A Ordem DeMolay conta com Iniciações e, portanto, pode ser chamada de Ordem Iniciática. No entanto, não é uma Ordem magística – seu intuito é formar bons homens, amigos fiéis, jovens cidadãos de nossa grande nação, dignos dos elogios de todos os homens de bem. Como a Maçonaria, ela é uma organização fraternal, tanto que sua 4ª Virtude é o Companheirismo, e, por isso, seus membros tratam-se entre si como Irmãos, chamando os maçons de Tios [nos Estados Unidos, o termo é Dad, Pai]. Entre nossos Tios, incluem-se Marcelo Del Debbio, criador deste portal.
Não é uma ideia curiosa? Um belo dia, você é admitido como membro de um grupo e, a partir daquela data, passa a tratar pessoas que você nunca viu na vida como Irmão. Não parece surreal e falso? Na melhor das hipóteses, forçado. Afinal, quem é aquele DeMolay Iniciado no Capítulo Abaeté, nº 583, ou no Capítulo Xanxerê, nº 469? Nos Congressos Regionais, Estaduais e Nacionais, dezenas e centenas de outros jovens que eu devo chamar de Irmãos? Não é um conceito estranho?
Este é o mistério dos Iniciados, o mistério que está além do véu e mesmo quem devassar nossos Rituais e observar nossas Cerimônias, sem contudo tomar parte de nossas reuniões, jamais será capaz de compreendê-lo. Os Maçons o conhecem, os Cavaleiros Templários o conhecem, os Pitagóricos o conhecem – e nós, os DeMolays, também o conhecemos.
O que nos liga nessa fraternidade indissolúvel são os juramentos que realizamos. Nós nos dedicamos aos mesmos ideais e seguimos as mesmas Virtudes. Nosso grande objetivo é sermos melhores e sabemos que, para isso, podemos contar com todos os nossos Irmãos – e eles sabem que podem contar conosco.
Como dissemos, esta não é uma exclusividade da Ordem DeMolay. Todas as organizações fraternais são assim. Aí está a grande dificuldade para entendê-las – e os homens temem aquilo que não compreendem, acovardam-se diante do terrível enigma “Decifra-me ou devoro-te” e recorrem à violência para não desnudarem seus corações.
As empresas e as corporações fazem longas pesquisas e traçam estratégias para conseguir com que seus funcionários “vistam a camisa”. Nós, seres humanos, temos vontade de sermos parte de algo maior do que nós mesmos. Queremos ser parte de algo grandioso, algo que vá além de nossas vidas breves, pois somos coisas frágeis.
O que os empresários falham em perceber é que seus empregados estão ali motivados por objetivos particulares; a grande meta é o salário, utilizado para diversos fins, a influência e o poder. Não há como vestir a camisa e se identificar plenamente quando não se tem tanto em comum, exceto frequentar o mesmo lugar. Até certo ponto, funciona – basta lembrar dos anos de escola e da rivalidade com outros colégios – mas, internamente, não existe coesão. Não existe fraternidade.
Por isso, dentro das Ordens fraternais, temos pessoas de todo tipo, de todo credo, de toda história e de todo pensamento. Somos cristãos e somos agnósticos, somos judeus e somos muçulmanos, somos espíritas e espiritualistas, somos petistas e psdbistas, somos esquerdistas, direitistas e centristas, somos apoiadores e condenadores do governo atual e do passado, somos ricos e somos pobres, somos negros, brancos, mulatos, somos muito novos e somos bastante velhos. Porque nós estamos unidos em torno de uma causa comum, uma chama [que se manifesta em sete, no caso dos DeMolays] que reconhecemos arder no íntimo dos nossos Irmãos.
O verdadeiro espírito de Companheirismo e de fraternidade é sublime e mesmo as discordâncias intelectuais e materiais são incapazes de fazer frente à ligação que nos une de modo permanente.
A Ordem DeMolay permanece ativa através das décadas porque ela não existe somente nos sábados e domingos em que seus membros se reúnem, mas se manifesta a cada instante que os DeMolays agem de acordo com seus princípios, na escola, na faculdade, em casa, com os amigos, com a namorada, com um estranho e com um Irmão. Nossas cerimônias não são palavras mortas no papel ou fórmulas vazias, posto que tomam vida nos nossos gestos, palavras e pensamentos.
