O que vale mais: uma pergunta ou uma resposta?
Há muito tempo, quando tive algumas dúvidas sobre o meu Caminho, procurei um Mestre para me fornecer alguma luz. Eu queria respostas, como todas as pessoas que se encontram em uma grande encruzilhada. Mas a primeira coisa que ele me disse foi se eu tinha uma boa pergunta. Fiquei em choque, pois eu queria respostas mas não havia pensado nas perguntas. Muito menos em uma única pergunta.
As pessoas passam a vida em busca de respostas, mas de modo confuso e desordenado. Queremos na verdade um milhão de informações, quando precisamos de apenas uma: a resposta a uma boa pergunta. Questionamento em demasia é uma das coisas que os Mestres do Oriente mais detestam nos ocidentais. Perguntamos sobre tudo, várias vezes, o tempo todo. No Oriente se espera que as pessoas aprendam pela prática de seus exercícios e estudos, no decorrer de um longo período de tempo.
Mas queremos saber tudo, já. E isto causa confusão. Se você vai para Fortaleza e quer saber se haverá uma escala em Salvador, não precisa perguntar à simpática moça do guichê qual o modelo de avião, quantos lugares tem, qual a velocidade, em qual altitude voará. Basta perguntar se haverá escala em Salvador. Simples? Nem tanto.
Passamos a vida colecionando informações desnecessárias. E hoje, com a sofisticação das comunicações, somos bombardeados com muito mais informação do que precisamos para tomar nossas decisões. De fato, saber selecionar informações úteis será o grande desafio deste século XXI.
Outro problema a ser enfrentado é que na maioria das vezes em que procuramos alguma resposta, na verdade buscamos a confirmação de algo que já temos na mente. Perguntar algo com o espírito sereno e imparcial é uma das coisas mais difíceis para os seres humanos. Perguntar, esperando já uma determinada resposta, conduz muitas vezes à desilusão e à frustração. O perguntador sincero aguarda a resposta sem expectativas. O I Ching, por exemplo, é uma ferramenta extremamente útil desde que se tenha esta postura adequada ao se fazer a consulta. Muitos afirmam ser difícil interpretar o I Ching. Eu digo que é muito fácil, perto da dificuldade de se fazer a consulta com o espírito imparcial e escolher uma boa pergunta.
Ao buscar alguma informação pense sempre na pergunta. Ela deve ser clara, simples e conduzir a uma resposta adequada. Sim, existem perguntas que originam respostas confusas que não esclarecem nada.
Sempre que receber uma resposta estranha ou inadequada pense se a pergunta foi bem formulada. Quem pergunta o que quer ouve o que não quer, diz a sabedoria popular. Este é seu verdadeiro significado: quem pergunta qualquer coisa ganha uma resposta que origina mais perguntas…
Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Acupuntor, Terapeuta e Escritor, estudando cultura e filosofia oriental desde 1977. Como Taoísta, se preocupa em divulgar a filosofia e as artes taoístas, como I Ching, Feng Shui e Qigong, para melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Respostas de 13
Façamos, então, perguntas que nos dêem mais respostas! Torremos nossos miólos, pois, para acertar nas apostas.
Belo texto! acontece muito comigo.
Muito bom!
42
O título me fez lembrar de “42”
Deus é a pergunta para qual não há resposta errada.
Às vezes não precisamos de respostas e sim de silenciar para ouvir nossa própria voz interior. Como você disse, algumas vezes já temos, em mente, a resposta e apenas queremos a confirmação. Por que precisamos da confirmação? Talvez confiar um pouco mais em nossa conexão com o Eterno (caso realmente exista uma) faz mais sentido, nao?
Acontece muito com as entidades no templo de umbanda.
Engraçado que essa foi a primeira lição que meu SAG me ensinou.
Durou segundos a comunicação, pq qdo ouvi a resposta dele, minha “consciência”, meus pensamentos voltaram e eu saí daquele estado (foi como ser chutada de volta pra terra)
Eu havia perguntado: “Qual a resposta?”
E o SAG devolveu: Vc deveria perguntar: “Qual a pergunta”
E essa mensagem era tudo que eu precisava para encontrar as tais respostas, incrível. Por isso acho o tema desse texto de uma sabedoria que poucos saberão reconhecer.
Conhecer mais sobre a cultura oriental é um ato renovador para mim. Admito que me deixou muito reflexivo e quebrou algumas séries de paradigmas que eu pensava serem gerais, ou a repensar em coisas basais como percepção de realidade.
Recomendo esse documentário: http://www.youtube.com/watch?v=ZbKBRMn0hWM
Belíssimo texto!
Ainda reflito muito sobre o slogan abaixo;
‘Não são as respostas que movem o mundo e sim as perguntas”
se não me falha a memoria o ditado popular é “quem diz o que quer, escuta o que não quer”