Trecho selecionado de “O Profeta”, a obra prima de Gibran Khalil Gibran, traduzida do original em inglês por Rafael Arrais.
Esta edição digital também incluí uma seleção de ilustrações do próprio Gibran.
Disponível para Amazon Kindle e Kobo
E UM POETA lhe disse, “nos fale da Beleza”.
E ele respondeu:
“Onde deverão buscar a beleza, e como a poderão encontrar, a menos que ela mesma seja o seu caminho e o seu guia?
E como poderão falar acerca dela, a menos que ela mesma seja a tecelã de suas palavras?
Os feridos e os ofendidos dizem, “A beleza é amável e gentil.
Como uma jovem mãe, um tanto encabulada em sua própria glória, ela caminha entre nós”.
E os apaixonados dizem, “Não, a beleza é uma força terrível e poderosa.
Como uma tempestade, ela sacode a terra abaixo e os céus acima”.
Os cansados e os gastos dizem, “A beleza é um sussurro suave.
Ela nos fala em nosso próprio espírito.
Sua voz cede aos nossos silêncios como uma luz tênue que tremula por temor da sombra”.
Mas os desassossegados dizem, “Nós ouvimos os seus gritos ecoando pelas montanhas,
E com eles vinham o som dos cascos dos cavalos, o bater das asas das aves e o rugido dos leões”.
À noite, os guardas da cidade dizem, “A beleza surgirá do leste com a alvorada”.
E ao meio-dia, os trabalhadores e os caminhantes dizem, “Nós a temos visto se inclinando sobre a terra, das janelas do poente”.
No inverno, os que estão presos na neve dizem, “Ela chegará junto com a primavera, pulando sobre as colinas”.
E no calor do verão os que fazem a colheita dizem, “Nós a vimos dançar com as folhas do outono, e havia flocos de neve entre seus cabelos”.
Todas essas coisas vocês disseram da beleza.
Mas na realidade não falaram dela, e sim de seus desejos não satisfeitos.
E a beleza não é um desejo, mas um êxtase.
Não é uma boca sedenta ou uma mão vazia estendida,
Mas, antes, um coração inflamado e uma alma encantada.
Ela não é a imagem que gostariam de ver nem a canção que desejam ouvir,
Mas, antes, a imagem que contemplam com os olhos fechados e a canção que ouvem com os ouvidos tapados.
Não é a seiva por baixo da casca enrugada, nem uma asa atada a uma garra,
Mas, antes, um pomar sempre florescendo e uma revoada eterna de anjos.
Povo de Orphalese, a beleza é a Vida quando a Vida desvela sua face sagrada.
Mas vocês são a Vida, e também o seu véu.
A beleza é a eternidade olhando para si mesma num espelho.
Mas vocês são a eternidade, e também o espelho.”
O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.
***
Respostas de 2
Estava passando agora, na volta pra casa, numa estrada aqui no RS, e dava pra ver a serra e o sol do fim de tarde, que estava batendo nela e nas árvores e no campo que ficavam na beira da estrada. Pensei: “porra, que coisa linda, e muita gente nem deve notar”
depois, comecei a pensar o porque achava aquilo bonito. Pensei também sobre o porque desse conceito de beleza sobre algumas paisagens naturais. Imaginei que o pessoal que mora por ali e vê isso todo dia nem deve se impressionar…
Ai chego em casa, abro o blog e vejo esse texto. Não me respondeu nada, mas me fez pensar mais 🙂
obrigado!
@raph – Que ótimo, me parece que está no caminho certo 🙂 Abs!
seria legal poder comprar a versão física no clube de autores
@raph: talvez tenha uma versão física na própria Amazon, futuramente. estamos migrando as versões impressas pra lá… Abs