Tradução: Mago Implacável
Revisão: Maga Patalógica
Faça o que tu queres há de ser Tudo da Lei
1) MORTE REALIZAÇÃO COMO NÃO CATACLÍSMICA
“(…) há aquilo que permanece.”
-Liber AL vel Legis II:9
A idéia básica associada com o último, Velho Aeon é uma obsessão com a morte. Os proponentes simbólicos do paradigma do antigo Aeon – Osíris, Dionísio, Jesus, Adônis, etc. – estão todos ligados pelo motivo central de uma morte (dolorosa). A morte é vista como catastrófica e como um ato ritual deve ser executado para que os mortos sejam ressuscitados (ou vingados). O paralelo cosmológico com este ponto de vista iniciático é a idéia de que o Sol morre todas as noites e o sacerdote deve realizar um ritual para que o Sol ressuscite novamente na manhã seguinte. Crowley escreve frequentemente sobre a mudança de perspectiva do velho Aeon para a perspectiva do Novo Aeon como análoga à mudança do ponto de vista geocêntrico para o ponto de vista heliocêntrico de nosso Sistema Solar. Agora sabemos que o Sol não “morre” todas as noites, e que nenhum sacerdote precisa realizar qualquer tipo de ritual para que o Sol se levante pela manhã. Sabemos que o Sol está constantemente brilhando e é apenas a rotação da Terra que cria a sucessão do dia e da noite: a aparente visão do Sol “morrendo” e “renascendo” a cada noite mudou para a compreensão de que o Sol nunca nasceu nem morreu. Frater Achad, ou Charles Stansfeld Jones, encapsulou essa idéia em seu ensaio “Saindo do Velho Aeon para o Novo”:
“Sabe-se o quão profundamente impressionados nós sempre ficamos com as ideias de Sol nascente e Sol poente, e como os nossos antigos irmãos, vendo o Sol desaparecer à noite e nascendo novamente na manhã seguinte, basearam as suas ideias religiosas neste único conceito de um Deus Moribundo e Ressuscitado. Essa á a ideia central da religião do Velho Æon, porém nós a deixamos para trás porque embora ela parecesse estar baseada na Natureza (e os símbolos da Natureza são sempre verdadeiros), nós ainda assim superamos esta ideia, que é apenas aparentemente verdadeira na Natureza. Desde que este grande Ritual de Sacrifício e Morte foi concebido e perpetuado, nós, por meio da observação dos nossos homens de ciência, viemos a entender que não é o Sol que nasce e se põe, mas, sim, que é a terra sobre a qual nós vivemos que gira de tal forma que a sua sombra nos isola da luz solar durante aquilo que chamamos de noite. O Sol não morre, como acreditavam os antigos; Ele está sempre brilhando, sempre irradiando Luz e Vida”.
Crowley reitera essa perspectiva e explica o significado espiritual em “O Coração do Mestre”, onde escreve:
“(…) Quando chegou a hora, apareceram os Irmãos da Fórmula de Osíris, cuja palavra é I A O; de modo que os homens adoraram o Homem, pensando-o sujeito à morte, e [pensando] sua vitória dependente da ressurreição. Mesmo assim eles conceberam o Sol como assassinado e renascido todo dia e todo ano. Agora, com esta grande Fórmula cumprida e transformada em abominação, este Leão saiu para proclamar o Aeon de Hórus, o filho coroado e conquistador, que não morre nem renasce, mas segue sempre radiante em Seu Caminho. Assim também segue o Sol: pois é sabido que a noite é apenas a sombra da Terra, então a Morte é apenas a sombra do Corpo, que vela a sua Luz [do corpo] de seu portador”.
Assimilar essa idéia de que o Sol, na verdade, nunca se põe, ajuda muito que o aspirante entenda a verdade espiritual de Thelema que isso espelha. Em suma, a morte (tanto do ego como do corpo) já não é vista como cataclísmica no Novo Aeon. Isto se deve a duas ideias conectadas: Morte é complementar à Vida, e a Morte é na verdade Mudança (“vida por vir”).
Vamos começar com a primeira idéia, de que a Morte é complementar à Vida. “A morte é o ápice de uma curva da serpente Vida: veja todos os opostos como complementos necessários, e alegrai-vos” (O Coração do Mestre). Vida e morte são os dois complementos que constituem a existência, e todas as coisas são formadas a partir da interação da Vida e da Morte. Todas as coisas no universo, incluindo a mente e o corpo do aspirante, estão sujeitas à Vida e à Morte. Pode-se visualizar a existência como uma serpente ondulante, onde a crista de uma onda é a Vida e a vale é a Morte (que é a imagem que Crowley usa acima em O Coração do Mestre).
