Star Wars e a Kabbalah

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Um texto clássico de 2010 e não acredito que não tinha passado ele aqui pro Blog ainda! Contém spoilers da trilogia clássica.

Em meados da década de 70, dois sujeitos chamados George Lucas e Steven Spielberg reuniram-se com um outro sujeito chamado Joseph Campbell para estudar. Juntos produziram um documentário chamado “o poder do Mito”, baseados no livro de Campbell e logo em seguida, produziriam a trilogia Star Wars.
Não é por sorte ou coincidência que Star Wars se tornou até uma religião. Ele possui todos os elementos essênciais e simbólicos de uma Saga, construída em torno dos conceitos da Árvore da Vida.

Comecemos por Luke Skywalker, o Iniciado Solar (Tiferet), destinado a trazer o equilíbrio à Força. Ele é um nobre que desconhece suas origens e vive em um deserto com seus tios, até ser chamado para um universo muito maior do que o que está acostumado a viver e pensa que é a sua realidade (Malkuth).

A Princesa Léia, irmã de Luke tal qual Ísis e Osíris, é a donzela virginal aprisionada nas masmorras e guardada por seres extremamente materiais, ateístas e mesquinhos, representado na forma grotesca de Jabba, o Hutt. Léia é Yesod, a Lua, nosso subconsciente preso nos afazeres diários que nos impedem a prática da meditação e autoconhecimento. Seu pedido de ajuda é o início da Jornada do herói. Nos mitos antigos, é comum que Sol e Lua, apesar de irmãos, realizem simbolicamente o Casamento alquímico mas, obviamente, isso não seria aceitável pelos padrões culturais do ocidente, então surge a figura de Han Solo.

Han Solo e Chewbacca são faces de Geburah, o rigor, representante dos antigos deuses da Guerra como Thor, Ogun e Ares. Chewbacca é a energia primordial instintiva e selvagem; Han, que atirou primeiro, é o impulso aventureiro.

Para acompanhar o Herói, Lucas adicionou dois protagonistas que permanecem durante toda a saga, os companheiros da Intuição (Yesod/Léia) e formadores do Microcosmos: Hod (a Razão) e Netzach (a Intuição).

C3PO representa Mercúrio, deus da comunicação (“versado em seis bilhões de línguas”), extremamente metódico virginiano e senhor de todos os códigos e linguagens; R2D2 representa Vênus, as emoções, expressas em suas formas arredondadas e sua comunicação impossível de ser compreendida se não for traduzida para palavras por Hod/C3PO. Os dois formam uma dupla inseparável (razão e emoção) e, sem ela, o herói não conseguirá terminar sua jornada.

Ao se descobrir Herói, Luke precisa ainda buscar a peça final de seu treinamento, o Santo Graal, o Caldeirão de Dagda… representado na figura de yod, ou Yoda, a menor letra em tamanho do alfabeto hebraico, mas uma das mais importantes. Yoda representa a figura paterna, protetora e mais poderosa de todos os jedis, tal qual Chesed é representado pelos grandes deuses-pai (Júpiter, Odin, Jeovah, Wotan).

O Sétimo Planeta antes do Abismo é Saturno, ou Daath, na figura de Darth Vader. Para compreender o universo além do Abismo, é necessário olhar para o Abismo e sentir o abismo olhar de volta para você. E então, na transcendência, percebemos que Saturno era apenas o reflexo do Imperador/Plutão (Hades, Dragão, Caronte, Nornes, Parcas, A Bruxa da Branca de Neve).
Saturno torna-se Binah, a Esfera do Controle, o Pilar Restritivo, representante do Império. Sua contraparte é Obi-Wan, Hochma, o Pilar Expansivo, trabalhando no Caos/Rebelião. E A Força Motriz que permeia todo o Mito do Jedaísmo foi chamada de “Força”, representando Kether, a origem.

Cada mito tem o seu tempo, espaço e cultura e deve ser entendido dentro destes parâmetros. A estrutura da Kabbalah Hermética, mais abrangente e completa do que a Cabalá Judaica, nos permite estudar e compreender qualquer cultura em qualquer período de tempo. O estudo da importância e valor atribuído a cada deus (ou deuses) e características destes deuses em cada cultura se torna um espelho daquele tempo-espaço, acompanhando inclusive as mesmas regras da evolução proposta por Darwin. Mitos nascem, crescem, multiplicam-se, modificam-se e eventualmente morrem. Sobrevivem os Mitos mais adaptados.

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Respostas de 4

  1. Vou me contentando com esse pois só verei “o despertar” no domingo… Na luta contra os spoilers!

  2. Uma ótima análise, MDD! Star Wars virou quase que uma forma alegórica de nossa geração levar à diante alguns conceitos básicos existentes na nossa civilização. Fico imaginando se a Kabbalah também não seria, em seu tempo, outra forma alegórica de conhecimentos ainda mais antigos…

    Abraço!

  3. Pessoal,

    Vcs poderiam ver se existe uma correlação dos filmes de Darren Aronofsky (Diretor de Cisne Negro, Requiem para um sonho, Fonte da vida…) com as sephiroth da árvore da vida 🙂

    Curto muito essas correlações

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