Quem nunca ouviu o dito popular “o trabalho dignifica o homem”?
Um erro que muitos podem cometer ao realizar um pensamento simplista sobre o ditado é de que o trabalho dignifica o homem porque através dele o homem sustenta uma vida digna para ele e para sua família. Esse raciocínio é um erro, pois nesse sentido não é propriamente o trabalho que dignifica o homem e sim apenas um fruto do trabalho: o salário. Ao cometer esse erro, seu autor estaria maculando, desprezando e ridicularizando tanto o trabalho quanto o homem, ao julgar que o trabalho só tem valor por gerar um salário e que o homem somente trabalha para merecer seu salário.
O trabalho gera mais frutos do que o simples salário de seu trabalhador. O trabalho gera um produto ou serviço final que é demandado por outra pessoa ou pela sociedade. O trabalho gera habilidade e experiência àquele que o desenvolve. O trabalho gera relações não somente comerciais, mas principalmente sociais. O trabalho gera aprendizado, conhecimento. O trabalho gera prazer quando é bem feito. O trabalho gera parcerias.
TRABALHO & HUMANIDADE
O trabalho pode mostrar que todos somos dependentes um do outro, porque um alfaiate não pode fazer um terno sem o agricultor que planta e colhe o algodão, o caminhoneiro que o transporta até a fábrica, o industrial que o transforma em tecido, o transportador que entrega ao atacado, e enfim o atacadista que fornece ao alfaiate. Isso sem contar com a tesoura, a fita métrica, a máquina de costura, a energia elétrica e a edificação utilizada pelo alfaiate. Tudo isso foi resultado do trabalho de muitos trabalhadores para que o alfaiate pudesse exercer seu ofício. E as roupas feitas por esse alfaiate podem por coincidência vestir um desses trabalhadores e com certeza veste muitos outros que dependem não somente do alfaiate mas de vários outros profissionais para viver e para desempenhar o seu trabalho, do qual outras pessoas também podem depender, incluindo o alfaiate.
Assim sendo, como pode-se dar atenção ao salário, quando o trabalho significa algo muito maior e muito mais relevante na vida de todos os homens de bem? Quando o trabalho gera riquezas muito mais valiosas, imensuráveis em comparação com o salário? Pensando assim, pode-se afirmar que o salário é talvez o fruto menos importante do trabalho, servindo apenas de moeda de troca de um trabalhador pelos produtos ou serviços de outros trabalhadores. Algo que se fez necessário entre os homens para tornar os produtos e serviços mais acessíveis a todos, no ponto de vista da troca.
Observe-se neste instante e veja a imensidão que o rodeia. Veja cada objeto, peça e acessório que está usando e o ambiente em que se encontra e tente imaginar quantos trabalhadores, não somente do Brasil, mas de todo o mundo estiveram envolvidos no processo de produção desses utensílios. Veja o telefone que pode estar agora ao seu lado, a energia que mantém a lâmpada acesa e seu computador ligado, e quantos milhares de trabalhadores estão envolvidos nisso, neste exato momento, para que você possa permanecer lendo este texto. Isso sem contar a mesa e cadeira, o em que se encontra agora e todos os serviços de energia elétrica, fornecimento de água, Internet, telefonia, etc. Sem medo de errar, pode-se afirmar que milhões e milhões de trabalhadores de todo o mundo estiveram e estão envolvidos no processo de produção de todos os produtos e serviços que o rodeiam.
TRABALHO & MAÇONARIA
Às vezes o cotidiano, a correria do dia-a-dia, não permite que cada um de nós possa parar por alguns minutos para fazer essa reflexão, para simplesmente olhar ao redor e entender o quanto todos somos dependentes do trabalho de infinitos desconhecidos sem demonstrarmos a mínima gratidão.
Um certo autor descreve “trabalho” como “qualquer atividade útil”. Ao refletirmos sobre isso, nos chama a atenção o termo “útil”. Útil é tudo aquilo que atende uma ou mais pessoas, ou seja, quanto mais atender as pessoas, mais útil. E o que mais seria o trabalho maçônico do que uma atividade útil para o nosso autodesenvolvimento e com o objetivo final de fazer feliz a humanidade através do amor ao próximo, do combate à ignorância e ao fanatismo, do aperfeiçoamento dos costumes, levantando templos à virtude e cavando masmorras aos vícios?
A Sublime Ordem Maçônica nada mais é do que um Sindicato de Trabalhadores. Antes, em sua fase operativa, era um sindicato de trabalhadores da construção civil. Hoje, o que todos nós maçons “especulativos” ainda temos em comum com nossos antecessores é que todos ainda somos trabalhadores, porém nas mais diferentes profissões.
Assim como os ensinamentos maçônicos serviam para orientar os maçons operativos em suas relações entre si, com os contratantes, os familiares, a sociedade e o Grande Arquiteto do Universo, esses mesmos ensinamentos estão em nossos rituais e ainda servem para nos orientar, orientar nossas relações profissionais, sociais e espirituais. E um dos principais ensinamentos maçônicos é de que, para se realizar qualquer trabalho, deve-se empregar com equilíbrio três diferentes energias: Força, Vontade e Inteligência.
Não adianta o Obreiro ter vontade de trabalhar e ter a força necessária se ele não possuir a inteligência, o conhecimento necessário para efetuar o trabalho. Da mesma forma, o Obreiro tendo inteligência e força para trabalhar, mas não tendo vontade, nada será feito. Assim como é impossível um Obreiro produzir apenas com a vontade e a inteligência, mas sem ter forças para trabalhar. Faz-se então necessário empregar essas três qualidades para que um trabalho transcorra de forma justa e perfeita. É aí que se encontra a perfeição: não no trabalhador, mas no seu trabalho.
