Metraton

Todos os povos, desde a mais remota Antigüidade, conservaram a realidade do mito como um componente essencial de sua concepção do mundo, de sua Cosmogonia e Teogonia. Por muito longe que nos remontemos na história das civilizações tradicionais, sempre encontramos nelas uma rica profusão de relatos e lendas relacionados com seres míticos, que servem de comunicação entre a Terra e o Céu, entre o de baixo e o de cima. A tradição cabalística também conserva um grande número de gestas míticas vinculadas com o descenso à Terra das energias celestes, angélicas ou espirituais. Assim, na Cabala se acha com freqüência o nome de Metatron, que se identifica com o arcanjo Miguel, também chamado o “Príncipe das Milícias Celestes”.
A Cabala considera o Metatron como o princípio ativo e espiritual de Kether, a Unidade, que com as tropas divinas sob seu comando (as sefiroth de construção cósmica) empreendem a luta contra as potências do mal e das trevas (que constituem seu próprio reflexo escuro e invertido, as “cascas”, “escórias” ou keliphoth) dissipando a dúvida e a ignorância no coração do homem, fecundando-o, simultaneamente a essa mesma ação, com a influência espiritual que transmitem. Em algumas representações da iconografia cristã e Hermética pode se ver este combate mítico nas figuras do arcanjo Miguel e das hostes angélicas, lutando contra os demônios e Satã, o “príncipe deste mundo”, segundo a conhecida expressão evangélica.

Com o mesmo significado, mas a nível humano, encontramos o cavaleiro São Jorge combatendo o Dragão terrestre, símbolo das paixões inferiores e do “caos”. Precisamente, a lança ou espada (símbolos do eixo) de São Jorge atravessando o corpo do monstro, sugere a “penetração” das idéias celestes, verticais e ordenadoras, em dito “caos”. Esta variante do mito é análoga à luta que o homem acomete na busca do Conhecimento, o que lhe dá a possibilidade de viver um processo mítico idêntico ao dessas mesmas energias cósmicas e telúricas, celestes e infernais, em permanente luta e conciliação.
Relacionado em certo modo com as origens da Tradição Hermética, e intimamente vinculado com o que vimos dizendo, encontra-se o mito dos “anjos caídos”, que igualmente é relatado no Gênesis bíblico. Considerado desde o ponto de vista da Ciência esotérica –que tende a resolver os opostos e, portanto, exclui, por insuficientes, o simplesmente moral e sentimental, bem como as leituras demasiado literais das coisas, que estão incluídas no ponto de vista simplesmente religioso e exotérico– a “queda dos anjos” representa, ante tudo, um símbolo do descenso das influências espirituais no seio da própria vida e da natureza humana.
Certos anjos caíram acesos pelo amor que professavam às filhas dos homens às quais, diz-se, “encontraram formosas e belas”. De seu casamento, nasceram seres semidivinos (os antepassados míticos), que revelaram aos homens as ciências e as artes teúrgicas, mágicas e naturais, ou seja, todas aquelas disciplinas que, como já sabemos, integram os textos sagrados dos “Hermética” e do “Corpus Hermeticum”.

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Respostas de 9

  1. Duvidas sobre Lucifer.
    Lucifer e Satã, são personagens distintos nas leituras que temos a nossa disposição, certo?
    Mas, e quanto a sua queda (Lucifer), sua coroa quebrada, e a joia que se fragmentou e um dos pedaços cai na terra?
    Não tem nada a ver com o texto acima?
    Outra coisa, sempre estarão de mãos dadas as esperas boas e suas contra partes, caso atinja uma suposta ‘iluminação’ isso não quer dizer que terei eliminado essas partes obscuras que existem em mim?

  2. Certos anjos caíram acesos pelo amor que professavam às filhas dos homens às quais, diz-se, “encontraram formosas e belas”. De seu casamento, nasceram seres semidivinos (os antepassados míticos), que revelaram aos homens as ciências e as artes teúrgicas, mágicas e naturais, ou seja, todas aquelas disciplinas que, como já sabemos, integram os textos sagrados dos “Hermética” e do “Corpus Hermeticum”.
    Me rendo a uma pergunta após essa passagem:
    1- Seriam esses anjos nada mais do que espíritos de civilizações ancestrais que não mais se adaptavam aos propósitos celestiais incutidos no local onde viviam e foram direcionados a terra, local onde haveria maior afinidade vibracional ?
    @MDD – Talvez 🙂 “Anjos” e “demônios” são apenas nomes…

    1. Os anjos e demônios somos nós? Anjos enquanto estamos no plano superior e demônios quando encarnamos, passamos pelo esquecimentos e vivemos as cascas do ego, de modo que ao “relembrarmos o que vivemos” naquele plano, vibramos nossa natureza angelical?

  3. olá colega! falando sobre isso eu andei lendo o book de ataque e defesa astral, marcelo ramos mota diz que, existe demonios e anjos seres diferentes dos homens e que anjos são seres dogmaticos etc… eu fique pasmo pois acreditava em allan kardec. Você recomenda o livro que eu sei , então, nos que estudamos magia temos que acreditar ? eliphas leví não acreditava em demonios que eu me lembro, me explique melhor sobre isso estou louco pra saberrrr…!!!!!

  4. Me veio ao pensamento agora !!! A queda dos anjos denota a espiritualidade suprimida pelos instintos. Não haveria a possibilidade desses chamados anjos caídos fossem NÓS antigamente, durante a chamada Queda, Pecado, Saída do Éden ? E o motivo deles terem ensinado as artes ocultas, seria pra ter um método de voltar pra onde viemos ?

  5. Marcelo, outro dia me deparei com alguns textos de sites exotéricos – ou esquizotéricos, como preferir – que afirmava que uma tal entidade chamada Metraton (ou Metatron, não sei a diferença entre os dois) fazia canalizações em reuniões da ONU. Tu sabe algo a respeito? Sabe se tal coisa de fato acontece?
    @MDD – Esquisoterices galaticas da chama sagrada quantica…

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