Texto de Desidério Murcho
A ideia de que a religião deve estar firmemente separada da ciência levou algum tempo a afirmar-se; mas é hoje um lugar-comum — infelizmente só depois de muitos cientistas terem sido silenciados ou até assassinados pela Igreja. A ideia de que a religião deve estar firmemente separada do Estado é ainda uma luta que países mais atrasados, como Portugal, têm de travar. Mas há uma outra separação que urge aprofundar e defender: a separação entre a religião e a moral.
A ideia errada de que a moral ou a ética tem qualquer coisa a ver com a religião dogmática está patente no modo como se enfrenta no nosso país as questões éticas, como o aborto ou a eutanásia. Quando se pensa em discutir estas questões pensa-se em convidar padres ou pessoas profundamente ligadas à religião para exporem as suas ideias. Mas isto é tão absurdo como convidar um padre ou uma pessoa ligada à religião quando se discute a origem do universo.
Do mesmo modo que o pensamento religioso confundiu e impediu o desenvolvimento da ciência, também o desenvolvimento do pensamento moral e ético fica castrado e confuso quando a religião se intromete. A confusão começa logo nisto: um católico, ou um muçulmano, defendem um código moral específico, mas não são de modo algum especialistas em ética, nem têm nada a dizer às pessoas que não professam a sua religião. Por que razão hei-de ouvir as opiniões de um padre sobre a eutanásia ou o aborto se ele baseia a sua posição na ideia de que a vida foi dada por Deus? E por que razão há-de o padre pensar que os seus argumentos religiosos contra o aborto ou contra a eutanásia têm um carácter universal? Mas se não têm um carácter universal, o padre não deve fazer mais do que explicar aos seus fiéis as razões pelas quais eles, e só eles, não devem praticar o aborto nem a eutanásia; mas aqueles que não são seus fiéis nada têm a aprender com os seus ensinamentos.
A ética secular, a ética filosófica, é uma ética para todas as pessoas e não apenas para as que professam determinadas crenças. Claro que as pessoas que professam essas crenças, religiosas ou para-religiosas, merecem todo o nosso respeito. Mas também as pessoas que não professam essas crenças merecem o nosso respeito. E legislar como se todas as pessoas fossem crentes é uma injustiça. É por esta razão que, se os únicos argumentos que os padres têm contra o aborto e a eutanásia é o facto de estas práticas violarem a ideia de que a vida é sagrada, tanto uma prática como outra devem ser permitidas, pois muitas pessoas não acreditam, pura e simplesmente, na existência do sagrado, tal como não acreditam na água benta. Num país com uma legislação permissiva relativamente ao aborto ou à eutanásia, as pessoas com crenças religiosas que não queiram praticar abortos nem eutanásia, têm toda a liberdade de o não fazer. Tal como as mulheres cristãs têm toda a liberdade de não tomar a pílula; mas proibir a pílula a toda a gente só porque os padres acham que a pílula viola um qualquer código moral cristão seria injusto.
A religião é um obstáculo ao desenvolvimento de um pensamento ético livre. A religião desnorteia o pensamento ético normal das pessoas, tal como desnorteia o pensamento científico normal das pessoas. Qualquer pessoa razoável diria, perante as provas de Galileu: a Terra move-se. Mas as pessoas de formação religiosa disseram o contrário. Qualquer pessoa razoável percebe que a eutanásia é um direito humano inalienável, ou que o direito à escolha da sexualidade é também inalienável. Mas as pessoas de formação religiosa, não.
Nas pessoas de formação religosa verifica-se a síndrome da proibição: o ponto de partida do pensamento moral religioso é a proibição, mesmo que do inócuo, como o facto de uma pessoa ter relações sexuais com pessoas do seu sexo. Esta atitude confunde o verdadeiro pensamento moral, tornando-o uma caricatura. Pelo contrário, o verdadeiro pensamento moral procura o bem comum e não a defesa de dogmas religiosos que só são aceitáveis para os respectivos fiéis.
Respostas de 24
Vou concordar com o autor sobre o que ele afirma, alterando o termo “Religião” para “Religião Institucionalizada”, na falta de termo melhor. Creio que religião, no sentido de uma espiritualidade própria & INTERNA, uma conexão com o Divino, é uma ferramenta de evolução, por certo. Porém, fiz questão de destacar, é algo INTERNO, vem do ser, cada um calçando a meia que lhe cabe no pé. O autor está bem certo em afirmar a necessidade do respeito quanto às crenças e desejos dos outros, sem interferir em seu caminho.
