O conjunto de sistemas, práticas e produtos médicos e de atenção à saúde que não se considera atualmente parte da medicina convencional é chamado de Medicina Complementar e Alternativa (MCA). Vários destes métodos estão ligados à espiritualidade, como a oração, meditação e os passes. Eles têm atraído a atenção da comunidade médica, da mídia, dos órgão governamentais e do público em geral.
Diante deste contexto, há uma revolução na medicina que está mudando a forma de tratar o paciente. Está se começando a incluir na Saúde a prática de estimular nos pacientes a espiritualidade e o fortalecimento da esperança e do otimismo, a fim de despertar condições emocionais positivas, recursos eficazes no combate à doença. Além disso, o curso de Medicina e Espiritualidade está surgindo nas universidades brasileiras e pelo mundo. Um dos nomes no Brasil responsável por esta integração, conferindo uma visão holística ao tema da medicina, da cura e da espiritualidade é o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira.
Em 1993, tínhamos 5 escolas médicas dos EUA com a disciplina de religião e espiritualidade em medicina. Em 2000, este número subiu 13 vezes, indo para 65. Em 2004, atingiu-se a importância de 84 escolas médicas. No Brasil, a Universidade Santa Cecília (Santos-SP) deu o pontapé inicial colocando um curso de extensão universitária sobre Saúde e Espiritualidade, em 2002. A primeira Faculdade de Medicina a incluir este tema curricularmente foi a Universidade Federal do Ceará 2 anos mais tarde. No ano seguinte, a Faculdade do Triângulo Mineiro iniciou a disciplina optativa sobre Saúde e Espiritualidade, junto com a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Em 2006, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte iniciou a disciplina optativa de Medicina, Saúde e Espiritualidade. Nos últimos anos, vemos surgí-la na forma de cursos, grupos acadêmicos e/0u seminários na Universidade de São Paulo e na Universidade Federal de São Paulo. Existe também curso de pós-graduação, no caso da USP.
Adentrando nos planos de ensino desta disciplina nas universidades referidas acima, vemos propostas interesssantes como o respeito a espiritualidade e religião do paciente, compreender sua relação com a saúde e distinguir a espiritualidade da religião. Dentre os conceitos, dependendo da universidade, temos medicina ayuvérdica, prece, meditação, experiências de quase morte, musicoterapia… Também relacionam com psiconeuroendocrinologia, bioética, psicologia, filosofia e física quântica (medo…).
Lamento o fato de que em alguns destes cursos há o enfoque em apenas uma religião/doutrina. Há cursos voltados apenas para o Espiritismo. Fica parecendo a disciplina de religião no ensino fundamental, linda na teoria, mas na prática um enfoque totalmente cristão/católico. Porém, é um avanço tamanho incluir tal curso nas universidades do país.
A maior crítica de alguns perante estes cursos é a não comprovação da utilização da espiritualidade e da religiosidade através da metodologia científica. É dificultoso mensurar e quantificar tais aspectos, constituindo um desafio para a ciência médica, já que estudos já apontam efeitos benéficos na saúde para os praticantes da espiritualidade.
A ciência já observou como efeitos benéficos o bem-estar psicológico (satisfação com a vida, felicidade, afetos positivos, otimismo e moral mais elevados), a redução do estresse, da ansiedade e da depressão, diminuição de pensamentos e comportamentos suicidas, a ajuda na recuperação de usuários de droga e álcool, o efeito protetor cardiovascular, a redução do risco de óbito e das taxas de mortalidade (inclusive nas áreas próximas ou afiliadas a área onde se pratica em conjunto e a redução da mortalidade dos pacientes com problemas cardiovasculares e neoplasias. Muitos destes efeitos são verificados a níveis sanguíneos, onde observou menores valores de interleucinas e marcadores inflamatórios. Para os soropositivos ao HIV, verificou-se redução da carga viral e aumentos dos valores de CD4.
Logicamente, existem muito mais efeitos benéficos de tais práticas. Conforme já falei, não se sabe os mecanismos envolvidos que fazem a espiritualidade e a religião desenvolver os benefícios observados. Poucas pesquisas científicas analisam a relação entre saúde e espiritualidade e muitos investigadores dentre eles simplesmente teorizam fatores tirando conclusões baseadas em suas crenças e forçando encontrar os resultados que procuram, tanto da parte dos religiosos e dos espiritualistas, quanto dos céticos e pseudo-céticos. É lamentável. Porém, existem trabalhos sérios a respeito.
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Respostas de 10
Por exemplo, eu acho um desperdício, se rotular de “placebo”, fenômenos de efeitos positivos observados sem fármacos, ao invés de procurar a fundo, dentro deste grupo, motivos e variáveis que podem efetivar este tipo de reação.
