Muito se fala sobre o vegetarianismo no Taoísmo, inclusive que, genericamente, os taoístas SÃO vegetarianos. Isso não é verdade. Esse texto se destina a mostrar a verdade dos fatos e a opção que pode ser exercida livremente pelos cultuadortes do Caminho.
Citando:
“Governar um grande reino é como cozinhar um pequeno peixe”
Tao Te Ching, 60
O Taoísmo é uma filosofia/religião bastante liberal em tudo, incluindo alimentação. Taoístas em geral comem carne normalmente, exceto em algumas ordens monásticas ou em determinadas situações. O vegetarianismo apareceu na religião taoísta tardiamente, na Dinastia Tang, sob influência do Budismo Mahayana. As referências sobre o Taoísmo ser majoritariamente vegetariano são encontradas apenas em material de propaganda vegetariano, para quem todo mundo de importância no Universo era vegetariano (ou tinha que ser). Para estes, qualquer passagem do Tao Te Ching é um pretexto para mostrar que os Taoístas devem ser vegetarianos…
Por aí encontramos toda sorte de lixo, como um site que afirmava que “Laocius” (latinizaram o nome Lao-Tzu) havia reintroduzido o Tao para o povo chinês e que Confucius havia se tornado vegetariano “depois de receber o Tao, O Caminho do Profeta”. Caramba, que confusão! É interessante que muitos sites que dizem este tipo de bobagem citam outros sites vegetarianos que citam outros sites vegetarianos. Referências chinesas, nenhuma.
Eu, como taoísta, não vejo problemas no consumo de carne. Existem muitos taoístas que são vegetarianos e muitos outros que comem carne. Não existe uma regra geral
Para se falar sobre alimentação taoísta tradicional, ninguém melhor que John Blofeld, escritor inglês que perambulou pela China na primeira metade do século XX estudando o Budismo e o Taoísmo. Em seus livros ele relata inúmeros encontros com Mestres e hospedagens em comunidades taoístas. E sempre serviram carne, além de um bom copo de vinho de arroz. Somos muito liberais neste aspecto!
Segundo ele, em seu livro O Portal da Sabedoria:
Citando:
A principal regra para a dieta dos adeptos do Taoísmo (assim como de todo tipo de pessoas que se dedicam seriamente à meditação) é comer moderadamente. As comunidades taoístas que visitei na China alimentavam–se bem, quando tinham recursos, mas sempre frugalmente. No Sul, o arroz era o alimento principal; no Norte ele era substituído pelo trigo ou por outros cereais ingeridos em forma de mingau de aveia, pão e talharim. Os pratos que acompanhavam esses alimentos básicos consistiam principalmen-te em vegetais cozidos com queijo de soja (tofu) e um pouco de carne, aves domésticas ou peixe, temperados com produtos colhidos localmente nas montanhas: cogumelos, brotos de bambu, orelhas-de-árvore (um deli-cioso tipo de fungo), ervas, castanhas d’água, bagas, nozes e frutos. Nenhum alimento era especialmente proibido mas, desde que muitos dos reclusos eram versados na medicina tradicional chinesa, tinham conhecimento sobre o tipo de alimentos que eram nutritivos e os que deviam ser evitados ou consumidos frugalmente. Nada em sua filosofia os dissuadia de provar pratos saborosos e beber um pouco de vinho ou bebida alcóolica à hora das refeições; entretanto, entre os objetivos de seu regime iogue constava o de viver até uma idade avançada com uma saúde perfeita e um vigor relativa-mente jovem. Por conseguinte, cuidavam de evitar excessos na alimentação e na bebida, bem como em todo o restante, para assegurar uma dieta leve e nutritiva. Alimentos dispendiosos ou trazidos com dificuldade de lugares longínquos eram de todo evitados.
Aos adeptos ocidentais recomenda-se alimentarem-se com simplici-dade e evitarem refeições pesadas, mas sem se oporem puritanamente a uma cozinha saborosa. Ascetismo rígido ou abusos, ambos significam um afasta-mento do Caminho, assim como a preocupação excessiva com o que comer e com o que não comer, tão comum atualmente na Califórnia, pois a preo-cupação leva à ansiedade, tão prejudicial à saúde física e mental como um veneno lento. O Taoísmo inculca uma atitude de desprendimento em relação a todas as coisas.
