Samhaim

Hemisfério Norte: 31 de Outubro

Hemisfério Sul: 1 de Maio

O Samhain (pronuncia-se “sou-en”), também chamado de Halloween, Hallowmas, Véspera de Todos os Sagrados, Véspera de Todos os Santos, Festival dos Mortos e Terceiro Festival da Colheita, é o mais importante dos oito Sabbats dos Bruxos. Como Halloween, é um dos mais conhecidos de todos os Sabbats fora da comunidade wiccana e o mais mal-interpretado e temido. Samhain celebra o final do Verão, governado pela Deusa. (O nome Samhain significa “Final do Verão”.)

Samhain é também o antigo Ano Novo celta / druida, o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos. É o momento em que os espíritos dos seres amados e dos amigos já falecidos devem ser honrados. Houve uma época na história em que muitos acreditavam que era a noite em que os mortos retornavam para passear entre os vivos. A noite de Samhain é o momento ideal para fazer contato e receber mensagens do mundo dos espíritos.

A versão cristã do Samhain é o Dia de Todos os Santos (1o de novembro), que foi introduzido pelo Papa Bonifácio IV, no século VII, para substituir o festival pagão. O Dia dos Mortos (que cai a 2 de novembro) é outra adaptação cristã ao antigo Festival dos Mortos. é observado pela Igreja Católica Romana como um dia sagrado de preces pelas almas do purgatório.

Em várias regiões da Inglaterra acredita-se que os fantasmas de todas as pessoas destinadas a morrer naquele ano podem ser vistos andando entre as sepulturas à meia-noite de Samhain. Pensava-se que alguns fantasmas tinham natureza má e, para proteção, faziam-se lanternas de abóboras com faces horrendas e iluminadas, que eram carregadas como lanternas para afastar os espíritos malévolos. Na Escócia, as tradicionais lanternas Hallows eram esculpidas em nabos.

Um antigo costume de Samhain na Bélgica era o preparo de “Bolos para os Mortos” especiais (bolos ou bolinhos brancos e pequenos). Comia-se um bolo para cada espírito de acordo com a crença de que quanto mais bolos alguém comesse, mais os mortos o abençoariam.

Outro antigo costume de Samhain era acender um fogo no forno de casa, que deveria queimar continuamente até o primeiro dia da Primavera seguinte. Eram também acesas, ao pôr-do-sol, grandes fogueiras no cume dos morros em honra aos antigos deuses e deusas, e para guiar as almas dos mortos aos seus parentes.

Era no Samhain que os druidas marcavam o seu gado e acasalavam as ovelhas para a Primavera seguinte. O excesso da criação era sacrificado às deidades da fertilidade, e queimavam-se efígies de vime de pessoas e cavalos, como oferendas sacrificiais. Diz-se que acender uma vela de cor laranja à meia-noite no Samhain e deixá-la queimar até o nascer do sol traz boa sorte; entretanto, de acordo com uma lenda antiga, a má sorte cairá sobre todo aquele que fizer pão nesse dia ou viajar após o pôr-do-sol.

As artes divinatórias, como a observação de bola de cristal e o jogo de runas, na noite mágica de Samhain, são tradições wiccanas, assim como ficar diante de um espelho e fazer um pedido secreto.

Os alimentos pagãos tradicionais do Sabbat Samhain são maçãs, tortas de abóbora, avelãs, Bolos para os Mortos, milho, sonhos e bolos de amoras silvestres, cerveja, sidra e chás de ervas.

Incensos: maçã, heliotropo, menta, noz-moscada e sálvia. Cores das velas: preta, laranja. Pedras preciosas sagradas: todas as pedras negras, especialmente azeviche, obsidiana e ônix. Ervas ritualísticas tradicionais: bolotas, giesta, maçãs beladona, dictamo, fetos, linho, fumária, urze, verbasco, folhas do carvalho, abóboras, sálvia e palha.

