O Despertar da Força e a Kabbalah

Olá crianças,

Começa agora uma nova fase no Universo de Star Wars. Esta Obra magnífica e carregada de simbolismo hermético, ao se juntar com os Estúdios Disney, não poderíamos esperar outra coisa a não ser um épico de proporções cabalísticas! J.J. Abrams mandou muito bem e até agora, pode-se considerar este filme como o melhor de toda a saga.
Como não poderia deixar de ser, O DESPERTAR DA FORÇA segue a cartilha hermética que o tio Del Debbio vem explicando para vocês faz tempo. Não continue lendo se ainda não assistiu ao filme, pois a resenha abaixo contém diversos spoilers.

Nossa Jornada do herói começa pela principal protagonista, a escolhida da Força REY. Ela é nossa Tiferet, a heroína solar que percorrerá a Árvore da Vida em sua aventura. Como todo herói de uma jornada, ela começa o filme completamente inconsciente de seus poderes e responsabilidades. Vivendo no planeta Jakku (Malkuth, o Reino), Rey passa seus dias como uma pessoa comum… trabalhando e recolhendo peças de refugos em troca de pedaços de rações que a fazem empurrar um dia após o outro.

Star-wars-kabbalah

A Jornada começa com o Despertar da Consciência, e FINN representa YESOD, um stormtrooper que desperta para as atrocidades que fazia sem ter consciência e decide escapar do sistema. Em sua iniciação, ele é marcado com sangue e decide buscar o Mundo Exterior. Para isso, conta com a ajuda de GEBURAH (Poe Dameron, a Vontade) e NETZACH (BB-8, a Inspiração). Geburah, o Arquétipo do Guerreiro, vivido na Série original pela dupla Han Solo/Chewbacca, pilotavam a Millenium Falcon, o CARRO (Arcano do tarot) que conduzia o herói Luke Skywalker em sua jornada inicial. O carro retorna nos novos episódios, para conduzir nossos heróis em uma nova aventura.

BB-8 representa Netzach, a Inspiração. Tal qual seu correspondente R2-D2, ele carrega consigo uma mensagem que traz esperança e inspiração para a movimentação da jornada, além de ser retratado sem comunicação verbal, apenas “bips e bops” como seu irmão arquetipal. Poe Dameron representa a coragem e ousadia de Geburah, o melhor piloto da Rebelião. Para completar as informações que necessitam, os heróis visitam a base de Maz Kanata. Maz Kanata representa HOD, o Esplendor, uma alienígena que irá providenciar o caminho para que heroína encontre Excalibur (ou, no caso, o Sabre de Luz de Luke).

Uma vez de posse de excalibur, falta finalizar a busca pelo Santo Graal e seu mentor em CHESED. Na trilogia clássica, era o Mestre YODA (sendo YOD a letra hebraica que representa justamente o Caminho que liga Tiferet a Chesed). Como tudo evolui, o Discípulo se torna mestre e Luke Skywalker torna-se o Mestre Jedi refugiado em um local distante, cuja busca pela heroína de Tiferet será o ponto central do primeiro Ato.

Daath, o Abismo, está representado na forma de Kylo Ren (por enquanto), o vilão que traiu a luz para se entregar ao lado negro da força. Claro que já sabemos que há uma força maior por trás dele, na forma do Supreme Leader Snoke, mas ainda está muito cedo para fazer este desdobramento na trama… Caso Kylo Ren alcance a redenção, ele conseguirá atravessar o abismo e chegar a BINAH, posição ocupada por seu avô na Árvore da Vida original da saga. Como na primeira trilogia, os vilões possuem um planeta-arma capaz de sugar a energia de um sol para destruir outros planetas e cabe aos heróis impedir esta ameaça.

Finn, tal qual a princesa dos contos de fada (impossível não referenciar diretamente a Branca de Neve, da Disney), permanece adormecido dentro de um esquife de vidro, protegido pelos guerreiros da Rebelião até que o Príncipe (ou Princesa Rey, nesse caso) retorne de sua missão.

Toda a lição de casa está feita. A nova saga de Star Wars tem tudo para se tornar o maior fenômeno cult pelos próximos séculos. Joseph Campbell ficaria orgulhoso.

