Harry Potter e as Núpcias Alquímicas


Esta semana, vou citar alguns pontos interessantes de comparação entre o Castelo de Hogwarts e o Castelo “Casa do Sol”, que representa Tiferet, o coração dos iniciados, nos textos de alquimia clássica. Sim, o tio Marcelo é fã do Harry potter. Acredito que qualquer escritor ou escritora que faça uma criança de 12 anos ler 3.600 páginas de texto merece ser a mulher mais rica da Inglaterra. Além disso, HP está recheado de citações de ocultismo que passam despercebidas para os olhos dos leigos.
Um destes casos é o fantástico livro “As Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz” (Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz), escrito em 1614 e utilizado na iniciação de algumas ordens rosa-cruzes, que serviu de modelo para o Castelo de Hogwarts.

As Núpcias Químicas é um dos símbolos arquétipos da transformação alquímica. Existem muitos trabalhos sobre esse assunto por muitos ocultistas, místicos e autores posteriores. Manly Hall até mesmo dedicou um capítulo inteiro a esse livro em seu famoso livro “Secret Teaching of All Ages” (O Ensino Secreto de Todas as Eras). As Núpcias Químicas representam a união da pessoa, o espírito e a sociedade.
Antes de entrarmos nos detalhes dessa história, vamos examinar o que é a Alquimia e por que ela é importante para o autoconhecimento. O Dicionário de Nova Era define Alquimia como “uma busca pelos segredos da vida pela transmutação dos metais básico em ouro no Ocidente; descobrindo o Elixir da Vida no Oriente.”
Alquimia vem do árabe Al´Kimia, que significa “do país dos negros” ou, “aquilo que vem do Egito”. Era usado para se referir aos estudos herméticos e iniciáticos que tiveram origem no Egito (ou Atlântida, se preferirem forçar um pouco mais a barra).
No livro intitulado The Secret Doctrine of the Rosacrucians (A Doutrina Secreta dos Rosa-Cruzes), escrito em 1614 sob um pseudônimo, o autor revela que o propósito principal da Alquimia não é tornar-se rico descobrindo como converter chumbo em ouro; ao contrário, o propósito principal é mental e espiritual. Ele usa o termo “Alquimia Mental” e “Alquimia Espiritual”. Transformar o “chumbo do Ego” no “ouro da Essência”, associando metais a planetas e seus defeitos. Desta forma, temos:
Sol – Orgulho, ouro
Lua – acídia (preguiça espiritual), prata
Mercúrio – Inveja, mercúrio
Vênus – Luxúria, cobre
Marte – Ira, ferro
Júpiter – Gula, estanho
Saturno – Avareza, chumbo
Esse autor também diz que as referênias alquímicas ao “enxofre”, “mercúrio” e “outros elementos químicos” que nada mais são do que alegorias para exprimir o reto pensar, reto falar e reto agir. Estas alegorias levam a pessoa a buscar a Pedra Filosofal (ou pedra cúbica, ou Vitriol), que também é conhecida como Elixir da Vida. Essa última revelação é extremamente importante, pois o primeiro livro de Rowling chama-se Harry Potter e a Pedra Filosofal. Nesse livro, uma busca é iniciada para descobrir a Pedra Filosofal, a partir da qual vem o “Elixir da Vida”.
No capítulo 13 de Harry Potter e a Pedra Filosofal, ficamos sabendo que o professor Dumbledore – o diretor da Escola de Magia de Hogwarts era amigo de Nicolau Flamel, que aperfeiçoou o Elixir da Vida por meio do processo da Alquimia. Assim, Flamel obteve a Pedra Filosofal, e é mostrado como sendo o possuidor original dela. Em seguida, nos próximos parágrafos, ficamos sabendo que essa Pedra Filosofal de Flamel produzia o Elixir da Vida, “que torna quem o bebe imortal”.
Finalmente, ficamos sabendo que Flamel tinha 666 anos de idade quando obteve a Pedra Filosofal e bebeu pela primeira vez do Elixir da Vida! Assim, Rowling vincula corretamente o número dos iluminados com a Alquimia e sua busca pela vida eterna por meio do ocultismo. A associação entre Tiferet, 666, a iluminação e o pavor aloprado da Igreja com este número já foi detalhado em colunas anteriores.
Agora, vejamos quais tipos de coisas Rowling incluiu em seus livros da série Harry Potter que vieram diretamente desse famoso livro “As Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz”.
1. Figuras na parede que se movem como se estivessem vivas
Os livros de Harry Potter – em todos os livros de Harry Potter – os quadros nas paredes movem-se como se estivessem vivos. “Estava cansado demais para se surpreender que as pessoas nos retratos ao longo dos corredores murmurassem e apontassem quando eles passavam …” ou “O castelo estava silencioso… os dois passaram pelos quadros que resmungavam e as armaduras que rangiam…”