[edit] Ritual do Sabbat Samhain
Em muitas tradições wiccanas, é costume o Bruxo jejuar um dia inteiro antes de realizar o Ritual do Sabbat Samhain.

Após o banho ritual com água salgada para limpar seu corpo e sua alma de todas as impurezas e energias negativas, coloque uma veste cerimonial longa e preta (a menos que prefira trabalhar sem roupa, como fazem muitos Bruxos), use um colar de bolotas feito a mão em torno do pescoço e coloque uma coroa de folhas de carvalho na cabeça.
Comece traçando um círculo de 3m de diâmetro, usando giz ou tinta branca. Coloque 13 velas pretas e cor de laranja em torno do círculo e à medida que for acendendo cada uma diga: VELA SAMHAIN DO FOGO TãO BRILHANTE CONSAGRE ESTE CíRCULO DE LUZ.
No centro do círculo erga um altar voltado para o norte. No centro do altar, coloque três velas (uma branca, uma vermelha e uma preta) para representar, cada uma, uma fase da Deusa Tripla. à esquerda (oeste) das velas, coloque um cálice com sidra e um prato contendo sal marinho. à direita (leste) das velas, coloque um incensório com incenso de ervas e uma pequena tigela com água. Diante das velas (sul), coloque um sino de altar de latão, um punhal consagrado e uma maçã vermelha. Faça soar três vezes o sino do altar e diga: SOB O NOME SAGRADO DA DEUSA E SOB A SUA PROTEçãO, INICIA-SE AGORA ESTE RITUAL DO SABBAT.
Salpique um pouco de sal e água em cada ponto da circunferência em torno do círculo para limpar o espaço de qualquer negatividade ou influência maligna. Pegue o punhal com a mão direita e diga: OUçAM BEM, ELEMENTOS, AR, FOGO, áGUA E TERRA. PELO SINO E PELA LÂMINA EU VOS CONVOCO NESTA SAGRADA NOITE DE ALEGRIA.
Mergulhe a lâmina do punhal no cálice com a sidra e diga: EU TE OFEREçO, OH, DEUSA, ESTE NéCTAR DA ESTAçãO.
Coloque o punhal de volta no altar. Acenda o incenso e as três velas do altar e diga: TRêS VELAS EU ACENDO EM TUA HONRA, OH, DEUSA: BRANCA PARA A VIRGEM, VERMELHA PARA A MãE, PRETA PARA A ANCIã. OH DEUSA DE TODAS AS COISAS SELVAGENS E LIVRES, A TI ERGO ESTE TEMPLO SAGRADO EM PERFEITA CONFIANçA.
Pegue o cálice com ambas as mãos e derrame algumas gotas da sidra sobre a maçã, dizendo: AO VENTRE DA DEUSA MãE RETORNA AGORA O DEUS, ATé O DIA EM QUE NOVAMENTE RENASCERá. A GRANDE RODA SOLAR GIRA MAIS UMA VEZ. O CICLO DAS ESTAçõES NãO TERMINA NUNCA. ABENçOADAS SEJAM AS ALMAS DAQUELES QUE VIAJARAM ALéM PARA O MUNDO ESCURO DOS MORTOS. EU DERRAMO ESTE NéCTAR EM HONRA à SUA MEMóRIA. QUE A DEUSA OS ABENçOE COM LUZ, BELEZA E ALEGRIA. ABENçOADOS SEJAM! ABENçOADOS SEJAM!
Beba o restante da sidra e, então, coloque o cálice no seu lugar no altar. Faça soar o sino três vezes, desfaça o círculo apagando as velas de cores laranja e preta, começando do leste e movendo em direção levógira. Pegue a maçã do altar e enterre-a do lado de fora para nutrir as almas dos que morreram no último ano.
O Ritual de Samhain está agora completo e deve ser seguido de meditação, divinação em bola de cristal, recital de poesia mística inspirada na Deusa e uma prece dos Bruxos pelas almas de todos os membros da família e dos amigos que passaram para o Plano Espiritual.

