Toda a matéria de um universo de 156 bilhões de anos-luz de extensão, reunidos em um ponto menor que a cabeça de um alfinete, é uma arte que apenas um nobre arquiteto seria capaz de conceber.
Após a inspiração, o Grande Maestro do Universo deu início ao seu canto celeste, o verbo criador. Dançam as galáxias, a melodia do Grande Maestro. Melodia inaudível aos ouvidos humanos.
Quem sabe o Universo seja como uma imensa orquestra sinfônica onde cada aglomerado de galáxias corresponde a um naipe da grande orquestra celeste, mas, a música das esferas não se enquadra em nossas vãs concepções de harmonia.
Comparar o universo com uma orquestra não significa que tudo funcione dentro de uma harmonia previsível. Os conceitos de harmonia criados pelos humanos servem apenas aos humanos. Nada compreendemos da harmonia celeste, não entendemos nada sobre a perfeição, somos imperfeitos, inacabados, dissonantes.
Em nossa visão racionalista, o universo é composto por muitas dissonâncias e arritmias. A sinfonia do cosmos está mais próxima da música atonal do século XX do que uma sinfonia do período clássico.
Mergulhados na escuridão cósmica, ansiamos compreender o caos indefinível. Assim nascem as religiões, filosofias e ciências, o homem tentando trazer ordem ao que não é possível ser ordenado, incontáveis nomes ao inominável, tentando imaginar o que é inimaginável.
O Grande Maestro está no Todo, mas ele é maior que o Todo.
Da sua expiração e do seu canto surgem todas as coisas, da sua inspiração para retomar o fôlego, tudo volta lá onde antes estava.
Estrelas explodem e se fundem: da sua poeira nascem os homens.
E do Uno nasce o Verso.
Uma resposta
“Estrelas explodem e se fundem: da sua poeira nascem os homens.”
Que lindo!
E excelente o texto, reflexão incrivel!