Assim, os retratos nas paredes do castelo em que funciona a Escola de Magia de Hogwarts eram animados, como se estivessem vivos. Eles se moviam nos quadros e conversavam um com o outro. No segmento acima, as armaduras rangiam porque as pessoas no quadro estavam se movendo!
Além disso, cada uma das quatro Casas de Fraternidade (cada uma representando um elemento, mas vocês já imaginaram isso, certo?) no campus tinha somente uma porta de entrada e era guardada por figuras falantes. Cada aluno tinha de dizer a senha daquele dia para entrar na Casa de Fraternidade:
“Não pararam de correr até chegaram ao retrato da Mulher Gorda no sétimo andar… ‘Focinho de porco, focinho de porco’, ofegou Harry e o quadro girou para a frente. Eles entraram de qualquer jeito na sala comunal e desmontaram, trêmulos, nas poltronas.”
“Os dois passaram pelos quadros que resmungavam e as armaduras que rangiam e subiram a estreita escada de pedra, até chegarem, finalmente, à passagem onde se escondia a entrada secreta para a Grifinória, atrás do retrato a óleo de uma mulher muito gorda, de vestido de seda rosa. ‘Senha?’, perguntou ela quando os dois se aproximaram. ‘Ããã…’, murmurou Harry. Eles não sabiam a senha do novo ano, ainda não tinham encontrado o monitor da Grifinória, mas o socorro chegou quase imediatamente; ouviram um tropel de passos às costas e quando se viraram deram com Hermione que corria ao encontro deles… ‘Pode nos poupar o sermão’ – disse Rony impaciente – ‘e nos dizer qual é a nova senha.’ ‘É maçarico’, respondeu Hermione… o retrato da mulher gorda se abriu …”
No livro, As Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz, encontramos o herói rosa-cruz, Christian Rosenkreutz, no fabuloso castelo do Rei e da Rainha da Esfera Supercelestial. Esse castelo chama-se “Casa do Sol” (sol, Tiferet, 666, pedra filosofal, magia, iniciados… heim? heim?).
O Rei e a Rainha nada mais são do que representações de Hochma e Binah, ou o Adão e Eva primordiais da bíblia alegórica. Eles também são representados por todos os finais de contos de fada nos quais o casamento entre o Cavaleiro e a Princesa os tornam Reis e rainhas que “vivem felizes para sempre”.
Christian pouco percebe que a razão pela qual foi convidado a esse castelo foi para testemunhar pessoalmente a reencarnação dos seis reis menores e de suas rainhas por meio do processo da Alquimia. Claro que para vocês que já acompanham a coluna, sabem que estamos falando do Hieros Gamos.
À medida que Christian percorre os corredores desse castelo celestial, observa algo muito estranho nas paredes. “…existiam ali na parte inferior e superior do quarto imagens maravilhosas, que se moviam, como se estivessem vivas…”
2. A Besta Fabulosa no Livro de Harry Potter – O Prisioneiro de Azkaban
No terceiro livro da série, Harry, Ron e Hermione são levados a uma aula chamada “Trato das Criaturas Mágicas”. O instrutor era o gigante Hagrid. Embora as criaturas nesse curso fossem fortes, perigosas e imprevisíveis, Hagrid gosta muito delas e tenta fazer os alunos gostarem também.
“Trotavam em direção aos garotos mais ou menos uma dezenas dos bichos mais bizarros que Harry já vira na vida. Elas tinham os corpos, as pernas traseiras e as caudas de cavalo, mas as pernas dianteira, as asas e a cabeça de uma coisa que lembrava águias gigantes, com bico cruéis cinza-metálico e enormes olhos laranja-vivo. As garras das pernas dianteiras tinham uns quinze centímetros de comprimento e um aspecto letal.”
Assim, a cabeça, pernas dianteiras e asas dessa criatura eram a de uma águia gigante; no entanto, o restante do animal era como um cavalo. Essa criatura chamava-se “Hipogrifo”. Hagrid fala aos alunos sobre esse animal:
“Agora, a primeira coisa que você precisam saber sobre os hipogrifos, é que são orgulhosos… Eles se ofendem com facilidade. Nunca insulte um bicho desses, pois pode ser a última coisa que vão fazer na vida… Sempre esperem que o hipogrifo faça o primeiro movimento… É uma questão de cortesia, entendem? …”
Harry e seus amigos adquirem a afeição de um hipogrifo chamado Bicuço, e no final do livro, o animal salva-os de Voldermort, permitindo que montem nele e levando-os voando até um lugar seguro.
