Música, Fibonacci e o Diabo


por Adriano C. Monteiro
Um dos meios para expandir a consciência e modificar e transformar o indivíduo em seu aspecto psicomental e espiritual é a música. Na prática da Magia e da Filosofia a música tem sido utilizada de diversas maneiras, e na Via Draconiana ela é especialmente importante em seus aspectos mais ocultos.

A música sempre esteve presente em todas as culturas e épocas do mundo e foi se desenvolvendo ao longo do tempo, sendo usada para diversas finalidades. Os antigos povos de quase todos os lugares pensavam que a música fosse um presente dos deuses, e, especialmente para os gregos, um presente das deusas: as musas, e mais especificamente a musa Euterpe.
Agora, se a musa da música é quem estruturou todos os elementos musicais, ninguém sabe ao certo… Mas como se sabe, a música é caracterizada basicamente pelos seguintes elementos: melodia, harmonia e ritmo. Melodia pode ser definida como uma sequência de notas dentro de uma escala, uma após a outra (são os solos instrumentais e as linhas vocais ou instrumentais); harmonia é a combinação de notas que são vibradas simultaneamente; e ritmo é marcação do tempo e o que faz a melodia e a harmonia fluírem. Além desses, a boa música ainda apresenta dinâmica (volume e intensidade dos sons), timbres, etc. Para que uma música possa ser diferente da outra, esses elementos característicos devem ser compostos e arranjados de modos diferentes e com o feeling e a “pegada” pessoal de cada músico/compositor/instrumentista. E essas características e elementos apresentam certa variedade: diversos modos/tonalidades de escalas) que são a base para as harmonias (acordes de diferentes tipos); e diversos modos rítmicos.
E o que Fibonacci tem a ver com isso? Bom, toda essa variedade dentro da música, que existe essencialmente na matemática, está relacionada à sequência numérica de Fibonacci, que também está relacionada a diversas áreas do conhecimento. Fibonacci, ou Leonardo de Pisa, foi um matemático italiano da Idade Média (1170-1240) que descobriu uma sequência numérica em que o número seguinte é sempre a soma dos dois anteriores, assim: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8… Na música, essa sequência está presente nos intervalos musicais, ou seja, na relação entre duas notas, formando as escalas que são a base para as melodias e para os acordes (harmonia). Esses intervalos procedem em graus a partir da primeira nota ou tônica. Por exemplo, a escala básica e simples é formada por intervalos de terça (3º grau), quinta (5º grau) e oitava (8ºgrau) a partir da tônica (1º grau), ou seja, a sequência Fibonacci: 3, 5, 8. Essa sequência na escala natural, de tonalidade dó maior (ou C, em notação cifrada), apresentará, então, as notas mi (3º grau), sol (5º grau) e dó (8º grau) a partir da tônica dó (1º grau) – em cifras, E, G e C, respectivamente.
Entretanto, há outros números na série Fibonacci, antes e depois dos números 3 e 8. O número zero obviamente “expressa” pausa (ou silêncio), usada na música; o número 1 é a tônica; o outro número 1 é o uníssono, quer dizer, dó e dó, de mesmo grau e altura (ou frequência). Os números depois de 8 apresentam outros intervalos com notas da escala natural (no caso de dó maior) que entram na formação de outros acordes dessa tonalidade, repetindo as notas em oitavas, infinitamente. Quando se tratar de outras 2 tonalidades/escalas, os mesmos intervalos são transpostos para a tonalidade em questão, mantendo-se a série Fibonacci inalterada.
Mas as músicas compostas com a escala natural (dó maior) e suas transposições para outras tonalidades que sempre estarão nos intervalos correspondentes à série Fibonacci em geral são bastante consonantes, “agradáveis”, estáveis em sua vibração, como a grande parte das composições musicais fáceis de digerir pela maioria das pessoas. Músicas ou meros sons consonantes são literalmente harmônicos, segundo o conceito geral e
senso comum predominante. Refletem a harmonia comum e “perfeição” do mundo como ele deveria se manifestar para a grande maioria dos seres humanos e segundo o que esses humanos pensam sobre o que é harmonia.
Os sons consonantes expressam, de modo geral, a harmonia universal segundo os padrões rígidos de estética, beleza e, até mesmo, alguns tipos de religiosidade. As escalas e intervalos consonantes e a série Fibonacci seguem padrões tradicionais que refletem um mundo/universo organizado segundo regras relativamente restritas. Mas, certamente, existem muitas obras musicais relativamente consonantes excelentes e realmente inspiradas, em diversos gêneros, e que podem levar o ouvinte a um grau de êxtase.
