O Anel de Giges e o Anel de Sauron

Uma possível fonte de inspiração para história do livro de J. R. R. Tolkien O Hobbit (praticamente um prelúdio para a trilogia de O Senhor dos Anéis) pode ter sido Platão, no livro A República (Cap. II), onde Glauco tenta convencer Sócrates de que a injustiça é melhor que a justiça, com a história do Anel de Giges:

É a história de um anel mágico, que um pastor encontra por acaso. Basta virar a pedra do anel para dentro da palma para se tornar totalmente invisível, e virá-la para fora para ficar novamente visível. Giges, que antes era tido como um homem honesto, não foi capaz de resistir às tentações a que esse anel o submetia: aproveitou seus poderes mágicos para entrar no palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder, exercê-lo em seu único e exclusivo benefício. Quem conta a história (Glauco) conclui que o bom e o mau, ou os assim considerados, só se distinguem pela prudência ou pela hipocrisia, em outras palavras, pela importância desigual que dão ao olhar alheio ou por sua habilidade maior ou menor para se esconder… Se ambos possuíssem o anel de Giges, nada mais os distinguiria: “ambos tenderiam para o mesmo fim”. Isso equivale a sugerir que a moral não passa de uma ilusão, de uma mentira, de um medo maquiado de virtude. Bastaria poder ficar invisível para que toda proibição sumisse e que, para cada um, não houvesse mais que a busca do seu prazer ou do seu interesse egoístas.

Interessante como Tolkien usa a mesma premissa, mas botando a “culpa” do mal no anel, e não só no portador do anel (embora Gandalf sugira que o anel não pode criar o mal em quem não tem o mal no coração).

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Respostas de 3

  1. Eu diria o seguinte: O PODER CORROMPE….

    Olha o Brasil, é um grande exemplo…quanto mais poder, mais tirania…é a tendência natural…

    1. Tendo a acreditar mais na “versão do Gandalf” o poder revela. A pessoa já era corrupta antes, faltava-lhe a oportunidade ou os meios para praticar a corrupção

  2. Muito bem sacado, Acid0. Realmente, Tolkien atribui a culpa ao anel, que é responsabilizado pela alteração da conduta de seus usuários, enquanto Platão atribui esta alteração á própria pessoa que adquire os poderes do anel. Acredito que esta diferença de enfoque esteja na formação católica de Tolkien. Belo texto.

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