Fonte: ‘Wicca – A Feitiçaria Moderna’, de Gerina Dunwich

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Respostas de 10

  1. Sempre fiquei interessado nessas questões de certas datas de rituais que acontecem tradicionalmente no mesmo dia tanto no hemisfério sul quanto no norte.
    O Natal, por exemplo, a inversão dos solstícios não deveria também alterar o nosso calendário místico para essa data?
    Seremos nós sulemisferitas fadados a seguir as datas dos rituais segundo o hemisfério norte? Não perdemos muito do significado e da energia desses acontecimentos?
    Não proponho uma alteração das datas civis, mas pelo menos uma tabela de conversão mística.

    @MDD – mas existe esta tabela… basta inverter os Sabbats; na Wiki tem isso. Aqui, até as wiccas comemoram certo… é raro ver algum sujeito comemorando pelo calendário do hemisfério norte, mesmo entre os esquisotéricos.

    1. Oi MDD, Oi todo mundo

      Na verdade existe uma controvérsia sobre as Rodas Sul e Norte na Wicca, e que é algo debatido wiccanos que estão no hemisfério sul.
      Há argumentos em favor de ambos os casos. Pessoalmente, celebro pela Roda Norte, mas conheço e entendo bem os argumentos daqueles que celebram pela Roda Sul.

      @MDD – (apaguei seu nome porque vou falar umas coisas muito duras e nao quero que voce fique chateado comigo por causa disso). Quando eu estava na Inglaterra, em 1989, todos os rituais shamanicos/magisticos que participava incluiam incorporações. Claro que os gringos chamavam de Cernunnus, Lady of Lake, Forest spirits, Pan e etc, mas depois de 15 anos estudando Umbanda, Quimbanda e Candomblé, não precisa ser gênio para perceber que são entidades das mesmas falanges que as daqui, como eu já falei várias vezes aqui no blog. Bem, quando eu voltei para o Brasil, procurei grupos de magia natural que tivessem médiuns para trabalhar e, em paralelo, entrevistei várias entidades de sete ou oito terreiros diferentes a respeito da Roda do Ano. Folheei minhas anotações e vi que parei de perguntar especificamente por isso no 17o exú e caboclos. TODOS (sem exceção) mandaram seguir a Roda do Hemisfério Sul. Depois disso, devo ter feito esta pergunta ocasionalmente só pra trollar para mais de 40 outras entidades e a resposta é sempre a mesma. Em 1998 eu voltei à Inglaterra e conversei com 3 entidades gringas (e confirmei minhas suspeitas que eram as mesmas falanges com nomes/culturas diferentes) e, mais uma vez, elas me explicaram sobre a magia telúrica e astrologica. Em 2002, um amigo meu da Inglaterra veio nos visitar e a entidade dele participou de um sabbat com a gente… sabe o que ele (a entidade) comemorou? Hemisfério SUL. E claro que o trollei, provocando se não ia comemorar o Yule e recebi a resposta óbvia (que já estava esperando, era apenas para confirmar) a respeito das energias do planeta. Nunca encontrei uma entidade “do contra”. Por que? porque elas enxergam e trabalham com estas energias in loco. Quem fica de “polêmica” são os sujeitos que nunca viram uma entidade espiritual na vida e trabalham com a Wicca eXotéricamente (com Xis), como se fosse um teatro.

      1. Oi Marcelo…

        É um prazer conversar com você ^^

        Não precisava ter apagado o nome não, meu caro. Como disse, o assunto é controverso. Vou colocar aqui um texto que fiz sobre o assunto. Acho que vai ser um bom debate.

        Abraços,

        Sempre que comemoro um Sabbat vem à tona a minha memória essa velha polêmica sobre a Roda Sul e a Roda Norte. Basicamente a polêmica vem do fato de que o calendário litúrgico da Wicca tem por base a Roda do Ano como ela é percebida no hemisfério norte. Quando a Wicca tornou-se popular ao sul do equador surgiu à seguinte questão: devemos inverter a roda? Devemos celebrar os Sabbats? Eles devem ser celebrados no hemisfério sul invertidos em relação às datas do hemisfério norte? Em outras palavras, o Beltane, por exemplo, que é celebrado no hemisfério norte no dia 30 de abril deve ser celebrado no hemisfério sul no dia 31 de outubro?