Em As Núpcias Químicas, Christian testemunha uma batalha muito estranha no castelo entre duas criaturas. “No interlúdio, um leão e uma besta fabulosa, que tinha corpo de cavalo e cabeça e asas de águia, são colocados para lutar um contra o outro, e o leão venceu, o que foi também um belo espetáculo”.
3. O espírito brincalhão que paira sobre o castelo atazanando as pessoas
Nos livros de Harry Potter, Rowling colocou um espírito brincalhão que ela chama de Pirraça, o Poltergeist! Pirraça gosta de entrar nas salas de aula e nos dormitórios da Escola Hogwarts, pregando peças que ele acha “engraçadas”. Fazer os alunos entrarem em apuros é também o papel de Pirraça nos livros. Veja um dos diálogos:
“Quando Filch baixou a pena, ouviu-se um forte estampido no teto da sala, que fez a lâmpada a óleo chocalhar. ‘PIRRAÇA!’ – rugiu Filch, atirando a pena no chão num assomo de raiva. – ‘Desta vez eu te pego, eu te pego!’ Pirraça era o poltergeist da escola, uma ameaça aérea e sorridente que vivia a provocar desordem e aflição. Harry não gostava muito do Pirraça, mas não pôde deixar de se sentir grato pelo seu senso de oportunidade…”
Em A Pedra Filosofal, Harry, Rony e Hermione estavam andando nas proximidades da sala de aula de Feitiços no meio da noite, para ir enfrentar Malfoy em um duelo de bruxos. Subitamente, Pirraça os encontra e percebe que estão infringindo um dos regulamentos da Escola, andando nos corredores àquela hora. Vamos acompanhar a narrativa:
“Não tinham caminhado nem dez passos quando ouviram o barulho de uma maçaneta e alguma coisa disparou da sala de aula à frente deles. Era Pirraça. Avistou os garotos e soltou um guincho de prazer. ‘Cale a boca, Pirraça, por favor, você vai fazer a gente ser expulso’. Pirraça soltou uma gargalhada. ‘Passeando por aí à meia-noite, aluninhos? Tsk, tsk. Que feinhos, vão ser apanhadinhos.’ ‘Não se você não nos denunciar, Pirraça, por favor.’ ‘Devia contar ao Filch, devia – disse Pirraça bem comportado, mas seus olhos cintilavam de maldade – É para seu próprio bem, sabem?’. ‘Saia da frente’ – disse Rony com rispidez, baixando o braço de Pirraça. Foi um grande erro. ‘ALUNOS FORA DA CAMA! – berrou Pirraça – ‘ALUNOS FORA DA CAMA NO CORREDOR DO FEITIÇO!'”
No livro rosa-cruz, As Núpcias Químicas, Christian viu esse mesmo tipo de espírito movimentando-se na Casa do Sol do Rei e da Rainha. “…deveríamos comparecer diante das Reais Pessoas, subindo as escadas em forma de caracol no referido salão, onde as mesas já estavam ricamente servidas, e essa era a primeira vez que éramos convidados à mesa do Rei. O pequeno altar estava colocado no meio do salão, e as seis insígnias reais referidas estavam colocados em cima dele. Neste momento o jovem Rei teve uma atitude muito gentil conosco; apesar de não poder estar feliz no fundo do coração, conversou um pouco conosco. No entanto, ele suspirava muito, ao que o Pequeno Cupido apenas zombava e fazia graça… Quase toda a conversação tola durante o banquete era provocada pelo Pequeno Cupido, que nunca nos deixava (e a mim, particularmente) em paz. Ele sempre provocava alguma situação desagradável.”
4. Unicórnio e Fênix
Em HP e a Pedra Filosofal, Rowling fala sobre os unicórnios “branco brilhantes” que vivem na Floresta Proibida. Nos capítulos finais, Hagrid leva Ron, Hermione, Harry e Malfoy para a Floresta Proibida para tentar descobrir quem está matando os unicórnios. Vamos acompanhar a narrativa:
“Havia salpicos nas raízes de uma árvore, como se o pobre bicho tivesse de debatido de dor por ali. Harry viu uma clareira adiante, através dos galhos emaranhados de um velho carvalho. ‘Olhe”, murmurou, erguendo o branço para deter Malfoy. Alguma coisa muito branca brilhava no chão. Eles se aproximaram aos poucos. Era o unicórnio, sim, e estava morto. Harry nunca vira nada tão bonito nem tão triste. As pernas longas e finas estavam em ângulos estranhos onde ele caíra e sua crina espalhava-se nacarada sobre as folhas escuras.”
Em As Núpcias Químicas, Christian Rosenkreutz descreve a cena no jardim em que viu o unicórnio pela primeira vez… “Assim, o jardim que ultimamente estava bem cheio, logo ficou vazio; de forma que além dos soldados não havia nenhum outro homem. Depois que o silêncio foi mantido pelo espaço de cinco minutos, apareceu caminhando para frente um lindo unicórnio branco como a neve, com um colar dourado com algumas letras inscritas em volta do pescoço… e assim o unicórnio retornou ao seu lugar com alegria.”