Vemos então que os Taoístas em geral seguem com uma maior atenção é a Medicina Tradicional Chinesa, que não proíbe carne, mas veremos isso com mais detalhes quando falarmos sobre saúde. Também as quantidades é que são limitadas, sendo a alimentação frugal um dos ensinamentos taoístas.
Existem determinadas festividades, rituais ou cerimônias em que algum alimento é banido, seja carne, álcool ou mesmo alguns tipos de vegetais como alho e cebola (note a influência budista). O 5º dia do Ano Novo Lunar, por exemplo, é conhecido como “Dia do Boi” e normalmente não se consome carne de boi nem qualquer coisa referente ao animal.
O Capítulo 4 de Chuang-Tzu disserta sobre a relação entre a sabedoria e o mundo material, e usa a figura de Confúcio para isso. Falando sobre jejum, podemos ler:
Citando:
Yen Hui perguntou:
– Minha família é pobre, e passamos longos meses sem beber vinho ou comer carne. Isso pode ser considerado jejum?
Confúcio respondeu:
– Este é o tipo de jejum que se faz para rituais religiosos, não é o jejum mental.
O Taoísmo religioso pode ser dividido em duas correntes principais: o Zhengyi e o Quanzhen, cada uma delas com diversas ramificações. Os arquivos do Templo da Nuvem Branca, em Beijing, mostram que em 1926 havia 86 ramos do Taoísmo registrados, fora o que não existia oficialmente, como grupos de reclusos espalhados pelo território chinês..
Mas das duas ramificações principais, o Zhengyi aceita álcool e carne e o Quanzhen adota o vegetarianismo e o celibato, bem como a vida em mosteiros. É uma linha que absorveu muitas características do Budismo Mahayana e algo do Confucionismo. Então não se pode dizer que os taoístas, de modo geral, são vegetarianos.
Infelizmente vemos um monte de besteiras na internet sobre isso, muitas vezes em sites pró-vegetarianismo, que só depõe contra esse modo de vida. Não é inventando histórias que se convencem as pessoas a mudar seu modo de vida. Já vi um autor dizer que Lao-tzu era vegetariano, o que é uma mentira absurda. Lao-tzu não se importava com essas restrições, ao contrário, pois segundo Chuang-Tzu ele foi repreendido por Confúcio por estar bebendo vinho em um bar, além da conta (como sabemos, Confúcio não recusava vinho, desde que em certas medidas). O Velho Sábio retrucou, afirmando que a mesa, o banco em que estava sentado, o copo e o vinho estavam imersos no Tao. Restrições muito severas contrariam o desenvolvimento do Caminho. Se alguém quiser ser vegetariano, se sentir melhor assim, é livre para sê-lo. Caso contrário, não é obrigado a adotar nenhum tipo de vida diferente daquela que leva. O Caminho está presente em nosso dia-a-dia. O Taoísmo é a filosofia de vida que mais preza a liberdade individual.
Já conheci Mestres vegetarianos, onívoros ou que comiam apenas algum tipo de carne. Nenhum deles era menos espiritualista que o outro.
Dentro do I Ching, o Livro das Mutações, escrito há mais de 3.000 anos e que é uma das bases do Taoísmo, vemos que o Hexagrama 21 faz várias analogias com carne, como “morder carne dura” e “morder carne macia”. Nenhum vegetariano usaria este tipo de conotação!
Ainda dentro da obra de Chuang-tzu, ressaltamos o capítulo 28, segundo a tradução de James Legge, que mostra Confúcio em extrema pobreza e miséria, passando sete dias sem cozinhar carne e comendo apenas uma sopa de verduras com algum arroz. Acho que não precisa de mais explicações sobre a importância da carne para os chineses.
O mesmo autor narra outra história, no Capítulo 3, na qual se encontra o perfeito cultuador do Caminho em um açougueiro, mestre cozinheiro! Sua habilidade em trinchar uma carcaça sem cegar a lâmina da faca vem do fato de seguir a natureza e usar o vazio para alcançar seu propósito sem esforço. Um açougueiro como Homem do Tao!
Citando:
O mestre cozinheiro do Príncipe Wen-hui esquartejava um boi. Os golpes do braço, o impulso dos ombros, o movimento de pés, o endireitar dos joelhos e o movimento da faca a zunir compunham-se como se estivesse na dança do Bosque das Amoras ou a tocar a música de Ching-shou.