        Existem algumas soluções para essa questão, e vou enumerá-las para explanar esse problema.

        Solução 1: Manter a Roda:

        O mais simples de todos. Celebra-se a Roda do Ano do mesmo modo que se faz no hemisfério norte, e nos mesmos períodos. Simples, rápido e sem complicação, exceto que a natureza ao seu redor não concorda com o ciclo proposto (exceto em um aspecto, ver a solução astrológica abaixo). Ideal pra quem não quer complicação e vem de tradições cuja egrégora se relaciona com essas celebrações nessas respectivas datas.

        Uma variação dessa solução é solução astrológica, sendo na verdade ma melhor explicação dessa solução. O significado dos Sabbats está relacionado com as estações do ano, mas no Hemisfério Norte! Esse significado está diretamente relacionado ao significado dos signos que se relacionam com os Sabbats. Vale lembrar que os signos são os mesmos quer o(s) celebrante(s) esteja(m) no hemisfério sul, quer esteja(m) no hemisfério norte. A explicação técnica pra isso é um pouco chata pra quem não gosta ou não entende de astrologia, mas quem se interessar pode seguir esse link [http://cnastrologia.org.br/site/interesse-geral/perguntas-frequentes/], (pergunta 4). A rigor, do mesmo modo como não invertemos os signos, não se inverte os Sabbats.

        Solução 2: Inverter a Roda.

        Faz todo sentido quando seu enfoque está associado à celebração das estações do ano. Comemora-se o início da primavera no equinócio de primavera (fins de setembro), o inicio do verão no solstício em dezembro, o equinócio de outono em março e o solstício de inverno em junho. E do mesmo modo, segue-se com os Grandes Sabbats, celebrando o Beltane em Novembro, o Lammas em Fevereiro, o Samhaim em Maio e o Imbolc em Agosto.

        Solução 3: Roda mista:

        Mantem-se a solução 1 quanto ao calendário e ao mesmo tempo celebra-se em cada estação aquela estação em si mesma. Assim, no dia do equinócio de outono, teremos Ostara e a celebração do Equinócio do Outono.

        Discutindo o problema:

        Minha opinião sobre o assunto é que não faz a menor diferença a Roda que você segue, exceto para fins de identidade de grupo ou identidade política. Falo isso da posição de alguém que tem se preocupado com problemas de calendário desde que tinha 6 anos (o que me levou a um mestrado em história e a estudar astrologia), da posição de alguém que celebrou seu primeiro ritual de Wicca a 10 anos.

        Todavia, não desejo fazer aqui um manifesto herético sobre a Roda do Ano (sic.). Antes disso, pensemos nisso como uma investigação sobre os significados de nossa liturgia. Os melhores bruxos que conheço são aqueles que pensam por conta própria, e pensar por conta própria significa armar-se de conhecimento e boas idéias, afastando-se do dogmatismo.

        Pessoalmente percebo uma confusão entre calendário litúrgico e as estações do ano. A liturgia na Wicca pressupõe que o ano litúrgico começa no Samhain (31 de outubro), segue-se ao Yule (solstício de inverno no hemisfério norte, solstício de verão no hemisfério sul), Imbolc (2 de fevereiro), Ostara (equinócio de primavera no hemisfério norte/ equinócio de outono no sul), Beltane (30 de abril), Litha (solstício de verão no hemisfério norte, solstício de inverno no hemisfério sul), Lammas (1º de Agosto) e Mabon (equinócio de Outono no hemisfério norte/ equinócio de primavera no sul).

