Hoje é Dia de Rigor

“Lembrai, lembrai do cinco de novembro

A pólvora, a traição, o ardil

Por isso não vejo como esquecer

Uma traição de pólvora tão vil”

De acordo com o dicionário online da Wikipédia:

“Vingança consiste na retaliação contra uma pessoa ou grupo em resposta a algo que foi percebido ou sentido como prejudicial. Embora muitos aspectos da vingança possam lembrar o conceito de igualar as coisas, na verdade a vingança em geral tem um objetivo mais destrutivo do que construtivo. Quem busca vingança deseja forçar o outro lado a passar pelo que passou e/ou garantir que não seja capaz de repetir a ação nunca mais.”

“Voilà! À vista, um humilde veterano vaudevilliano, apresentado vicariamente como ambos vítima e vilão pelas vicissitudes do Destino. Esta visagem, não mero verniz da vaidade, é ela vestígio da vox populi, agora vacante, vanescida, enquanto a voz vital da verossimilhança agora venera aquilo que uma vez vilificaram. Entretanto, esta valorosa visitação de uma antiga vexação, permanece vivificada, e há votado por vaporizar estes venais e virulentos verminados vanguardeiros vícios e favorecer a violentamente viciosa e voraciosa violação da volição. O único veredito é a vingança, uma vendeta, mantida votiva,não em vão, pelo valor e veracidade dos quais um dia deverão vindicar os vigilantes e os virtuosos. Verdadeiramente, esta vichyssoise de verbosidade vira mais verbose vis-a-vis uma introdução, então é minha boa honra conhecê-la e você pode me chamar de V.”

“V”, em algarismos romanos, como bons observadores que sei que vocês são, significa em algarismos arábicos o número 5. Que é a numeração de nossa tão bem conhecida e pouco compreendida Sephira de Guevurah. Também leva a crer que está muito bem relacionada com o Pentagrama, nosso velho amigo microcósmico. Podemos pegar uma interpretação legal daí tirando que a energia do Ani (Eu) e do Ain (Nada) se encontrem em Tipheret e o aconteça o primeiro dos momentos majestosos do iniciado ocidental, deve-se primeiro saber compreender a energia da Justiça severa desta Sephira e não cair nas “graças” de Asmodeu na Qliphoth de Golachab.

“Asmodeus: Energia Sagrada e Significado. Quando o Significado nas coisas segue adiante, essas coisas viram Cascas. Beleza sem Significado vira Orgulho vazio, Um Julgamento Duro sem Julgamento honesto se torna Raiva. Se torna uma Casca, uma Concha, se torna um Qlipphoth. Se torna EU.”

“Eis que me fiz de santo, quando na verdade era o demônio.” V

Quando a vingança é maior que a justiça, corre-se o risco de cair em desgraça. Acredito eu que as rosas vermelhas deixadas durante os assassinatos dos antigos agressores do V são uma representação alegórica da destruição dos impulsos destrutivos e das paixões inferiores durante a jornada dele. Todas elas representadas pelas suas vítimas. Depois de mortas, recebiam uma rosa. Uma Rosa-do-Espírito se abria. Rosas estas, que no filme, se diziam extintas.  Poderia ser retratado de modo que o Fohat (Caminho da Espada Flamejante ou Relâmpago) seja encabeçado pelo próprio V. “O que fizeram comigo me criou, é um principio básico do universo, que toda ação cria uma reação igual e oposta!”.

V não pode agir através do pilar da Misericórdia. Para se derrubar o poder totalitário da Teocracia imposta na Inglaterra fictícia, ele precisa agir mais próximo da população e dentro do pilar da Severidade. Ele precisa reunir, aglutinar. E esta é a energia deste pilar. “Se não pode com eles, junte-se a eles”. O governo totalitário pode ser claramente associado com Binah, afinal fecha as portas da liberdade para as mentes condicionadas à sua verdade. Isso pode ficar muito claro com o símbolo deste governo (uma cruz de dois braços, ou seja, oito ângulos). Na Kabbalah do Sepher ha Bahir, as energias empregadas na destruição do poder totálitário deste governo podem ser interpretadas como o Arcano VIII (A Justiça), já que liga Gevurah à Binah (caminho de Heth). E da ligação que V trará ao povo com a oportunidade de se encontrarem (SAG) é equivalente ao Arcano XII (O Enforcado), que neste caso é equivalente ao caminho de Lamed. Na Kabbalah aqui apresentada, estudada pelos cabalistas da Golden Dawn, as respectivas energias apresentadas anteriormente são: o Arcano VII (O Carro) e o Arcano VIII (A Justiça). Como acredito que ao invés de antagônicas, estas duas formas de apresentar a Kabbalah são complementares, peço a vocês mesmos que combinem estes dois modos de interpretar a energia empregada e compartilhem suas interpretações. Deixo esta parte com vocês. Comentem com suas interpretações.

