Dentre outros assuntos, são abordados: o Caminho da Mão Direita e o Caminho da Mão Esquerda (e onde a MC cabe no meio disso tudo? Isso tem mesmo “cabimento”?). Magia antiga, moderna, pós-moderna e contemporânea. Magia, ciência e religião. Será que a matéria é mesmo inferior à mente ou ao espírito? Por que alguns magistas buscam efeitos materiais na magia e outros se focam na busca espiritual? E o que o neoplatonismo tem a ver com isso? Será que hierarquias são úteis? O que é o Slow Chaos? E o que a biologia tem a nos dizer sobre o suposto sentido da vida? Como disse Peter Carroll recentemente: “Precisamos talvez pensar como biólogos do que como físicos quando se trata de sistemas complexos”. Curiosa essa tendência de aplicar a Teoria da Evolução de Darwin para tudo; como se a ciência estivesse realmente evoluindo ou o espírito evoluísse cada vez mais. Que tal valorizar cada teoria e etapa dentro de seu modelo em vez de apenas dividi-las em “verdadeira” e “falsa”? Afinal, Lamarck não estava realmente errado, como nos mostra as atuais teorias sobre epigenética.
Não tive nem de longe a intenção de esgotar os assuntos quentes de magia ou de fornecer respostas definitivas. No entanto, após essa leitura espero que você possa se divertir com reflexões diversas, como essa: por que a Magia do Caos surgiu, qual foi a sua importância nos anos 70 e por que ela continua relevante até hoje. A intenção do caoísmo não é provar que está certo e nem mesmo questionar definitivamente se existe uma verdade, mas mostrar a utilidade de trabalhar olhando para a realidade com modelos e hipóteses, semelhante à abordagem do método científico. Ao mesmo tempo sugerindo que nem mesmo o método científico, popular em nossa época e com um status quase divino, é livre de falhas. Ele foi criado por Descartes alguns séculos atrás com base na lógica e na matemática, que também seriam meramente invenções humanas; sistematizações grosseiras de algo que supomos perfeito e regulado, pois é realmente decepcionante descobrir que o código genético parece menos engenhoso (e com repetições desnecessárias) do que códigos intrincados criados pela matemática. Até nos darmos conta que algumas repetições de códigos para aminoácidos podem ser úteis para evitar mutações danosas… ou podem estar lá como um apêndice que não serve mais! O pensamento de que algo pode estar ali simplesmente aleatoriamente nos dá uma grande agonia, já que nossa mente tem a mania de buscar sentidos ou padrões, como se só aquilo que se encaixa possuísse beleza ou verdade.
É importante lembrar que somos produto do tempo em que vivemos. Muitos acham hoje que uma magia “real” deve ter efeitos práticos mensuráveis e que depois da morte não há nada; só a matéria seria real. Contudo, esses pensamentos são somente um reflexo das visões dominantes de hoje (sejam elas capitalismo, materialismo ou qualquer outra que fique na moda). Então logo surge uma visão de reação a essa afirmando que o foco deve ser o espírito, que há uma verdade “maior”. É o nosso desejo por hierarquia: algo sempre tem que ser maior ou melhor. Por que as diferentes visões não podem ser conciliadas e coexistir? Até mesmo a visão de que as coisas não podem ser conciliadas pode ser conciliada (por mais paradoxal que pareça), se considerarmos que ela é verdadeira, mas somente dentro de seu respectivo paradigma. A princípio, uma solução mais pragmática do que lógica. E por que não? Ser escravo do pensamento só é engraçado quando a bola rola e o jogo continua.
Que esses parágrafos fiquem como uma prévia do livro “O Caos dos Iluminados”. É uma obra pouco ambiciosa, um material curto, que não clama um direito de estar certa, mas somente de falar e existir, mesmo que por um breve instante. Talvez seja meramente um desejo de formar um replicador mais eficaz que os genes (os memes de Dawkins), mas achamos que nem mesmo isso é necessário e que mais divertido que espalhar um replicador de longa vida é cuspir uma piada ruim que não faz sentido, não se encaixa, logo se apaga e é esquecida. Afinal, também não há beleza nisso? Na falta de beleza e de sentido.
