Há indícios de que desde a pré-história o homem já produzia música. O vento nos galhos das árvores, o ribombar do oceano contra os rochedos, o som da chuva, o crepitar do fogo criado por um raio, o canto dos pássaros e o rugir de animais são alguns dos “instrumentos” que inspiraram o homem primitivo a desenvolver seus próprios meios de produzir música.
Com a percepção dos seus efeitos poderosos, integraram a música a rituais religiosos e de magia, e esta tornou-se a linguagem mágica para a invocação às divindades. Os xamãs, por exemplo, usam uma batida constante de tambor para induzir transe, e um tambor pode ser utilizado para controlar o ritmo de uma dança mágica (vide a utilidade mágica do atabaque na Umbanda).
A terminação ike indica que uma coisa está relacionada a outra por semelhança, ou que tem dependência ou uma emanação dela. Possui ligação com a palavra celta aik, que significa igual, e que vem da raiz egípcia e hebraica ach, símbolo de identidade, igualdade e fraternidade. Normalmente traduzida por “irmão“, no hebraico Ach é composta por duas letras, o Aleph e o Kaph.
Aqui tem início a minha grande viagem, na Kabbalah, estas letras representam o caminho 11 e o caminho 21, respectivamente. O 11º caminho é o da Inteligência Cintilante, é a vitória sobre os véus da ilusão que se desfazem pelo poder da Luz emanado de Kether. Tem como título “O Espírito Santo”, o que explica a visão de alguns autores quando dizem que a Música é uma graça divina dada pelo Espírito, vinda do céu para a Terra.
O caminho 21 é o da Inteligência Conciliatória e da Recompensa. A trajetória deste caminho se realiza por intermédio do misticismo da natureza e das artes, considerados em seus mais puros e mais elevados aspectos, fundados em uma fé natural cuja inspiração vem da beleza e harmonia do Logos refletidos no Universo.
Neste caso, instrumentos musicais, como tambores, chocalhos, baquetas, e pandeiros representam o elemento Terra. Flautas, clarinetes, oboés, trompas, ficam com o elemento Ar. Violinos, violões, liras, harpas e outros instrumentos de corda representam o elemento Fogo. Por fim, instrumentos de percussão (normalmente fabricados de metal) como sinos, címbalos, triângulos, gongos, carrilhões e pratos (cymbal) estão associados ao elemento Água.
Nessa altura, nem preciso dizer que compositor/maestro = mago, aquele que domina a linguagem dos deuses através dos quatro elementos.
Platão nos ensina que: “A música é um meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm a sua sede na alma. Ela enriquece esta última, confere-lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação.”
Próximo post: A origem das notas musicais, melodia, harmonia e ritmo.
A Música e a Ciência se encontram – Leinig, C. E.
Música explicada como Ciência e Arte – Olivet, A. F.
Wikipedia de Ocultismo
Respostas de 8
Muito interessante a etimologia e as correlações instrumentais com os quatro elementos. Texto muito esclarecedor…
Na minha modesta experiência:
terra – tambores, relacionados ao Ritmo –
fogo – pratos, bateria, pandeiros, chocalhos, relacionados ao Ritmo/Harmonia –
água – piano, violino, relacionados à Harmonia/Melodia
ar – voz, flauta, sopros, relacionados à Melodia
sombra – pausa, silêncio.
e pensando sobre o que é o Ritmo, a Harmonia e a Melodia na música e associando-os com o que é cada elemento, temos uma outra forma de conceituar a Música e a nós mesmos…
Lembrando que :
? sou música, sou instrumento
e também o compositor.
Criador e criatura,
unidos na força do Amor?
Claro que nada disso é estático.
@FDA – Legal você compartilhar esta experiência. As relações que escrevi no texto foram inspiradas em algumas leituras e audições de algumas obras, onde percebe-se um certo padrão na utilização destes instrumentos quando determinado compositor tenta expressar estas “sensações” (terra, fogo, água, ar) seja em obras “clássicas” ou trilhas sonoras. Mas como você mesmo disse, nada disso é estático, nenhuma lei escrita na pedra, abraços.
Amo música e sou músico autodidata desde os 11 anos de idade. Eu percebi ao longo desses anos que não só na minha vida, mas na vida de todo mundo, a música já teve e tem papéis cruciais. Cito aqui uma experiencia que tive certa vez, em tomar uma decisão muito importante, mas eu tinha muito medo. Uma música me fez conseguir ir em frente e tomar essa decisão que mudou minha vida. Eu sou um amante das artes, mas a música é sem sombra de dúvidas a que mais toca a nossa alma. Uma música pode mover uma nação, pode matar uma pessoa e também pode salva-la, pode aumentar nossa criatividade, etc… Enfim, música é a linguagem dos deuses, realmente. Parabéns pelos artigos, são excelentes! E muito obrigado por compartilhar conosco!
@FDA – Certa vez me ocorreu algo parecido, sem falar nas vezes em que o tio Bach e o tio Mozart me livraram de algumas depressões… valeu por dividir sua experiência!
[b]Muito bom[/b]
A melhor coisa é que você publicou isso bem a tempo de eu poder incluir (como link) na série sobre Odin no meu blog, quando citei também o Alan Moore e as origens da magia e da arte 🙂
@FDA – Sincronicidade, será? 😉 além dessa, que só fiquei sabendo agora, teu post anterior (um dia antes!) fala sobre Etimologia, que é justamente o tema inicial deste post… Como sempre, um belo texto Raph!
Leiam, porque vale a pena, principalmente pra quem é fã de “A Guerra dos Tronos” (George R.R. Martin) aliás, tem uma bela música no final>> Os corvos de Wotan, parte 4
Parei de tentar entender os mistérios que estão enraizado na música, como ela nos fascina, hipnotiza, manipula, liberta e nos aprisiona. Hoje, só aprecio intensamente e mais nada !
Excelente post.
http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=Eo1KHr-b-CA
Dvorak – Symphony no. 9, 4. Allegro con fuoco
nossa como agente pode viver uma coisa e nunca notar?!,sempre usei a musica para mudar meu humor mas nunca pensei nela como uma conotação magistica , muito bom mesmo.
A música é a arte que mais aproxima o homem de Deus.