Para entender mais sobre Kabbalah:
Curso de Kabbalah Hermética no Eadeptus

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Respostas de 12

  1. Marcelo, obrigado por mais uma análise.

    Em O Despertar da Força, embora seja o primeiro da nova saga, temos muitos elementos semelhantes com a trilogia clássica, sendo alguns bem óbvios como Kylo Ren ser o “novo Vader” , Rey ser o “novo Luke”, Luke se torna Yoda etc.

    O ponto que me gera curiosidade é que Han Solo se torna o novo Obi Wan, no sentido de que, ao menos em termos de narrativa, ele representa o Mentor, concorda? Na análise[*] que vc fez em 2011 sobre a trilogia clássica, vc colocou Obi Wan como Hochma/Expansão em contraposição a Darth Vader como Binah/Restrição.

    Dado o papel de destaque de Han Solo tem no novo filme, qual você acha que seria sua representação cabalística?

    Valeu

    [*] http://www.sedentario.org/colunas/teoria-da-conspiracao/star-wars-e-a-kabbalah-40435

  2. Ainda sobre a Jornada, a nossa heroína recusa o chamado na primeira tentativa, mas o chamado para a aventura a obriga a embarcar, quando as tropas imperiais acham os heróis em Jakku.

    @MDD – perfeito!

    1. A recusa do chamado fica ainda mais clara na sequência da conversa com Maz Kanata, onde a heroina recusa o sabre de luz (e tudo o que ele representa).
      Também fiquei em dúvida sobre o papel da figura do Mentor nesse filme. Ora é Han Solo, ora é Maz. Aliás, o papel de Solo é muito interessante…ele catalisa muitas transformações, tem esse quê de professor e ainda mantém muito de geburah.

      1. E a máxima “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece” foi lindamente trabalhada nesse episódio VII. Filmaço! 😉

  3. Ainda acho que a Força é Kether, mas vendo a árvore, posso estar vendo coisas, mas não acho que Kaylo seja Daath, talvez no filme sim, na saga não. Imagino, entre várias teorias, o retorno de Kaylo à Luz e finalmente se casando com Rey,

  4. O Han “morre” do mesmo modo que o Obi Wan… as semelhanças com Chockmah são boas.
    E é o Han que tira eles do perigo, que leva para um bar estranho…
    A luta para cruzar o abismo…
    Bastante semelhante ao ep.4.
    Muito bom.

  5. Curiosamente o filme estreou com com Sol em Sagitário e Lua em Peixes. Elementos essenciais para uma boa religião, rs.

  6. E ainda teve uma parte análoga a espada do Rei Arthur, quando o Sabre cai na neve, e o Kylo Ren tenta trazer a “espada” com a força e ela só atende ao chamado da Heroina, no caso, Rey, o que casa com a Jornada do Herói que ela está vivendo nesse momento e onde ela, de fato, encontra com a sua verdadeira vontade. Tanto a cena da luta no gelo e da Maz Kanata após as “visões” dela são chave pra entender isso. Uma cena complementa a outra!

  7. Parabéns pelo texto e pela análise.
    Lendo as outras matérias que foram pUblicadas aqui no site sobre os Jedis e o Taoísmo me surgiu uma dúvida: existe alguma religião e/ou prática ocultista que tenha servido como inspiração para a filosofia dos Sith?

  8. A análise está perfeita, kabalisticamente está ok, mas no tocante ao roteiro acho que a Disney poderia ter sido mais honesta e lançado esse filme como o que ele de fato é, um remake da trilogia clássica. Está tudo lá, começa igual, se desenvolve igual e termina igual, só mudaram o nome dos personagens e dos planetas. Visual legal, efeitos legais e roteiro repetido. A Disney tem potencial para muito mais e não explorou esse potencial.

    1. George Lucas contou uma bela estória. E a trilogia original nunca será superada ou sequer igualada. Foi um momento único para aquela geração, e que ainda repercute profundamente hoje. Joseph Campbell e George Lucas fizeram história. A Disney comprou a LucasArts para fazer dinheiro. O filme é bom, mas é claramente um filme de estúdio. Feito com o objetivo de revitalizar a saga e amealhar novos fãs (neste caso, consumidores). Os arquétipos estão lá. Tudo foi elaborado com esmero. Missão cumprida.

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