Poseidon e os Marinheiros de Oxóssi

Olá crianças,

Poseidon sempre foi uma das minhas divindades favoritas. Não apenas pelo seu arquétipo de fartura e prosperidade marítima, mas como irmão de Zeus e Hades, um dos governantes de todo o universo grego além, claro, de seu tridente ter sido a inspiração para a associação do tridente do diabo nos cultos católicos romanos mais antigos, que primeiro fizeram esta associação.

Costumamos associar Poseidon à esfera de Chesed, afinal de contas, Ele possui todos os arquétipos de “Deus-Pai”, associações óbvias à prosperidade, riqueza, poder de Rei administrador e governante.

Porém, em uma conversa certa vez com Soror Othila, ela disse que sentia Poseidon como um grande arquétipo masculino ligado a Yemanjá. Sua defesa era embasada: Poseidon é o Senhor dos Mares ao passo que a energia matriz de yemanjá-Yesod é o domínio das águas do mar, ou do Grande Subconsciente. O problema é que absolutamente TODOS os arquétipos mitológicos de Yesod são os de donzelas lunares.

A resposta é que todos estão certos. Nos acostumamos tanto a dividir para conquistar que esquecemos que Caminhos, Esferas e Planos nada mais são do que caixinhas destinadas a facilitar a compreensão do universo por meio de nossas precárias ferramentas intelectuais, mas as vibrações são fluídicas. Estava faltando um Caminho…

E quando este Caminho é acrescentado, podemos perceber que muitas divindades que estávamos colocando em determinado Caminho podem ser “realocadas” para este novo arredondamento. Tomemos, por exemplo, ENKI, o Aguadeiro, deus mesopotâmico que muitas vezes é tido como o arquétipo original do signo de Aquário. Ele possui características de Chesed, mas também possui características que o associam ao Caminho de TZADDI, a Estrela, tanto que suas jarras de água foram emprestadas para duas cartas do tarot, a Temperança e a Estrela. Ao olharmos para a Árvore da Vida, vemos que curiosamente, estes dois arcanos delimitam as bordas do novo Caminho, que nomearei “O Pescador”.

Por que “O Pescador”? Por alguns motivos: O primeiro é que ele é delimitado pelos Caminhos de Tzaddi (Anzol), Samekh (erguer), Kaph (trabalhar/júpiter), Yod (vontade/eremita) e cruza NUN (peixe/morte).
Também vemos que seis dos apóstolos de Xristos são descritos como “Pescadores” e estas características geralmente são associadas ao Arcano da Estrela (Fé, Esperança) e os arquétipos de velho (Eremita) e Prosperidade (júpiter) coroam este novo Caminho quando ele se aproxima de Chesed. Da fusão destes símbolos têm-se “A prosperidade no mar”, ou “O domínio do subconsciente”.


E já que aprofundamos nestes Caminhos, é coerente que haja um Caminho Yesod-Geburah também, já que tudo na Árvore é equilibrado. Sabemos que existe uma correspondência energética para a combinação de Ogum e Yemanjá, que são as entidades da falange de Ogum-Beira-Mar. Nas giras de Marinheiro (entidades que trabalham na vibração de Yesod) temos os marinheiros de guerra, que vibram na linha de Ogum e foram, em vidas passadas, marujos, capitães, piratas, corsários e todo tipo de guerreiros do mar. Mas e no hermetismo?

Eis que me deparo com alguns decks antigos, pré-Gebelin, que TINHAM uma carta chamada “O Navio”, que ficava no Arcano 14… onde hoje é a Temperança (exceto pelo deck de Minchiati, que o colocava no Arcano XXi – descoberta do novo Mundo e o associava à água [MEM]). Com a estruturação do tarot ao redor do deck de Marseille, estas cartas foram substituídas por arcanos que estivessem mais próximos das 22 letras hebraicas.

