Texto de Leandro Silva,
Com base em informações do Livro dos Espiritos (Kardec), parece que orar é comunicar por pensamento, e isso pode ser imaginado de uma forma não tão diferente do que acontece com nossos aparelhos de rádio e televisão.
Imaginemos pois que a frequência de base da transmissão, que efetivamente carregará o sinal da informação e com a qual o receptor estabelecerá a sintonia, seja determinada pela qualidade e intensidade dos sentimentos evocados por ocasião da prece, que dizem respeito à sua sinceridade, legitimidade, sua significância para quem ora, perspectiva da qual parte, contexto, realidade, àquilo que mobiliza.
A informação é a ponta do iceberg, a verbalização/construção imagética daquilo que se quer pedir, ou do agradecimento ou seja o que for, e representa um sinal que é acoplado à frequência de base e que poderá ser decodificado pelo receptor que for capaz de se sintonizar com a frequência de base.
A prece pode ser direcionada a uma pessoa específica desencarnada ou encarnada, uma figura mais ampla como a de um santo, enfim, algum intermediário. Aquele ou aquilo a que direcionamos a prece e o que representa faz parte do que constitui a frequência de base, pois parte, obviamente, de uma matriz emocional que nos faz considerar o destinatário como apto a receber/encaminhar o que enviamos. Deste modo, podemos pensar que orar diretamente a Deus signifique direcionar a prece ao que de mais sublime e elevado podemos conceber mas, afinal, que é deus? É preciso considerar que justamente por ser difícil responder a essa pergunta creio que em grande parte das vezes essa palavra tenda a ser proferida algo maquinalmente e não sirva realmente como evocação de elementos de alta qualidade e intensidade para embasar uma transmissão de pensamentos, não que com isso se queira desencorajar a prece direta a Deus, pelo contrário, o importante é obter a melhor frequência.
O receptor não necessariamente será aquele a quem destinamos prece, mas poderá ser qualquer um que possa sintonizar com a frequência de base utilizada, da mesma forma que dois rádios sintonizados na mesma frequência podem receber as mesmas informações, a não ser que a imagem que se faça do destinatário seja clara o suficiente para que a transmissão possa se dar de maneira mais específica, o que dificilmente acontece com figurões como os santos ou Jesus, figuras histórias em geral, a não ser que as conheçamos diretamente.
Imaginando que as preces sejam recebidas por departamentos que cuidam disso em colônias astrais ou falanges de espíritos, temos também a possibilidade de que estes supram nossa dificuldade em obter melhores frequências de transmissão, caso a prece em questão mereça tal cuidado, sendo possivelmente encaminhada para planos mais elevados e portanto com maiores possibilidades.
É justamente aí que entra a questão da liberdade, nos termos de merecimento e possibilidade.
Uma prece pode ser atendida por espíritos familiares, que podem nos auxiliar, em quaisquer regimes, da caridade à obediência escrava, dependendo de com quem nos comunicamos por pensamentos e que condições criamos (é claro), mas em geral, os únicos pedidos que valem à pena serem feitos são aqueles que se alinham à vontade de Deus, logo, aqueles que se dirigem aos planos mais elevados da criação. Como não interiorizamos ainda aquilo no que se baseia a vontade de Deus, então o que podemos fazer para atender a esse requisito é submeter nosso desejo à esta vontade, isso é, desejar que se faça a vontade de Deus e, se for da vontade Dele que nosso desejo se realize, que assim seja.
E o porquê disso? Oras, seja o que for que for Deus, não é um carinha como nós tão simplesmente, mas aquilo que causa a própria existência, que possibilita que algo ou alguém seja, uma espécie de ética fundamental que causa e embasa tudo aquilo que é em todos os planos da existência. Para que haja liberdade concebível, é necessário que haja um sujeito para exercê-la, e para que haja um sujeito é necessário que haja ordem, pois estrutura pressupõe ordem e, mesmo que possamos imaginar uma consciência desprendida de toda a estrutura, para que ela se manifeste na criação tal como esta nos parece ser, precisou da lei para se forjar a si mesma. Mas eu tenho a impressão de que Eliphas Lévi fala bem melhor sobre isso do que eu.