Ser um DeMolay não é um privilégio que nos torna homens especiais ou superiores aos demais; na verdade, trata-se de uma dádiva, um presente de serviço porque o verdadeiro DeMolay trabalha para ser um homem melhor, sabendo que esta é a melhor maneira de fazer com que as luzes das Virtudes Cardeais brilhem diante dos homens, de modo que eles vejam nossos bons trabalhos e glorifiquem o Pai Celestial.
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Hugo Lima
Respostas de 17
Mudando um pouco, mais não fugindo ao assunto, @MDD como fica visto o caso do Lions Club International ? em que se enquadraria ele, os conselhos, tem ramificações em todo o mundo, inclusive em minha cidade onde amigos meus são membros.
Hugo – Não sou o Marcelo, mas acredito que possa responder. O Lions é uma associação de grandes propósitos, elogiável em seus ideais. Não é uma empresa, seus membros têm coisas em comum. No entanto, não é uma fraternidade.
Desculpa, vi ver logo após ter submetido o comentário e como não tinha como retificar foi “fondo”.
😀 Desculpa e obrigado pela resposta da pergunta.
hehehe
agora entendi pq muitas pessoas chamam o MDD de Tio aqui nos comentarios…
Minha religião é meu pensamento e minha ordem é meu coração, talvez possamos nos tratar como primos então 🙂
Abs
raph
O texto esta de parabéns meu irmão. Um forte abraço
Adorei…. texto sensacional
Abração
Vitor Bolis
Capítulo Cavaleiros Templários da União de Pirassununga nº645
Hugo – Um abraço pra você, Irmão Vitor, e para todos os Irmãos do Capítulo Cavaleiros Templários da União de Pirassuninga, nº 645, de Pirassununga – SP.
” No entanto, não é uma Ordem magística ”
Não seria melhor dizer: Não é uma Ordem para se estudar magia
Hugo – Eu quis dizer exatamente o que escrevi. 😉
Existem tantas Ordens espalhadas pelo planeta.
Ordens Discretas, Secretas, Ocultas etc, etc, etc.
Cada uma com uma tônica a ser trabalhada, com um objetivo a ser desenvolvido.
A História Humana está recheada de protagonistas gloriosos pertencentes a tais Ordens.
Não podemos esquecer das Ordens “Antagonistas” (Mão Esquerda).
É o jogo da Polaridade: Destruens et Construens.
* {Dica: As bandeiras dos países desvelam muitas coisas}
Ótimo texto irmão. Tenho saudades da minha época de ordem, Há anos que não frequento um capítulo desde que me tornei senior e me mudei de cidade. Parece brega mas a ideia de que saí da Ordem mas a Ordem não saiu de mim é verdadeira.
As vezes sinto falta e é esse tipo de leitura que me faz acreditar que a Ordem continua contribuindo para que jovens se tornem algo mais na vida.
Igor Assaf Mendes – Cap. Princesa do Sul – 169
Hugo – Parece brega, mas é verdadeiro, meu Irmão. Um abraço pra você e para todos os Irmãos do Capítulo Princesa do Sul, nº 169, de Varginha – MG.
Há a inércia criadora, a inércia mantenedora/construtora e a inércia destruidora… a inércia da nossa sociedade é basicamente destruidora. A das fraternidades é basicamente construtora.
Seria isso ?
Vemos essa mesma “fraternidade” ou “inércia mantenedora/construtora” ou ainda, esses mesmos “comportamentos meméticos” em muitos cultos, seitas, grupos, comunidades….
As pessoas escolhem agir com uma base fora da ilha que é a inércia da sociedade atual. A pessoa desconhecida não é inimigo ou pessoa de desconfiança. É confiável e irmã em primeiro lugar.
Um grupo que considera aos outros como inocentes/companheiros em primeiro lugar ao invés de culpados/inimigos. Onde você já inicia tendo o benefício da irmandade e amizade, ao invés de ter de merecê-lo. Ele pode até ser perdido e, talvez, ganho novamente, venha-se ao caso…. mas inicia-se com ele.
Bastante interessante ^^
Hugo – Eu espero tratar do assunto em futuros artigos, mas a ideia é que o comportamento dentro da Ordem sirva de base para o comportamento fora dela. A modificação da sociedade é feita dessa maneira e é um trabalho quase invisível, lento e silencioso.
