Retirado do Tao Te Ching (*)
O estado de vazio deve ser elevado à plenitude
e o silêncio protegido com todo o nosso vigor.
Todas as coisas dançam ao ritmo
do movimento e do repouso.
Da pequenina semente elas crescem,
florescem, dão frutos,
atingem sua plenitude
e retornam a raiz.
Este retorno à raiz é chamado Tranquilidade.
Aqueles que mergulham em seu lago
são testemunhos do cumprimento
de sua própria Vontade.
Este é o ciclo da lei universal.
Conhecê-la é ser inteligente [1].
Ignorá-la é ser pobre e estúpido.
Aventurar-se em seus mistérios nos torna pacientes;
e esta paciência nos conduz a uma comunhão
com todos os seres.
Desta comunhão surge uma certa realeza,
uma magnanimidade da personalidade.
É então que surge um Rei,
e este Rei reflete ao próprio Céu.
Nesta associação com o Céu,
ele é possuído pelo Tao
e se torna resiliente a decadência,
imune ao perigo,
estando em perfeita harmonia…
Até que chegue a hora em que seu corpo
também retorne à raiz.
***
[1] Nota do tradutor: Notem que muitas vezes a palavra “inteligência” se refere a uma “inteligência conectada ao Cosmos, a Natureza e as suas leis” (o logos da antiguidade na Grécia). Para não fazer confusão, uso o termo “intelectualidade” para as referências a inteligência restrita ao raciocínio.
Todo mês traremos mais uma passagem do Tao Te Ching…
(*) Nesta tradução exclusiva do Tao Te Ching a partir da tradução clássica de James Legge para o inglês, Rafael Arrais (autor do blog Textos para Reflexão) usa do auxílio precioso das interpretações do ocultista britânico Aleister Crowley e do filósofo brasileiro Murillo Nunes de Azevedo para compor uma visão moderna da antiga sabedoria de Lao Tse.
Uma resposta
magnífico!
gosto demas do taoísmo, encontro muitas concordâncias entre as poesias taoístas e minhas convicções