Então o máximo de liberdade concebível é a liberdade possível de ser exercida dentro da Lei, e a liberdade que se poderia imaginar fora da lei é sempre liberdade parcial, ou seja, poder utilizado para criar ou destruir a partir de uma perspectiva que não pode englobar todo o cosmo; cujos resultados serão sempre efêmeros, quais distorções temporárias nos planos inferiores criação, ou micro-organismos a serem combatidos pela natureza e pelo tempo do mesmo modo que vírus são combatidos por nossos anticorpos na busca da homeostase; além é claro, de tender o sujeito que exerce tal liberdade, particularmente aquele que luta efetivamente contra a Lei sabendo ou não o que faz, à não existência, isso é, à destruição das bases que garantem que aquilo que ele pense que é, seja. Talvez estejamos no meio entre ser e não ser dentro daquilo que nossas consciências abrangem.
Esta Lei está em tudo, em todos os planos, e as leis naturais são obviamente abstrações (por via da ciência) desta Lei no nosso plano de existência
Por conseguinte, a vontade de um espírito que interiorizou toda a Lei é a vontade de Deus, e eu nem consigo imaginar agora uma outra forma de Deus manifestar sua vontade se não essa, do mesmo modo que tudo o que tal espírito deseja é o que Deus deseja. É, não obstante, mais livre que todos os que não são como ele, pois pode criar infinitamente e de forma plena e eterna; sei que isso pode soar chato, mas se já achamos que em nossa arte há muitas possibilidades que sempre nos surpreendem, então pensar nisso como arte superlativa pode ajudar… Mas é compreensível resistência à ideia de perfeição, pois ela indica um estado de existência completamente diferente do nosso, que implica por sua vez, naturalmente, na morte do nosso atual estado de existência e, bom… Quem não tem medo da morte neste sentido mais profundo é bem incomum nestas paragens.
Aquele que não interiorizou a Lei, como nós, está sujeito à imperfeição e consequentemente à efemeridade do resultado daquilo que faz, mas também tende a valorizar esta mesma imperfeição numa afirmação de si identificado com o eu inferior. Como aquilo que fazemos é aquilo que somos, e nos identificamos mais ou menos com as formas em que habitamos, pode-se dizer que sejamos mortais. Como os corpos orgânicos, morremos e renascemos em todos os níveis tanto quanto necessário até que sejamos perfeitos, e somos sujeitos à dor, às misérias e sofrimentos resultantes de nossos atos imperfeitos, na medida do que precisamos para evoluir.
Eis o motivo então de porquê os únicos pedidos que valem a pena ser feitos em prece são aqueles alinhados à vontade de Deus, e também a importância da prece na busca de inspiração e auxilio em decisões e realizações a fim de que sejam o máximo possível alinhadas à Lei. Sem isso, ficamos cegos e o preço pode ser ridiculamente caro.
Respostas de 11
20/06/13
Kin 128, Estrela Espectral Amarela
Eu dissolvo com o fim de embelezar
Libertando a arte
Selo o armazém da elegância
Com o tom espectral da libertação
Eu sou guiado pelo meu próprio poder duplicado
“Hoje tenho a faculdade de sentir que a vida está a serviço de minha libertação.”
olá,
Nem tanto ao mar e nem tanto a Terra.
Discordo: o RECEPTOR é necessariamente a pessoa para quem direcionamos a prece. Ele pode demorar a decodificar a mensagem, mas a decodificará quanto estiver apto a recebê-la. Isso é fato. E consta em várias publicações de Chico Xavier. Assim como já foi exaustivamente testada e comentada em diversos livros.
Agora, no caso de pedidos, existe um departamento que é responsável por analisar e ajudar a concretizar os pedidos. Também consta em livros de Chico Xavier e outros autores espiritas/espiritos.
Discordo também quanto à sua explicação referente aos unicos pedidos que valem a pena serem feitos em prece são aqueles alinhados à vontade de Deus. Se nem sabemos o que queremos ou a nossa verdadeira vontade, como saberemos a vontade de Deus?