Dogma religioso algum deve interferir em decisões judiciárias ou de forma alguma no Estado, e isso inclui a educação. Não importa o quanto minha religião pode parecer perfeita… ela pode funcionar para mim, mas não necessariamente servirá aos interesses de todos. Então, não tenho o direito de enfiá-la goela abaixo de ninguém.
Esses padres/pastores/pregadores em geral precisam aprender que o único que pode dizer o que é bom ou ruim para alguém é justamente a própria pessoa. Ela colherá as consequências de suas ações. Não existem divindades se importando se você gosta de fazer sexo com outros do mesmo sexo, ou qualquer outra coisa. A escolha é sua. O “Faze o que tu queres” vale aqui. Nós fazemos nosso caminho, nossas escolhas, e quando estas são erradas somos nós os ferrados por tais escolhas.
É o que penso. Cada um seguindo seu próprio caminho, sua própria órbita, sem interferir naqueles que orbitam ao redor. E sobre religião, cabe aqui colocar um provérbio iraniano presente na Revista Sannyasin, que o MDD postou ontem: “A verdade é um espelho que caiu das mãos de Deus e se quebrou. Cada um recolhe o pedaço e diz que toda a verdade está naquele caco.”
Grande abraço a todos.
Muito bom, porém uma vez mais confunde-se Religião com Igreja, mas boa parte dos que frequentam este blog deve saber a diferença de uma e outra etimologia 🙂
Quanta besteira. Só dá para concordar com o óbvio proferido por este senhor, mas a sua ignorância de diversos fatos referentes à história, religião, moral e ética, seriam admissíveis se viessem de um garoto da 5a. Série, mas trantando-se de um “Mestre” em Filosofia podemos ter uma noção do que pode ser considerado como um “intelectual” em pleno século XXI.
O desenvolvimento da ciência só começou a separar-se da religião com o Iluminismo. A ICAR silenciou um bando de cientistas, mas não quer dizer que não tenha dado sua contribuição para a ciência também, assim como a maioria das descobertas científicas foi feita por religiosos. Aliás, todo o desenvolvimento moderno da ciência começou dentro da Igreja, assim como a moral, a ética, as leis, a economia, o direito internacional, e assim por diante. Verdadeiramente, o maior entrave para o desenvolvimento científico moderno é o materialismo, não as religiões. Irônico, né?
A moral e a ética são frutos da religião. Ou será que surgiram espontaneamente da cabeça de “pensadores seculares”? Newton deve ter sido o último pensador que admitiu que “apoiou-se em ombros de gigantes”. Hoje em dia é considerado normal tudo saindo do nada, até o Universo e as leis naturais sairam do nada.
Quando se discute o aborto, todo mundo pensa no lindo direito da mulher sobre seu próprio corpo, mas ninguém nunca viu o corpo de uma criança retalhada. Aborto é assassinato. Quando um religioso é contra o aborto, está defendendo a criança, que é a vítima do assassinato. Quem quiser discutir aborto, PRIMEIRO, faça uma pesquisa de imagens no Google por “feto abortado”.
A eutanásia é a mesma coisa. É suicídio ou assassinato. Crimes contra a vida humana.
Quem prega o aborto e a eutanásia, não sabe o que vem depois da morte. Quem sabe o que vem depois da morte, não pode aceitar o aborto e a eutanásia.
É MUITO FÁCIL derrubar tanto o aborto, como a eutanásia com os argumentos dos próprios propagadores, sem recorrer à religião:
1) Se a mãe tem o direito sobre a vida do filho, então o filho não tem direito sobre a própria vida, logo a pessoa não pode atentar contra a própria vida. Eutanásia não é um direito.
2) Se o indivíduo tem o direito de acabar com a própria vida, tem igualmente o direito de preservá-la, logo ninguém tem o direito de matar o feto, que é um indivíduo. Aborto não é um direito.
Entenderam como o aborto e a eutanásia não são problemas religiosos apenas?
O problema é que em Portugal, assim como no Brasil, a maioria da população é cristã e conservadora e se existe verdadeiramente a democracia, o aborto e a eutanásia não podem existir nestes países. O problema é que a democracia está desaparecendo no mundo. Não é a vontade do povo que faz as leis, são as “minorias oprimidas” seculares.
O Estado deve ser tolerante com todas as religiões, mas deve submeter-se à vontade da maioria da população, ou seria melhor que não existisse.
As outras questões menores, como homossexualismo, contraceptivos e a molecada que fica se masturbando no banheiro não são do mesmo grau de importância que as anteriores, e usá-las como argumento contra a religião é de uma vigarice excepcional. De fato, a Igreja Católica e os países cristãos são infinitamente mais tolerantes com o homossexualismo do que todo o Islã e os regimes totalitários seculares, como o Nazismo e o Comunismo.