Agora, o que o capeta tem a ver com tudo isso? Simples. Antigamente, quando a religião mandava no mundo ocidental, controlando até mesmo a produção cultural, certos tipos de combinações de notas musicais, ou intervalos, eram proibidos e categorizados como coisas do Diabo. O mais famoso desses intervalos era conhecido como diabolus in musica, que era um intervalo dissonante de quarta aumentada (4º grau mais meio tom, a partir da tônica dó, por exemplo, que resulta na combinação entre as notas dó e fá sustenido) ou de quinta diminuta, ou seja, dó e sol bemol, sendo o sol bemol igual ao fá sustenido. Esse intervalo também era chamado de trítono porque era feito de três tons inteiros. No nosso exemplo, contando-se do dó (C) e indo até o fá sustenido (F#), temos três intervalos inteiros: 1) dó ao ré; 2) ré ao mi; e 3) mi ao fá sustenido. Não seria trítono se a partir da nota dó o intervalo fosse apenas fá natural; do mi ao fá natural há meio tom e não um tom inteiro. Logo, o “maldito” intervalo diabolus in musica é dó com fá sustenido, podendo ainda ser combinado com outros intervalos que podem ou não estar na série Fibonacci. É claro que esse e outros intervalos dissonantes são bastante usados em diversos gêneros musicais, mas apreciado somente por uma minoria se comparada às grandes populações ao redor do globo. Está claro que os intervalos dissonantes “perturbam” a ordem das coisas, se o leitor já estiver entendendo…
Note que o “som do capeta”, o intervalo de quarta aumentada, não faz parte da série Fibonacci! Quando se quebra a consonância com a dissonância, abre-se um outro universo musical (e não somente musical), mais rico e multifacetado; quando essa sequência numérica sofre alteração, a harmonia estável das coisas é quebrada e a “rebelião” é instalada na ordem das coisas, advêm as transformações, as mudanças, o progresso, novas regras (ou ausências de regras), novas experiências, novas percepções, novos mundos… E esses mundos, na Filosofia Oculta, são aqueles que as pessoas comuns, das consonâncias demasiadamente açucaradas e das regras restritas, não se atrevem a explorar. As dissonâncias subvertem as tradições e as regras inúteis e restritivas e provocam a inquietação do espírito, geram inquietudes pelo crescimento, por descobertas, pela evolução psicomental e espiritual. A dissonância na música é equivalente ao surrealismo, nas artes plásticas; à poesia “maldita” e romântica e aos poemas sem métricas exatas, na literatura; aos sabores “estranhamente” condimentados, agridoces e apimentados, na gastronomia; etc.
Se um intervalo trítono subverte as escalas comuns de sete notas – correspondentes aos sete planetas “tradicionais” e às sete cores –, a dissonância, na Via Draco-Luciferiana, subverte os sistemas mágico-ocultistas tradicionais (e os sistemas sociorreligiosos dogmáticos), obviamente, propiciando ao magista experiências sinestésicas, psicomentais e espirituais incomuns e gratificantes. A música dissonante em contextos filosófico-ocultos pode trazer experiências muito além do que se vive cotidianamente. Som, cor e sabor se fundem numa única entidade que “encarna” a essência de determinada vibração, e comunicações podem ser feitas. O som funde-se ao indivíduo, e este pode literalmente sentir o sabor de uma combinação de notas, pode ver o som em cores correspondentes às notas em suas progressões dinâmicas dentro de uma escala. As notas se mostram como entidades vivas e inteligentes e como som musical sem palavras, mas que podem se tornar palavras inteligíveis. O diabolus in musica pode trazer à tona atavismos da subconsciência e resolver problemas psicológicos – ou piorá-los, dependendo da vontade, compreensão e discernimento de cada um –, pois cada tonalidade, cada modo de escala, cada tipo de ritmo e cada tipo e timbre de instrumento tem suas características psicomentais e espirituais.
Como mencionado, as notas estão relacionadas aos planetas da tradição oculta e alquímica e às cores, como seguem:
-Saturno/nota si/cor preta;
-Júpiter/nota dó/cor azul;
-Marte/nota ré/cor vermelha;
-Sol/nota mi/cor amarela;
-Vênus/nota fá/cor verde;
-Mercúrio/nota sol/cor laranja;
-Lua/nota lá/cor violeta.
Os antigos egípcios sabiam disso e faziam invocações musicais para convocar esses sete planetas (na Filosofia Oculta, o Sol e a Lua são considerados planetas). Assim, uma sinfonia cósmica consonante é a conjunção e o ritmo próprio desses planetas, formando harmonias que alguns consideravam celestes. Uma conjunção entre Júpiter e Vênus faz um intervalo musical entre dó e fá, por exemplo. Quando uma dissonância surge nessa harmonia cósmica plácida e estável (e estabilidade demais provoca monotonia e tédio), os planetas revelam seu lado oculto, sombrio, sinistro, impetuoso e impulsivo, porém necessário para as transformações do universo, assim como conhecer o subconsciente (considerado “demoníaco”) é essencial para o crescimento e evolução espiritual de alguém. A dissonância faz brilhar as cores das notas sobre o fundo negro das trevas, pois sem esse contraste não é possível “extrair” a luz e o conhecimento. Quando o diabolus in musica se manifesta na experiência do indivíduo, com a nota “intrusa” “quebrando” a sequência da escala convencional, a dissonância faz uma ruptura, um buraco negro na sequência Fibonacci, e as notas dó e fá sustenido (em nosso exemplo aqui) abrem um portal para o qual a consciência é “sugada”, entrando assim na dimensão aberta sinistra e rica de Júpiter, conhecida na Via Draconiana como a qlipha jupiteriana (“concha”). De um modo geral, se a combinação de notas for maior, a experiência e expansão da consciência também se ampliarão.