“Ei! Formidável! Como alcançaste tanta perfeição na tua arte?” – perguntou o Príncipe.
O cozinheiro pousou o seu cutelo e disse, “Aquilo de que cuido nisto é mais elevado que a arte, é o Tao. Ao princípio, quando comecei a cortar bois, o que eu via era mesmo o boi. Passados três anos já não via o boi todo e agora trabalho mais com o espírito do que com os olhos. Os sentidos e o discorrer suspendem-se para o espírito trabalhar à vontade. Sigo a estrutura natural do boi. Puxo para o lado os grandes tendões e continuo ao longo das grandes aberturas, de acordo com o corpo do animal. Assim nunca corto ligações nem tendões e muito menos os ossos principais. Um bom cozinheiro adquire um cutelo novo todos os anos. E isto porque o utiliza para cortar. Um cozinheiro fraco adquire um cutelo todos os meses. E isto porque trucida. Mas este cutelo do vosso humilde servo está em uso há dezenove anos. Talhou alguns milhares de bois, mas tem um fio tão suave como se acabasse de sair da pedra de amolar. O fio do cutelo não tem qualquer espessura e há espaço nas articulações. Como opero nos ocos tenho espaço à vontade para trabalhar. É por isto que apesar de estar em uso há dezenove anos o cutelo parece acabado de sair da pedra de amolar. Mas se aparece um sítio mais intrincado avalio as dificuldades, olho com atenção, suspendo a respiração e trabalho com cuidado, muito devagar. O cutelo vai-se movendo subtilmente até que, de repente, a peça se desarticula como um bocado de terra a espalhar-se pelo chão. Ainda a segurar o cutelo endireito-me satisfeito e, sem vontade de me mexer, olho em redor para me distrair. Depois limpo e arrumo o instrumento.”
“Ótimo!” – exclamou o Senhor Wen-hui – “Ouço as palavras do mestre cozinheiro e acabo por aprender como cuidar da vida.”
Uma curiosidade interessante é que a tradicional revista “Hinduism Today”, editada no Havaí há 30 anos, solicitou a todos os leitores, em 2006, informações sobre vegetarianismo no Taoísmo e no Confucionismo para elaboração de uma matéria, pois eles não conseguiam referências sobre isso. A matéria foi publicada em 2007: “Vegetarianism and Meat-Eating in 8 Religions” (Vegetarianismo e consumo de carne em 8 religiões). Nenhuma delas era Taoísmo ou Confucionismo. Eles não conseguiram referências suficientes sobre isso.
Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Acupuntor, Terapeuta e Escritor, estudando cultura e filosofia oriental desde 1977. Como Taoísta, se preocupa em divulgar a filosofia e as artes taoístas, como I Ching, Feng Shui e Qigong, para melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Respostas de 29
Não encontrei o e-book no site indicado, e em todos os outros que pesquisei os links não funcionaram… De qualquer forma, encontrei. =D
Segue o link:
http://www.4shared.com/office/gPB2lf6n/vegetarianismo-op-obr.html
Muito bacana o texto Gilberto, e quanto ao livro, em breve vou ler.
Até!
@raph – Obrigado pelo link. Quanto ao texto do post, eu acho que o Gilberto o retirou deste livro também…
Eu sou ovo-lacto-vegetariano. Não só por motivos religiosos ou dietéticos. Penso que o principal motivo por me tornar vegetariano seja a maneira brutal com a qual tratamos os animais criados para consumo.
Acho meio bobo quem se torna vegetariano só por causa da religião, temos que nos preocupar antes com o sofrimento e a maldade que afligimos àqueles seres vivos.
TEMOS que, ou PODEMOS ?
Existe uma diferença imensa nisso, inclusive na capacidade de aceitar que os outros tenham opiniões diferentes.
Sem entrar no ponto da “dor ” (já que a maior parte do gado brasileiro vive no pasto, criado em cultura extensiva, e assim só passa por “dor” e “maldade” algumas horas antes do abate…), temos de lembrar que ‘maldade’ é um conceito relativo, moral, criado pelo homem.
Nem sempre dor é maldade. Nem sempre sofrimento é ruim. Existem lugares que geram condições desgraçadas de podridão para os animais ? Sim. Mas também existem lugares que não fazem mais que cumprir a lei brasileira – e assim já criam um nível esquecido pela maior parte dos vegetarianos.