CAOS. Por favor, só mais uma segunda taça.
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“É importante lembrar que somos produto do tempo em que vivemos. Muitos acham hoje que uma magia “real” deve ter efeitos práticos mensuráveis e que depois da morte não há nada; só a matéria seria real. Contudo, esses pensamentos são somente um reflexo das visões dominantes de hoje (sejam elas capitalismo, materialismo ou qualquer outra que fique na moda). Então logo surge uma visão de reação a essa afirmando que o foco deve ser o espírito, que há uma verdade “maior”. É o nosso desejo por hierarquia: algo sempre tem que ser maior ou melhor. Por que as diferentes visões não podem ser conciliadas e coexistir? ”
Wanju, faz algum tempo que acompanho teus escritos e isso é uma das coisas que mais admiro na tua linha de pensamento: tens a capacidade de associar de maneira lógica coisas quem em geral são pontos de discórdia entre espiritualistas.Existem correntes que desprezam a matéria e seus efeitos e poderes, pregando uma entrega plena às meditações, ao uso de enteógenos ou apenas ao desenvolvimento da mediunidade através de incorporações ou trabalho desinteressado em centros espíritas, como se não fosse possível existir crescimento espiritual através de outros meios.Em contraponto temos os seguidores de Dawkins e ateístas de internet, incapazes de realizar que a simples existência de um sistema biológico tão complexo quanto o nosso planeta e seus habitantes é algo divino (num sentido de divino que eles em geral também não compreendem: quando se fala em divindade a maioria invariavelmente pensa no conceito judaico-cristão de divino, e não em uma Inteligência-Universo).Assim sendo, considero de grande importância que alguém venha tocar neste delicado ponto da coexistência dos estados naturais do homem (físico e espiritual) através de um tema tão fascinante como o caoísmo.Obrigada pelo teu empenho e parabéns pelo trabalho.
P.S. Quando poderemos contar com uma palestra tua em Porto Alegre?Seria muito enriquecedor.
@Wanju – Muito obrigada, Krameria! A expressão “coexistência dos estados naturais do homem” resume bem isso. Acredito que este deva ser um dos focos: a reconciliação de diferentes pontos de vista. Para atingir isso, muitas reflexões lógicas podem ser negociadas. Nesse sentido, o caoísmo é bem pragmático. Sobre a palestra, seria uma boa ideia. Uma coisa que penso para o futuro é pelo menos organizar um lançamento de um livro meu em Porto Alegre, talvez do próximo livro de MC que eu escrever. Abraço!
Eu precisei voltar a este post.Começo a ler seu livro e dou de cara com a frase ” Ele apenas escolheu tornar sua vida comum mágica e sua vida mágica comum.” Nunca ninguém traduziu com tanta precisão a forma como me sinto sobre a magia.Gracias, Wanju!
@Wanju – O prazer é meu!
Ola, muito boa leitura, achei interessante ter uma nova visão da magia. Porem nunca li muita coisa a respeito da MC e fiquei com certas duvidas que talvez vc ou alguem poderia me responder.
Como fica a relação dos rituais criativos com as egrégoras? Ja que poderia ser utilizado qualquer simbolo.
Ao meu ver, a magia e os rituais da MC parecem agir puramente no psicológico seria correto essa afirmação ou teria alguma influencia com o plano espiritual ou seres extra terrenos?
se sim, poderia haver algum perigo com alguma intenção ou evocação?
Obrigado
@Wanju – Obrigada, Bruno! Na magia do caos pode-se criar novas egrégoras, pois servidores, Deuses e outras entidades nascem e morrem continuamente. Tais entidades novas inclusive podem interagir com outras mais antigas. Existem diferentes teorias sobre a atuação da magia. Independente de a magia usada ser ao estilo caoísta ou tradicional, quem usa o modelo psicológico afirma que toda magia é apenas psicológica. Essa afirmação pode ser verdadeira, porém apenas dentro do modelo psicológico. Se você optar por adotar o modelo dos espíritos, os servidores criados pela magia do caos são entidades reais, podem se manifestar no plano físico e podem se separar do “eu” do magista. Então é verdadeiro dizer que os seres criados e evocados na MC são reais e não apenas psicológicos, mas isso está correto somente sob o modelo dos espíritos.