Está de parabéns pela coluna, irmão.
Eu me desencantei um pouco com a ordem por conta de seu carater político… faltou um pouco de maturidade para que eu pudesse compreender na época.
Fiquei uma ano afastado do capítulo… mas a saudade foi demais, então voltei.
Mas a faculdade exigia bastante, e sempre tinha outros compromissos aos sábados, então nunca voltei REALMENTE à atividade…
O tempo passou, eu virei sênior e já vejo tudo com olhos diferentes de outrora, mas ainda amo essa ordem, acho que até mais do que antes, por tudo que aprendi e ensinei, por incontáveis vezes ter refreado ações erradas apenas pela consciência de ser um DeMolay, por ter servido humildemente ao lado de meus irmãos onde nos foi pedido ajuda.
E continuarei servindo à causa da ordem DeMolay até que meus dias cheguem ao fim.
Um grande abraço emocionado.
Marcell Cunha, Capítulo Álvaro Palmeira nº 543
Hugo – Um abraço pra você, Irmão Marcell, e para todos os Irmãos do Capítulo Álvaro Palmeira, nº 543, de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Belo texto meu irmão. Sou do capítulo cidade do crato número 527 do estado do ceará. Quero parabenizar-lhe pelas belas palavras e espero ler mais sobre tais assuntos . Gostaria de manter contato com você, acima segue o meu e-mail. DeMolay é algo que só quem realmente é e segue as suas virtudes pode entender .
Um grande abraço.
Hugo – Um abraço pra você, meu Irmão, e para todos os Irmãos do Capítulo Cidade do Crato, nº 527, de Crato, no Ceará. Realmente, como voce disse, só quem pratica as Virtudes consegue compreender o que é ser um DeMolay.
Não sei se veram isso aqui. Mas vai a dica que eu acho muito válida.
Nesse semestre da minha universidade estou fazendo uma matéria que se chama Fundamentos de Extensão que é uma matéria voltada como o próprio nome diz da extensão do curso, nessa área percebi que é muito voltada para a ajuda de pessoas que a necessitam como pequenos agricultores/pecuaristas, movimentos sem terra e afins usando a especialidade de cada curso na minha sala temos agronomos e veterinários na maioria e no início do semestre achei que essa matéria ia ser um saco mas com o passar das aulas comecei a me interessar principalmente quando um dos temas a ser discutido foi Assistência ou Assistencialismo, também sendo tratados assuntos como cultura popular e conhecimento cientifico e outros assuntos que não me recordo exatamente no momento (estou a 400km do plano de curso, se não fosse por isso passava exatamente tudo o que foi discutido e o que será ainda) e essas discussões estão construindo para quem esta aproveitando a aula toda uma base para o entedimento do profissional das coisas que estão a sua volta e o que a professora vem passando veementemente e a saída de preconceitos para que quando sairmos da faculdade não achemos que o que temos de conhecimento é melhor do que o de qualuqer pessoa e como ela diz que ao chegarmos em algum lugar acharmos que somos melhores que as pessoas que ali estão e trazer conceitos preconcebidos para resolver os problemas daquele lugar para que mudemos para uma mente mais aberta e que deixemos que os nativos mostrem o caminho exato que devemos tomar. É muito mais complexo mas basicamente é isso.
Sem mais delongas o que eu quero dizer com exatidão é que acredito que a visão da ordem demolay deve mudar, acredito que é um assunto a ser extremamente discutido é que nossos trabalhos não passam de assistencialismos preconcebidos provenientes de preconceitos e que devemos mudar nossa visão para uma questão muito mais de assistência, o que eu quero dizer explicando com um exemplo é que dar uma cesta básica para uma família carente não vai acabar com seu problema de carência mas devemos dar formas dessa pessoa sair dessa carência e ter por conta própria como comprar essa cesta básica. A cesta básica resolve o problema momentâneo mas o problema vai continuar a longo prazo, não devemos deixar de lado os assistencialismo porque em muitos casos eles são necessários para que possa começar um trabalho melhor e que irá resolver o problema da familia ou famílias.