Isso leva à idéia de Morte como Mudança. Muitas vezes pensamos na Vida como mudança e na Morte como estagnação: a morte implica uma parada ou um fim. O Novo Aeon vê a Morte não como um fim, mas como a possibilidade de uma nova Vida. Assim como o Inverno traz “morte” para a vida vegetal, ele também dá nutrientes ao solo para permitir a inevitável nova Primavera. (Como uma nota, “Morte” refere-se à morte do corpo físico, mas mais importantemente refere-se à “morte” ou “dissolução” do ego que pode e ocorre durante a vida de um indivíduo). O capítulo 18, “Dewdrops”, de “O Livro das Mentiras” explica esta idéia de que a Morte é Mudança muito sucintamente:
“Verdadeiramente, o amor é a morte, e a morte é a vida por vir./O homem não retorna outra vez; a corrente não flui para cima; a vida velha não é mais; há uma nova vida que não lhe pertence. Ainda assim, aquela vida é de sua própria essência; é mais Ele do que o que ele chama de Ele”.
A idéia sucinta de que “a morte é vida por vir” é exposta aqui junto com a idéia de que, na vida que surge da morte, nós nos tornamos “mais nós mesmos.” A Vida que surge da Morte é “mais Ele do que o que ele chama de Ele”. Isto porque “tudo o que ele chama Ele” é seu ego e, na morte do ego, é que nos identificamos com o Verdadeiro Eu, que contém tanto a Vida como a Morte (e é, portanto, Eterno e Infinito). Esta morte não é cataclísmica, mas [pode] até mesmo [ser] equiparada ao “amor”. O Tarô, que simbolicamente reflete o paradigma iniciático de sua época, tradicionalmente apresenta “Atu XIII” (ou o Décimo terceiro Trunfo) como “Morte”. No Novo Aeon, podemos entender esta carta não como “Morte”, mas como “Transformação” ou “Mudança”. Em O Coração do Mestre, Crowley escreve estrofes curtas e poéticas para descrever cada carta de Tarot. Para “Atu XIII: Morte” ele escreve: “[o] Universo é Mudança; toda Mudança é o efeito de um Ato de Amor; todos os Atos de Amor contêm Alegria Pura. Morra diariamente. Morte é o ápice de uma curva da serpente Vida: contemple todos os opostos como complementos necessários e alegre-se”. Esta é a mudança de paradigma fundamental do Novo Aeon: não só a Morte é realmente a Mudança (e a “vida por vir”), mas também é uma forma de Amor, e “todos os Atos de Amor contêm Alegria Pura”. Não há vestígio de cataclismo, tristeza ou sofrimento nesta concepção de Morte no Novo Aeon.
Simbolicamente, isso significa que Iniciação (o drama-mito do Caminho de cada indivíduo) já não é mais retratada como “O Homem realizando o Autossacrifício”, mas como “A Criança Crescendo até a Maturidade”. Sobre isso, Crowley escreve: “[o] que é, então, a fórmula de iniciação de Hórus? Ela não será mais a do Homem, por meio da Morte. Ela será o crescimento natural da Criança. Suas experiências não mais serão vistas como catastróficas. Seu hieróglifo é o Tolo: o inocente e impotente Bebê Harpócrates Bebê torna-se o Adulto Hórus quando obtém a varinha” (“Liber Samekh”). A idéia é chegar à maturidade, especificamente “obter a Varinha”, que representa o poder criativo e gerador: poderíamos dizer que essa experiência constitui “puberdade espiritual” para o indivíduo. O processo não é um cataclismo que precisa de retificação (embora a puberdade muitas vezes pareça cataclísmica!), mas, sim, um processo natural de crescimento e de realização do potencial humano.