“Qualquer pessoa razoável diria, perante as provas de Galileu: a Terra move-se.”
Essa é para dar risada, né? Galileu não conseguiu provar que a Terra movia-se pois isto era impossível na época. Seu argumento mais convincente é que as ondas do mar eram devido ao sacolejar da Terra enquanto se movia. Isso não é razoável!
Só dá para concordar com o óbvio proferido por este senhor, mas o seu desconhecimento das questões mais básicas de religião, ética, moral, história e seu parcialismo cego tornam o texto inteiro viciado.
Que o senhor Desidério Murcho, vigarista, mentiroso, ignorante, apologista do assassinato, antidemocrático e propagandista da União Europeia, vá pregar suas “ideias” para um público mais adequado: como o vaso sanitário.
Quem és tu para falar de História?
Sou historiador e sei bem o que falo!
A ética e moral surgiram na Grécia antiga com o pensamento de 3 filósofos gregos (ou seriam eles pagãos?): Sócrates, Platão e Aristóteles. Já a ciência começou a ser reconhecida na era moderna com o aparecimento do Iluminismo ou idade da razão, ou você acha que foi a Igreja que disse que a terra era redonda (e diga-se de passagem, queimou até o cientista que afirmou isso)?
brilhante! traduz meus pensamentos! grato!
O novo layout está estranho. Acho que o Outro estava melhor…
Embora sejamos classificados como um estado laico infelizmente nas instituições em que deveriam formar indivíduos vemos um festival de orações para iniciar um evento, aulas de educação religiosa e etc…
Inclusive uma matéria que é vital para o pensamento racional de um indivíduo como a filosofia é colocada nas mãos de pessoas ligadas a igreja e sem formação alguma em filosofia, como ocorre na minha escola.
Padawan está, como dizem na minha terra, “puto”…
DD, tá faltando o yod-yod-yod no cantinho do blog…
@Padawan : Sua postura é tão violenta porque, rapaz ? Suponho que você se considere um jedi em treinamento (mesmo que isso seja uma metáfora, e, admito, gostei dela), então primeiro se acalme, ou a “força”, vai escapar pela sua lingua e chacoalhar seu próprio cérebro, cheio de raiva.
Agora, podemos discutir isso que você falou. Em primeiro lugar, vamos discutir o aborto e a eutanásia, que parecem ser os principais pontos em que você se apoiou para desmentir o que o autor do texto disse e, também, os pontos principais pelos quais você abandonou a calma e está se portando como um fanático em busca de convencimento dos outros pela pura força da própria indiganação.
Você falou em direitos. “Direitos” são pressupostos humanos para determinar o que uma pessoa deve poder ou não fazer no mundo. Se vamos discutir a lógica por detrás do aborto e da eutanásia, posso lhe dar algumas situações interessantes.
Aborto :
* A criança tem direito a viver. A mãe tem direito a viver. A mãe, por conta de um problema no parto, morrerá se a criança viver, ou a criança terá de morrer para que a mãe viva. Qual deve viver ? A medicina geralmente salva a mãe, fazendo o aborto. Como no caso da menina de 9 anos que era estuprada pelo pai e engravidou. Afinal, qual o direito da criança de exigir que a mãe morra para que ela possa viver ?
* A mãe tem direito ao lazer, à educação, à moradia, ao trabalho e outros. A criança tem direito à vida. Se o direito à vida da criança se sobrepõe sobre todos os outros direitos da mãe, porque isso somente é restrito à mãe ? Se o direito à vida de alguém se sobrepõe a todos os direitos de outros a todo o resto, porque eu e você temos direito a morar onde moramos, sem agir, quando há pessoas morrendo de AIDS na África ? Porque não é nossa obrigação constitucional sermos pesquisadores em busca da erradicação de todas as doenças letais ? Porque não é nossa obrigação abrir mão de tudo que temos para salvar as vidas de outras pessoas ? É porque meu lazer e minha moradia valem mais do que as vidas de alguns africanos ? Raios, são vidas, elas valem mais que tudo ! Ou será que não ?
* A criança, até tantos meses de vida, ainda não tem atividade cerebral. Uma pessoa é declarada morta pela medicina quando seu cérebro para de funcionar. Porque um ser que poderia ser declarado como morto a qualquer momento tem o direito de se manter crescendo e se alimentando de outro, até viver ? Aliás, se aqueles que são consideráveis mortos têm esse direito, porque não tomamos os corpos de todos aqueles com morte cerebral e os mantemos artificalmente vivos ? Se há casos onde metade do cérebro é retirado e a pessoa sobrevive, então quais garantias tenho de que, ao cessar a atividade cerebral, a pessoa realmente morreu ? Se não ter atividade cerebral não é motivo para considerar um ser descartável, então qual direito eu tenho de me livrar dos supostos mortos que hoje usamos para transplantes de orgãos ?