Cabalísticamente, temos um Arcano cercado pelas energias de Resh (cabeça/pensar), Samekh (erguer), Mem (Água) e Lamed (Aguilhão/Justiça) cruzando Ayin (olho, observar). A figura de um marinheiro no topo de um mastro, observando e patrulhando os mares me vêm à cabeça. Em conversas com marinheiros da linha de Ogum, percebemos que muitos deles fazem exatamente isso: patrulhar e proteger aqueles que são atacados no campo emocional, estando muito ligados à proteção durante a gravidez (novamente, campo de Yemanjá).

Fica ai a proposta de estudos de dois Caminhos novos (porém antigos).

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Respostas de 22

  1. Wow, legal!! Isso me ajudou a me entender muitas coisas que eu estava sentindo em termos de vibração durante algumas giras (e o fato de eu sempre ver uma entidade com quem eu trabalho como sendo um pirata, sempre nessa “vibração cruzada” de Ogum e Iemanjá.)
    Acho que vai ser uma boa ideia de estudos pra mim, pra afinar melhor com essa entidade 🙂

  2. Bacana, vou estudar isso.
    Por sinal, Ogum Beira-Mar é o chefe do terreiro no qual eu me desenvolvo.
    Vou aproveitar esse post, e perguntar para ele sobre o assunto 🙂

  3. (esse não é o local mais indicado para perguntar, mas aqui vc vai dar mais atenção)

    Deldebbio o principal objetivo do A.A é a conversação com o S.A.G, mas ele também serve para trabalhar e despertar a kundalini, caso eu assim queira?

  4. Ogum Beira-mar, os seus filhos lhe chamam
    Ogum Beira-mar, os seus filhos lhe chamam
    Quando ele vem,
    beirando a areia
    tras no braço direito o rosário de
    mamãe sereia…

    Ogum Beira-mar, os seus filhos lhe chamam
    Ogum Beira-mar, os seus filhos lhe chamam
    Quando ele vem
    beirando a areia
    tras no braço direito o rosário de
    mamãe sereia…

  5. Isso me lembra que Alan Moore fez isso em Promethea criando os caminhos da Fonte e do Mendigo.
    E também mostra que a árvore da vida funciona muito bem como um fractal: uma coisa dentro da outra, energias se misturando e criando conexões, como uma grande rede de neurônios. Muito legal. 😀

  6. Este post só reforça minha ideia de que a Kabbalah, apesar de muito eficiente, não é completa. Se você precisa adequar o diagrama à realidade, talvez seja melhor encontrar um outro diagrama para esta situação.

  7. A primeira coisa que me veio à mente, ao observar a ilustração foi…Enki. Interessante vê-lo citado no texto, logo em seguida.

  8. Me lembrou um trecho do “A Torre Negra” do Stephen King, no vol. 1 um dos personagens abre o Tarot para o personagem principal, e na interpretação há cartas diferentes das convencionais, uma delas é “O Marinheiro” rs

  9. Pequenas dúvidas MDD e leitores.

    1) O fato de poseidon ter os hipocampos puxando seu carro também não indicaria um aspecto de transição Terra-Água?

    A mim sempre pareceu que Poseidon e Njord eram o mesmo arquétipo, uma vez que estes reinam no mar mas são relativamente próximos aos humanos, bem como Oceano e Aegir, que por sua vez teriam domínio sobre as águas abissais e perigosas.

    2) Seria correta a associação então para a dupla Poseidon/Njord nos caminhos de esquerda e direta para evolução (Quadrantes I e II do círculo), e Oceano/Aegir para as vias de esquerda e direita de involução (Quadrantes III e IV do círculo), como isômeros dos mesmos caminhos e esferas?

    Parabéns pelo trabalho.

  10. Boa,

    Muito bacana ter dividido isso por aqui. Mais legal ainda ter aprendido uma nova fonte de pesquisa.

    Como um amigo disse, quem sabe as formas geométricas que formam “os vazios” na árvore também não nos resguardem alguma mensagem.

    Fé.