Quando ele encontra Tipheret, ou seja, liberta seu anjo da prisão onde estava, vendo experiências anteriores, ele se sente pronto. Teve seu necessário Batismo de Fogo. Enquanto Evey é a representação do próprio povo que precisa encontrar sua liberdade. Ela é a representação de Netzach que precisa entender que Amor é se render. E precisa se sacrificar pelos outros e deixar seus medos para trás. “Deus está na chuva”.

A morte de V e sua batalha final com Creedy, o guardião de Binah, começa com a morte de Adam Sutler, o Demiurgo. Se V precisa voltar ao seu posto original em Hochmah e deixar o próprio povo como dirigentes do novo governo (Poimandres) que ele mesmo tenta ajudar a criar oferecendo sua própria vida em troca, era preciso que se derrotasse o Guardião do Abismo. V dá o seu primeiro e último beijo (Osculum Sanctum) em Evey e parte para seu Sacro Ofício. Notem que nenhuma bala faz efeito nele, mesmo que a proteção de ferro (Gevurah) que carregava sobre seu peito tenha sido totalmente crivada de balas. Ele já não era deste mundo. Creedy não podia entender o motivo dele não morrer pois só tinha conhecimento de coisas passíveis de morte. V atingira Hochmah.

“Por baixo dessa carne existe um ideal. e as idéias nunca morrem…”

Com a revolta popular no dia 5 de Novembro, passado um ano desde a proposta, o povo em sua insurreição foi à caráter, vestidos todos como V, como um só, encarar a morte na mão armada do Governo. Eles não temiam a morte. Eles não temiam o Diabo. Eles não temiam mais nada porque eram um só. eles finalmente haviam alcançado Tipheret. Isso pode ser notado quando depois da destruição do Parlamento, ou seja, depois de destruir aquilo que era símbolo máximo do governo de Adam Sutler, todos tiraram suas máscaras e eram cada um um indivíduo. Mas não o mesmo indivíduo. Não o indivíduo apático e egoísta de antes. Eles eram a Fraternidade Universal

Resumindo, isso tudo se torna de um V um VI.

V for Vendetta – Final Scene

Que as vossas Rosas floresçam na Tua Cruz.

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Respostas de 20

  1. Ótimo post Sérvio, sua correlação do filme com a Kabbalah foi muito completa.
    Desde a primeira vez que vi V de Vingança, percebi que era mais que um filme; é uma metáfora. Além de toda a história ser maravilhosa; é um dos poucos filmes que não me canso de ver. Como sugestão, se um dia puder fazer um post sobre Matrix, agradeceria bastante.
    Parabéns pela coluna, espero e torço para que continue nos privilegiando com o seu conhecimento.

    Paz Profunda!
    @”L”: Puxa, valeu mesmo. 🙂 Eu vou tentar mais pra frente fazer isso mesmo. Mas são três filmes e fica mais difícil. E continue nos privilegiando com suas dúvidas, afinal, são elas quem movem o homem.
    Abraços Fraternos.

  2. Engraçado que o pessoal “oculto” só faz menção a movimentos coletivos do passado, mas permanece insensível aos acontecimentos do presente.
    @”L”: “Permanecemos ocultos para que nossas obras sejam duradouras e perenes” ST. Martin.
    Triste ver como toda uma escola de pensamento, que surge com uma proposta contestatória, acaba por se estabelecer de maneira bem confortável no deserto do real.
    Só o humanismo radical pode libertar os homens de si mesmos (A raiz do homem é o próprio homem).
    @”L”: Agora me diga em que parte do meu texto eu disse que a salvação do homem NÃO é o próprio homem.

