O Mangusto e os dois Viajantes

Havia dois homens dividindo um carro ferroviário. Eles não se conheciam, só estavam viajando juntos por acaso. Um dos homens tinha guardada em sua capa uma caixa de papelão, com buracos feitos no topo. Depois de um tempo imaginando o que havia dentro da caixa de seu companheiro de viagem, o outro homem não conseguiu conter sua curiosidade. Ele disse, “com licença, eu não pude deixar de notar sua caixa. Por acaso há algum tipo de animal aí dentro?”

O outro homem sorriu e educadamente respondeu “você está absolutamente correto. Há mesmo uma criatura dentro desta caixa. E na verdade, eu posso até revelar, que o animal em questão é um Mangusto.”

O homem que iniciou a conversa ficou surpreso com a revelação. Surpreso, ele procurou uma explicação maior dessa informação, certamente provocativa, do estranho viajante…”Um Mangusto? Senhor, eu confesso que não esperava que fosse uma criatura tão exótica e estrangeira.

O animal que mencionou atiça tanto minha curiosidade que eu tenho que implorar para que diga mais. Qual sua relação com essa espécie, se me permite a ousadia?”

O outro homem, meio constrangido, respondeu “bem, é algo pessoal, já que se trata de uma tragédia familiar. Sabe, essa história triste é sobre o meu irmão mais velho. Ele sempre foi o que você poderia chamar de ovelha negra da família. Ele sempre se satisfez em vícios comuns e previsíveis, sendo o pior de todos seu apreço por bebidas fortes. Suas bebedeiras continuaram até ele chegar ao estágio final de melancolia, o delirium tremens. Meu irmão agora vê serpentes em todos os cantos, por isso estou levando este Mangusto para ele, para que possa se livrar delas.”

“Me perdoe”, o outro homem interrompeu, parecendo confuso, “mas essas cobras que seu irmão vê… não são cobras imaginárias?” Seu colega viajante respondeu “De fato. Mas esta…” e aqui ele gesticulou dramaticamente para a caixa perfurada, “é um mangusto imaginário.”

A piada foi escrita por Alan Moore, e contada através de Aleister Crowley em Promethea.

Compartilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Respostas de 9

  1. “What is he doing?!? He must RUN”
    “He is starting to believing…”
    – Conversa entre Trinity e Morpheus sobre o fato de Neo não correr ao avistar um agente… [The Matrix]

  2. Muito boa a lição: para um determinado prisma de percepção da realidade, nada melhor que o foco da resposta pelo mesmo prisma.

  3. Agora que eu entendi o porque daquela cerveja Delirium Tremens ter um elefantinho rosa na garrafa. Rs…

  4. *Corrigindo –> A piada foi escrita por Aleister Crowley, e contada através de Alan Moore em Promethea.

    @MDD – Entao… a piada NÂO é original do Crowley. Nao achei uma referencia que ele tenha, de fato escrito isso. Quem criou esta história foi o Alan Moore, ele só fez com que o Crowley a contasse de maneira ficcional no Promethea.

    1. Estranho pq eu já tinha lido ela a uns 8-9 anos atrás, e Promethea nem era famosa aqui pra essas bandas, ao menos não tão divulgando quanto agora né
      Jurava que era do Crowley.

  5. Essa edição é uma das minhas favoritas. segundo Mick e Mack, quem entender a piada entenderá o que realmente significa a magia (ou coisa parecida, não me lembro das palavras exatas).
    Meu interesse pela cabala surgiu com este gibi. E a última edição então… Uma historia que poderia ser lida como pôster ou em sua ordem normal.

    Alan Moore é genial. Qual é mesmo o nome do Deus Cobra que ele acredita?

    @MDD – Glycon.

  6. Pace and lead. Com essa “tática”, supostamente Milton Erickson conseguia curar vários pacientes, inclusive esquizofrênicos.

  7. O que mais me chama atenção nessa história é o comprometimento do homem que leva a caixa, ele sabe que as cobras e o mangusto são construções mentais, ainda assim ele não simplesmente pega uma caixa qualquer, e fala pro irmão que tem o referido animal dentro. Ele está indo de longe com a caixa, já fez os furos, age e afirma pro outro homem que já há um animal ali. Ele construiu firmemente o mangusto na própria mente primeiro, e tem consciência disso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media

Mais popular

Receba as últimas atualizações

Assine nosso boletim informativo semanal

Sem spam, notificações apenas sobre novos produtos, atualizações.

Categorias

Projeto Mayhem

Postagens relacionadas

Mapa Astral de Pablo Picasso

Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido

Mapa Astral de Timothy Leary

Timothy Francis Leary, Ph.D. (22 de outubro de 1920 – 31 de maio de 1996), Professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor, futurista, libertário, ícone maior

Mapa Astral de Oscar Wilde

Eu não gosto muito de postar vários mapas seguidos, porque o blog não é sobre Astrologia, mas agora em Outubro/Novembro teremos aniversário de vários ocultistas