* Antes de nascermos, estamos mortos ? Ou estamos em algum outro tipo de vida ? Se existem espíritos e a morte é a passágem do mundo espiritual para o físico, qual direito temos de ter filhos, e assim sentenciá-los a morrer um dia ? Não somos assassinos por darmos a vida a alguém ? Ou é possível que alguém que nasça viva eternamente ? Se não é, então qual é a diferença entre dar a luz e automaticamente ser o responsável primário por sua morte ser inevitável ?
Para não alongar, vamos à eutanásia :
* Qual direito uma pessoa que, para todas as instâncias, está morta, tem de sobreviver às custas da vida de outra que ainda tem chances de se curar ? Porque a vida de um homem em coma a 30 anos vale mais do que a vida de um homem que precise de um pulmão artificial por conta de um câncer ? E, se ambas as vidas tem o mesmo valor, então porque aquilo que o homem que ainda tem chances de se curar pode fazer, seja construir um mundo melhor para seus filhos, seja dar um abraço em alguém, não conta como algo que valorize mais o seu direito à vida sobre o do homem que está, para todos os fins, já morto ? Porque a vida e o potencial de agir em vida, juntos, não valem mais do que a simples vida vazia?
* Qual direito temos de exigir do homem que sente tais dores tão atrozes que lhe façam querer morrer, de que continue vivendo ? Qual direito temos de forçar o sofrimento em alguém ? Se é para que ele continue vivendo, então porque precisamos da autorização desta pessoa para lhe amputar membros grangrenados, ou para substituir seu coração por um coração de porco ? Que direito tem um judeu de decidir seguir ao seu livro sagrado, quando isso põe em risco sua vida ? Que direito tem ele de viver segundo suas crenças, quando isso arrisca sua vida ?
* Qual o direito que temos de sentenciar alguém a uma vida de dores, e que direito temos de prender alguém a essa pessoa ? Novamente, se o direito à vida dessa pessoa não é apenas um simples direito, mas um dever, porque não tenho eu o dever de viver em prol dos outros ? Porque tenho o direito à individualidade e à ação em prol de mim mesmo ? Porque tenho direito de ser feliz quando a vida de outros em quaisquer partes do mundo está em risco ? Sou eu obrigado a viver em função de garantir a vida dos outros ? Se é assim, porque mantemos o direito das pessoas em dirigir veículos ?
* Se a pessoa tem o direito de decidir sobre a própria vida, então porque a polícia tem o direito de assassinar alguém que esteja prestes a assassinar outro alguém ? Porque tenho eu o direito de matar alguém que tente me estuprar ? Ou à minha mãe ? Porque existem as coisas chamadas “autodefesa”, e “defesa da honra” ? Porque o tribunal internacional tem o direito de matar Sadan Hussen, e porque teriam os Aliados o direito de matar Hittler ? Era porque o direito à vida dele ameaça o direito à vida de outras pessoas ? Se é assim, então porque não temos pena de morte a todos os assassinos e loucos ? Porque mantemos vivos os psicopatas, os sociopatas, os esquizofrênicos, os paranóicos e todos os outros ?
——————————-
E existem outros argumentos. Porém, vemos que todos vão nos levar a um beco sem saída : Como conceitos artificiais criados pelos humanos, os supostos “direitos” não se aplicam à vida na terra com eficiência. Eles são facilmente ultrapassáveis por qualquer um que rejeite o contrato social e, além disso, tendem, por serem genéricos e específicos, a criar situações ridículas e tolas.
O fato é que, na tentativa de organizar a vida em sociedade, o homem apenas tornou obrigatório a outros homens que seguissem a ele, por mais que não quisessem fazê-lo. “Direitos e Deveres” só são palpáveis e seguidos por quem deseja crer em “Direitos e Deveres”. O que há são as coisas possíveis e as impossíveis. A justiça, em sí, é apenas uma forma de se julgar como uma ação afetou o meio, e seria muito mais sensato, ao invés de pensarmos em termos de “Direitos e Deveres” e “Leis Invioláveis” pensarmos em termos de “o que trará efeitos bons” e “o que trará efeitos ruins”, tanto em mínimo, quanto em máximo prazo. Seja em um dia, ou em cem anos.