@raph – Algumas coisas são realmente absurdas. Por exemplo: desde que vi um vídeo que explicava como o patê de fígado de ganso é produzido (industrialmente), nunca mais comi… E eu não sou vegetariano.
Se verem o documentário “Home”, vão pensar 2x antes de comer carne bovina procedente de certas regiões dos EUA, e assim vai… Eu concordo que, no caso do Brasil, o lido com o gado não tem nada de “maldade”, e eles pelo menos podem viver numa terra com grama (se virem o “Home” vão entender).
Oi D!
Não quero convencer ninguém, aqui em casa sou o único vegetariano. Sou cozinheiro, eventualmente tenho que por a mão na carne pra servi-la aos clientes. Gosto do sabor da carne, mas fico nisso. Não vou apoiar o sofrimento de um ser simplesmente para alimentar um desejo.
Mesmo na criação de gado extensiva existe sofrimento. Só alguns exemplos: Os terneiros são apartados das vacas (desmame) logo cedo para que elas possam engravidar de novo mais rápido (mães com bezerros evitam a cópula). Os animais são abatidos com dois anos (novilho precoce), fruto de uma aceleração no seu desenvolvimento através de rações com muita proteína. Ou seja, um animal daquele porte vive menos que uma formiga. A forma do transporte dos animais vivos é outro motivo, a falta de respeito com a vida daquele ser que doou sua vida para manter a nossa, chamando sua carne no açougue por “2kg de bife”, como se tivesse brotado de um pé de bifes. Se ainda matássemos com respeito, como fazem alguns judeus, mas tudo que temos são plantações de bifes… não consigo desvincular outros animais dos seres humanos. Se não mato gente, não quero comer carne de bicho. Só isso! =)
o que vcs estão falando, não estou acreditando que pessoas que dizem buscar a espiritualidade tem a capacidade de argumentar tão vaziamente em favor da estupides alimentar que é comer carne ,,,tenha paciência, quanta ignorância…
Sem querer ser um vegetariano chato, mas esse papo de que o gado vive bem não justifica nada. Esse holocausto em nível industrial não está certo, ninguém é dono da vida de nenhum animal para criá-los para o abate.
Respeito o direito que cada um tem de continuar comendo carne, mas não respeito o argumento de que alimentar o animal e criá-lo com método de pecuária extensiva justifica sua morte. Nunca vi um pai ser considerado inocente de assassinar um filho pelo simples fato de sustentá-lo.
É engraçado como algumas pessoas procuram argumentos atrás de argumentos para justificarem o consumo da carne. E outras para defender e pregar o vegetarianismo.
Na verdade o problema é quando inserimos questões morais onde não devemos. Julgamos certo ou errado, melhor ou pior um comportamento alimentar X em detrimento de um Y, é cair no erro. Misturar religião com isso tudo então é outro equívoco. Isso tudo só gera ansiedade e culpa.
Há algum tempo atrás era considerado melhor comer carne de boi do que de porco, hoje em dia se considera o contrário. Tudo isso é inculcado pelos mercados açougueiros através da mídia. A venda do porco estava começando a diminuir demais e isso é tudo.
Alimentar-se de carne é uma das diversas formas de absorvermos o prana solar. Alimentação está diretamente ligada ao nível de consciência do indivíduo. Não existe o certo ou errado; o melhor ou pior. Existe sim o que o seu corpo, sua constituição física, seu íntimo necessita para manter o funcionamento da máquina humana. Não se deixem levar por modismos ou opiniões alheias. Aprendam a se conhecer e ouvir o Deus em você e saberás o que deves ou não comer.
Paz Inverencial.
absurdo, com se libertar da matrix se vc nem consegue ficar sem comer carne,,,total falta de consciencia,,,o consumo de carne é um dos principais motivos da destruição do planeta e pela fome mundial, o novo codigo florestal foi feito por agropecuaristas que querem mais espaço para criar seus rebanhos de mortos, em prol da destruição dos recursos naturais…sem falar no sofrimento causado aos animais para poder satisfazer o nosso ego, que quer sentir o gostinho da carne…o homem não precisa de carne pra viver,,,nenhum animal vegetariano tem câncer…matamos por ignorancia…
Caro Luciano, uma coisa que eu identifico bastante em algumas pessoas é a vontade de se tornar vegetarianas sem que haja um real despertar da consciência humana no sentido de se preservar o direito à vida de outros seres. Creio que essas pessoas ouvem o EGO e pensam estar ouvindo o ÍNTIMO, pois o que desejam, na realidade, é serem aceitas em um grupo, estarem de acordo com a moda sendo vegetarianas.