Todos os planetas do sistema setenário planetário da Filosofia Oculta têm seu lado escuro, mais oculto e secreto que pode ser acessado por meio de seus trítonos. A nota tônica de cada planeta com sua quarta aumentada gera o vórtice energético para o lado oculto, para o “lado negro da força” planetária, para a qlipha correspondente ao plano planetário da nota tônica; a quarta aumentada é que cria a fenda para o “Outro Lado” (Sitra Ahra). Além disso, o intervalo de quarta justa (4J), em cada tonalidade, vibra os quatro elementos (Ar, Fogo, Água e Terra) no planeta correspondente a determinada tônica. A quarta aumentada “demoníaca” (4+), portanto, vibra o Espírito oculto e sombrio sobre esses elementos, a Sombra (junguiana) inacessível e secreta do Logos individual.
Assim, temos os trítonos de cada planeta, de cada vibração espiritual e frequência consciencial:
Nota tônica (1º grau) Quarta aumentada (#4º ou 4+) Qlipha planetária
– Si (B) Mi sustenido = fá (E#=F) Saturno
– Dó (C) Fá sustenido (F#) Júpiter
– Ré (D) Sol sustenido (G#) Marte
– Mi (E) Lá sustenido (A#) Sol
– Fá (F) Si (B) Vênus
– Sol (G) Dó sustenido (C#) Mercúrio
– Lá (A) Ré sustenido (D#) Lua
Em termos práticos, e num contexto apropriado e em conjunto com outras “ferramentas”, a vibração sustentada e não resolvida dos trítonos deve ser feita de maneira correta e de acordo com a natureza de cada planeta/plano de consciência, por meio de certos procedimentos, concentração e vontade. Esse som dissonante juntamente com o ritmo sincopado é o buraco negro do universo mágico, aberto na superfície da consciência comum. Basicamente, a síncope é um deslocamento do tempo normal, da nota do acento rítmico para a batida fraca, que pode se prolongar até a batida forte (acento rítmico), abrindo um buraco no andamento rítmico (como um deslocamento de ar, ou o deslocamento da mente para outro “mundo”). A síncope “quebra” o ritmo, causando a sensação de vazio e de queda, e de queda no vazio; nesse “vazio”, o diabo in musica vibra e um portal pode ser aberto para a consciência. Quando a síncope e o trítono são contextualmente aplicados numa prática meditativa ou ritualística (simples ou complexa), pode-se atingir certo grau de êxtase correspondente à vibração planetária em questão. Se o êxtase for demais, o indivíduo pode ele mesmo ter uma síncope, ou seja, “apagar” temporariamente, com a consciência “vazia”.
Pelo que precede, o “diabo intruso” é o guardião do portal para a senda da autoconsciência expandida. O intervalo de quarta aumentada e a síncope vão além do conceito “tradicional”, comum e corrente do que seja divino (o que é muito relativo no próprio nível da vida cotidiana). O trítono sincopado rompe a tal “harmonia divina” para ir mais além da ordem estabelecida e das muitas regras inúteis da existência, para mais além do cosmos como é manifestado, para o “Outro Lado” (Sitra Ahra), para o Universo B, além de nosso universo pretensiosamente conhecido.
Pois é, parece que Fibonacci e o Diabo viviam em desarmonia antigamente, em tempos terríveis de dominação dogmática quando a Inquisição via o mal em tudo e categorizava coisas, animais e pessoas como sendo obras do Diabo, segunda sua visão distorcida, tendenciosa e realmente perversa. Tendo a música autêntica e honesta sido inspirada pela musa ao longo da história, fica evidente sua relação com feminino e sua forte influência. A musa Euterpe era também considerada a doadora dos prazeres, dos deleites e da alegria. Daí o controle da produção musical (e de todos os prazeres do povo) pelas instituições sociorreligiosas repressoras e opressoras, já que a religião/estado também controlava, perseguia e eliminava o feminino por essas e outras infinitas e estupidamente absurdas razões…
P.S.: Um conselho aos leitores: talvez seja recomendável que se faça mais de uma leitura desta matéria, se for o caso, para que o conteúdo seja satisfatoriamente assimilado, apesar de a linguagem buscar ser a mais inteligível possível.
Adriano C. Monteiro é escritor de Filosofia Oculta, membro de diversas Ordens e autor da Tetralogia Draconiana, que inclui as obras O Jardim Filosofal, A Cabala Draconiana, A Revolução Luciferiana e Sistemagia.

Compartilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Respostas de 28

  1. É interessante ressaltar também que a quarta justa, desde os primeiros tratados e reformas musicais do período pós-Renascença, já estava em debate para resolver a questão se realmente ela deveria ser considerada uma dissonância.
    Johann Fux, compositor austríaco do século XVII famoso por ter escrito um dos primeiros grandes tratados de contraponto (uma das técnicas composicionais que trata explicitamente da relação harmonia-melodia, e que teve seu auge com J. S. Bach), classificava a inclusão da quarta justa no campo das dissonâncias como “uma famosa e difícil questão”, já que essa escolha repousava principalmente no modo de como se dividia a oitava. Se a divisão da oitava fosse aritmética (tal qual como descrita no post, seguindo a sequência de Fibonacci e com a tônica fixa), a quarta seria uma dissonância. Já se a divisão fosse harmônica (baseada principalmente em proporções “imperfeitas”, porém naturais, tal como um fractal e baseada principalmente nos estudos de Pitágoras), a dissonância da quarta justa seria automaticamente anulada, dado que cada intervalo teria sua própria tônica e, a rigor, a quarta justa seria classificada como uma consonância imperfeita (tal como os intervalos de terça e sexta). Os compositores clássicos que surgiriam no século seguinte seguiram Fux na medida de classificar a quarta justa como dissonância, entre eles Beethoven, Haydn e Mozart.
    Porém, qualquer um que já teve contato com as obras desses compositores sabem, quando em suas obras são utilizadas dissonâncias de modo “claro”, acontece exatamente o que o Adriano Camargo diz: “a harmonia estável das coisas é quebrada e a “rebelião” é instalada na ordem das coisas, advêm as transformações, as mudanças, o progresso, novas regras (ou ausências de regras), novas experiências, novas percepções, novos mundos…”. Isso é bem verdadeiro pra quem aprecia a Música e ficou completamente explicado com o compositor austríaco moderno Arnold Schoenberg, que no seu fantástico tratado de Harmonia comenta claramente que as dissonância na música causam um prazer resultante da sua resolução. É como estar subindo uma montanha-russa e logo antes do carrinho começar a descer, voce chega no auge máximo da sua “tensão”, antes do carrinho “resolver” cair (resolução, em música, significa passar de um acorde dissonante para um consonante)
    Pessoalmente (e metafisicamente) eu considero o uso de dissonâncias nas composições musicais tal como a velha metáfora da Luz e das Sombras: da mesma forma que não conseguiríamos viver um um mundo repleto de Sombras, também não conseguiríamos viver em um plano repleto de Luz, pois ela nos cegaria. Compôr uma música totalmente consonante é algo quase impossível (dentro das regras de beleza e equilíbrio da composição musical), logo o diabolos, mesmo sendo “evitado”, é estritamente essencial para a Música. As dissonâncias SÃO necessárias, refletindo assim a nossa vida onde nem tudo é harmonia, nem tudo é caos…

