Jesus e a Neurologia

Uma das recentes descobertas mais importantes da neurologia é a de que nossa consciência, ou processo de consciência, opera com defasagem de cerca de meio segundo em relação ao “tempo real”. Todos nós sabemos que vemos a luz de um relâmpago alguns momentos antes de ouvir o estrondo do trovão, que vêm na seqüencia, apesar de ambos serem ondas de partículas resultantes do mesmo raio – ocorre que as ondas de luz viajam pelo ar com uma velocidade muito superior as ondas sonoras.

No caso do raio, a distância temporal entre o relâmpago e o trovão é bem superior a meio segundo, e nesse caso a consciência “separa” os dois em dois momentos distintos, como de fato o são. Já em outras situações, a consciência consegue “mesclar” som e luz, de modo a que interpretemos a ambos como ocorridos no mesmo momento.

Quando vamos a um concerto de rock, a luz que nos chega aos olhos mostrando nosso guitarrista predileto dedilhando as cordas de sua guitarra viajou muito mais rápido do que o som dos acordes tocados, mas nosso cérebro compensa esse fato iniciando o processamento do som assim que as ondas chegam, enquanto o processamento da luz fica alguns centésimos de segundo em stand by, aguardando o input sonoro para que a consciência nos entregue estes momentos como se fossem simultâneos: o dedilhar da guitarra e o som proveniente dos alto-falantes do show.

Reações emocionais, como o medo, também são desencadeadas antes de forma inconsciente – e depois de cerca de meio segundo, conscientemente. Por isso quando andamos pela rua e “sentimos a presença de alguém atrás de nós”, essa sensação nos chega primeiro de forma inconsciente, como um alerta de perigo: “algo se aproxima!”; Então, frações de segundo depois, quando identificamos do que se trata – por exemplo, virando a cabeça para ver quem se aproxima – temos uma resposta consciente… Não vivemos mais como tribos sedentárias trilhando a natureza selvagem, e felizmente na maior parte do tempo esses alertas provam ser nada mais do que pequenos sustos de nosso sistema inconsciente, sempre de prontidão. Entretanto, também é graças a ele que evitamos alguns assaltos no meio do caminho.

Em suma, estamos equipados com um elegante sistema de percepção. Através dele, não é preciso “ver” o perigo, ou seja, processá-lo visualmente de forma consciente, para que possamos iniciar nossa resposta a ele. Ainda não se sabe ao certo “com que olhos” percebemos a aproximação de alguém, pois muitas vezes nosso tato não é aguçado o suficiente para perceber um pequeno deslocamento de ar em nossa volta, mas fato é que nossas reações inconscientes ao perigo são, e foram, vitais para nossa sobrevivência enquanto homo sapiens.

A cerca de dois mil anos atrás um sábio nos trouxe esse conselho:

Ama teu irmão como tua alma, protege-o como a pupila dos teus olhos [1].

Esta frase de Jesus não é encontrada em nenhum evangelho do Novo Testamento, mas sim no evangelho “apócrifo” de Tomé. A princípio ela não traz nada de novo em relação a frases parecidas dos evangelhos “oficiais” de Constantino – porém, hoje se sabe, através dessas descobertas da neurologia, que ela nos traz um ensinamento “um pouco mais profundo”, para aqueles que têm olhos, e conhecimento, para ver…

A reação de proteger os olhos ante algum objeto arremessado em sua direção é, talvez, a mais instintiva e inconsciente de todas as reações ao perigo eminente. É impossível ficar de olhos abertos quando um objeto é arremessado em nossa direção, e caso tenhamos mãos livres, é igualmente impossível evitar o reflexo instintivo de levá-las ao resto para protegê-lo. Não se trata mais de uma escolha consciente, nosso cérebro nos “força” a nos proteger.

Ainda mais interessante do que isso, entretanto, são os resultados de pesquisas sobre reações inconscientes e conscientes de acordo com o aprendizado de certas atividades. Alguém que está aprendendo a dirigir um carro, por exemplo, precisará de ações conscientes para todas as pequenas atividades e movimentos requeridos: virar a direção, mudar a marcha, verificar o espelho, procurar um retorno na estrada. Já um motorista habilitado, com apenas alguns meses de experiência, fará quase tudo isso de forma inconsciente… Apenas em rotas em que dirige pela primeira vez, desconhecidas, irá procurar pelo retorno na estrada de forma consciente. Já em rotas que trafega todos os dias, até mesmo isso fará no modo “automático” [2].