Pode acontecer também o contrário, a pessoa ouve o ÍNTIMO e pensa estar ouvindo o EGO, essas se pressionam tanto em serem vegetarianas, acham que esse é o correto para elas, mas no momento o seu íntimo reconhece que para aquele estágio da evolução física e espiritual daquele indivíduo ser vegetariano não seria oportuno.
Então a mensagem que eu quero passar aqui é a da liberdade. Seja vegetariano ou seja onívoro, aprenda a se respeitar e se conhecer como um todo.
Ah! Só para constar, sou vegetariano.
Paz Inverencial.
@raph – Esse é o ideal, parabéns… Cada um está no estágio em que pode estar, o problema é se preocupar muito com a espiritualidade dos outros, e esquecer da sua própria. Não consegue parar de comer carne? Maneire, coma o necessário e deixa as churrascarias de lado. Já é um bom começo…
Mede-se o nível espiritual evolutivo pelo alimento consumido? Estamos em maior ou menor estágio espiritual em conformidade com o tipo de ser vivente que usamos para nos alimentar?
@raph – Não foi isso que o Vitor disse, nem eu… Falando por mim: eu disse que cada um está no estágio em que pode estar. Ser vegetariano ou não, se é que contribuí para estar no estágio x ou y, não é o essencial. O amor é o essencial.
Comamos pedras, então! Garantia de iluminação!
Vê-se, só pelo nível entabulado nos debates, quão longe nos encontramos da iluminação. Aquilo que colocamos para fora de nossas bocas não é muito mais pernicioso do que colocamos para dentro? Estamos brigando para ver quem é o melhor por conta do que comemos? Fala-se tanto da irracionalidade das torcidas de futebol, seu atraso espiritual e blá blá blá e estamos fazendo o quê? Agindo como tal.
O mais benéfico não é sermos vegetarianos ou não, mas sim, sermos respeitosos uns com os outros e com o TODO.
Paz.
Raph,
perdoe-me se interpretei equivocadamente o pensamento de vocês. De fato, seus textos contrastam com a interpretação que dei às suas colocações nessa questão, o que me causou estranheza.
No entanto, diante do teor debatido e da conclusão final acerca das churrascarias (porque não devemos também fugir de nos entupir de vegetais em um buffet de saladas?), a impressão que tive foi outra.
Abraços e que a Paz esteja contigo.
@raph – Bem primeiro eu queria lembrar que não sou o responsável pelos textos dessa coluna Sabedoria do Tao, mas costumo pegá-los todos do taoismo.org, site do Gilberto (as vezes tb trago textos clássicos do taoismo). Mas realmente achei que esse texto sobre vegetarianismo seria “polêmico” e poderia levantar um debate interessante (tb não quer dizer que concorde com ele, na verdade acho meio desnecessariamente provocativo, mas tudo bem).
Agora, explicando melhor o que eu quis dizer sobre “maneirar na churrascaria”:
Para certas práticas espiritualistas (e somente nesse sentido que falo, de executar o ritual da melhor forma) o consumo constante de carne pode ser prejudicial. O ideal seria comer carne com certa parcimônia, sem no entanto ser expressamente necessário NUNCA mais comer carne… É nesse sentido que eu acho que, para esses espiritualistas, as churrascarias podem ser evitadas (também não digo NUNCA mais ir numa churrascaria, mas ir somente 1-2 vezes ao ano). Entretanto, algumas churrascarias, não sei se por causa dessa percepção, tem buffets a kilo, onde apenas alguns tipos de carnes são oferecidas (que costumam ser as melhores, inclusive). Nesse caso é possível ir no buffet a kilo de uma boa churrascaria e comer sem se empanturrar (pelo menos, sabendo que pagamos por peso, iremos maneirar automaticamente, hehe).