  2. Músicas brasileiras de compositores populares com estilo mais erudito possuem vários acordes ou sequencias melódicas em trítono.
    Isso pode influenciar a cultura ou é preciso manter o trítono e a concetração por um certo período para obter um resultado?

  3. Mas que diabos… Esse diabolus in musica é a “blues note”, a nota que transforma a escala pentatônica (olha o número cinco aí) na escala do blues.

  4. Excelente texto!
    Quando você falou começou a explicar das notas dissonantes, logo eu lembrei do trítono da música Black Sabbath do Black Sabbath… Foi um dos sons mais marcantes que eu escutei quando comecei a ouvir rock!

  5. E o I-doser ? aquele som de uma nota só ,binaural que supostamente induz a um certo estado mental..
    faz sentido a igreja controlar a produção musical naquela época né,muito bem posto,já hoje o contrario,tem em propaganda,natal,abertura de programas televisivos,algumas incitando o coito(o q ainda acho q é um metodo do governo p aumento da taxa de natalidade hehehe )
    parabens ai cara ,gosto muito de seus escritos

    1. I-doser é muito interessante !
      Na situação que testei, fiz junto com Cannabis e a sensação foi magnífica.
      Todas as imagens que eu projetava apareciam perfeitamente tanto texturalmente quanto nas cores surreais. O corpo ia começando a ficar dormente na medida que o som ia aumentando a frequencia até chegar num determinado momento que você não o sente mais. uma sensação de liberdade e paz incrivel !
      Mas a sensação de liberdade e criação era tão grande que parecia que nunca ia acabar e num determinado momento bateu um desespero pois pensei que iria ficar preso ( minha mente ) naquele lugar que tinha criado. Aconselho fortemente a estudar sobre as ondas cerebrais que o som estimula antes de usá-lo !

  6. Interessante texto!!! Mas falando francamente, em minha opinião, notas dissonantes realmente não são agradáveis ao ouvido. Pode, ao ouvinte, abrir um universo mais rico e multifacetado em termos de sonoridade, mas igualmente difícil de engolir. Bom, não é à toa que não é qualquer um que gosta (e estou falando em gostar no sentido de “vibrar com”) de jazz e bossa, dois universos musicais altamente exploradores da dissonância.
    Por analogia, talvez seja por isso que o oculto assim permanece para a maioria dos mortais….
    P.S.: mas que a harmonia comum das tonalidades maiores e menores, sem dissonâncias, é gostosa e estimulante, ah, isso é!!!
    P.S.2: como analisar, fazendo esse paralelo com o oculto, as escalas de blues PENTAtônicas maiores e menores? E as naturais menores?
    P.S.3: não necessariamente se precisam de dissonâncias ou outros recursos tonais mais elaborados para abrir o psiquismo. Vide Pink Floyd. Em termos de tonalidade e escalas, são simples e usuais. Mas a harmonia, a execução e sobretudo os efeitos é que fazem o ouvinte “viajar”.