———————————
MAS falemos do texto. O texto diz que a religião e a moral são coisas diferentes. E isso é verdade. Apesar de a religião afetar a moral e a ética, moral e ética são nada mais que relações de julgamentos e preconceitos estabelecidos, respectivamente, pela comunidade e pela pessoa. Dizem respeito a como a comunidade pensa, e como o indivíduo se comunida com outros indivíduos.
Porém, padres e sarcerdotes de quaisquer religiões possuem um pouco mais de conhecimento sobre o tema que a pessoa comúm, tanto por lidarem com multidões que, invariavelmente, acabam mostrando como se dá a moral, quanto por lidarem com muitos indivíduos, o que acaba lhes dando uma boa noção de como se dá a ética.
Porém, não são mais ou menos confiáveis nesses aspectos que os próprios políticos, os quais deveriam ser, por definição e juntamente a sociólogos, os maiores especialistas no que diz respeito à moral do país e às variadas formas de ética que o compõem.
D,
Eu posso discutir com a maior calma do mundo com você que é uma pessoa sensata, racional, educada e honesta. Além disso, você é uma pessoa comum, com seus pontos de vista. O sr. Murcho é uma figura pública, formadora de opinião que é desonesta, mentirosa e vigarista. Tratá-lo com respeito é legitimar sua posição.
O que ele quer? Ele quer tirar do debate os religiosos, que segundo ele não são dignos de confiança. Eu acho que os políticos não são dignos de confiança também, nem os secularistas, nem os abortistas militantes. Portanto essa discussão nem deveria existir, se dependesse da minha opinião.
Mais um exemplo de falta de honestidade dos abortistas, que quando não conseguem remover o adversário do debate, nem convencê-lo, tentam corrompê-lo por dentro:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/um-caso-escandaloso-infiltracao-na-igreja-catolica/
Um DIREITO só pode existir e ser compreendido quando é acompanhado por um DEVER da parte dos outros. Se um ser humano tem direito à vida, o outro tem o DEVER de defendê-la.
Antes do Estado, quem concedia os direitos? Hoje os direitos que você tem são concedidos pelo Estado e a hora que ele quiser pode retirá-los. Não preciso dar exemplos.
Sem levar estes dois fatores em conta, toda discussão em cima de direito passa a ser um mero jogo de palavras. Volto a repetir, não estou raciocinando em cima de palavras mas de fatos. Aborto é isso aqui:
http://migre.me/ziPf (IMAGENS FORTES)
Sou contra isso.
De um estupro pode nascer um gênio ou um santo (como de fato já ocorreu) e o risco de vida da mãe é hipotético, assim como o aborto pode ser 50% homicídio. Nestes casos admito que exista dúvida, mas devemos combater o aborto “liberou geral” que os abortistas sustentam.
No Brasil é permitido e legítimo o aborto nos casos de estupro e risco de vida da mãe. Quem não quer fazer não faz. Já não está BOM o bastante? Claro que não, os abortistas querem mais!
Ressalto mais uma vez: você está raciocinando muito em cima de palavras e de hipóteses e é exatamente aí que os abortistas querem te manter. Fogem dos fatos para tentar ganhar o debate na conversa.
A Igreja é contra o aborto, o homicídio, o suicídio e a eutanásia.
O Espiritismo (creio que todas as correntes) também.
Os cientistas admitem que a vida começa na fertilização.
http://aborto.aaldeia.net/aborto-ciencia/
Os materialistas não sabem o que vem depois da morte; não sabem o que é a morte. Portanto não podem condenar alguém a uma coisa que desconhecem.
As maiores pragas dos últimos séculos não foram as religiões que deixaram de ter papel importante entre os século XVI e XVIII. As maiores pragas foram e são o relativismo, o desconstrucionismo, a falta de moral.
Se tudo pode ser relativizado, se toda ordem pode ser destruída, se toda moral é falha, se a justiça não existe, então acabou.
Tome uma posição, amigo. Antes que tudo acabe.
Um pouco inflamadas as declarações de “Padawan” e o “D”, mas não seria diferente , uma vez que está sendo discutido um assunto polêmico.
Os argumentos de Padawan foram muito bem colocados,mas perdeu-se no final quando xingou de maneira baixa o autor do texto.
Gostei da postura do “D”, embora eu não tome partido por nenhuma das opiniões acaloradas que foram apresentadas por ambos leitores.
Agora quero discutir o real sentido do texto que seria a separação da Religião do Estado: sim esse era o tema o qual o autor estava se referindo.Devemos lembrar que um dos períodos mais negros da história foi na época em que a Igreja comandava o Estado , onde reis e bispos decidiam se algum “herege” merecia viver ou morrer na fogueira.