Cada pessoa deve destruir seu eu egóico e identificar-se com o Verdadeiro Eu. Todo homem e toda mulher deve “derrubar a fortaleza de seu Eu Individual, para que sua Verdade possa libertar-se das ruínas” (O Coração do Mestre). Isso envolve, necessariamente, a morte ou dissolução do ego (“seu Eu Individual”) ao qual muitas pessoas estão fortemente apegadas. É por isso que a morte é vista como catastrófica: as pessoas vêem perdas como algo catastrófico e a maior perda para as pessoas é a perda de sua identidade pessoal. Tanto no Velho quanto no Novo Aeon, o ego deve experimentar a morte no processo de Iniciação. A diferença é está na compreensão desse fenômeno: o Velho Aeon vê a morte como um evento cataclísmico, enquanto o Novo Aeon o vê como um passo necessário no progresso do Crescimento. Como explica Crowley: “[o] Ego teme perder o controle do curso da mente (…) O Ego está corretamente apreensivo, pois este êxtase levará a uma situação em que sua aniquilação será decretada (…) Lembre-se que o Ego não é realmente o centro ou a coroa do indivíduo; de fato, todo o problema surge de sua falsa pretensão de assim o ser” (Comentário a “Liber LXV” I:60). Antes que o indivíduo experimente pessoalmente a dissolução de seu próprio ego, ele deve assimilar esta ideia do Novo Aeon de que “há o que permanece” depois desta morte. Cada pessoa deve, então, vir a experimentar diretamente e até mesmo incorporar esta verdade – isto é, cada indivíduo deve vir a conhecer esta verdade através de sua própria experiência. “A fé deve ser morta pela certeza”, como Crowley escreveu (O Livro de Thoth). Podemos até dizer que cada pessoa está psicologicamente presa no paradigma do Velho Aeon até ter essa experiência da morte do ego. Somente então eles podem ser “libertos da obsessão da condenação do Ego na Morte” (Pequenos ensaios sobre a verdade, “Mastery”). Somente então o indivíduo pode se identificar com “o que permanece”, que transcende, mas contém tanto a Vida como a Morte. No Novo Aeon, cada pessoa “permite à Ilusão do Mundo passar por cima de você, desconsiderada, enquanto você vai da Meia-noite até a Manhã” (O Coração do Mestre). O Novo Aeon é o Aeon da Criança Coroada e Conquistadora: Hórus, Heru-Ra-Ha, Ra-Hoor-Khuit e muitos outros nomes. Hórus é um símbolo do Verdadeiro Eu que transcende a Vida e a Morte assim como o Sol é um símbolo daquilo que constantemente brilha ainda que o dia (Vida) e a noite (Morte) passem na terra; e também como a Criança é um símbolo daquilo que contém mas que também transcende tanto a mãe (Vida) quanto o pai (Morte). No “1º Aethyr” de “A Visão e A Voz”, o próprio Hórus fala sobre sua natureza:
“Eu sou a luz, e eu sou a noite, e eu sou aquilo que está além deles.
Eu sou o discurso, e eu sou o silêncio, e eu sou aquilo que está além deles.
Eu sou a vida, e eu sou a morte, e eu sou aquilo que está além deles.
Eu sou a guerra, e eu sou a paz, e eu sou aquilo que está além deles.
Sou fraqueza, e sou força, e sou aquilo que está além deles.
(…) E cairá sobre eles uma graça e um sacramento, e todos vocês se sentarão juntos no banquete supremo, e vocês se deleitarão com o mel dos deuses, e serão embriagados no orvalho da imortalidade – PORQUE EU SOU HÓRUS, A CRIANÇA COROADA E CONQUISTADORA, AQUELE QUE NÃO CONHECERÁS!”
Como mencionado em seções posteriores, no Novo Aeon nós vemos cada indivíduo como Deus Ele/Ela mesma. Portanto, o trabalho de cada pessoa é libertar-se da identificação com o ego e a consequente identificação com Hórus, Aquele que transcende a Vida e a Morte (e todas as dualidades). Isso é expresso simbolicamente por Frater Achad (e Crowley) com a idéia de mudar a perspectiva da Terra (o ponto de vista geocêntrico onde vivenciamos o dia/vida e a noite/morte, a perspectiva do ego) para a perspectiva do Sol (o ponto de vista heliocêntrico em que experienciamos o brilho perpétuo do dia e da noite; a perspectiva do Verdadeiro Eu).
Essa mudança paradigmática de Velho Aeon para Novo – no sentido de não mais ver a Morte como cataclísmica – é capturada simbolicamente nas mudanças [que] Crowley [propõe] para velhas “fórmulas” para adaptar-se ao ponto de vista do Novo Aeon. Especificamente, as mudanças de IAO para VIAOV e de AUM para AUMGN, sobre as quais Crowley escreve em “Magick em Teoria e Prática” (capítulos 5 e 7, respectivamente) [que] exemplificam a mudança de paradigma do Velho Aeon para o Novo Aeon.
