mais próximo à Maçonaria,
“O Deus de Israel deu para sempre o reino… para Davi por uma aliança de sal” (2 Crônicas 13:5)
Aqui, mais uma vez, a ideia da permanência é enfatizada e esse é, sem dúvida, um dos principais motivos para o uso do Sal nas nossas cerimônias de consagração maçônica. Pelo que sei, o tema da preservação e permanência não costuma ser mencionado pelo Oficial Consagrador, mas em alguns dos numerosos memoriais de Consagração na nossa biblioteca, o verso cantado, antes que o Sal seja usado na cerimônia, é o seguinte:
Derramamos sal sobre nosso labor,
Divisa de Teu poder conservador,
Em Tua presença oramos, Senhor,
De nosso templo sede o protetor
Pode ser interessante reproduzir as explicações simbólicas dos elementos, como foram fornecidas na cerimônia de Consagração inglesa.
Trigo (Ar): símbolo da Abundância.
Vinho (Água): símbolo da Felicidade e Alegria.
Óleo (Fogo): símbolo da Paz e Unanimidade.
Sal (Terra): símbolo da Fidelidade e Amizade.
O simbolismo Maçônico para os elementos parece ter variado consideravelmente em diferentes épocas e locais. C. C. Hunt, na sua obra Masonic Symbolism (Iowa, 1939, pp. 100, 101), cita o relato de uma cerimônia de pedra fundamental na década de 1920, na qual o Grão-Mestre Provincial de Nottinghamshire oficiou, naquela ocasião, o Óleo como “emblema da caridade”, e o Sal, “emblema da hospitalidade e da amizade”. O mesmo escritor nota os poderes curativos e purificadores do Sal, citando II Reis, 2:20-21, em que Eliseu com um vaso de Sal “sanou as águas”. Outra referência similar em Êxodo, 30:35, “Farás com tudo isso um perfume… temperado com sal, puro e santo”.
O uso do Sal na Consagração de Lojas Maçônicas parece ser introdução moderna, provavelmente posterior a 1850. No fim da década de 1780, as descrições feitas por Preston das Cerimônias de Dedicação mencionam Trigo, Vinho e Óleo, mas nunca Sal. Além disso, o Irmão T. O. Haunch, Bibliotecário da Grande Loja, verificou um certo número de descrições das cerimônias Maçônicas de Consagração e Dedicação até a década de 1840. Nenhuma delas menciona o Sal, parecendo impossível dizer com certeza quando esse “elemento” foi introduzido. Incidentalmente, a cerimônia de Consagração praticada na Grande Loja da Escócia usa Trigo, Vinho e Óleo, mas não há menção ao Sal.
Fraternalmente,
Wagner Veneziani Costa

Compartilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Respostas de 7

  1. Muito bom, como sempe, os textos selecionados para os posts. Em outras sociedades e religiões também deve ocorrer essas associações e consagrações, seria legal tratar deste assunto quando pudesse em DD.

  2. O Sal é mesmo um elemento incrivel. Tanto pra magia como pro nosso próprio organismo. A maioria das pessoas desconhecem a quantidade de usos do Sal. Além do mais, esse sal de cozinha, comum, que consumimos é de pouca serventia fisiológica, sendo que as grandes industrias removem do sal grande parte dos minerais contidos nele, já que ganham mais dinheiro vendendo-os separadamente.
    Meu conselho é que procurem o sal mais puro possivel, sendo esse bem mais grosso que o comum, mas de facil utilização, tambem é um sal úmido, já que não contém ingredientes artificiais adicionados para evitar tal umidade.
    Banho de Sal grosso e todas as purificações feitas com o Sal, são muito úteis. Esses usos do Sal são no mundo todo, desde o Japão, Europa, Oriente…

  3. Lembro que a algum tempo atrás, em um documentário, foi mostrada a existência simbólica do milho (espiga) em diversos monumentos e imagens na cidade (de concepção maçônica) de Washington.
    Agora penso que seu significado simbólico possa ser, por analogia, ao trigo (abundância).

  4. Me parece que existem analogias também entre os demais temperos e o sistema solar.
    Pimenta – Queima, Calor – Sol;
    Paprica – Calor, não queima – Mercúrio
    Canela – Doce e Amargo, Feminino – Vênus
    Sal – Sabor, vida – Terra
    Enfim, mas foi só uma coisa que eu vi em um filme grego, talvez não tenha fundamento, talvez…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media

Mais popular

Receba as últimas atualizações

Assine nosso boletim informativo semanal

Sem spam, notificações apenas sobre novos produtos, atualizações.

Categorias

Projeto Mayhem

Postagens relacionadas

Mapa Astral de Pablo Picasso

Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido

Mapa Astral de Timothy Leary

Timothy Francis Leary, Ph.D. (22 de outubro de 1920 – 31 de maio de 1996), Professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor, futurista, libertário, ícone maior

Mapa Astral de Oscar Wilde

Eu não gosto muito de postar vários mapas seguidos, porque o blog não é sobre Astrologia, mas agora em Outubro/Novembro teremos aniversário de vários ocultistas