Se perdoar fosse fácil, as coisas no mundo seriam totalmente diferentes. A regra geral é, de fato, não perdoar, ou perdoar da boca pra fora mas guardar a mágoa. Não existe fórmula pra perdoar. É como sexo: é uma coisa que você pode ver outros fazendo, achar que sabe, mas vai ter de meter a cara (às vezes literalmente) pra aprender de fato.
Mas perdoar é, no final das contas, mais importante pra NÓS do que pra quem a gente perdoa. Afinal, se o cara faz uma sacanagem com você e ele não está nem aí, pra que perdoar, não é? Só que a raiva, a mágoa, vai ficar lhe corroendo por dentro, como um câncer. Mesmo que ele não se manifeste somaticamente como tal, o “problema” vai permanecer em sua mente e espírito, quanto mais você der atenção/valor/alimentação a ele (o que pode lhe prejudicar até mesmo em outras vidas).
Se perdoar fosse uma coisa dispensável, Jesus não teria acrescentado essa linha ao “Pai Nosso”:
“…e perdoa-nos as nossas dívidas, NA MEDIDA EM QUE tenhamos perdoado aos nossos devedores”
Notem que está um pouco diferente do que nos habituamos a rezar. Na Biblia consta “…e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores”, no passado, como se fosse da NOSSA natureza Cristã (afinal, é uma oração para os cristãos) perdoar. Só que Jesus conhecia muito bem a alma humana, e por isso acrescenta logo depois:
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas
(Mateus 6:14)
Ora, fica óbvio que a tradução usada na bíblia, no Pai Nosso está errada. Pegando a palavra grega original “hoce” vemos que ela significa “assim como”, mas também significa “na medida que”, “de acordo com”, que está muito mais de acordo com o sentido que Jesus reforçou mais à frente.
Ou seja, isso tudo pra dizer que, perdoando, você torna SUA vida mais fácil.
Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás
(Lucas 17:3)
Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete
(Mateus 18:21)
Podemos então resumir tudo assim:
Não há ofensa ou ofensor, mas tão somente ofendido.
Respostas de 2
Boa reflexão!!! Obrigado
É sempre bom lembrar também da importância de SE PERDOAR. Quantos de nós não fazemos uma besteira com alguém, ou tomamos uma decisão que dá ruim lá depois e ficamos remoendo aquela culpa por anos, às vezes, sem conseguir seguir em frente. Eu sou um exemplo disso, e (bendita sincronicidade) o texto veio bem no momento em que estou me preparando para abandonar muita coisa na bagagem e seguir adiante. Maravilhoso o texto!