Em HP e a Câmara Secreta, Rowling dá um lugar de proeminência ao pássaro mítico e lendário, a Ave Fênix. Na batalha na Câmara Secreta, Harry é salvo graças à intervenção de Fawkes, a fênix de Dumblemore. A fênix atacou e perfurou ambos os olhos da serpente, fazendo-a sangrar muito. Essa ação permitiu que Harry escapasse e vencesse a serpente. Mais tarde, a fênix fez um sinal para Harry agarrá-la pela cauda para levá-lo dali. Assim, Harry segurou-se na cauda estranhamente quente da fênix. Rony segurou-se nas roupas de Harry com uma mão e agarrou a mão de Gina com a outra e a ave milagrosamente carregou todos eles para fora da Câmara Secreta, colocando-os em segurança.
Em As Núpcias Químicas, Christian vê um “fênix gloriosa” no Castelo do Sol.
Além disso, no sexto dia – dos sete – Christian Rosenkreutz e outros adeptos assistiram a um ovo sagrado eclodir e um pássaro sair para fora. A princípio, esse pássaro era fraco e todo vermelho, e depois mudou a plumagem para uma cor preta após beber sangue humano, e depois mudou para branco como a neve, e depois para uma bela mistura de várias cores. O comportamento também mudava durante essas transformações físicas de selvagem para mais domesticado.
Em seguida, os adeptos puseram a ave em uma banheira em que havia um líquido branco, como leite. Esse banho removeu todas as penas da ave e depois os adeptos a pintaram de azul brilhante. Os adeptos a levaram para o andar superior, onde foi colocada perto de um altar e recebeu algo para beber. Subitamente, a ave atacou a serpente branca que vivia na cabeça da morte, fazendo-a sangrar abundantemente”.
5. Ambos os castelos são cercados por lagos que comportam grandes navios
Rowling descreve a Escola de Magia de Hogwarts nas proximidades de um grande lago. Circulam rumores sobre a existência de um grande monstro nas águas do lago. Em HP e o Cálice de Fogo, um grande navio traz os Mestres da Magia da escola de Durmstrang, para Hogwarts, para participarem de um Torneio dos Campeões do Tribruxo. O grande navio que trazia os alunos de Durmstrang emergiu das águas profundas do lago e atracou próximo à Hogwarts.
Em As Núpcias Químicas, a Casa do Sol também está nas proximidades de um grande lago. Após os Reis menores e suas Rainhas serem decapitados em um ritual, a noite vem, e Christian Rosenkreutz adormece na cama. Subitamente, ele é despertado por uma luz muito brilhante e vai até a janela para ver o que está acontecendo. Ele vê seis navios aportando próximos ao castelo, flutuando nas águas do lago. Os caixões de cada Rei e Rainha foram embarcados, um par de caixões por navio. Em seguida, os navios partiram para o Monte Olimpo, onde os Reis e suas Rainhas retornaram à vida, de acordo com os preceitos da Alquimia.
6. O teto estrelado da Sala de Banquetes
Em Hogwarts, o salão principal no qual todos se reúnem possui em seu teto uma ilusão que reflete o céu estrelado. Tal qual o Salão maravilhoso, os templos celestiais são conhecidos por serem representações do cósmico e, como tais, possuem estrelas pintadas em seus firmamentos, mesmo quando localizados em lugares fechados. Quem tiver oportunidade de um dia visitar um Templo Maçônico poderá observar este detalhe peculiar.
7. As Casas e os 4 elementos
Assim como na alquimia, a Escola de Magia de Hogwarts está dividida em 4 Casas, representando cada uma delas um dos tradicionais elementos alquímicos. Desta forma, Grifinólia representa o elemento Fogo, Sonserina representa a Água, Corvinal (Ravenclaw) o Ar e Huffepuff a Terra. Isto pode ser visto nas cores dos uniformes, nas insígnias e nos animais escolhidos para simbolizá-los.
O álbum do Bruce Dickinson “Chemical Wedding” é baseado neste livro. Quem ficou curioso a respeito e desejar ler esta maravilhosa obra, pode encontrá-la disponível neste link AQUI.
How happy is the human soul
Not enslaved by dull control
Left to dream and roam and play
Shed the guilt of former days
Walking on the foggy shore
Watch the waves come rolling home
Through the veil of pale moonlight
My shadow stretches out its hand…
[CHORUS:]
And so we lay, we lay in the same grave
Our chemical wedding day
[x2]
Floating in the endless blue
My seed of doubt I leave to you
Let it wither on the ground
Treat it like a plague you found
All my dreams that were outside
In living colour, now alive
And all the lighthouses
Their beams converge to guide me home…