Eu entendo que é difícil, ja fui mestre conselheiro e sei como é difícil fazer as coisas mas temos exemplos que esses trabalhos podem dar certo como exemplo do Ônibus que o Grande Capítulo do Estado de São Paulo (SCODB) que fez doação a um importante hemocentro/cadastro de medula ossea do estado para ajudar em seus serviços e com certeza esse ônibus é um investimento de longo prazo e agora temos o projeto biblioteca comunitária que também acho interessantissimo, entendo que todos esses trabalhos envolvem o estado inteiro, mas os capítulos também tem poder de fazer trabalhos desse tipo é claro que não precisam ser da mesma proporção como um ônibus que podem valer até 250.000 reais, mas fazer coisas que podem mudar a vida de grupos de pessoas como conseguir descontos em empresas de cursos profissionalizantes da cidade, ou pegar uma comunidade carente e desenvolver com eles projetos que vão melhorar a vida coletiva (que é o que venho fazendo nas aulas) nesse caso devemos deixar as pessoas nos mostrar o que é necessário a eles…
To falando muito e repetindo muito também…vamos concluir então.
Acho legal seria criar um post discutindo isso até onde vai o trabalho assistencialista da ordem demolay e onde e como poderíamos começar um trabalho que vai tentar resolver esse “problema”.
Dando um exemplo que achei muito interessante foi o do terremoto do haiti, a priori aquele estado necessita de um assistencialismo pois simplesmente eles nao tem mais nada mas com o passar do tempo esse assistencialismo tem que começar a ser deixado de lado e começar dar aos nativos meios para que possam reconstruir seu país e voltarem a andar com suas próprias pernas se não eles vão ficar dependentes eternos das ajudas pois não foi ensinado a eles como conseguem aquilo que lhes é dado, se eles souberem fazer por que vao precisar de doações…
É mais ou menos por ai, falei pra ca***lho, enrolei bagarai mas espero que tenham entendido.
Abraços fraternos
Senior DeMolay Vitor Bolis.
NOSCE TE IPSUM.
Excelente texto meu querido Irmão!
Parabéns e sucesso!
Abraços Fraternais!
Marco Aurélio Alves – Capítulo Cidade de São Borja Nº575
Mestre Conselheiro Regional Adjunto Fronteira Oeste/RS
Hugo – Um abraço pra você, Irmão Marco Aurélio, e para todos os Irmãos do Capítulo Cidade de São Borja, nº 575, em São Borja – RS.
Quanta vontade de participar!!
Muito bom texto amigo!
Acho que não é o tema certo para perguntar, mas como essas virtudes que norteiam os vários tipos de sociedades maçônicas (como Liberdade, Igualdade, Fraternidade) foram tratadas na época da Ditadura Militar? Essas virtudes cardeais posicionaram a Maçonaria contra ou a favor das matanças promovidas pelo governo e “revolucionários”? Pelo que observasse na história muitos maçons apoiaram e ainda apoiam o uso da força contra aqueles que não se enquadraram a sociedade nada fraternal que temos aí.
@MDD – Justamente por ser composta de homens livres e independentes, não existe uma “posição da maçonaria” a respeito de nenhum tema. O Norte da Ordem sempre busca Liberdade, Igualdade, Fraternidade mas a ordem é composta de seres humanos, cada um com sua linha de pensamento e evolução espiritual. Durante a abolição da escravatura haviam maçons e lojas maçônicas abolicionistas ativistas e maçons e lojas maçônicas compostas em sua maioria por fazendeiros; na ditadura militar haviam maçons e lojas maçônicas em luta pela democracia e maçons e lojas maçônicas com grande quantidade de membros ligados ao exército. Assim como hoje em dia já vi maçons que apoiam o Bolsonaro e maçons que acham que o Lulla é inocente… ou seja, tem de TUDO no espectro de pensamento humano, e na Maçonaria não é diferente.
Apesar da pergunta que fiz tenho um profundo respeito pela História da Maçonaria e creio como toda instituição deve educar as crianças e adolescentes dentro das virtudes cardeais e universais da liberdade, igualdade e fraternidade. Sei que não posso pedir nada (afinal, sou só mais um zé ruela) mas a História nunca deveria ser esquecida, como consciência de Liberdade, ela demonstra como os valores Universais acima de tudo indica o caminho para a prática do Poder, bem como a História condena quem usa das virtudes como engodo para beneficio próprio tornando-se servo do poder material.