Galileu enfrentou a inquisição e como ele poderia provar alguma teroria cientifica na época? As regras eram impostas pela Igreja e qualquer pensamento que fosse contra aos interesses Eclesiasticos certamente, o autor de tal pensamento enfrentaria o Tribunal da Igreja com aval do Papa.
Séculos e séculos se passaram e onde a igreja está nesse momento ?Com tantos casos de pedofilia a Igreja (falo da católica ),perdeu o direito de opinar sobre qualquer assunto . O leitor “D” de maneira inteligente lembrou do fato acorrido algum tempo atrás onde uma criança de 9 anos estava grávida do padrasto (não era o pai) e teve que fazer um aborto porque não tinha condições concluir a gestação e um padre excomungou a mãe da criança e o médico por terem feito isso ?! Sobre a conduta padrasto , o padre nem mencionou , coisas da igreja.
Paz e Vida, Luz e Glória.
Discussão realmente importante essa, de altíssimo nível intelectual…Religião, Moral e Ética… Temas profundos da filosofia humana. Rs rs, alguém realmente leu o texto sem contaminá-lo com as próprias ideias? Tentaram fazer a famosa “Interpretação de texto”? Acho que não…
O autor do texto fala: Religião DOGMÁTICA deve está separada da ciência, do estado e do conceito de moral. Religião, normal e pura, no sentido de “religare” (reunir o homem a Deus) NÃO TEM NADA A VER COM O TEXTO.
Todo dogma religioso é imposto, forçado aos menbros como condição “sine qua non” para que possam fazer parte do grupo, portanto deve ser aceito como verdade apenas por aqueles que compartilham de sua lógica. Quem não faz parte do grupo não precisa, não deve e não pode ser cobrado por esse grupo a acatar suas regras.
Agora… alguém lembra o que é moral?
O conceito de moral se define como: Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Agora como esse conjunto de normas pode ser ligado a essa ou aquela religião? Desculpem, mas nisso o autor está certo! A moral tem que servir a sociedade como um todo. portanto não pode ser norma da sociedade o que se refere a apenas um dos seus grupos constituintes. Esclarecido isso?
Alguém lembra o que é ética?
É um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. A Ética exige inteligência, conhecimento e sabedoria, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Coisa impossível em um meio que impõe “verdades”e não admite nada que lhe seja contrário, como o meio das “religiões dogmatizadas”, não importando se é Mulçumana, Católica, Judaica, Protestante.
Quanto as questões do aborto e da eutanásia… A moral da sociedade deve condená-las ou aceitá-las julgando pelo senso comum de todos, baseada em fatos concretos e leis reais e não em “dogmas” impostos e sem uma fundamentação lógica e coerente, fundamentados na “fé” (no sentido de crer).
Espero realmente que o egoísmo de querer impor ao próximo as nossas “verdades”(dogmas) cesse e passemos a criar regras/normas/MORAL frutos dos fatos reais, que podem ser provados…
As Leis que governam a nossa sociedade se baseiam na tradição e nos costumes de nosso povo… Já imaginou alguem sendo condenado por uma lei que não tenha base real, que as bases venha não das provas e fatos e sim da fé? Já vimos onde isso aconteceu, como aconteceu, quantas vezes se repetiu na história e aonde toda essa loucura deu…
Um abraço a todos!
Pem Padawan, eu já ví todas essas imágens. Estou tomando posição há um bom tempo já. E sim, sou a favor da descriminilização do aborto. E ví também o vídeo que mencionei. Como o IssoÉBizarro está em manutenção, vou descrevê-lo :
O quarto não tem mais que 5x5m, e deve ter um pé direito de 1,7 ou 1,8m. As paredes são de tijolo exposto. A cama está forrada com uma colcha velha, e uma jóvem, negra, de aproximadamente 17 anos, está sentada, com as pernas abertas. Há um homem introduzindo um material de metal pela vagina, e pouco depois ele pega um balde, de plástico e logo é despejado nele um material gorduroso. A filmágem mostra o balde, e dentro dele há uma massa gordurosa e meio sangrenta. A filmágem acaba.
E este é o verdadeiro cenário da GRANDE maioria dos abortos feitos no Brasil. Não há fetos (até bonitinhos) como aqueles mostrados, inclusive porque para tirar um feto daquela forma, é necessária intervenção cirúrgica em um hospital. A técnica mais usada no país é introduzir uma espécie de cano de metal na vagina da mulher, chegar ao útero, forçar a passágem pelo cólon e sugar tudo que se encontra lá dentro. E é uma técnica perigosíssima, pois não raro causa hemorragias e morte.
