Retirado do Tao Te Ching (*)
Os antigos mestres do Tao,
com sua sutileza e delicadeza,
compreendiam seus mistérios profundos;
e esta profundidade aparentava ser obscuridade
para aqueles que não eram capazes de lhes compreender.
Tais mestres tampouco podem ser descritos,
mas tentaremos fazer uma pálida aproximação da sua natureza:
Pareciam audaciosos como quem cruza um rio caudaloso
após o degelo do inverno.
Prudentes como se desconfiassem de todos os vizinhos.
Cheios de reverência como um hóspede numa grande mansão.
Prontos a desvanecer como o gelo ao sol.
Despretensiosos como a madeira bruta, ainda por ser talhada.
Livres como os ventos do vale
e turvos como a água do lamaçal.
Quem pode purificar a água do lamaçal?
Deixe-a desaguar na Tranquilidade, que lentamente se purificará.
Quem pode assegurar o descanso?
Deixe que o movimento corra pelo Meio,
que ele alcançará a paz em si mesmo.
Os adeptos do Tao se conservam no Caminho.
Não buscam ativamente alguma perfeição,
não estão nunca cheios de si,
e assim alcançam um estado de vazio.
Eles não têm necessidade alguma
de parecerem jovens e perfeitos,
e este é precisamente o seu grande privilégio.
***
Todo mês traremos mais uma passagem do Tao Te Ching…
(*) Nesta tradução exclusiva do Tao Te Ching a partir da tradução clássica de James Legge para o inglês, Rafael Arrais (autor do blog Textos para Reflexão) usa do auxílio precioso das interpretações do ocultista britânico Aleister Crowley e do filósofo brasileiro Murillo Nunes de Azevedo para compor uma visão moderna da antiga sabedoria de Lao Tse.