  3. Ótimo Post, parabéns! Sentia falta de posts assim! ^^
    @”L”: Obrigado, Silvia. Vou ver se consigo manter o nível e fazer ainda melhor. 🙂

  4. Excelente post acerca das energias de Geburah e belo toque com a imagem da BD de Prometea, parabéns Sérvio, fico à espera de mais!
    @”L”: Tá legal. Mas ainda tô esperando a galera fazer as interpretações dos caminhos, como eu havia proposto.
    Abraço Fraterno.

  5. Mas ainda acho Promethea a obra prima de Moore. Um dos poucos quadrinhos que tenho que guardo na mesma estante dos livros 🙂
    @”L”: Ah, não separo mais dessa forma, a minha estante. Gosto dela toda misturada. ^^
    Abração.

  6. “O seu comentário está aguardando moderação.
    8 de novembro de 2011 às 21:07”

    Teria eu o direito de me expressar, ou essa liberdade me foi cerceada?
    @”L”: Calma, cara. Jesus te ama!

  7. Meus Parabéns! Muito bem feito!

    @”L”: Obrigado, Silvia. Vou ver se consigo manter o nível e fazer ainda melhor. 🙂

    Cara, sinta-se a vontade.

    Por favor!

    Muito bom!
    @”L”: Muito obrigado. :]

  8. Foi um daqueles Posts em que depois de terminar de ler você sente um arrepio, incrível!

    Muita Luz para você e que a Espiritualidade que te acompanha continue te intuindo e auxiliando a criar posts e textos tão esclarecedores para iniciantes como eu!

    Muita Paz e meus Parabéns!

  9. Quando disse Axé foi no contexto da umbanda que significa força hehehe e não o estilo musical, hoje é dia de rock foi boa hehehe

  10. eu gostei muito do texto msm, depois vou reler p/poder absorver melhor as ideias, mas fiquei c/uma pergunta na mente, o uso da muitas palavras q começam c/ a letra V foi d proposito ou ñ?

  11. Salve! Estava lendo a HQ e reparei uma coisa interessante, durante todo o tomo 1 e 2 a personagem é chamada de EVEY (He-Vav-He-Yod). Após ela receber a compreensão e sair do carcere, V a chama somente de EVE.

    Isso me lembra toda a metáfora do paraíso, Adão Primeiro é a imagem e semelhança de Deus (Yod-He-Vav-He) e quando é separado temos Adão (Yod) e Eva (He-Vav-He), acontece que andei pesquisando e não encontrei a fonte que relaciona o segundo Adão a Yod.

    Tem como quebrar o galho e explicar essa relação?

    Grande abraço e grande post.

    @”L”: Viche. Faz um tempão mesmo que eu li sobre isso. Nem lembro onde encontrar mais. Mas eu acho que quando foi tirado o Yod do nome da Evey, foi pra exemplificar que ela tinha transcendido a matéria (Yod=10). E Eva (Havah) quer dizer vida. Com a letra Aleph no início, vira Áhava (Amor). Se eu encontrar a fonte eu te falo pelo Mayhem. 🙂
    Abraços Fraternos.

  12. Bom, como imaginei, ninguém fez as correlações dos Caminhos… Saibam que a Magia pede um tanto a mais de empenho.

    1. Caro companheiro Lamedvavnik

      A maioria nem deve ter ouvido falar do Sefer HaBahir, quanto mais conseguir comparar duas interpretações diferentes dos caminhos.

      Eu, no caso, tenho outra dúvida: a pergunta se refere à correlação do arcano e do caminha a que é atribuído (A Justiça x O Carro; O Enforcado x A Justiça) ou a complementaridade entre caminhos Heth e Lamed?
      @”L”: As duas coisas.
      Por que na tua pergunta, os caminhos são os mesmos, com mesmos nomes e letras; os nomes é que são diferentes

  13. Espero, um dia, ter conhecimento e prática suficientes para respoder essa pergunta apenas olhando para dentro de mim. Por hora, excelente texto. =)

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