        Como já disse, o sistema de significados que compõe a Roda do Ano funda-se na experiência na natureza do clima europeu, especificamente no modo como isso é percebido no mediterrâneo – a despeito dos nomes célticos-germânicos das datas da Roda. Entretanto, a natureza sozinha é incapaz de dar significado a si mesma. Ao invés disso, nós (através da cultura) damos significado a cada momento que vivemos. Isso vale para todo e qualquer rito de passagem e os Sabbats são uma forma de representarmos nossa passagem através do ano.

        Além disso, nossa realidade tipicamente urbana prescinde destes ritmos naturais, mas nossa religião não prescinde de seus significados. Em outras palavras, não precisamos esperar pelo mês de plantio ou de colheita, exceto no plano da liturgia e do símbolo, onde todos esses Sabbats são um dos pilares de nossa relação com o sagrado. Para aqueles familiarizados com a Maçonaria, por exemplo, essa relação tem semelhanças com aquilo que é chamado de Maçonaria Simbólica: para eles o conhecimento do simbolismo maçônico tem precedência na capacidade de cortar pedras e construir catedrais (“maçom” em francês, significa pedreiro/arquiteto). Do mesmo modo o conhecimento do significado dos ciclos da natureza tem para nos precedência sobre esses mesmos ciclos.

        Enfim, explicando de outro modo, a natureza não dá a mínima importância com os nomes que damos aos períodos e as festas que fazemos para comemorar esses momentos mágicos. Essas festas são importantes para nós, para a nossa religião e para o nosso entendimento do sagrado.

        Assim, se são importantes apenas para nós, que diferença faz o nome que você dá a determinada celebração ou mesmo quando a celebra?

        O poder dos nomes: quando nomear faz diferença.

        Nossa mente opera por símbolos. Precisamos de símbolos para interagir com o mundo. Nossa linguagem é rica em metáforas e nossas metáforas enriquecem a língua, de geração a geração com novos termos e novos significados. Cada época de nossa espécie foi fértil em produzir novos significados através da cópia, oposição ou assimilação de sentidos e significados de um passado recente. Fé substituiu a Honra na Antiguidade Tardia (c. séc VI-VIII), mas não a figura do herói. Deuses se tornaram santos, ou mesmo uma única santa – Santa Maria de todas as Deusas –, mas continuaram como objeto de culto. Cidadania, como entendida pelos Iluministas, substituiu a noção de cristandade, mas todos continuavam dentro do mesmo status de igualdade, agora sob os auspícios do Estado. Qualquer ocidental conhece seu signo astrológico, mas poucos viram no céu o planeta regente de seu signo ou mesmo a constelação que lhe empresta o nome. Poderia encher vocês de exemplos, mas estes bastarão

        O que eu quero me focar é na necessidade da mente humana por símbolos e o poder que eles possuem de imitar a realidade concreta e mesmo substituí-la. Segundo meu entendimento, função do símbolo é agir como substituto daquilo que ele representa. A segunda função é dar significado a aquilo que ele representa. Não necessariamente nessa ordem, é claro.

        Por exemplo: quando falo de gatos pretos, morcegos, aboboras, crianças fantasiadas e gente morta, ninguém aqui vai achar que estou falando do Imbolc. (Exceto pelo gato preto, pois bruxo que se presa precisa de ao menos um deles, nem que seja um malhadinho…).

        Isso significa dizer que ao escolher celebrar um determinado tipo de Roda do Ano (os tipos 1, 2 ou 3 citados acima), você está definindo para você mesmo ou para seu grupo que significado você está dando para tudo isso, para a natureza. Ao justificar sua escolha baseado na natureza, lembre-se que a natureza pouco se importa com suas escolhas. O que define o ritual e toda a sua liturgia é sua crença de que esse é o jeito certo e apenas isso e nada mais. E mesmo que você insista no argumento naturalista, há argumentos desse tipo para justificar a Roda Sul assim como a Roda Norte.