Reagir no “automático” é também compreendido como reagir de forma natural, sem julgamentos, sem a necessidade de decisões conscientes. Como um animal que age por instinto.

Não é plausível imaginar que conseguiremos aprender a amar tão facilmente como se aprende a dirigir um carro. Porém, é perfeitamente plausível imaginar que o amor, como qualquer outra atividade consciente, também se aprende e se aprimora com a prática. Portanto, não basta desejarmos sermos mais amorosos apenas na teoria, na base da promessa para Deus ou para nós mesmos… Para se amar cada vez mais e melhor, nos basta praticar, nos basta, simplesmente, amar!

Mas, será que um dia conseguiremos seguir a este conselho de Jesus em toda a sua divina plenitude? Amar sem julgar, sem se perguntar o porque? Amar naturalmente, amar de forma instintiva, amar integralmente?

Talvez estejamos ainda muito longe disso, mas ainda nos vale a torcida para que toda a nossa ciência, e toda a nossa compreensão de nós mesmos, ainda hão de nos ajudar a chegar lá – na terra dos que amam incondicionalmente.

***

[1] Verso 25 do Evangelho de Tomé, achado em Nag Hammadi.

[2] Para maiores detalhes sobre esta e outras pesquisas da neurologia moderna, recomendo a leitura do Livro do Cérebro, publicado em 4 edições separadas pela Editora Duetto. Outra dica são os livros de Oliver Sacks, publicados no Brasil pela editora Cia. Das Letras.

***

Crédito da imagem: Arjuna Zbycho (Diz a lenda que o Sai Baba materializou esta imagem a partir de uma impressão do Sudário de Turim que um cristão devoto levou até o seu templo. Seria esta a face de Jesus ou de Jacques de Molay? Ironias e sincronicidades…)

 

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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Respostas de 26

  1. “Porém, é perfeitamente plausível imaginar que o amor, como qualquer outra atividade consciente, também se aprende e se aprimora com a prática.”….
    Será q o amor não deveria ser algo absolutamente natural? Acho que não precisamos “pratica-lo” como uma atividade consciente e sim simplesmente deixá-lo acontecer. É como vc mesmo disse no texto….a gente não treina o reflexo de piscar mediante uma ameaça….ele simplesmente acontece, pois não há tempo para indagações ou julgamentos para se saber se aquele gesto será realmente necessário. O amor não passa pela mente egóica, cheia de condições, perguntas e interesses. Ele simplesmente acontece mesmo sem vc saber nada da vida do seu proximo…nem mesmo o nome… Belo post…. Abraços
    @raph – Eu concordo contigo, mas acredito que não devemos imaginar que o amor “surgirá do nada em nossa vida”. Acredito que o ato de praticar o amor seja, de forma consciente, nos colocarmos em situações em que o amor possa surgir: em relacionamentos, amizades, atividades assistenciais ou até mesmo meditações religiosas… Leo Buscaglia, por exemplo, chegou a criar um “curso de amor” numa universidade americana – parece que lá deu muito certo hehe: http://textosparareflexao.blogspot.com/2011/07/4-amores-parte-3.html Obrigado, e outro abraço.

    1. Então…. o amor ele não “surge” nas nossas vidas, ele já está ali. Precisamos apenas captá-lo…….Da mesma forma que a programação de uma radio não deixa de ser cumprida só porque não sintonizamos nosso dial nessa rádio, assim também o amor não deixa de acontecer só por que não estamos conscientes dele. Ele está sempre presente, em tudo. O que precisamos praticar é a busca do amor pra que então possamos navegar sem esforço algum nas suas ondas….. abraços
      @raph – Sim, sim… Uma outra analogia que gosto de fazer é com a gravidade, que sempre esteve aí e nunca falhou um milesegundo sequer, embora antes de a termos descoberto não sabíamos direito do que se tratava. E a gravidade tem um parentesco com o amor 🙂 Abs.