  11. Isso é muito legal. Tenho pensado muito nestas coisas, desde que fiz o Sephirat ha Omer pela primeira vez. Desde então vivo “matutando” estas coisas: Será que não podem existir caminhos mistos? Todos os Deuses têm mesmo que se enquadrar em um arquétipo só? Então o que acontece com os Deuses que têm mais de uma função? E os Deuses da Unidade (Kether, GADU, Princípio Universal, O Incriado, etc) que possuem todos estes aspectos?

    Existem Deuses que se encaixam em arquétipos mistos, usando mais de um tipo de poder. Assim como o próprio Hórus que, apesar de ser um Deus Solar também costuma aparecer também como Deus da Guerra (Arquétipo de Geburah) em alguns escritos.

    Para mim, a Árvore da Vida é “O” Fractal, envolto pela malha do Espaço-Tempo (com coisas dentro das outras acontecendo simultaneamente, mas dentro de uma ordem complexamente determinada que faz com que tudo esteja conectado). Então para mim, nada impede que hajam caminhos secundários dentro da árvore da vida tradicional que liguem por exemplo, Chesed a Malkuth. É como se fossem dobras no espaço-tempo.

    Estas zonas podem ser habitadas por entidades que trabalhem nestas faixas de frequência como caminhos secundários ou mesmo serem usados como atalhos (afinal o que está em cima é como o que está em baixo, né? rs). Inclusive fazemos estas passagens por diversos destes caminhos secundários quando fazemos o Sephirat Ha Omer (Chesed shebe Geburah, Yesod shebe Malkuth, Geburah shebe Hod, Malkuth shebe Tipharet e por aí se vai).

  12. sem falar que tem escolas de qabalah que mostram árvores muito diferentes dessa tradicional que estamos acostumados a ver.
    um livro legal e acessível para ver mais exemplos é o Qabalah – legado místicos do filhos de abraão, da Madras.

  13. “marujos, capitães, piratas, corsários e todo tipo de guerreiros do mar”

    Não foi dito explicitamente, mas tenho a impressão de que os Vikings também fazem parte do caminho Ogum-Yemanjá, afinal de contas, eles eram guerreiros do mar.

  14. Sempre que posso acompanho suas publicações.

    Porém, hoje gostaria de contribuir com um pouco do meu conhecimento.

    Yemoja (Iya Omo Eja = Mãe Cujos Filhos são Peixes) para a cultura Nagô, não é senhora das águas do mar como o culto umbandista descreve. Yemoja é louvada através da Saudação (Odo Iya = Rio Mãe), portanto não seria um Òrìsà ligado ao mar diretamente e sim dos rios.

    Para a correspondência do tópico, há em analogia a Poseidon, o Òrìsà ?BA OLÓÒKUN ‘Olokún” (Rei dos Mares), sendo uma deidade “masculina” e detentor dos mesmos atributos de Poseidon e sendo também um Deus-PAI de várias outras deidades.

  15. MDD, noutro texto você comenta que na interpretaçaõ de mapas astrais não leva em consideração Lilith, Chiron e afins porque esses não tem correspondência a caminhos na Árvore da Vida. Ao pensar nesses novos caminhos, acha que abre-se a possibilidade para encontrar a correspondência?

  16. Comecei a ler sobre arcanos maiores e menores e gosto de ver a correlação entre em cartas e a astrologia e cabala porque fica mais fácil de eu entender, embora eu não domine nenhum dos dois temas.
    Cada arcano menor do 2 ao 10 equivale a um planeta num signo. Por exemplo, 8, 9 e 10 de paus respectivamente são Mercúrio, Lua e Saturno em Sagitário.
    Minha dúvida é onde estão as cartas que representariam Sol, Vênus, Júpiter e Marte em Sagitário?
    Onde estão as cartas que representam os 4 planetas faltantes em cada um dos 12 signos ou porque elas não existem?

  17. maravilhoso nome que vc escolheu para esse caminho “secreto”. Também gostei dos nomes que Moore deu para os caminhos Tiferet-Binah e Tiferet-Hochma, os caminhos do “mendigo” e da “fonte da juventude”. E ainda tem outros caminhos para se nomear… já que todas as Sephirot se conectam

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