Abs!
raph
Você acertou em cheio o ponto! Para quem atingiu a iluminação, só existe o criador, e ninguém mata e ninguém morre. Quem pensa em fazer tudo isso, ou em “se melhorar” é o ego. Mas isso é um outro nível, e muitos dos vegetarianos rasteiros, ou de modismos, não irão compreender.
falando em vegetarianismo, aproveito para colocar um trecho do livro do Marcelo Ramos Motta, “ataque e defesa astral”, pags 114 e 115:
“Comer carne de acordo com a nossa conveniência física, e não os nossos
princípios “morais” (se é que são nossos, e não incutidos por terceiros!). Em outras palavras, se a carne te dá dor de barriga, não a comas; mas se te dá dor de consciência,remodela a tua consciência de acordo com o bom senso. Em nossa experiência, nada se pode esperar do vegetariano que é vegetariano por “princípios morais” a não ser hipocrisia, falsidade, e uma sutil perversidade que, a seu modo, é tão assustadora quanto a crueldade grosseira dos antigos inquisidores e dos modernos torturadores da polícia política. Não há qualquer crime moral em consumirmos a substância de outros seres vivos; eventualmente a nossa carne, também, serve de alimento a outros; e é sublime impertinência por parte de vegetarianos afirmar que as plantas ressentem menos ao serem ingeridas por nós do que os animais. Como é que eles sabem? A crueldade e o
descaso humano dos hindus vegetarianos tem sido proverbial através dos tempos: ate´hoje, a Índia dos “maharishis” é um dos poucos países do mundo onde se aleija deliberadamente um recém-nascido para que cresça um mendigo.”
Sei que o Marcelo foi um iniciado de alto grau, mas em alguns trechos de seu livro ele passa um alto grau de intolerancia e preconceito (principalmente em relaçAo aos cristaos).
Esse é um trecho que me intrigou muito, tb acho que algumas pessoas que dizem ser vegetarianas por pena dos animais sao realmente hipocritas (mulheres que sao vegetarianas mas nao dispensam uma bolsa de couro de marcas famosas, por ex.). Mas essa generalizaçao que ele fez pode ser decorrente de outros motivos mais “ocultos” que eu nao entendi.
Não tenho nada contra vegetarianos, so acho que alguns forçam muito para tentar convencer os outros pararem de comer carne.
Mas tenho uma duvida, a principal razão para não se comer carne é a justificativa da dor e sofrimento dos animais, certo? /mas se um dia descobrissem que plantas sentem dor ao terem seus frutos e folhas arrancadas como faria? Pois entrariam na mesma situação dos animais e so poderiam a partir de então se alimentar de frutos caídos naturalmente pois não causariam qualquer dado as plantas.
Tem que ser meio psicopata para comparar o ato de arrancar uma maçã do pé com enfiar uma faca na garganta de um porco. Outro ponto importantíssimo: para sentir dor física, é necessário um sistema nervoso central, então a teoria do sofrimento dos pés de alface não vale.
Pedro,
O que mais aprendi convivendo com ocultistas ou membros de sociedades em geral [e que ser membro ou desse ou daquele grau náo torna ningu[em iluminado, detentor das verdades, MUITO MENOS uma pessoa melhor… Na verdade, isso tem me levado cada vez mais a uma reclusao e a um desenvolvimento solitario, porque eu estou sempre em busca de me tornar uma pessoa melhor e contribuir para com os outros, seres humanos ou animais… isso me preocupa para muito alem de dominar ritual x ou ter feito a proeza de y… E algo terrivel que observo eh que ha, surpreendentemente, uma especie de adoracao dessas referencias como o motta, crowley… apesar de seus avancos, eram ainda, seres humanos encarnbados, falhos, com opinioes proprias e frutos de seus meios e historias de vida… infelizmente, levaria muito tempo soh pra pontuar os absurdos dessa passagem… e os carnivoros gastam tempo demais atacando os vegetarianos com ideias absurdas e misturando as coisas como o consumo de uma jaqueta, de um perfume e de um prato de comida ou de sofrimento de plantas…qdo existem aih muitas subdivisoes de crencas e valores morais… (náo consumir carne E nao consumir outros produtos derivados de animais nao eh vegetarianismo, mas veganismo ou outros ainda)… deveriam procurar se informar e dialogar ao inves de atacar com contra argumentacoes como essas… Nao eh a primeira vez que vejo um grande nome do ocultismo prestar um desservico como esse… e n serah a ultima… cheguei a ver tambpem, acho que o bardon…nao lembro, faz tepo, mas dizia que nos fazemos um bem ao ns alimentarmos de animais pq assim permitimos que eles evoluam, sigam pra sua proxima vida ou algo assim… e ouvi muitos ocultistas citando trechos assim para embasar como o vegetarianismo eh errado… como esse texto mesmo faz ao afirmar (outro absurdo) que uma dieta restritiva seria um afastamento do caminho… seria restritiva se imposta… enqto escolha de individuo nada eh restritivo… deixamos de comer n coisas em diferentes dietas seja por cultura, seja por gosto pessoal e nem por isso definimos uma dieta em que n se come frutos do mar ou insetos de restritiva… Mas enfim, ouvi muitos ocultistas citarem esses trechos como evangelicos citam trechos da b[iblia pra me provar que eu vim do barro ou que devo ser homofobica… Soh o que posso dizer eh? pesquise muito a serrio sobre o assunto, dados, pesquisas, argumentos pr[o e contra o consumo de carne dentro do nosso mundo msm e dentro de sua verdadeira vontade, encontre a resposta… pois ela definitivamente náo esta nesses trechos carregados de intolerancia e ignorancia.