  2. Ótimo texto, como sempre! Mas Raph, eu acho que a imagem relacionada ao Sai Baba é a que o fiel imaginava como sendo a de Jesus.
    @raph – Faz sentido, talvez a imagem que ele imaginou a partir da imagem do sudário…

  3. “Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança. Achou-o numa terra deserta e num ermo solitário povoado de uivos; rodeou e cuidou dele, guardou-o como a menina dos olhos.” (Deuteronômio 32:9-11)
    Apesar de queimar seus filhos vivos no holocausto, afogá-los no dilúvio, praguejar um povo por causa de uma mentira de Abraão, transformar alguém em sal por olhar pra tras, matar uma cidade inteira porque uma menina perdeu a virgindade com quem amava, endurecer o coração de alguém para torturar um povo inteiro com dez pragas, e mais de 300 atrocidades e crueldades descritas na própria dita sagrada bíblia, http://www.skepticsannotatedbible.com/cruelty/long.html , Deus ainda te “ama” como ao seu próprio olho.
    Parece amor de mula…
    @raph – E o que esse post tem a ver com o Deus do Antigo Testamento, poderia dizer? Na verdade, nem cita o Novo Testamento, quanto mais o Antigo… Nós aqui não pretendemos evangelizar ninguém, e muito menos falar em dogmas… No entanto, não seria legal se todos realmente se dedicassem a amar o próximo? Isso também é humanismo.

    1. “Deus existe, Deus não existe, Deus existe, Deus não existe…” Ah, faça-me um favor! Tem gente que ainda lê a Bíblia de modo literal… Isso pra mim é dor de cotovelo porque não consegue passar da fase de “se Deus existe, porquê tem tanta coisa ruim no mundo?”. A vida é um aprendizado e não um parque de diversão. Os deuses não farão nada por ti que você mesmo não faria.

    2. é necessário muito amor para compreender que alguém equivocado pode fazer um comentário como este simplesmente porque desconhece um todo e foi apresentado a uma interpretação especifica.
      Mas tudo tem seu tempo e hora e pode não ser hoje e nem nesta experiencia, mas em algum momento, uma verdade maior, talvez maios que qualquer verdade que conhecemos hoje há de chegar a estes olhos curiosos e sedento por se manifestar.
      deus não está na bíblia ou em qualquer igreja, deus está dentro de cada um, o resto não passa de interpretações.

    3. Acho, com todo o respeito, que você precisa aprender a diferenciar Deus (Deus mesmo, o Deus imanente do Jung, ou o Todo cósmico se preferir) daquilo que a igreja engarrafou e tenta te vender como Deus.
      Não é por que fala-se em Deus que se está falando no Deus que tão interpretando por você e você ingenuamente está engolindo.

  4. muito bom esse post, gostei muito, continuem assim !
    FIRST !
    @raph – Valeu Alexandre, infelizmente não foi o primeiro, mas não tinha como ver os outros na hora em que comentou hehe… Em todo caso, corrigido o “first” 🙂

  5. “Jesus e a Neurologia” – DelDebbio vai perder o troféu de rei dos troladores de títulos logo logo.
    @raph – haha, isso tudo é culpa do Google… Mas acho que estou usando Jesus só como garoto-propaganda para poder falar de amor. Por outro lado, também tem gente que fará questão de não ler o texto somente porque cita Jesus no título 🙂

    1. Raph, que interessante seu método de potencializar as visitas (transmitir a mensagem) através das pesquisas!
      ^________________^
      @raph – E também é uma “pegadinha”… As vezes a simples menção a “Jesus” faz com que as pessoas cheguem cheias de pré-concepções acerca do que se trata o texto. No fim, é um texto até bem mais científico do que religioso 🙂

  6. Caro autor, gostaria de compartilhar este texto da sabedoria logosófica por entender que possa lhe ser útil nas investigações sobre o consciente/inconsciente. gde abc, Gust.
    Automatismo mental é a ação espontânea do consciente.
    A psicologia comum estabelece que é a função subconsciente. Grave
    erro, pois que a função automática a que nos referimos representa um
    grau mais avançado da função consciente, e não uma regressão dela,
    como supuseram tantos autores.
    O músico que repassa muitas vezes uma peça até executá-la sem necessidade de fixar nela sua mente, o motorista de um veículo que pode ir dirigindo e conversando ao mesmo tempo, representam o conhecimento num grau de adiantamento e segurança maior. No segundo caso, o chofer conseguiu reduzir todas as complicações da direção, das leis do trânsito, do idioma que fala e
    dos conceitos que está abordando na conversação a uma ação simultânea
    e espontânea da consciência. Isso indica um estado de agilidade,
    brilho e segurança de conhecimento, que bem pode ser considerado
    uma excelente conquista e uma feliz culminação de processos conscientes
    que permitem utilizar todas as vantagens com o mínimo de esforço. Tomamos por base os casos mais vulgares. Se a mesma circunstância
    passa a envolver pessoas de maior ilustração, observaremos uma influência
    decisiva em suas possibilidades, até o ponto de agirem com
    total rapidez, e quase simultaneamente, em diversas emergências que
    requeiram sua pronta e eficaz atenção.
    A inconsciência reflete o estado de quem emprega imagens sem o
    controle da consciência… do livro Coletânea da Revista Logosófica I.
    @raph – Olá, obrigado por compartilhar. Realmente, existe uma grande diferença entre a automação mental gerada pela prática consciente, e a ação inconsciente reflexiva, embora ambas tenham em comum o fato de operar normalmente sem o meio segundo de atraso das ações conscientes.