Ainda sobre as preces de pedidos: a questão passa primeiramente no que se refere a “como” pedir e a “o que” pedir. Porque todo pedido feito em prece é atendido invariavelmente.
Pedidos como: paciência e justiça são interpretados de forma diferente.
Um exemplo: a pessoa esta passando por uma situação de teste de paciência e ela pede a Deus por paciência. O que vai acontecer? Deus enviará para ela mais provas para que ela treine a própria paciência. Acabando por não acontecer o que a pessoa realmente queria: parar de testar a tal paciência.
Segundo exemplo: a pessoa passou por uma situação onde se sentiu lesada. Então, ela pede a Deus: Justiça. E Deus dá a ela o que ela pediu. Se ela fez algo no passado em que cabe ressarcir algo ou alguém, a justiça é feita. Assim, neste exemplo, ao contrário dela achar que seria ressarcida, acaba por ter que pagar algo que estava no passado dela e que comumente ela não se lembra.
No primeiro caso, ao invés de pedir por paciência, a pessoa deveria ter pedido: sabedoria e discernimento para conseguir resolver o que estava me chateando.
No segundo caso, ao contrário de pedir por justiça, a pessoa deveria ter pedido: misericórdia e força para passar por esta prova.
São interpretações diferentes do seu ponto de vista, Leandro. Por isso, quanto mais estudamos, mais aprendemos com nossos erros.
Obrigada pelo texto.
Abraços fraternos.
Olá Andrea.
Obrigado pela contribuição, lendo e relendo sua passagem, não estou certo se discordamos tanto assim um do outro.
Apenas em relação à passagem: “Se nem sabemos o que queremos ou a nossa verdadeira vontade, como saberemos a vontade de Deus?”
Eu havia escrito: “Como não interiorizamos ainda aquilo no que se baseia a vontade de Deus, então o que podemos fazer para atender a esse requisito é submeter nosso desejo à esta vontade, isso é, desejar que se faça a vontade de Deus e, se for da vontade Dele que nosso desejo se realize, que assim seja.”
É claro que com isso eu não pretendo uma fórmula, apenas uma sugestão.
Abraço.
Muito obrigado, eu precisava muito ler este texto!
Texto sensacional,
parabéns
To tentando melhorar a minha frquencia, mas parece q quanto mais me esforço mais longe estou..
Seria por isso na oração pai-nosso se diz: “seja feita a Vossa vontade”?
você começa falando sobre a prece e parece que termina falando sobre magia…
Olá,fiquei com dúvida qnto àquelas orações que são quase mantras,tipo o pai nosso,ave maria,etc.Como estas funcionam?
Olá F. Acredito que não fuja muito do que eu tentei abordar no texto. Se você recita apenas maquinalmente, apenas de lábios, as palavras seriam pouco mais que vibrações no ar desse nosso plano. O que comunica com o plano astral ou mundo dos espíritos são os sentimentos de base e as ideias… Orações mais longas podem representar caminhos mentais que se percorre, sendo que as vezes é mais difícil invocar certos sentimentos ou ideias sem um caminho antes.
Penso que em mantras há a repetição quase incessante de certas palavras, e o importante aí está a invocação quase incessante dos sentimentos e das ideias associadas às palavras. Por meio da repetição se vai limpando a mente de ruídos e aumentando a concentração nesses elementos e, literalmente, eles vão sendo impregnados nos nossos corpos mais do que simplesmente transmitidos a alguém. São outras possibilidades.
Abraço.
Texto muito elucidativo.
Tem tanta coisa nele que eu já vi em outros lugares, mas que ao lê-lo eu volto a absorver essas coisas, com uma visão um pouco mais ampla, justamente pelo contato com tantos outros conhecimentos que absorvi de uns tempos pra cá.
Agora é continuar nessa jornada, pedindo sempre pra estar no caminho certo.
Muito obrigado por tudo que postam aqui. Tem me ajudado muito a buscar mais.
Abraços!