    1. Você está equivocado – você ouve dissonâncias o tempo inteiro e nem se dá conta. O nosso atual acorde maior PERFEITO (T-3-5), há mil anos seria considerado dissonância (as 3as e 6as deixaram de ser consideradas dissonâncias para consonâncias imperfeitas na Renascença). A 7a menor nem é mais considerada dissonância hoje em dia na prática – pra ser “dissonância”, no sentito estrito, tem que haver resolução. 7as que resolvem em 7as (tétrade pra tétrade, comum em qualquer estilo popular hoje) não mostra movimento resolutivo – e olha que nem tô falando das tensões extra (2,4,6,7+) hein. Existe tensões mais fortes que o trítono, mas pra entender isto, deve-se entender a simetria da divisão da oitava que adotamos – não pretendo me alongar aqui porque posso atrapalhar o entendimento de muitos do básico da teoria musical, mas posso adiantar que quanto mais próximo o intervalo maior a tensão. O trítono é uma tensão relativa, não absoluta, porque ele precisa de um referencial, de um contexto – em algumas músicas quartais, por exemplo, o trítono é entendido como consonância. Tem muitas dissonâncias que não soam com dissonâncias, tipo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Rak_rJLG49k
      Quanto a suas observações:
      P.S.: Sim! Mas existem dissonâncias que não são melódicas/harmônicas. Música de cinema, por exemplo, é comum terem exemplos de tríades bem simples soando super dissonantes por causa da orquestração.
      P.S.2: Deixo algum dos amigos falarem, meu conhecimento sobre isso é pouco.
      P.S.3: Um exemplo mais simples ainda – drone. Há mantras que são drones – notas paradas que ficam soando indefinidamente (http://www.youtube.com/watch?v=dSgSlc4LmPE)

  7. Magnífico o post.
    Poderia postar autores que se utilizaram do diabolus in musica? Se eu não me engano Paganini é um deles, caso você tenha referências de outros autores ficaria grato pela informação.
    Obrigado.

  8. vou ter que ler mais de um vez esse texto mesmo rs
    veio a minha mente a tal banda que o MDD falou no podcast que sempre rolava muita confusão nos shows por causa do arranjo de uma das músicas. assumo que pensei que era atari teenage riot, mas não deve ser

  9. Esta matéria me lembrou de Robert Johnson e outros muitos guitarristas de blues que venderam a alma…

  10. Realmente, vou precisar ler mais vezes p/ entender, mas em suma tá ótimo. Quando eu começar as aulas de violão, eu releio XD. Parabéns!

  11. Outra coisa muito bacana, a maioria das bandas de rock sempre preferem tons menores com certos intervalos como diminuto para produzir algumas sensações incomuns ao ouvinte, e acredito que mesmo sem saber acabam acessando suas oitavas inferiores…

  12. Há muito tempo venho procurando por um texto que explicasse algumas questões como essas, parabéns. Espero que você publique outros posts sobre a utilização da música no ocultismo.

  13. Boa noite….
    Sou graduando em música e preciso fazer alguns comentários:
    Achei muito interessante o texto e curti a análise do prisma da série de fibonacci. O que me deixa com as pulgas atrás da orelha é a questão dos intervalos de 4ª? Li um dos comentários e a pessoa citou o compositor/pedagogo J. Fux, que nos deixou um belíssimo tratado de contraponto. A 4ª Justa era considerada dissonância! então gostaria de entender como foi estruturado esse texto. Se observarmos nas teorias do contraponto (apoiando mais no Fux para ”a coisa” se tornar mais maleável”) a partir de 3 vozes entre as vozes superiores é permitido a 4ªJ ao mesmo tempo que a relação entre as vozes superiores e o baixo não possa formar uma 4ª J(nem estamos contando o trítono). Gostaria de receber um esclarecimento sobre isso para que eu possa compreender melhor!
    Uma outra coisa que me chamou a atenção é a qualificação de astros como Sol e a Lua como planetas…..por favor não estou duvidando de nada pois sou uma pessoa mente aberta e estou começando no ocultismo…..gostaria ao menos de conhecer fontes respeitáveis onde isso consta para minhas futuras consultas!
    Foi citado no texto acima sobre música e sentimentos despertados por tais tonalidade….como dica sugiro que seja mais claro mencionando diretamente a Teoria dos Afetos, típica do barroco e que perdurou até o desgaste da era tonal ( e dura ainda para quem compõe nesse sistema)
    lendo um dos comentários gostaria de falar algo: dissonâncias são ruins para os ouvidos? então sugiro a surdez para não os agredir. Vivemos num mundo dissonante sonoramente. Nosso ouvido já está acostumado com muitas dissonâncias, porém num determinado contexto. Toda a harmonia e contraponto tem ”1001” regras sobre como ”lidar” com as dissonâncias (claro dentro do tonalismo).
    Uma coisa que realmente me deixou em séria dúvida foi a questão da qualificação das dissonâncias. Neste artigo só foi tratada a 4ª aum (que é a inversão da 5ªdim) Intervalo de 5ª (pode ser qualquer um) há na série de fibonacci. Depois foi associado a 4ª justa a 4 elementos. Isso indica algo próximo a perfeição? Musicalmente usando tais comparações, os intervalos mais perfeitos em hierarquia são: 8ª J (segundo o texto contida na fibonacci), 5ª J(tb na serie) e 4ªJ. Não compreendo porque tamanha ”reverência” à 4ª J se há outros ”mais perfeitos” que ela! E continuando sobre as dissonâncias onde foram parar os outros intervalos: 2ª e 7ª e os intervalos aumentados? Não seria melhor usar a Teoria de Costère para fundamentar tal ocultismo e ter maior validade no campo musical?
    E me surgiu mais uma questão: a Teoria de Costère é uma teoria que trabalha com polarizações e põe em cheque os termos dissonantes e consonantes, que o próprio Schoenberg (autor do monumental Harmonia) disse que na era pós tonal (atonal é um termo que ele odiava e com razão) a dissonancia foi emancipada. Emancipação é liberdade, independência. Assim sendo tais termos não são mais condizentes. Ai vem a pergunta: em que o povo da antiguidade estava baseado então. uma vez que a série harmônica ainda que não conhecida como hoje sempre existiu.
    a série de fibonacci não seria uma forma de olhar o mundo? Ela tem um carater exclusório, ao passo que a série harmônica não. Muitos compositores usaram a série de fibonacci para montar suas séries dodecafônicas ou usar como parâmetros em suas composições. mas isso é apenas uma forma….posso trabalhar com teorias estocásticas por exemplo.
    Não desvalorizo o texto, todavia há inúmeras lacunas que qualquer estudante esclarecido de música questionaria. Eu não desvalorizo o ocultismo, mas as frestas são tamanhas que não consigo compreender!