Sobre a fórmula de IAO, Crowley escreve: “[e]sta fórmula é a principal e mais característica fórmula de Osíris, da Redenção da Humanidade. “Eu” é Ísis, Natureza, arruinado por “A”, Apophis, o Destruidor, e restaurado à vida pelo Redentor Osíris “(MIT&P, capítulo 5, que deve ser consultado para um exame mais completo do VIAOV). A idéia básica é que eu = Vida, que é arruinada por A = Morte/Caos que então deve ser resgatada por O. A existência é, portanto, um processo de cataclismos infinitos que exigem redenção a partir deste ponto de vista. Como esta perspectiva muda do ponto de vista da Iniciação do Novo Aeon? Crowley escreve: “O MESTRE THERION, no décimo sétimo ano do Aeon, reconstruiu a Palavra IAO para satisfazer as novas condições da Magia impostas pelo progresso”. Agora, ninguém negaria que todas as coisas mudam, que “tudo passa”, mas, do ponto de vista da física, a energia nunca é criada nem destruída. É simplesmente transformado em diferentes formas. Se nos identificarmos com qualquer um desses fenômenos parciais que inevitavelmente devem ser transformados, estamos sujeitos à morte. Se “morremos diariamente” para o eu-ego (ou eu egóico), para o nosso senso de divisão ou separação do mundo, então nos identificamos com o Processo Integral. “Os muitos mudam e passam; o UM permanece” (“Liber Porta Lucis”, linha 20). O Todo contém todos os opostos dentro de si, é o símbolo da Serpente em si, cujas ondulações são Vida e Morte, e é, portanto, eterna. Este Verdadeiro Eu, o Tudo que não conhece divisão, é Hórus e “o que permanece”. É com essas idéias em mente que podemos entender por que, no Novo Aeon, IAO se tornou VIAOV. Basicamente, IAO foi cercado por dois “V” (estes referem-se à letra hebraica “Vav” ou a letra grega “Digamma” por várias razões que podem ser investigadas no capítulo 5 do MIT&P). O que isto significa?
Essencialmente, o “V” representa “o que permanece”. Pode haver processos de criação, destruição e reconstrução (IAO), mas há sempre “o que permanece”. Pode-se dizer que o “V” permanece inalterado durante os vários “processos IAO”. Mesmo que o falo do pai deva “morrer” na ejaculação, é um passo necessário para a nova Vida – a Criança – emergir… E o Sêmen, a Quintessência, permanece inalterado (“o que permanece”) ao longo de todo o processo. Este processo simbólico exemplifica as ideias do Novo Aeon, especialmente porque a “morte” neste caso é extática: a morte é literalmente orgásmica. Além disso, Crowley escreve em “Livro das Mentiras”: “a serpente é a representação hieroglífica do sêmen” e, assim, o sêmen, que é “o que permanece”, é identificado com a serpente, como explicado acima, representa Aquele que contém os complementos da Vida e da Morte (sendo a crista e vale de Suas ondulações).
Há outra idéia interessante que esta fórmula simbólica, VIAOV, esconde: podemos considerar o “V” original como o homem ignorante, ou seja, o homem como ignorante de seu Verdadeiro Eu/sua identidade com Todas as Coisas, e o “V” final como homem consciente de sua própria Divindade. É através do processo de IAO, ou da morte do ego, que cada indivíduo torna-se consciente de si mesmo como Hórus, “o que permanece”, porque, uma vez que as coisas estão contidas no Todo-Eu, nada pode ser criado ou destruído. Além disso, o “V” ou o Verdadeiro Eu sempre esteve lá, mas o indivíduo simplesmente ignorava esse fato: “A série de transformações não afetou sua identidade; mas o explicou a si mesmo.” (MIT&P, capítulo 5). Crowley explica: “(…) a ‘Pedra’ ou ‘Elixir’ que resulta de nossos trabalhos será o indivíduo puro e perfeito originalmente inerente à substância escolhida, e nada mais (…) o elemento efetivo do Produto é da essência de sua própria natureza e inerente a ela; o Trabalho [então] consiste em isolá-lo de seus acréscimos” (MIT&P, capítulo 20). Como Crowley escreve em “Liber LXV”: “Tu estiveste comigo desde o começo”.
Em se tratando de como AUM torna-se AUMGN, Crowley escreve:
“A palavra AUM é o sagrado mantra hindu que era o hieróglifo supremo da Verdade, um compêndio do Sagrado Conhecimento (…) Em primeiro lugar, representa o curso completo do som (…) Simbolicamente, isso anuncia o curso da Natureza como procedente da criação livre e sem forma, para a preservação controlada e formada preservação e chegando ao silêncio da destruição (…) Vemos, portanto, como AUM é, em qualquer sistema, a expressão de um dogma que implica catástrofe na natureza. É cognato à fórmula do Deus morto”(MIT&P, capítulo 7, que deve ser consultado para uma análise mais completa do AUMGN).