Teorias da magia são apenas hipóteses sobre o que realmente acontece quando se mexe em diferentes áreas mágicas (seja feitiços, evocações, divinações, etc). Pode-se baseá-las na lógica, na experiência dos sentidos, nas experiências de alteração profunda de consciência, etc. A princípio, ninguém sabe o que realmente acontece. Até mesmo a ciência só opera usando modelos.
Dessa perspectiva, a magia do caos pode ser tão poderosa e real quanto a magia tradicional. Uma não é melhor que a outra. Elas apenas usam teorias e práticas ligeiramente diferentes e são fortes e fracas em pontos diferentes. Inclusive é possível combiná-las com sucesso.
Sobre perigos, um dos maiores “perigos” da MC pode ser: “O quão longe pode ir sua imaginação?”, o que não deixa de ser um perigo empolgante. A dica é começar com calma e ter bom senso. E depois, abraçar um tipo bem especial de liberdade (se o magista aceitar essa liberdade para si).
Show!
Parabéns Jú!
Esse livro vai facilitar muito a vida dos iniciantes em MC no Brasil!
Será leitura obrigatória dos incautos da próxima edição de ‘Caos, o Jogo’!
@Wanju – Valeu!! 😉
Parabéns pelo livro!!! Muito bom! Está marcando meu retorno à Magia do Caos (MC)… Estive muito afastado da MC, estudando e praticando a Magia Tradicional, agora estou iniciando uma nova visão da mesmas, vendo as vantagens e desvantagens das duas abordagens. Fico divido entre a criatividade – e a flexibilidade – e as práticas já testadas e estabelecidas pelo tempo e tradição.
Começei pela MC e depois, apesar de ainda tê-la como base, quase a descartei por compreender que a ela estava mais ligada a manifestações físicas – “exteriores” – e negava a busca espiritual – “niilismo negativo”. Agora, pela leitura do livro, tive outra perspectiva e vi que na MC tem mais espaço para os “interiores” – alterações da mente/psiquê e a Espiritualidade – do que eu pensava, o que me animou, já que tenho preferência, para o Modelo Psicológico e a Busca, em Magia.
Gostei muito também da visão de equilibrar outro par de opostos – Teoria e Prática -, pois gosto muito de Teoria e de ler, mas sem a prática só podemos ter um conhecimento parcial e intelectual e não integral e visceral/vivencial, além de que com a Teoria temos as hipóteses, mas sem a prática não podemos testá-las.
@Wanju – Obrigada, Magick! De fato, há espaço para muitas coisas na MC, principalmente para montarmos nosso próprio sistema com nossa visão do que seria uma boa teoria e prática para a magia. E não é preciso optar por caoísmo ou magia tradicional, já que ambos podem enriquecer muito, especialmente combinados. Bem-vindo de volta à Magia do Caos!
Wanju, no livro você diz: “Teoria e prática não são mutuamente exclusivas. Na verdade, há vários momentos em que elas se confundem, como no caso do que eu chamo de “magia literária” (a habilidade de alterar o estado de consciência lendo histórias e direcionar o sentimento para um objetivo mágico específico).” – onde posso conseguir mais informação sobre esse tipo de magia?
@Wanju – Eu já escrevi um livreto chamado “Grimório da Eloquência” a respeito. Ele é parte do Grimório dos Gênios, que por sua vez é uma junção dos grimórios usados num livro de fantasia que escrevi, o “Fábula dos Gênios”. Nesse livro há os magos literatos, que leem trechos de livros e despertam magia através deles. Acho que em outro livro meu, o “Salve o Senhor no Caos” também há uma cena que mostra brevemente como se usa. Ainda não escrevi instruções detalhadas de como usar esse estilo de magia, embora eu dê dicas sobre isso em alguns livros meus. Mas consiste basicamente em ler uma frase ou parágrafo de uma história (alterando ligeiramente o estado de consciência ou não) e direcionar a emoção gerada para um objetivo mágico; quase como lançar um sigilo com uma mensagem codificada no trecho de uma história.
