O Samurai e o Presente

Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.

Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos – ofendeu inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo- se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou- se.
Desapontados pelo fato do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
– Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
– Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? – perguntou o velho samurai
– A quem tentou entregá-lo – respondeu um dos discípulos.
– O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos – disse o mestre –
Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

Compartilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Respostas de 11

  1. A história seri mais antiga, de Buda.
    Quando percebeu que a India era grande demais para poder levar sua mensagem pessoalmente, Sidartha encaminhou seus discípulos em todas direções. Um deles voltou, cabisbaixo, taciturno, dizendo que não podia pregar porque as pessoas o xingavam, insultavam.
    Então, Buda o acalmou:
    – Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
    – A quem tentou entregá-lo – respondeu o discípulo.
    – O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos – disse o mestre –
    Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.
    E esse discípulo voltou ao mesmo local onde o haviam xingado e se tornou um dos melhores pregadores e difusores da sabedoria budista.

  2. Muito bom. É exatamente o que eu costumo dizer sobre o racismo. Racismo não é você chamar o outro de macaco, é usar do seu poder pra subjulgar ou prejudicar alguém de um segmento diferente. Macaco só vira racismo quando o negro aceita como racismo. É um animal magnífico. Se uma pessoa ao ser chamada de macaco, retrucasse a ofensa imitando o macaco, acredito que todo o intento do ofensor cairia por terra e ele ficaria mais irritado por não ter atingido seu objetivo de ofender. Existe a atividade de projetar, mas o que completa a ação é a atividade de interiorizar do outro. Não sei se concordam comigo.

    1. Ramon, eu discordo. O lance do racismo é enraizado na sociedade de tal modo que por mais que um negro não aceite, a sociedade o faz. E o faz tão bem que gera segregação de Direitos. É algo que esta na mentalidade, não no ato de preferir determinado xingamento.

    2. Isso me lembrou uma situação que ocorreu num estádio de futebol. Alguém da torcida jogou banana em um atleta e ele simplesmente comeu a banana.

  3. minha vó me contou esta história no dia após o funeral de meu avô.
    era de manhã, havia dormido na casa dela para lhe fazer companhia, e no café da manhã, sentada na cadeira onde ele sempre sentava, me contou esta história. só não incluiu a parte da luta de espadas – era uma aposta, em sua versão.
    isto foi recente… uns três meses atrás. e agora, aqui.
    gratidão!

  4. Quanto mais conhecimento + EGO !
    Quanto mais certeza + EGO!

    As pessoas tem que parar para analisar e tirar proveito do que o outro escreve, não tentar corrigi-lo.
    infelizmente nosso mundo esta rodando pelo EGO. As pessoas falam É ISSO MESMO NÃO SENDO BATE N CHÃO E FALA É ISSO !

    Racismo envolve muitas coisas não só a pessoa negra, mas envolve brancos, bissexuais etc.

    O fato do mestre não deixar-se controlar pelos xingamentos faz com que a pessoa que a ofende não a manipule, EGO !
    O discípulo o mesmo !

    Cada um pode dar sua opinião, mas não deixe transparecer que a outra esta errada !

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media

Mais popular

Receba as últimas atualizações

Assine nosso boletim informativo semanal

Sem spam, notificações apenas sobre novos produtos, atualizações.

Categorias

Projeto Mayhem

Postagens relacionadas

Mapa Astral de Pablo Picasso

Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido

Mapa Astral de Timothy Leary

Timothy Francis Leary, Ph.D. (22 de outubro de 1920 – 31 de maio de 1996), Professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor, futurista, libertário, ícone maior

Mapa Astral de Oscar Wilde

Eu não gosto muito de postar vários mapas seguidos, porque o blog não é sobre Astrologia, mas agora em Outubro/Novembro teremos aniversário de vários ocultistas