  7. Será que se temos que “aprender a amar uns aos outros” em vez de ser algo automático, como proteger os olhos, não significaria que esta é uma atitude não natural e forçada ?
    @raph – Claro, da mesma forma que nos forçamos a aprender a dirigir um carro, as vezes somente porque “temos de dirigir, já que viramos adultos”… Mas felizmente tem aqueles que realmente se apaixonam pela direção, então dirigem naturalmente, porque gostam. Com o amor, pode ser parecido, embora obviamente seja bem mais difícil amar do que dirigir… O ideal, a meu ver, é nos colocarmos em situações em que o amor poderá surgir de maneira natural, não forçada. Ou, em outras palavras: não devemos “amar para ir pro céu”, mas devemos amar pelo prazer de amar.

  8. Gostei muito de seu texto, alias gosto muito do seu tom, seus textos realmente levam a uma profunda reflexão!
    Um dia e não faz muito tempo, amar o próximo era um conceito tão abstrato quanto ter era concreto, mas em muito pouco tempo a coisa se inverteu completamente, e uma maneira de conseguir amar o próximo mais eficientemente é não olhar o próximo como aquilo que nos “ensinaram” que eles são, por exemplo, não olhar o rapaz chamado Rafael Arrais como o rapaz branco de olhos azuis impressionantes, que escreve textos belos que nos leva a uma reflexão amorosa (realmente não é nada difícil amar alguém assim, melhor dar outro exemplo, lembrando que estou falando de um tipo de amor fraternal, antes que me interpretem mal…) de qualquer forma a cor da pele, ou dos olhos não são importantes, mas as qualidades ajudam a ser mais que natural este sentimento bom, mas imaginemos outra pessoa, o goleiro Bruno por exemplo, vamos supor que ele de fato seja o assassino daquela moça, como amar alguém como ele? Simples, não é a ele que devemos enxergar, não o promissor goleiro que por um motivo qualquer decidiu ceifar a vida de alguém (se é que o fez, mas em nossa suposição, vamos supor que sim), devemos ver como um irmão, em um momento que ele é tão ignorante do amor, que ele abriu mão de toda uma vida com um potencial de sucesso enorme, pra se livrar de um problema que qualquer ser mais equilibrado, teria tirado de letra, se é que teria entrado nela. Nós culpamos uma criança por errar? é da natureza da criança errar, nós culpamos um leão por matar uma zebra? é da natureza do leão caçar, se entendermos que a natureza deste ser é ainda tão ignorante ao ponto de ser incapaz de se colocar no lugar da vitima ou dos parentes da vitima como se ele perdesse um ente querido se é que é possível (e eu não sei) ele amar alguém. Não estou falando em perdão, ele precisa sim passar por todos os processos (no caso de ser culpado, lembrando que é uma situação hipotética) para interiorizar seu erro e refletir sobre seus atos e como por uma decisão infeliz ele comprometeu toda uma encarnação, mas como amar alguém assim? simples, sabendo que em algum momento, em alguma vida no passado nós provavelmente já fomos tão ou mais ignorantes e violentos quanto ele, e que se hoje somos melhores ao ponto de não passar por nossa cabeça a hipótese de ceifar a vida de um semelhante para beneficio próprio, em algum momento ele também terá esta consciência, afinal, no final, todos seja quanto tempo leve, devemos encontrar a perfeição. Devemos ver em cada semelhante não o que achamos que ele é, afinal, todos temos algum tipo de defeito e se nos prendermos a eles, seriamos incapazes de amar alguém, mas sim ver o potencial de perfeição de cada um, ver um protótipo de Buda ou Jesus, que apenas não despertou este potencial, que ainda não preencheu seu coração de bondade, que ainda não aprendeu a vibrar amor, assim como nós também não aprendemos completamente. Este exercício me faz muito bem, é claro que ainda passao por momentos de irritação e desequilíbrio, mas são a cada “dia” menores e menos marcantes.
    @raph – Eu gosto muito de um conceito de “pecado” que se sustenta na origem etimológica da palavra: “errar o alvo”. Errar o alvo! Acho que resume muito bem, ainda mais para quem acredita em reencarnação, e sabe que há sempre tempo de recomeçar, embora obviamente para cada passo errado, consequencias virão para nos indicar o próximo passo certo…
    Alguém pode dizer: Nossa, mas este cara tá falando besteira, fala isto porque não é ele que perdeu uma parente por causa deste louco! certamente na teoria é uma coisa, não tive o desprazer de passar por uma dor deste tamanho ou tipo, e nem espero que os parentes da moça tenham esta atitude (alias que o ideal é não esperar nada de ninguém, porque a expectativa é igual a frustração, e todo e qualquer movimento só pode ver de mim mesmo e jamais dos outros, só posso oferecer ideias e exemplos, mas jamais posso querer exigir que alguém os queira seguir), mas se no dia a dia tentamos ter este tipo de visão, fica muito mais fácil perdoar e amar, se lembrarmos que errar é a constante do ser humano e só não erra aquele que já se preencheu de tudo e quem está neste nível, não mais vive em nosso plano (a menos que aqui esteja em missão).
    Comigo funciona, talvez funcione para mais alguém.
    A sociedade até se espanta com alguém que tem a capacidade de amar ao “inimigo”, como aquele pai espiritualizado através da igreja católica que diz perdoar o assassino de suas filhas, ouvi comentários do tipo “é louco” e “está fazendo tipo” ou ainda “está em choque”, pois na sociedade atual, nós aprendemos a agir realmente ao contrário, a defender nossos interesses com unhas e dentes e reaver o que foi perdido ou retribuir o sofrimento que nos foi cometido. Sócrates deveria ser mais divulgado! Creio que quem ama é mais feliz, eu pelo menos hoje sou muito mais feliz.
    @raph – O amor talvez seja a única felicidade que permanece, e que não é substituída pela tristeza na próxima esquina. O amor é contentamento, é algo que está no alto, flutuando acima dos tropeços dos caminhos sinuosos…