nao sou contra o vegetarianismo, mas tb nao sou vegetariano. nao pretendo convencer ninguem a comer carne ou ser vegetariano.
citei esse trecho do motta pq sempre fiquei intrigado com ele, pensei q poderia ter alguma explicaçao “ocultita” pra o q ele diz.
denise estudo ocultismo a seis anos e a cada dia que passa concordo mais com vc, vi pessoas fazerem coisas inacreditaveis em nome do ocultismo, estes sentem-se superiores so pelo fato de saberem algo que a maioria não sabe…com a liberação dos conhecimentos ocultos muitas distorções virão, nada mais natural,,,a ideia de que cada um está exatamente onde deveria estar é loucura,pois se assim fosse nada mais precisariamos fazer para evoluir,,,somos carregados de karmas e influenciados negativamente ha todo momento,,,portanto não estamos onde deveriamos estar devemos lutar contra a condição que nos encontramos….muito prazer,,,o seu comentario foi muito pertinente…
Sou taoista ja ha muitos anos e vegetariana ha menos tempo. Desde crianca nunca aprovei ou gostei do consumo de carne ou maus tratos a animais.
No nosso grupo a maioria dos mestres, chineses inclusive, eram vegetarianos, mas nem todos… aos sabados compartilhavamos receitas, as executavamos e entáo comiamos juntos e aprendiamos sobre as propriedades do ying yang em cada tipo de alimento… e alem de prezar pela frugalidade tb o equil[ibrio de ambos aspectos era buscado na alimentacao.
justamente por prezar a liberdade dos seres (o que inclui a dos animais) e ser muito contraria a violencia(inclusive contra animais), a frugalidade e o equil[ibrio e a filosofia do tao sáo, mais do que influencias culturais, os motivos que levam muitos taoistas a optarem pelo vegetarianismo. Enquanto de fato muitos vegetarianos facam as coisas que vc citou, assim tambem o fazem TODAS as correntes, no sentido de que sempre h[a quem conte hist[orias ou distorca fatos pra defender suas bandeiras… mas da maneira como voce falou, nao soh acho que vc deixou de cobrir o principal da filosofia taoista que pode levar um taoista a ser vegetariano, como seu texto eh um insulto, cheio de preconceitos contra vegetarianos e contra esse modo de vida. Se por um ladfo vc diz que cada um [e livre para ter o estilo de vida que quiser, vc critica o vegetarianismo com passagens como Infelizmente vemos um monte de besteiras na internet sobre isso, muitas vezes em sites pró-vegetarianismo, que só depõe contra esse modo de vida. e tambem. E embora voce tenha toda razao ao expor o ponto quye eh nem todo taoista eh ou precisa ser vegetariano, vc foi muito preconceituoso, generalista e apresentou aregumentos de mera opiniáo pessoal, muito falhos. O principal foi esse? Dentro do I Ching, o Livro das Mutações, escrito há mais de 3.000 anos e que é uma das bases do Taoísmo, vemos que o Hexagrama 21 faz várias analogias com carne, como “morder carne dura” e “morder carne macia”. Nenhum vegetariano usaria este tipo de conotação! Oras, eu sou vegetariana e uso esse tipo de metafora o tempo todo em minhas aulas… isso pq eu sei como eh comer carne(nao nasci vegetariana) e porque sei que a maior parte de meu publico nao eh vegetariano… enfim, achei triste um texto carregado com esses elementos esteja presente aqui no tdc… Sinto muito se nao estah mto claro, estou sem teclas de algumns acentos e pontuacoes…
que beleza, mais uma religião pra semear a discórdia!