        Noutras palavras, o rito de Sabbat representa a natureza, mas não é a natureza de fato. O rito é antes de tudo, um fato social (tal como um jogo de futebol ou um ato legal), e não um fato natural (uma reação química ou o a luz se propagando no espaço).

        Este é um modo de como nomeamos a natureza. Existem outros modos, dezenas de outros, que são inspiração para quem tiver talento e interesse antropológico. Arme-se de conhecimento e vá desbravar esse mundo maravilhoso do significado das coisas que te cercam.

        @MDD – Seu texto é válido sim… para celebrações eXotéricas (com Xis). Se é apenas uma festa a fantasia ou uma celebração como rezar o terço é para os católicos, não há NENHUM problema em celebrar qualquer um dos sabbats, pois como voce disse e está correto, a mente do wiccan é quem vai usar estes símbolos. E neste reside o problema… SIMBOLICAMENTE ele representa a natureza, mas Gaia (O Planeta) trabalha com forças telúricas reais, como um imã, com seus polos magnéticos ativados. Os índios aqui no hemisfério sul trabalhavam estas energias daqui, os antigos no hemisfério norte trabalhavam as energias de lá. Símbolos diferentes para melhor manipular as forças abundantes que trabalham teluricamente.
        O Problema com isso é que quem já vive em metrópoles está mergulhado em uma sopa de egrégoras contrárias; crentes, cientificas, midiaticas, televisivas, futebolisticas… os wiccans normalmente já não tem práticas de meditação, de condicionamento da thelema, da vontade, da visualização, a disciplina do acalmar a mente para realizar o sabbat, e ainda vão querer puxar estas fontes astrais do outro lado do planeta… Funciona? até funciona, mas acaba gerando uma fração pequena do potencial que poderiam gerar se estivessem surfando estas frequencias. O resultado prático sérá muito menor do que seria se eles fluissem em conjunto com o imã-planetário. Isto faz com que entidades e espíritos usem as frequencias locais de onde estiverem. Porque eles querem que a coisa funcione com o máximo resultado possivel, sem perdas de energia… Eu consegui explicar?
        Se voce morar em SP, me manda um email próximo do Yule e eu te convido para ver um Sabbat “powered by entities” pra vc sentir a diferença.

  2. Muitos wiccans do hemisfério sul comemoram pela data do hemisfério norte para se ligar mais a egrégora, a tradição, etc.
    Alguns preferem se ligar mais a celebração da natureza e fazer na data “certa”.
    Isso gera muita controvérsias nos meios pagãos.
    Muitos bruxos fazem o que chamam de “roda mista” comemoram os 4 principais festivais pela data do hemisférios norte, e comemoram os outros 4 pela data do hemisfério sul.

    @MDD – Isso é o que podemos chamar de salada de frutas energética. Para saber quem está certo, basta fazer uma análise: sabbats são magias Telúricas, ou seja, da Terra, em contraste às Magias Astrologicas. As magias astrológicas dependem apenas da posição dos planetas, as magias telúricas dependem apenas da estação do ano.

    Infelizmente já fomos “infectados” pela cultura estrangeira, e o 31 de outubro já faz parte de nossa cultura, a páscoa que também é um festival originário pagão (ostara) também comemoramos na “data errada”, papai noel (sim o natal também é pagão) veste roupas de frio em pleno calor aqui.
    Mas dá para mudar isso? acredito que não.
    Vale a pena ressaltar o que é mais importante, celebrar a natureza que são os próprios Deuses ou fazer parte de uma “egrégora mais poderosa”?

  3. Sinceramente, nunca vi sentido algum em comemorar pela Roda do Norte. Mesmo antes de saber que sabbats são magias Telúricas, apenas percebia pela mudança das estações que comemorar Samhaim hoje (!!!) vestida de preto, comendo alimentos da época, etc, etc, é muito mais coerente do que fazer isso em plena Primavera.