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Respostas de 32

  1. Embora eu ache que existem livros infantis e juvenis muito melhores que Harry Potter, esses elementos filosóficos (espirituais?) são, de certa maneira, bem estruturados. Na verdade, a partir do terceiro livro, já foi possível ver qual caminho seria tomado pela autora para o “Herói”. As questões dos livros evoluíram como:
    I – identidade
    II – emocional
    III – mental concreto
    A partir daí, já podíamos supor as etapas:
    IV – mental abstrato
    V – contato com a morte
    VI – solidariedade (sacrifício de si mesmo, comprometimento)
    VII – união dos contrários (na cultura ocidental nunca chegamos à fase “dialética”, mas é quase isso)
    Cheguei a apostar com os colegas que Harry morreria no sexto capítulo (em um ato de solidariedade plena) para ressuscitar no sétimo. Mas quem agiu em sacrifício foi Dumbledore (perdi 50 pila).
    A professora Nelly Novaes Coelho escreveu sobre essa sequência em 2004. Foi publicada em 2005 em “Além da plataforma nove e meia”, um conjunto de estudos sobre a recepção da obra de Rowling.
    @MDD – qualquer escritora que faça uma criança ler mais de 3.000 páginas de textos merece o título de heroína.

    1. Entendo a admiração pela autora, mas também é preciso entender a pouca receptividade dos estudos literários a esse tipo de obra.
      Seja na obra de Rowling ou de Paulo Coelho, o texto fica preso ao material dos mitos e serve como referência a assuntos externos à obra — e que possuem uma interpretação fixa (dada por ordens iniciáticas, talvez).
      São ótimos textos para estudos de Semiótica ou mesmo de Sociologia da Leitura, mas não devem ser confundidos com Literatura.

      1. Pra mim é literatura, sim.
        Acho que se os estudos literários têm pouca receptividade a esse tipo de obra, o problema é deles. As crianças que leram tudo aquilo estão contentes e é isso o que importa.
        Quem se importa com acadêmicos reclamões?

  2. Ótima leitura da obra. Eu li o primeiro Harry Potter com 11 anos, e foi isso que despertou em mim o amor pela leitura. Parabens mais uma vez, Marcelo, por abrir nossos olhos pra coisas que nem percebemos!

  3. Muito interessante o post!!!
    Idéia para uma postagem: “Rreferências Ocultistas no desenho de He-Man e She-ra”, o que acha?
    t+.
    (Os Livros da Magia = Harry Potter?)

    1. é fato que o personagem foi meio que baseado mas o resto não, não creio que tenha similaridades, até por que Harry não é o maior mago, simplesmente ele foi destinado a ser inimigo do maior…

  4. DD, lembro que uma professora de inglês minha, do colégio, em 2006 (eu estava na 6ª série) comentou algo sobre “ser uma fã incondicional da Rowling” e disse que descobriu que a escritora tinha doado dinheiro pra uma “instituição satânica”. Ela não mencionou que instituição seria essa, mas já dá pra ter uma noção. Procede a informação da doação ou coisa assim ou pura teoria conspiratória?

  5. O Rei e a Rainha nada mais são do que representações de Hochma e Binah, ou o Adão e Eva primordiais da bíblia alegórica. Eles também são representados por todos os finais de contos de fada nos quais o casamento entre o Cavaleiro e a Princesa os tornam Reis e rainhas que “vivem felizes para sempre”.
    MARCELO,ESTOU SURPRESO. DESSA EU NÃO SABIA!!!
    Vivendo e aprendendo!