Por que, desta maneira, pode-se selecionar pacientes para tratamento, sem uso necessário e obrigatório de remédios – já pensou ?
@MDD – É que, se procurarem, vão descobrir qual é o motivo, e ai não encaixa no materialismo.
Materialismo: Crença em que todas as coisas existem apenas em sua manifestação material. Todo o efeito e reação advém de causa necessariamente física ou material (e portanto, mesmo que invisível, seria detectável por sensores físicos, como campos magnéticos ou ondas de rádio).
Cientificismo: Crença ou ideologia, de que todas as coisas tem explicação através da ciência.
O Cientificismo em si, é crença, pois se trata de algo impossível de se provar ou negar.
Ciência: Ato de realização de experimento, para se refutar determinada hipótese. Não pode “provar” algo, apenas negar. Ausência de prova não se torna prova de ausência.
Matemática não é ciência, mas um código arbitrário, cujas provas se baseiam em seus próprios fundamentos – é a prova matemática. Ela não se sujeita à provas empíricas.
Direito, não é ciência, mas sim, uma série de leis que forma um corpus jurídico, onde suas provas são intra-relacionadas. Não tem cabimento também, pensar em “provas empíricas” das leis, apenas de situações específicas (provas criminais, p ex).
Medicina e engenharia, ainda que detenham disciplinas baseadas em ciência, em seu cerne, são uma série de técnicas voltadas para aplicação prática.
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E também o lucro das industrias e quimicos diminuiria…
Muito Bom!
Levando em conta que quase toda doença tem sua origem no Plano Mental, então pra quê porradas de remédios e terapias cansativas se um pouco de meditação já pode te aliviar de uma imensidão de coisas?
Deve ser porque “cansa” fazer meditação…
Aqui na universidade, existe já há vários anos a disciplina optativa de Homeopatia, oferecida a todos os estudantes da universidade, seja lá qual for o curso dele, desde Dança até Engenharia Elétrica…
O professor que ministra a disciplina tem doutorado em Melhoramento e Genética Vegetal e trabalha desde o começo da década com manejo de plantas medicinais e homeopatia na agricultura. Ele conta que, por ano, a universidade recebe pelo menos 3 representações judiciais por ano contra o curso, especialmente do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da AMHB (Associação Médica Homeopática Brasileira). Essas duas instituições, pelo “zelar das boas práticas médicas”, condena o curso na universidade por ele não ser voltado para médicos propriamente ditos, e sim, a interessados pela homeopatia que (logicamente) vão aplicar o conhecimento adquirido em suas áreas de atuação, desde a pessoa que se forma em medicina veterinária e vai tratar animais, até o agrônomo que vai aplicar a homeopatia para o cultivar de plantas.
Infelizmente, com tanta picaretagem que existe por aí, eu fico até sem ter uma opinião formada sobre o assunto. Se por um lado considero essa perseguição um exagero, levando em conta que o curso não dá “diploma de homeopata”, por outro lado, pode chegar gente achando que é o profissional e começar a prescrever “medicamentos” homeopáticos por aí sem o menor critério, naturalmente só cobiçando o lucro fácil, e denegrindo a imagem da homeopatia frente à sociedade e dando pano pra manga aos pseudo-céticos etc, etc, etc…
Sempre bato nessa tecla, mas acho que deve ser repetido sempre: a alopatia e as terapias complementares juntas são o melhor meio de promoção da saúde. O grande problema é nosso nível científico, pois evoluímos muito em matéria densa, que é o modelo fármaco-receptor alopático, ou máquina-humana e quase nada a nível fibracional / energético relacionado à saúde, e é nesse modelo que se baseia a homeopatia, florais e afins. Falar de vibração e energia fora do âmbito da física teórica ainda é um tabu. Falta empenho em atrelar os novos conhecimentos da física sobre a dualidade matéria/energia ou partícula/onda, que ocorre com todos os elétrons de todos os compostos, com suas correlações no puramente físico.
As terapias de visão mais holísticas não podem cometer o mesmo erro das alopáticas e se acharem superiores a outras formas curativas. Todas as praticas que visam a saúde do paciente podem e devem ser aplicadas, de maneiras coerentes e complementares, cada uma atacando a causa do infortúnio pelo lado que mais he diz respeito. A alopatia é extremamente funcional para muitas doenças. Assim como a acupuntura, a homeopatia, e outras praticas curativas. Devem portanto trabalhar em armonia e não com rivalidade e rixas ideológicas. Sou medico formado pela Unicamp e atualmente trabalho na região norte do pais, em uma cidade em que 90% da população é indígena. A maioria dos meus pacientes atribuem suas doenças a feitiços lançados sobre eles por outras pessoas. Eles só buscam a medicina ocidental alopatica quando as praticas tradicionais não funcionam. Ainda assim, muitas vezes pedem para que o curandeiro ainda acompanhe o caso no curso do tratamento alopático. Essa união de duas vertentes distintas da medicina só colaboram para uma recuperação mais rápida do paciente. O código de ética médica define a medicina como uma ciência em prol da saúde do paciente, por essa visão tudo o que beneficia a saúde do paciente pode ser entendido como pratica médica, e portanto, bem visto.
