Retirado do Tao Te Ching (*)
Trinta raios convergem e se unem
ao centro da roda da carruagem;
mas é o vão que permite a entrada do eixo
e faz o carro rodar.
O barro é modelado pelo artesão
num belo jarro;
mas é o espaço vazio dentro dele
que permite que o preenchamos com água.
As portas e janelas são cortadas
das paredes da casa;
mas é o espaço vazio que delimitam
que permite que possamos entrar e sair.
Assim é que produzimos tudo o que é útil
para delinear os limites do espaço;
mas é o espaço, isto é, o vir a ser, que possui valor real.
***
Todo mês traremos mais uma passagem do Tao Te Ching…
(*) Nesta tradução exclusiva do Tao Te Ching a partir da tradução clássica de James Legge para o inglês, Rafael Arrais (autor do blog Textos para Reflexão) usa do auxílio precioso das interpretações do ocultista britânico Aleister Crowley e do filósofo brasileiro Murillo Nunes de Azevedo para compor uma visão moderna da antiga sabedoria de Lao Tse.
Uma resposta
Belíssima essa passagem!
O espaço vazio é tão importante e dentro de nossas vidas profanas nunca nos damos conta. Estamos sempre tão ocupados, cada vez mais ocupando o nosso tempo com tarefas que só servem para distração.
Quanto mais deste espaço encontramos dentro de nós mais completos nos sentimos. Perceber que quanto mais vazios estamos mais completos nos tornamos é uma chave preciosa.
Gratidão Rafa!
Namastê
@raph: Namastê 🙂