  6. Pô. Mas não necessariamente ela expois tais elementos de maneira consciente. Muita coisa é imbutida do folklore.. e recorrentes em lendas e mitos…

  7. Tio amei o post!!!
    Estava esperando um post relacionado a JK e ao HP que fez 30 anos (31/07).
    Não sei como as pessoas podem ler e nao perceber todas as evididências relacionadas com o ocultismo.
    Parabens!!!

  8. MDD, sei que não tem nada a ver com o assunto em questão, mas estava vendo um documentário no Discovery agora sobre 2012 e citaram Nostradamus. Gostaria de saber o que você tem a falar sobre ele, ou recomendar alguma literatura.

  9. OFFTOPIC
    Um dia desses eu tive um sonho em que alguém me dizia que desenhar um triângulo embaixo do travesseiro ajudaria no sono e na nossa proteção durante o mesmo.
    É muita viagem isso?
    @MDD – Nao sei. Testa e depois me responde.

  10. Gostei do post, nunca tinha visto Harry Potter com essa perspectiva…
    Uma coisa que eu acho interessante, quando os críticos literários metem bala no Harry Potter é que eles esquecem que é literatura infanto juvenil. Não espere linguagem robusca repleta de figuras e aliterações diferentes. Não se trata de um primor da literatura… nunca foi o propósito.
    Alias, acho estranho como os críticos de literatura julgam algo “bom” e algo “ruim”. Eu, por exemplo, abomino o Macunaima do Mario de Andrade. Quando eu tive que ler aquele LIXO para o vestibular, meu Deus, que tortura!!! E o que torna o Macunaima bom? A escrita que parece que foi feita por um semi-analfabeto? A história inovadora sem pé nem cabeça? O que?

    1. Não sei o que “os críticos literários” dizem quando “metem bala” no HP, mas eu falo como um especialista em literatura infanto-juvenil. Entendo que, como texto, a obra é muito bem escrita (mesmo a tradução para o Português está excelente). E ele é, em inglês, cheio de figuras de linguagem. Tem mesmo menos jogos sonoros (como aliterações e assonâncias) do que se espera de um livro infanto-juvenil. Na verdade, muitos supõem que esses jogos sonoros são muito mais interessantes para crianças do que para adultos.
      Normalmente, as pessoas entendem que o fato de ser “literatura infanto-juvenil” significa que a obra é uma literatura “menor”, menos importante. Não é e não pode ser tratada dessa forma pelos críticos literários. Claro que o crítico deveria ser especialista no assunto na hora de analisar HP, pois tratamos de necessidades específicas do público infantil (não tão específicas no juvenil).
      Dizer que HP não é Literatura não é um insulto (talvez pareça, pois supomos que “literatura” é “bom”). Dizer “HP não é literatura” é a mesma coisa que dizer que “HP não é um dicionário”. É uma função do texto. Só UMA das muitas funções que o texto pode que ter.
      Imagine um quadro, uma pintura. Um livro da série Harry Potter é um quadro que a gente compra para combinar com o sofá. Se o sofá é verde, a gente quer um quadro verde, esverdeado, com uma imagem de plantas ou de um campo…
      “Literatura” é arte, é um quadro que tu compras porque é “belo”, porque tu notas algo de especial nele e só nele. Depois tu tentas descobrir onde colocar.
      Eu também odeio ler Macunaíma. Acho um saco e não recomendaria a leitura. Mas sua forma “estranha” era novidade e foi copiada por muitos escritores depois.
      A importância literária de Macunaíma é algo como a de um LOUCO que resolve botar rodinhas na prancha de surfe. Eu jamais compraria uma prancha de surfe com rodinhas, pois seria um LIXO. E, na época, quem compraria uma prancha de surfe com rodinhas? Já um skate é algo muito mais interessante (nós entendemos SKATE, mas não PRANCHA COM RODINHAS; assim como entendemos BUDAPESTE e não MACUNAÍMA — mas não dá para passar de surfe para skate ou de Dom Casmurro para Budapeste sem um intermediário).
      A literatura de hoje deve muito à Macunaíma, sua loucura e sua redefinição do “mito” (palavra de Roland BARTHES) que é a literatura – mesmo que hoje a gente não a compreenda mais.