  4. Concordo em muito com o Ganconer, isso é algo que eu já me dizia a muito tempo. Acho que o que ajuda a motivar muito paixão pela Roda do Norte é a forte dominação que a cultura do norte provocou em nosso imaginário. Todos feriados e praticamente todas as principais mitologias com as quais temos contato (grega, nórdica, egípcia, asteca e por aí vai) levaram em conta o Mito Solar referente às estações do ano no norte, e isso não apenas entre os magistas, mas entre o povão mesmo (que é de onde saem os aspirantes à magia, diga-se) imagine você chegar no dia 31 de outubro, com até mesmo referências católicas ao feriado celta e não ser tentado a “comemorar” o Samhaim nessa época, mas comemorá-lo no fim de abril…

    Com tantas referências comemorando o Natal, Yule e Solis Invicti no fim de dezembro e o solstício de verão em junho (referências inclusive católicas, lembremos sempre) quem fizesse a inversão estaria sozinho em meio a uma colossal camada de imagens do feriado oposto.

    Creio que isso seria melhor de se contornar se tivessemos mais contato com as mitologias de culturas do hemisfério sul. Mas… qual é a cultura que teve oportunidade de se preservar ao longo do tempo para ter amplo contato com o povo do próprio sul? Ritos africanos, devidamente demonizados e considerados “primitivos”, os incas (eu mesmo só conheço um feriado inca, Inti Raymi) e só. As outras são ainda mais afastadas e inexpressivas.

    O mito solar que temos, é do norte. As mitologias que mais contatamos, são do Norte e com datas do norte, as constelações mais famosas são do norte, os grandes impérios e ritos “civilizados” são do norte. É uma quantidade de referências muito grande para não sermos tentados a ser levados pelo mainstream…

  5. Gente… O único poder que “tradição” do norte tem por aqui é o de esquentar o comércio… E no caso dos “wiccas” brazucas, comércio de sites alendalenda-like… Além disso, comemorando à la gringo, a única egrégora que vc fortalece é a da própria ICAR que travestiu os Sabbats em celebrações cristãs… Assim Eu acho, tá correto?

    Grande abraço a todos!

  6. Oi MDD, bom dia

    De onde surgiu a lenda de que viajar após o ocaso dá bad luck? É porque eu vou viajar hoje a noite e fiquei meio Tenso.O com isso… :S

    @MDD – Medieval… que implicaria em viajar de noite… no meio da floresta… não faz mais sentido hoje em dia, a não ser se considerar dirigir em estradas a noite é muito mais perigoso do que de dia.

  7. Prezado Del Debbio

    Em todos os contatos que tenho com pessoas livres e de bons costumes, estas são gratas àqueles que os ajudam.

    @MDD – nao posto comentários com correçoes, eu faço as correções. Se a correção foi feita, significa que eu li e agradeci. Faz muito mais sentido do que jogar confete, visto que, normalmente, como foi o caso, dez a doze leitores apontam a mesma coisa quando há algum erro e não vou ficar entupindo a caixa de comentários com avisos sobre os mesmos erros de links ou digitação…

    1. Prezado,
      A intenção não é entupir a caixa de comentários, muito menos levar créditos por algo que é tão divulgado.
      Estranhei apenas por ser praxe de blogueiros sérios como você não apagar o texto anterior, ou, quando a alteração é grande, apenas citar que este foi alterado para que os visitantes usuais possam conferir a atualização.

      @MDD – Queen, estes 4 anos que tenho postado coisas na net me ensinaram que tudo o que voce posta fica eterno, então ficar deixando textos errados só faz com que paraquedistas copiem-colem textos errados em foruns e listas e emails… pouca gente se da ao trabalho de ler os comentários se nao for leitor habitual do blog e, mesmo assim, depois de meses, nem eles param para ler os comentários antigos… então em casos de troca de textos, o melhor é simplesmente deletar o post errado e troca-lo, mesmo porque, com o volume e qualidade de leitores que eu tenho, qualquer erro é percebido em menos de meia hora. Mas nao precisa se preocupar, eu sou SIM muito grato a todos os leitores que me apontam algum problema e dão ideias para correção.

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