    1. lucas está claro q vc queria exibir TODO o seu conhecimento acadêmico sobre o assunto mas não leu o texto com atenção, preocupado só no q dizer depois (sobre o q está a aprender na faculdade, típico de alunos ansiosos em mostrar seus “novos” conhecimentos acadêmicos).
      o texto enfoca a principalmente questão do TRÍTONO (não enfatizando muito outros intervalos) e sua relação com cabala e os planetas, etc. (o sol e a lua são considerados planetas no ocultismo Se vc REALMENTE tivesse interesse em ocultismo, teria lido livros básicos e saberia disso, q é o mínimo dos mínimos a saber sobre o assunto)
      quem soube ler o texto notou q não é uma monografia acadêmica sobre teoria geral da música ou história geral da música ou composição e regência mas sim um texto mostrando um aspecto interessante do trítono e fibonacci no ocultismo. apenas isso.
      bicho, acho vc entrou no site errado.
      e parabéns ao autor e seu brilho em expor esse e outros temas interessantes no TdC sem se tornar maçante.
      eu gostaria de mais textos do adriano, vc faz falta, cara.
      abs!!!

  14. Se a sequencia de Fibonacci determina o que é “harmônico”, o que se pode dizer dos intervalos musicais de 2a? Eles e os de 7a são dissonantes. Como fica isso? o_o

  15. Seria muito interessante complementar com a informação de algumas músicas para servirem de exemplo ao texto, que sejam contempladas pelo que foi tratado. Afinal, quem conhece música sabe de imediato do que se está falando, mas quem não conhece continua na ignorância e sem o gosto de experimentar o que está sendo explicado.
    Àqueles que conhecem (que realmente conhecem), comentem postando algumas músicas que retratem o que foi tratado no texto, tecendo, inclusive, comentários a respeito da música indicada (notas, ritmo, etc) e, claro, as observações pessoais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media

Mais popular

Receba as últimas atualizações

Assine nosso boletim informativo semanal

Sem spam, notificações apenas sobre novos produtos, atualizações.

Categorias

Projeto Mayhem

Postagens relacionadas

Mapa Astral de Pablo Picasso

Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido

Mapa Astral de Timothy Leary

Timothy Francis Leary, Ph.D. (22 de outubro de 1920 – 31 de maio de 1996), Professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor, futurista, libertário, ícone maior

Mapa Astral de Oscar Wilde

Eu não gosto muito de postar vários mapas seguidos, porque o blog não é sobre Astrologia, mas agora em Outubro/Novembro teremos aniversário de vários ocultistas