      1. Não entendi porque você diz que HP não é literatura.
        Qual é a definição formal de “Literatura”?

        1. Ótima pergunta! 😉
          Existem muitas definições de Literatura. Eu sou formalista (do tipo que adora os Formalistas Russos, Chklovski, Tomachevski, Eikhenbaum) e gosto de definições que pareçam “úteis” — melhores que “eu acho que é literatura” e “eu gostei”.
          Então, a definição “formal” seria melhor explicada a partir das funções de Jakobson (wikipedia tem a explicação completa, claro) e seria mais ou menos “um texto é literário quando sua função principal é a poética”.
          Função poética é quando o foco está na própria mensagem. Não deve haver comprometimento da mensagem para haver, por exemplo, clareza da referência.
          Como a gente sabe que há foco nas referências em HP e não na mensagem? A principal pista é que todos os leitores imaginam as mesmas personagens, todos eles sabem os motivos das personagens, porque as personagens são apresentadas como se fossem reais. Quando o texto tem foco na mensagem, cada um imagina uma coisa diferente.
          Não é a melhor explicação, mas é a mais concisa que eu consigo.

          Claro que têm problemas nessa definição. Estou supondo que os críticos têm direito de dizer qual o foco do texto. Afinal, a autora poderia dizer ela mesma: “meu foco está na mensagem”. E nós somos obrigados a aceitar. Nesse caso, eu diria que ela fez um péssimo trabalho em focalizar na mensagem. Mas eu precisaria “aceitar” que é Literatura, embora diria que é uma Literatura de baixa qualidade (afinal, não dá pra entender o “foco”).
          Isso cria mais um problema, pois estou supondo que o crítico pode julgar quão bem o foco do texto realmente “foca” aquilo que a autora diz que queria focar, certo?
          Para isso, também avaliamos o impacto da obra (como no exemplo de Macunaíma). A pergunta é “Harry Potter mudou o jeito que a Literatura Infanto-Juvenil é escrita”? Também devemos perguntar: “Depois de HP, os textos são diferentes”? E “O público mudou seu gosto depois de HP”?
          Até onde podemos avaliar, HP não mudou o público, nem o modo como se escreve livros para o público infanto-juvenil. O narrador de HP, aliás, é bem particular, pois se coloca ao lado do leitor (nem das personagens, nem se apresenta como um adulto ensinando o mundo às crianças). O narrador se entedia quando a cena é chata e se empolga quando é interessante. Mas isso não semeou nada de diferente nas outras obras infanto-juvenis. Existem cópias de Harry Potter, mas de conteúdo, não de forma. E o público não as acompanhou.
          Muita gente leu HP, sim. Mas eles se tornaram leitores melhores por causa de HP? Eu, particularmente, não acredito nem mesmo que tantas crianças leram HP. As crianças que eu conheço leram os livros aos pedaços (só as partes mais “interessantes”) e ficaram sabendo a história conversando umas para as outras…
          Aliás, se supormos que HP é Literatura por causa do público, temos que fazer o mesmo com Crepúsculo. O fenômeno é o mesmo – apenas em menor proporção.

          Então, o que é Literatura? Jakobson, função poética.
          É uma obra importante para a Literatura? Observar o impacto nas obras subsequentes e no público.
          A primeira é mais uma tipologia. Algo como: “isso é coisa a ser estudada por nós? Sim ou não?” A segunda é uma forma de priorizar as obras que serão mais estudadas (supondo que as que causaram mais impacto deveriam ser melhor estudadas).

          1. Hmmmmmmmmmmmm. Now I see…
            Legal. Valeu pela atenção.

  11. e aí Marcelo ,Tudo bem?
    parabéns por esse post sobre Harry potter. Gostaria que falasse um pouco sobre os livros de Stephen king tb, tipo a Torre Negra e o que você acha da obra.
    @MDD – Não li. Stephen King é um dos autores que nunca consegui ler muita coisa. Li Shinning (O Iluminado) e It. Me falam muito bem dos livros dele, mas está bem abaixo na minha fila, agora com os livros da Madras com desconto, a fila aumentou bastante hehehe.

  12. falando de literatura/filmes infanto juvenil, você já leu ou viu o filme, “Ponte para Terabitia” MDD, aquilo é riquissimo em mitologia, até na criação de mitologia, como é importante a imaginação o poder dela, o crescimento, até discussão religiosa há ali, pelo menos o filme que foi o que eu vi foi uma das mais lindas alegorias, se não a mais, que eu já tive o prazer de ler em minha vida…

  13. MDD, o você poderia nos dizer sobre os exercícios que o Paulo Coelho chama de “As Práticas de RAM” no livro livro diário de um mago ?