Por outro lado, os poucos abortos de famílias abastadas que ocorrem, geralmente não acontecem no Brasil. Tão logo a jóvem rica descobre que engravidou, agenda uma viágem a algum país europeu onde o aborto seja legalizado e compra uma substância abortiva (uma pílula, tal qual uma beberrágem indígena abortiva só que concentrada na forma de remédio). O feto é expontaneamente expelido do corpo, e a jóvem volta ao país dalí a poucos dias. Talvez até um pouco traumatizada, mas bem menos que a mulher que teve um tubo inserido até o útero e sentiu pedaços de seu corpo serem arrancados à força.
Agora, nós não vamos impedir que ocorram abortos no país por manter a legislação como está. Hoje, o aborto é proibido, e punido com prisão. E ainda assim é feito. E ainda assim, há MUITAS pessoas que o fazem. Se fossem alguns poucos criminosos, ainda poderíamos considerar a situação como de interesse geral, mas são MUITOS.
E aí, você tem um impasse : Pode até ser que as pessoas vejam com nojo e desgosto aquelas mulheres que fazem o aborto, mas elas são milhares, se não forem milhões. Nesse cenário, não há como se pensar que o aborto pode ser mantido ilegal. Infelizmente, se mais de 10 milhões de pessoas no Brasil, a cada ano, matarem alguém, os outros 190 milhões não podem decidir jogar esses 10 milhões na cadeia. Ou eles os matam, pela pena de morte, ou não haverão cadeias suficientes no país todo !
E, pode até parecer que é algo muito leviano. Porém, infelizmente, a verdade é que um nascimento não pode ocorrer sem que haja uma mulher para gerar a criança. E nenhuma mulher deve ser obrigada a viver sua vida em função de formar o corpo de outra pessoa. Não há como forçarmos uma mulher a permitir que seu corpo seja usado como um forno para a criação de um ser humano, quando ela não deseja aquilo. Isso é uma completa violação do mesmo. Obrigar uma grávida a gerar um filho não é diferente de obrigar uma mulher a aceitar o seu pênis dentro dela. E, se o feto que está dentro dela não pode sobreviver fora do seu corpo, e é indesejado, não deixa de ser este um parasita. Não deixa de ser esse um ser que viverá às custas de outro, sem lhe beneficiar, roubando sua energia e sua vida para desenvolver seu próprio corpo.
E esta é a diferença. Não é que a criança seja apenas uma vida. Ela é uma vida que depende de uma gestação. Se a gestante não a deseja, e é obrigada a gestá-la da mesma forma, seu corpo não deixa de estar sendo violado para que essa vida cresça.
Moral e ética são parâmetros humanos, e como tal, são baseados em paradigmas duais. Para mim é imoral que animais sejam maltratados e utilizados em experiências por seres humanos, visando unicamente o progresso e facilitação do modo de vida da humanidade, em detrimento do direito a vida que também estende-se a eles. Do mesmo modo me parece imoral em pleno século XXI que mais de 2 bilhões de pessoas sofram, em alguma fase da vida, de inanição, enquanto magnatas desfilam de mega-iates conquistados as custas da opressão e exploração sistemática de grandes massas e dos recursos naturais OFERECIDOS pela natureza a todos, e não só aos seres humanos, e ainda sejam objeto de admiração de pessoas esclarecidas. Moral e ética são permeados pela cultura de determinada sociedade. O ser humano, como usurpador do domínio sobre os seres, inclusive de seus semelhantes menos providos, é nada mais que um mero fantoche de idéias malucas de épocas em que a humanidade era um pouco mais bárbara que hoje. O ser humano é civilizado? Depende do que se conhece por “civilizado”. O mundo continua sendo uma grande selva, e nossos desafios hoje são os mesmos que os enfrentados por nossos antepassados a milênios atrás. Continuamos oprimidos e sustentados por “tradição, superstição e falsas religiões”. E mais uma vez insiste-se em falar de moral, ética, dogma, religião e o escambal. Em termos absolutos, os dois principais problemas da humanidade são a ganância e a ignorância. Moral e ética são parâmetros criados para se tentar resolver o desequilíbrio gerado por esses dois problemas. Fugi um pouco do tema da discussão, mas este comentário foi mais um desabafo mesmo. PAX
Você já viu isso aqui?
Papa Bento XVI e a igualdade perante a lei
“Richard Dawkins e Christopher Hitchens pediram a advogados que analisassem a viabilidade de uma ação contra o Papa Bento XVI por ter acobertado casos de pedofilia. Pela primeira vez na história moderna a crença subjacente à vida política – aquela segundo a qual quem exerce o poder sobre nós não será julgado pelas mesmas regras legais e morais que regem os cidadãos comuns – pode estar começando a ruir.”