    1. pecado = errar o alvo, também gosto muito desta visão afinal, ninguém quer errar, e é pelo erro, que buscamos melhorar até não mais errar! Pecado como uma simples falha corrigível e não como uma sentença de infortúnios sem fim faz muito mais sentido e é muito mais construtivo.

      1. Fazer algo proibido ou deixar de fazer algo comandado, por vontade própria, é “errar o alvo”?
        Os judeus devem queimar as cidades que sucumbiram à idolatria e matar os descendentes de Amalek. Se eu escolho não fazer nenhuma dessas coisas, isso é um pecado meu?
        @raph – Obviamente que o conceito de pecado do Antigo Testamento é bem diferente deste, ligado a origem etimológica da palavra:
        A palavra mais comumente usada para o pecado significa “errar o alvo”. Reúne as seguintes idéias:”(l) Errar o alvo, como um arqueiro que atira mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo final da vida. (2) Errar o caminho, com um viajante que sai do caminho certo. (3) Ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus [este aqui já lembra mais “karma” mesmo].
        Mas daí no AT eles deram diversas outras interpretações, algumas bem mais “dramáticas” do que estas… http://pt.wikibooks.org/wiki/Bibliologia/Hamartiologia

        1. O velho testamento reúne a história mítica de um povo, conduta moral e social, leis práticas para estabelecimento de controle de uma população (controle aqui não deve ser interpretado como algo necessariamente ou constantemente negativa), interpretação do universo, interpretação das forças naturais e interpretação de Deus através de uma visão central interpretada posteriormente por diversos outros supostamente em nome daquela primeira visão. Se entendermos o velho testamento como uma reunião de diversas ideias poderemos absorver mais do que se julgar como um fonte confiável ou perfeita do desejo de deus em relação aos homens, pois ai as contradições mostraram imperfeição nesta “comunicação” com Deus.
          Acho que existe muito o que se absorver de bom na bíblia em trechos específicos se entendermos que as partes não tão “boas” se referem a um povo antigo em uma faze atrasada da humanidade que usou desta ferramenta na tentativa de se aperfeiçoar.
          @raph – Exato, eu por acaso acabei de tocar exatamente nesse assunto no meu blog, onde falo sobre o livro de Levítico (Antigo Testamento), sobre “leis e pecados”, e sobre intolerância a quem nos é “estrangeiro”: http://textosparareflexao.blogspot.com/2011/08/levitico-pedras-nao-faltarao.html

    2. “O amor talvez seja a única felicidade que permanece”
      Acho que amor é o caminho da verdadeira felicidade, o resto são meros prazeres!
      @raph – Vi isso aqui no Twitter outro dia: “Que mitos, meu amor, entre os lençóis: O que tu pensas gozo é tão finito… E o que pensas amor é muito mais.” – Hilda Hilst

  9. O principal problema que eu vejo nessa caso é: Não é dificil amar. O problema é sobreviver as consequências. Explico:
    – Se você ao invés de revidar, der um conselho. Ao invés de julgar, tentar entender. E diversas outras atividades em que você não bate, e sim, ama. Inevitavelmente acaba-se sofrendo por isso.
    Acho que é isso que assusta as pessoas. E também é algo que desanima. Pensa você amar alguém que busca a autodestruição ou tem uma grave falha de caráter. Aquela pessoa acabará te prejudicando na primeira oportunidade. Ai para mim, entra o conflito: Como podemos amar a todos sendo que nem todos podemos ajudar ou nem todos querem ser amados?
    Dificil. 🙂
    @raph – Acho que Jesus talvez tenha resumido muito bem o que nos trouxe com o – “Pai, perdoai-vos, pois eles não sabem o que fazem”. Amar também é abraçar a dor.

  10. De boa, Sai Baba é charlatão e tem uns videos debancando ele.
    Mas quem sou eu para julgar.
    @raph – Eu vi alguns vídeos, mas não fica muito claro nem se ele é charlatão nem se ele é capaz de fazer “milagres” (fenômenos de materialização), como não pesquisei a fundo, através do ceticismo o que posso dizer é que não tenho certeza nem de uma coisa nem de outra… Por isso também preferi usar o “diz a lenda”, mas em todo caso achei a imagem legal para ilustrar o texto 🙂

    1. Sempre achei o Sai Baba charlatão, mas ultimamente me contaram uns causos dele que me deixaram com uma pulga atrás da orelha, portanto hoje eu coloco no grupo dos “classificar futuramente”. Até porque gente que eu respeito as opniões colocam o Sai Baba com oum buscador sério.
      É engraçado que um monte desses gurus se conheceram e trocaram figurinha sem contar para o resto de nós.

  11. um fato interessante é que numa noite de chuva e bem escura se tu olha para cima vai ficar piscando incessantemente contra as gotas de chuva, mesmo quando não se pode ver um palmo a frente do nariz.
    @raph – Tudo o que vemos são fótons. Mas podemos sentir muito mais do que a luz visível…

  12. Conheci teu site hoje e devo dizer tenho muita coisa para ler, aprender e combinar com minhas próprias teorias. Embora para mim pareça tudo perfeitamente natural. Inclusive o amor. Amar , para mim é desejar o bem para as pessoas! Desejar que elas, como eu, compreendam a vida, de forma simples. O que vc escreve parece que eu já li, ou conheço. É como se tais coisas escritas fossem normais. fazem sentido.
    Grato
    @raph – Que bom, acho que isso é um ótimo sinal, acredito eu… Quem dera a maioria fosse assim, buscasse o amor de forma natural, sem se vangloriar, sem esperar um céu em troca, pois talvez já conheça o suficiente do amor para buscá-lo naturalmente, como se não houvesse nada mais sábio a fazer – e, realmente, acredito que não há 🙂

  13. Vide Krishnamurti, sobre sermos o passado. A questão o observador é o observado. Percebemos que o automatismo descrito acima, nas ações de direção, por exemplo, são respostas já processadas uma vez, não necessitando novamente de um reprocessamento, pois a resposta antiga já serve. Quanto ao amor crístico, teremos de construí-lo, haja vista não temos resposta do passado para tal. Hum?

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