Mais um pra achar que o problema são as religiões, e não as pessoas.
Perguntinha séria: você acha possível um mundo sem discórdia? Um mundo onde todo mundo concorda em tudo? Eu acho que a discórdia só deixaria de existir se todas as pessoas fossem iguais, pensassem igual… mais abelhas do que gente, sabe?
Eu acho que o problema no mundo não é a discórdia, mas a falta de respeito, o invadir o outro em nome da sua verdade subjetiva.
Um mundo sem discórdia é possível. É so eliminarmos todos os seres humanos (inclusive este que escreve). Teríamos um mundo perfeito.
@raph – “Assim, a coisa mais elevada que somos capazes de conceber, ou seja, a produção dos animais superiores, resulta diretamente da guerra da natureza da fome e da morte. Há grandeza nesta concepção de que a vida, com suas diferentes forças, foi alentada pelo Criador num curto número de formas ou numa só e que, enquanto este planeta foi girando segundo a constante lei da gravitação, desenvolveram-se e se estão desenvolvendo, a partir de um princípio tão singelo, infinidades de formas as mais belas e portentosas.” (C. Darwin)
Duvido se um vegetariano perdido numa ilha deserta, tendo apenas como opção vegetal amoras ou frutas escassas, não caçaria para não morrer de fome. Somos todos constituídos de mineral, vegetal e animal. Faz parte da constituição humana o consumo de carne. Ignorância é não entender do que somos feitos e julgar os outros baseando-se em escolhas pessoais e circunstanciais (todo vegetariano é um carnívoro em potencial quando privado daquilo que o sustenta). Cada um decide o que faz e se isso o complementa, ele está no caminho do Tao. Não importa se coma carne, mato ou pedra.
“todo vegetariano é um carnívoro em potencial quando privado daquilo que o sustenta”
loooool
isso se chama instinto de sobrevivencia. ha animais que podem se tornar canibais em situacoes extremas. mas evocar situacoes extremas pra justificar suas idas ao mc donald’s é realmente hilario…
“carnivoros” com sentimento de culpa sao os que mais se preocupam com essa questao, e sao cheios de argumentos engraçados.
é.. muita gente preocupada se o vegetarianismo “esta escrito” aqui ou ali rs
decida-se por si mesmo.
pra alguns chega um momento se torna impossivel comer carne, por AMOR.
Não confundamos amor e sentimentalismo.
Amor é um sentimento – usá-lo como joguete para alimentar nossos egos e clichês mentais é sentimentalismo.
Retire suas percepções mentais sobre a natureza do ato de criar dor – se livre do dogma de que quem ama não machuca – e você descobrirá que o amor persiste até mesmo no mais escuro dos abismos.
Este é um plano material – viver nele, com um corpo material, inclui alimentar-se de matéria. Ame-a, é um dos primeiros passos para abrir o chackra cardíaco e alargar a consciência, mas não se deixe dominar pelo seu amor. Você não é amor. Você “é”, e só.
Obrigado.
Tente o mesmo que sugeriu.
Desculpe-me, mas o que vc descreve não é o Tao. E sim o taoismo.
Quem segue o caminho do Tao não se alimenta de carne.
Com base no assunto acima debatido, gostaria de deixar aqui o meu entendimento.
A busca pelo conhecimento é cheia de percalços e confrontos com a nossa escuridão! Por isso é preciso lidar com ela, antes de olhar para a escuridão do outro. Quando subimos na escada da consciência passamos por diversas etapas e isso vai nos preparado para a próxima…
Apesar de virmos de uma mesma fonte, somos manifestações individualizadas dela, por isso não somos iguais. No entanto, estamos todos ligados, resultando em uma interdependência, que produz interação uns com os outros e entre os reinos, animal, vegetal, mineral e etc…
A conclusão a que cheguei, é que somos um conjunto de seres diversos em formas e funções com o propósito de gerar consciência. Nos levando a compreensão de que somos todos um grande corpo, que precisa de cada parte dele para funcionar de forma efetiva e completa. Isso só acontecerá com respeito, cuidado e amor!