Exatamente – quem disse que uma coisa exclui a outra ?
Não é por que você ganha chave de fenda, que vai jogar seu martelo fora – um dia, ainda vai precisar de usar pregos!
Perfeitamente, Lucas. Onde estudei, muitos desacreditaram da Omeopatia durante o curso, porque a professora falava que devia-se abandonar a alopatia para usá-la. Eu mesmo me desestimulei e só voltei a estudar o assunto depois de ver pontos de vista de outros professores menos radicais. A alopatia e as terapias complementares tem mecanismos de ação completamente distintos, exceto no caso da fitoterapia, que é praticamente alopatia, só que ao invés de um princípio ativo, usa todos os componentes da planta em questão, afinal, algumas tem bem mais que um P.A. e eles sinergizam o efeito, no final das contas. A medicina integrativa, a meu ver, é a medicina do séc. XXI: uma junção de várias vertentes que se degladiaram ao longo dos séculos, unidas para criar uma nova medicina, bem mais completa, abrangente e eficaz. É como uma “coniunctio” Junguiana a nível de saúde. Melhor ainda associada à psicologia, à atenção farmacêutica, nos devidos casos à fisioterapia e demais ciências da saúde, tratando o paciente com uma terapia multidisciplinar.
@jeffalves20 – Estou concluindo o curso de Farmácia na Universidade Potiguar e nela a disciplina e o estágio de Homeopatia são obrigatórios. Quanto aos picaretas que você vê por aí, é interessante lembrar que embora haja os cursos livres ou de extensão em homeopatia, há resoluções para o trabalho com a mesma para médicos, farmacêuticos, odontologistas e médicos veterinários. Por exemplo, a Resolução 1000/80 do Conselho Federal de Medicina criou a especialização em Medicina Homeopática e a Resolução 440/2005 criou o título de Farmacêutico Homeopata. Um Farmacêutico Homeopata não pode sair por aí receitando medicamentos homeopáticos, apenas podendo manipulá-los.
Em 3 de maio de 2006 foi estabelecida a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, por meio da portaria 971, de modo a oferecer no Sistema Único de Saúde diversas práticas integrativas, como acupuntura, homeopatia e fitoterapia. O Rio Grande do Norte, estado em que resido, é o sexto estado brasileiro e o primeiro do Nordeste a aderir essa política, no fim do mês passado. Os usuários do SUS em breve poderão utilizar de acupuntura, homeopatia, fitoterapia, medicina antroposófica e termalismo aqui no estado. É bom saber que estamos caminhando bem rumo à integração da MCA no âmbito do SUS.
Jeff Alves, ótimo texto!
Seja bem vindo ao TdC, tenho certeza de que trará grandes contribuições, além das já costumeiras do MDD.
Aproveito a oportunidade para divulgar um trabalho também inédito para as universidades do país na área de exatas, mais especificamente em Engenharia, que teve início em 2003.
Tratam-se de 2 disciplinas de Ética focada em Engenheiros, ministradas pelo grande Prof. Carlos Goldenberg, na Escola de Engenharia de São Carlos – USP.
Foi um trabalho árduo para o referido Prof. implantar essas duas frentes já que o tema é considerado secundário para a maioria das faculdades de ciências exatas do país. Hoje, após 8 anos acompanhando o trabalho do Prof, continuo observando com contentamento a diferença na formação dos alunos de Engenharia que cursam suas disciplinas e saem para o mercado.
Tive a oportunidade de cursar ambas durante a minha graduação, e hoje, não tenho dúvida da importância do tema para a formação dos futuros Engenheiros, que têm papel fundamental na evolução tecnológica e social do nosso país!
Deixo aqui o link com o material de ambas as disciplinas, que são de acesso livre para qualquer cidadão:
http://www.sel.eesc.usp.br/informatica/graduacao/material/etica/private/etica1.htm
http://www.sel.eesc.usp.br/informatica/graduacao/material/etica/private/etica2.htm
Um grande abraço, muita paz e muita luz!
http://www.bioeletrografia.com.br/
muito interessante, pra quem acha que a tal foto kirlian é produto externo.