Excelente leitura! Muito divertido e elucidativo!
Oi Wanju!
Eu adoro vir ler nos comentários as suas longas, dedicadas e didáticas respostas 🙂
Wanju, eu tenho uma dúvida sobre os servidores, deuses, entidades.
Adotando o modelo externo/real e, portanto, não psicológico, onde esses seres são separados de nós, fico com as dúvidas: são “seres” mesmo? São como uma máquina/programa ou possuem anseios próprios e auto-consciência? Eu sei que, se analisado pelo prisma correto, nós somos totalmente passíveis de sermos vistos como meras máquinas (seja em um ou vários níveis – biológico/material e/ou mais sutil) e imbuídos de desejos que foram plantados em nós por algo ou alguém antecessor – seja dos pais, de espritus, da publicidade ou do Criador, mas tendo essas questões em mente para mim se faz necessário um maior delineamento sobre essas entidades, quer aproximando-as da gente, quer afastando-as. Ao contrário da gente (adotando paradigmas reencarnatorios espiritualistas em geral) esses seres, quando morrem, nunca mais existem? Se temos várias camadas de ser, até chegar ao indivisível sublime que Uno com tudo (kether), esses seres são também providos desses vários corpos/níveis de consciência? Sobre essa última talvez sim, pois é o que faz sentido se Deus está em tudo e é tudo, até mesma uma pedra. Mas enfim, são questões que eu agradeceria se você pudesse ajudar. Obrigado!
@Wanju – Olá! Ótimas dúvidas. Novamente, depende do paradigma que você escolhe adotar. Você pode optar por um paradigma “servidor-máquina” ou por “servidor auto-consciente”. É você quem constroi o servidor, portanto você que determina se ele será apenas uma máquina sem vontades, se será um ser totalmente separado de você, se irá desaparecer quando sua magia terminar, se só irá sumir depois da sua morte ou se mesmo após você morrer ele continuará vivo. Cada uma dessas opções tem vantagens e desvantagens e servem a propósitos diferentes. Note que aqui estou adotando uma visão apenas pragmática: um servidor como uma entidade gerada por nós que a nós irá servir. Mas pode ser que o magista opte por ter sentimentos em relação a seu servidor, queira dar-lhe recompensas e deixá-lo vivo por mais tempo. O servidor, como ser consciente e separado do magista, pode até se alimentar sozinho ou evoluir para outras formas de vida.
Digamos que essa visão que apresentei aqui é particularmente heterodoxa. Numa visão mais ortodoxa da magia, tudo já tem seu devido lugar no universo, cada pessoa e entidade se encontra num nível específico de consciência e evolução espiritual que pode ser encaixado na Árvore da Vida. Claro, os magistas tradicionais sabem que isso é uma convenção, mas esse é um modelo que funciona bem. A diferença é que na Magia do Caos nós não rejeitamos o que é dito na cabala, na astrologia, etc. Nós apenas optamos por realizar outras interpretações, observar a realidade por outros pontos de vista e modelos. Ninguém sabe o que realmente acontece, qual é realmente a Verdade por trás de todos os modelos. Dois modelos diferentes podem ambos funcionar, sem precisar ser uma representação exata do que ocorre.