CONCLUSÃO
Você deve compreender que não é apenas o seu trabalho que o dignifica, mas o trabalho de todos os homens de bem do orbe terrestre colabora para que você viva com dignidade. Entenda que o que liga você a cada homem de bem no mundo é o trabalho digno que cada um desempenha e que, de forma direta ou indireta, alcança a todos. Além do Grande Arquiteto do Universo, o trabalho é o nosso elo, o que nos une.
Assim sendo, ao desenvolver um trabalho perfeito, o trabalhador está aprendendo, se desenvolvendo, evoluindo, se relacionando com fornecedores e clientes, fazendo parcerias, atendendo uma demanda de um individuo, de um grupo ou da sociedade, gerando empregos, proporcionando felicidade ou prazer para si e para o próximo, e colaborando através de seu trabalho para com a sociedade, o que o liga a cada homem de bem no mundo. Quer algo mais digno do que isso?
Respostas de 8
Aquela maçonaria egipcia é reconhecida ?
Kennyo Ismail – Se está se referindo a essa brasileira com site na Internet, não é regular.
E os trabalhadores que trabalham para criar armas nucleares, armas que são usadas nas guerras?
Kennyo Ismail – Livre arbítrio. Com certeza eles não compartilham dessa visão do trabalho.
Parabéns pelo Texto, acho que vai de encontro com o que sinto hoje em dia com relação a minha função na sociedade, tudo o que faço, seja necessitando de recursos ou gerando um produto está descrito neste texto, é este elo que liga cada cidadão a outro, tornando uma sociedade justa e transparente. É claro estamos falando do trabalho digno, aquele que homem consegue transformar (agregando valor) entradas (matéria bruta, conhecimento, estudos, necessidades de determinado cliente) em um produto acabado (site, blog, aula, consultoria, conserto de determinado bem, produtos, alimentos na sua mesa, e infinitos outros). E quando estamos dispostos a desenvolver algo que está relacionado com nossa vontade o salário é ultima coisa que pensamos, pois os benefícios de,”com as próprias mãos”, transformar algo é indescritível e buscamos aumentar conhecimentos para melhorar a maneira de como vamos agregar mais valor em nossas ações. Parabéns pela mensagem e que muitos tenham a mesma inspiração que tive lendo este post (Isto foi um trabalho).
Foi mal, mas não resisti à piada: o que fazer em uma sociedade que pensa como o Boris Casoy? rsrs… Infelizmente, nossa sociedade mede as coisas somente pelo “deus dinheiro”… talvez seja um método que podemos usar para trancendermos o desejo de reconhecimento, ao invés do simples prazer do trabalho bem feito… vai saber…
Olá. É meu primeiro post no site. Normalmente sinto uma curiosidade ou outra acerca dos temas tratados aqui, mas sempre procuro não me aprofundar (e, escrevendo isso agora, cheguei a conclusão de que, por não saber o que é verdade ou mentira, o que é o certo ou o errado, a inércia me parece ser a melhor opção).
Esse texto é muito bacana e motivador (não sei se era a proposta dele), e me fez pensar numa coisa: o Paraíso, para algumas religiões, é tratado como um lugar de eterno descanso e lazer. Ou seja, não há a figura do “trabalho/emprego”. Como isso é tratado por vocês? O porquê disso? O filme “Nosso Lar”, que é baseado em um dos livros escritos por Chico Xavier, mostra que não é “bem assim”.
PS.: existe a possibilidade vocês comentarem o filme Melancholia?
Muito bom! Adorei o site! Apenas alguns textos e já me tornei seguidor deste blog.
Excelente trabalho!
Que nosso G.’.A.’.D.’.U.’. os proteja e os ilumine, abençoando vossa jornada e expandindo os conhecimentos aqui expostos, a novos seguidores.
ao trabalhar nesse mundo, ao mesmo tempo trabalha-se a si mesmo. Alcançar a maestria em um trabalho leva à maestria de si mesmo. Conforme se modela o que está fora, modela-se o que está dentro. Acredito que foi assim que Jacob Boehme chegou à iluminação trabalhando como sapateiro. Todos os trabalhos têm analogias com como se viver a vida, desde de como pedreiros constroem templos até como um sapateiro faz um sapato. Tudo está ligado, tudo está conectado, atingindo a perfeição numa arte, alcança-se a perfeição na arte de viver. Vale lembrar q
Acredito que atingindo a maestria num trabalho, alcança-se a maestria da vida. Conforme se trabalha o que está fora, trabalha-se ao mesmo tempo o que está dentro, conforme se lapida uma pedra, se lapida o próprio caráter. Todas as formas de trabalho tem analogias com a vida, e é assim que ao aprender um trabalho, aprende-se a viver. Acredito que foi assim que Jacob Boehme atingiu a iluminação trabalhando como um sapateiro. Conforme um sapateiro aprende a criar um sapato ou um pedreiro aprende a construir um templo, eles aprendem também a como viver. Vale lembrar que Deus é o maior mestre em cada profissão, sendo o inventor de todo o conhecimento relacionado a cada profissão. Veja que alguns dizem que Deus é o arquiteto do Universo, outros dizem que é um jardineiro de almas, outros dizem que é um escritor do destino, e assim por diante. Poderíamos dizer também que Ele é o médico de nossos defeitos, ou o sacerdote de nossas aspirações ou o construtor de nosso caráter. Tudo está ligado, tudo está conectado, e atingindo a maestria numa profissão, podemos nos aproximar de sermos semelhantes a Deus, podemos nos reconectar com nossas origens divinas… O trabalho não apenas dignifica o homem, mas pode nos re-ligar a Deus.