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16531
Aí em cima temos uma bela discussão sobre o aborto. Mas é isso mesmo, para alguns um bebê pode ser um “parasita”, para outros é a coisa mais sagrada do mundo. Não importa, portanto, se vai ou não ser descriminalizado, pois a ignorância vai perdurar de um ou outro jeito – seria melhor se preocupar com a educação e a ética de nossas crianças, mas isso nunca deu voto no país, aparentemente…
DanieKrishna, dá um exemplo de religião não-dogmática.
Muito bom o texto, tentarei ler livros do autor
textos filosóficos são sempre bem vindos 😉
abraços
Ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém, seja feto, seja criança estuprada, seja velho doente e ou vegetando. Quem decide quem morre, e quando morre é Deus. O Criador que criou o sistema solar, as estrelas, o ar que respiramos, o mar, as árvores e até vocês, sim, vocês não são apenas formação celular não pessoal. Todos vocês aí em cima, inclusive o dono site devem se achar muito cultos e sábios, e pelo que li, devem ser mesmo, mas, se Deus, o criador, o que manda, enviar uma ordem para que tumores, esquemias, escleroses, paralisias, dentre outros corretivos de egos, que a ciência costuma chamar de “males graves” , todos se calarão, se recolherão a insignificância que nos cabe nesta terra. Os orgulhos se encolherão de uma forma tão radical, que aí, recorrerão à fé para tentar terminar os dias.
Iniciados, mestres, doutores deste site… humildade sempre ok?
Gosto do site, das coisas que escrevem e informam, mas, as vezes é cansativo separar egos inflamados das informaçãoes valiosas que nos presenteiam.
@MDD – No caso específico do aborto, a escolha é da MÃE; Se isso é certo ou errado, se vai ou não trazer karma para a mãe, é um problema dela com o Deus Interno dela e com a criança. E acharia bacana se voce saisse dessa idéia de “deus antropomórfico velho barbudo que manda e castiga”, que isso não existe e é justamente o que faz com que os ateus salsinhas tirem sarro dos crentes… Deus (Kether, o Universo, aquilo que pode ser genuinamente concebido como “criador”) não se encaixaria nem remotamente no conceito de consciência humana, e ele se importa tanto com a gente quanto nos importamos com as nossas mitocôndrias. Ser humilde não é ser babaca e coitadinho e abaixar a cabeça pro que a Igreja diz, que parece ser o sinônimo corrente de “humilitas”; ser humilde é fazer o seu trabalho sem esperar recompensas. Eu também sou contra o aborto, mas a decisão deve ser tomada pela MÃE, não por mim.
todos tem o direito de fazer aquilo que bem entenderem…a diferença está no recohecimento que cada pessoa tem do que deve ou não fazer…
eu estenderia a discussão até o uso de drogas também
“quanto mais disciplinada a pessoa, mais disciplinadora ela é”
insatisfeito em se auto-prender a regras, o indivíduo, que se acha dono da razão, quer controlar todos os outros, forçando-os a fazer o que ACHA que é o certo…
É graças a essas pessoas que a Terra é uma prisão sem grades.
Esse tipo de pessoa é incapaz de entender o ideal da LIBERDADE, costuma ser um hipócrita que em seu intimo tá cagando pra fraternidade, e só clama a igualdade quando lhe convém.
Uma frase bem simples deveria ser o suficiente para se dizer a pessoas assim: “vai cuidar da TUA vida e deixa os outros em paz”.
Adorei a mensagem do texto, que simplificando, seria algo como “tua moral só se aplica a você mesmo”.
Se os outros quiserem beber, deixe que bebam.
Se os outros quiserem abortar, deixe que abortem.
Se os outros quiserem se drogar, deixe que se droguem.
Se os outros quiserem se suicidar, deixe que se suicidem.
O que você acha que é errado, não faça você, o que os outros fazem não é da tua conta.
Você não tem direito de proibir os outros só porque se acha dono da razão.
Tenho um asco com moral e moralistas, a moral é uma ilusão criada para controlar o gado. Ela é tão irreal que é mutável conforme a época e as circunstâncias. Moralistas estão entalados até a garganta no que Crowley chama de “lamaçal da moral”. Condenados que carregam o inferno dentro de si por onde passam.
e ética não passa de um moral travestida de razão, e por isso é ainda mais abitolante, é tão mais perigosa que seduz até os mais intelectuais e os aprisiona com mais força, por dar explicações aparentemente racionais, do que a moral aprisiona os crentes