O caoísmo costuma ser bem pragmático. Servidores funcionam, nas suas mais variadas formas, então são usados e criados nessas incontáveis possibilidades, contanto que gerem o efeito desejado. Se eles são apenas entidades mentais ou se existem fora da mente, trata-se de uma questão de natureza ontológica e, como questão filosófica, não pode ser corroborada por um método científico ou provada pela matemática. Eu até mesmo ousaria dizer que mesmo se fosse possível provar que servidores não existem, ainda assim eles poderiam continuar a ser usados. O modelo de “servidores que existem fora de nossa mente” pode ser usado contanto que continue a produzir resultados. Sabemos que a Árvore da Vida é apenas um modelo, mas continua a ser usada porque seu estudo gera resultados positivos. Continuamos a jogar video-game para diversão mesmo sabendo que os personagens são falsos, pois a finalidade é a diversão. Pode ser que no momento da emoção de um jogo nós coloquemos um pouco de vida ou de nossa alma/espírito nos personagens, mesmo que inconscientemente. Pode ser que isso ocorra na energização dos servidores também, e todos esses seres adquiram uma espécie de vida.
Um magista pode argumentar: “Não, servidores são apenas inventados, imaginários, já fiz vários rituais, realizei várias magias, contatei inteligências superiores que me revelaram tal e tal coisa”. Bem, um magista pode repetir uma experiência várias vezes e tirar a conclusão que os servidores não existem. Mas isso seria um método que seguiria quase o passo a passo do método científico (repetir os resultados, verificar, etc, até corroborá-los). Porém, não é a forma absoluta de se obter uma prova. Em algumas escolas de filosofia o pensamento racional pode ter mais peso que o empirismo. Sendo assim, bolar um bom argumento que sugira a existência de outros mundos, unicórnios e dragões (como o realismo modal de Lewis) pode ser tão válido quanto a experiência de qualquer magista. Nem os sentidos físicos e nem a razão estão desprovidos de falhas. E num mundo em que “nada é verdadeiro” (ou seja, em que não podemos determinar ao certo o que é a Verdade), “tudo é permitido” (ou seja, até magias não convencionais baseadas em práticas e argumentos aparentemente absurdos que desafiam as convenções, como um koan budista, são válidas).
Não sei se compliquei mais ainda, mas espero que pelo menos algumas dessas questões ajudem como reflexão, hehe.
É, acho que eu quero saber demais mesmo. Como você disse, ninguém, praticamente, sabe essas coisas. Eu entendi o lance pragmático da MC, mas eu insisto em que a realidade tem objetividade, de forma oculta para as pessoas, por exemplo em detalhes que elas não pensaram, a natureza completa seguindo certas leis. Mas então fico com a resposta de que tudo é possível. No entanto, com exceção de magistas e magistas do caos, as pessoas não criam tão detalhadamente os servidores, e fico pensando em como são/o que são os deuses das massas, nossa senhora, jesus… criados e mantidos por tanta gente… e será que há criações de zilhões de nossas senhoras e ‘jesuises’, ou vai tudo via o mesmo canal para uma entidade apenas? Que canal é esse? Talvez eu esteja com um olhar “científico” demais para essas coisas, mas antes de bolar minhas próprias teorias queria saber o que se passa lá fora, nas realidades pré-criadas, que vão competir com a minha, e sabendo dela posso estruturar melhor a minha (como eu disse em outro comentário, o mundo está aí sendo criado a muito tempo e estamos no meio dessas criações cristalizadas, portanto, algo existe, há objetividades – nem que sejam apenas para escorar uma vontade mais fraca que ainda não consegue criar seu próprio mundo, e, na verdade, acha este super interessante e quer investigá-lo por gostar da criação pré-existente).
@Wanju – Tem uma frase do físico John Gribbin, que achei no livro do Robert Anton Wilson: ‘Nada é real, tudo é real’, como Gribbin afirma. Ou seja, em seu modelo, nada é absolutamente real no sentido filosófico, e tudo é realidade experienciada para aqueles que acreditam nisso e fazem a seleção em suas apostas de percepção”
Até onde eu sei, a MC não afirma que “tudo é possível” e eu também não defendo isso. O que eu geralmente digo é “muitas coisas são possíveis, muitos modelos são possíveis de se usar além daqueles que estamos acostumados”. Não estou afirmando que não exista uma realidade objetiva além da nossa percepção. O que eu digo é que é possível trabalhar dentro de muitos paradigmas, de muitas percepções da realidade.