A fórmula de AUM, portanto, sofre do mesmo problema de atitude que a fórmula de IAO: a natureza é catastrófica. Ir além dessa idéia de existência como catastrófica é, como explicado acima, uma faceta da Iniciação do Novo Aeon. Crowley explica:
“A revelação cardinal do Grande Aeon de Hórus é que esta fórmula AUM não representa os fatos da natureza. O ponto de vista baseia-se na má compreensão do caráter da existência. Logo ficou óbvio para o Mestre Therion que AUM era um hieróglifo inadequado e que induz ao erro. Ele declarou apenas parte da verdade, e implicou uma falsidade fundamental. Consequentemente, ele determina a mudança da palavra de tal maneira que a encaixasse na representação dos Arcanos desvendados pelo Aeon do qual Ele tinha atingido o Logos. A tarefa essencial era enfatizar o fato de que a natureza não é catastrófica, mas procede por meio de ondulações”.
A idéia essencial aparece na frase final. Como já mencionamos acima, o ponto de vista do Novo Aeon concebe a existência como uma Serpente cujas ondulações são Vida e Morte. A palavra AUM termina em “M”, que simboliza o fato de que “a formação do indivíduo a partir do absoluto é fechada por sua morte” (MIT& , capítulo 7). Mais uma vez, a idéia é a de Morte como uma parada ou um fim em vez de “vida por vir” ou uma instância de Mudança. Agora, como poderia “GN” ser adicionado ao final “fixo” da palavra AUM? Crowley escreve: “A fórmula ondulatória de putrefação é representada na Qabalah pela letra N, que se refere a Escorpião”. Ambos (a letra N e Escorpião) são tradicionalmente atribuídos a “Atu XIII: Morte” do Tarô, que foi mencionado acima (quando foi sugerido que poderia ser mais precisamente intitulado “Mudança” ou “Transformação”). Basicamente, “N” representa a idéia de que, “orte é vida por vir”, isto é, a Morte não é um fim, mas um ápice da curva de ondulações infinitas. Crowley continua: “Agora, acontece que a raiz GN significa tanto conhecimento (gnose) quanto geração combinada em uma única ideia, em uma forma absoluta, independente da personalidade”. A idéia é basicamente que AUM não descreve com precisão o curso da natureza porque a existência não termina em cataclismo. Portanto, adicionando “GN” a AUM para formar “AUMGN”, afirmamos que o processo da natureza não é cataclísmico. Na verdade, ela não termina de forma alguma, mas em vez disso “prossegue por meio de ondulações” A morte não é o fim, mas simplesmente um vale na sinuosidade sem fim da Serpente do Todo-Eu.
Essencialmente, “todas as tristezas são nada mais que sombras; elas passam e pronto; mas existe aquilo que permanece” (“Liber AL vel Legis” II: 9). É o trabalho de cada indivíduo se dissolver e se des-identificar com o ego e se identificar com “o que permanece”, o Verdadeiro Eu que transcende toda divisão (especialmente entre a Vida e a Morte) por conter Tudo.A morte do ego não é cataclísmica porque conhecemos o Sol do Verdadeiro – o Todo-Eu que “é mais Ele do que o que ele chama de Ele” (“O Livro das Mentiras”, capítulo 18) – está sempre brilhando, independentemente da nossa ignorância (nossa “escuridão”). Em resumo, no Novo Aeon damos o conselho: “Se você está ‘caminhando na escuridão’, não tente fazer o sol nascer pelo autossacrifício, mas espere em confiança pelo amanhecer e desfrute dos prazeres da noite enquanto isso” (A Lei é Para Todos).
“Com coragem, conquistando o temor, vos aproximareis de mim; colocareis vossas cabeças sobre o meu altar, esperando o varrer da espada. Mas o primeiro beijo de amor será radiante em seus lábios; e todas as minhas trevas e terror se converterão em luz e alegria. Somente aqueles que temem falharão”
– “Liber Tzaddi”, linhas 16-18
Amor é a lei, amor sob vontade.
LINK ORIGINAL: https://iao131.com/2010/07/22/new-aeon-initiation-introduction-death-attainment-as-non-cataclysmic/
Respostas de 2
q texto lindo
Fantástico!