  14. …::: CURIOSIDADE :::……
    Nicolau Flamel ? Agora entendi o trocadilho de uma velha novela global, em que o personagem volta para vingar-se de uma cidade toda, após sair fugido,aprendeu Alquimia, e arquitetou uma vingança contra os principais habitantes da cidade.
    Para tal feito arquitetou planos focando seus principais defeitos (pecados capitais), o nome do personagem também era Flamel. (lastima) Acho que o nome era Fera Ferida algo assim, com Edson Celular MP15.
    Abraços.

  15. marcelo,
    há uma frase interessantíssima no último livro, que só agora fui ler.
    “Sim, isso tudo aconteceu em sua mente, é claro. Mas por que não teria sido real?”

  16. Se voê pegar o velho barbudo em todas as vezes que esteve com Harry discorreu muitas outras frases do gênero, tipo #YodaFeelings

  17. Marcelo falando em livros esta semana eu li O Pequeno Principe por ensistencia da minha avó e achei o livro uma alegoria de uma iniciação o que vc acha…desculpe a minha pequena, grande guinorancia

  18. Só lembrando que também tem um filme muito bom dirigido por Bruce Dickinson que também se chama Chemical Wedding, ele conta a história de um professor que consegue trazer de volta à vida o famoso ocultista britânico Alesteir Crowley, também envolve experimentos com viagem no tempo, a energia kundalini, e etc… Eu assisti e recomento, ainda mais levando em consideração a trilha sonora de primeira que são claro músicas do Iron Maiden e solo do Dickinson. Quem se interessar basta pesquisar no google que acredito ainda estar disponível para download por link ou pelo utorrent.

  19. Oi tio Marcelo! Adorei o artigo!
    Fiquei pensando se, por acaso, existe alguma relação entre o raio, a cicatriz de Harry, e Prometeu/Lúcifer/Jesus… Já que ele é o herói da história e aquele que poderia salvar a todos enfrentando Lord Voldemort e simbolicamente trazer a luz (conhecimento espiritual contra a ignorância das trevas). Teria alguma citação no livro de Christian Rosenkreutz que poderia indicar isso? J.K. Rowling também utilizava de outras fontes para enriquecer a literatura?
    Outra pergunta que já vi por aqui, a destruição das horcruxes poderiam estar relacionadas com o despertar dos chakras?
    @MDD – É bem possível, mas eu teria de reler com calma sobre onde estava cada horcrux e como ele foi desativado pra ver se é proposital.

  20. Eu devo confessar que não li HP, eu não li o livro rosacruz (ainda), mas assisti novamente aos filmes.
    E minha cabeça explodiu logo no primeiro filme como se eu estivesse assistindo Matrix.
    Aí a minha mente fez várias associações
    Menino de 11 anos = 11 sephirot
    Na casa nº 4 = Júpiter
    cofre 713 = 7 esferas (chesed, tipheret, geburah,netzach,yesod,hod,malkuth)
    1 esfera Daath
    3 esferas (hochma, binah e kether)
    plataforma 9 3/4 = entre a plataforma 9 e a 10, tipo entre malkuth e yesod; 3/4 pode ser entre tipheret e yesod, pensando naquela linha Dominus Liminis (eu acho).
    O Hagrid bate em cinco pontos na parede de tijolos = unindo forma um pentagono, mas como o beco se chama diagonal, pode ser um pentagrama (que é formado com as diagonais do pentagono – eu acho)
    Mas a coisa mais bacana foi a cena da primeira aula do Snape… Vc tira o mago do mundo trouxa, mas não tira o mundo trouxa do mago… pq o HP estava copiando o discurso do Snape ao em vez procurar as intenções e armadilhas no discurso dele? – E logo depois, o Snape dá uma lição no HP sobre a vaidade – no filme fica parecendo picuinha – mas ele ali é a personificação da Severidade. Mas o HP interpretou como picuinha, e não conseguiu enxergar o inimigo dele. MTO FODA esses ensinamentos, que são mto válidos para nós tbm (como adultos).
    HP é mais que fantasia e romances adolescentes (agora eu sei)
    p.s: foi mal pelo post meio longo, eu só queria desabafar essas ideias que eu não consigo compartilhá-las em público.
    segundo p.s: eu achei que o raio na testa dele fosse uma alusão ao caminho/rota do relâmpago na arv. da vida.

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