Praticamente qualquer coisa que a gente afirme em palavras (palavras são limitadas e nunca expressam de forma absoluta a verdade) é apenas um modelo, uma interpretação. É claro que alguns modelos podem se aproximar mais do que seria a realidade e uns podem ser mais úteis que outros.
Pode ser que Jesus, os Deuses, etc, não sejam criados pelos humanos, mas que existam objetivamente, com uma criação anterior a nós. Até porque a mente humana e a vontade humana provavelmente não é tudo que existe no universo.
No entanto, há filósofos que afirmam que não existe uma realidade objetiva e que a matéria é apenas ilusão da mente, como afirma Berkeley. Porém, até Berkeley afirma que tudo não desaparece instantaneamente porque existe Deus que está sempre observando tudo, mesmo quando não há ninguém olhando.
Eu costumo interpretar a realidade mais de um ponto de vista das teorias filosóficas do que pelo método científico, pois esse método geralmente considera que há apenas corpo e mente, e não espírito. Do meu ponto de vista, isso pode acarretar numa limitação das teorias, já que o modelo materialista é apenas um de muitos modelos.
Pode ser que a realidade tenha objetividade e a natureza completa siga certas leis. No entanto, pode ser que tal realidade e essas leis jamais sejam completamente acessíveis aos humanos. Se for assim, alguns afirmam que a existência de leis absolutas seriam irrelevantes se não podemos percebê-las, pois “só existe o que é percebido”. Outros podem argumentar que a realidade e as leis são criações mentais que estão sempre se moldando, que não vivemos num universo estático e com leis estáticas, mas dinâmico. Os físicos estão propondo muitas teorias “estranhas” nessas últimas décadas.
A questão é que existem muitas interpretações possíveis da realidade, que podem ter um sentido lógico. Outras interpretações nossas são apenas crenças úteis que funcionam bem para confirmar visões que são confortáveis ou fazem sentido para nós de um ponto de vista emotivo/pragmático, enfim.
Há muitas opções possíveis e o que eu gosto na filosofia é que nenhuma visão de um filósofo nunca é refutada e diferentes visões diferentes podem coexistir mesmo que pareçam contraditórias. Diferente do método científico em que teorias são substituídas eventualmente por outras mais úteis.
Isso me lembra MAGO: A Ascensão, em um trecho:
“The absolute truth is that there is no absolute truth.”
– Book of Mirrors: The Mage: Ascension’s Storytellers Guide*
*Tradução:
“A verdade absoluta é/está que não existe verdade absoluta.”
– Book of Mirros: The Mage: Ascension’s Storytellers Guide
Nota: “Livros de/dos Espelhos: Um Guia do Narrador de Mago: A Ascensão” (nome original: “Book of Mirrors: The Mage: Ascension’s Storytellers Guide”)
Que podemos modificar por “A Verdade objetiva é/está que não existe verdade objetiva”, ou mesmo “A realidade absoluta é/está que não existe verdade objetiva” – ou, até “A realidade objetiva é/está que não existe verdade absoluta”.
Lembro também de:
“The opposite of a trivial truth, is false; the opposite of a great truth is also truth.”
– Niels Bohr*
*Tradução:
“O oposto de uma verdade trivial, é falso; o oposto de um grande verdade é/está outra verdade”
Acho que encontrei a frase acima em alguma parte de algum livro de MAGO: A Ascensão ou de Robert Anton Wilson.
@Wanju – Nossa, que legal!! Obrigada por compartilhar!
Wanju, como posso ter acesso ao seu livro?
Possui versão impressa ou digital na Amazon?
@Wanju – Eu ainda estou em processo de recolocar meus livros na internet. Por enquanto, posso te enviar o PDF por e-mail (julianawduarte@gmail.com) ou se preferir a versão impressa me avisa que eu recoloco no Clube de Autores.
Oi Wanju,
Me parece que este link do 4Shared já eras..
Se incomodaria de enviar para mim por e-mail, não querendo abusar muito de vossa boa vontade? rs Como faço? Te envio e-mail pedindo?
Thanks