Introdução
A lenda dos quadrinhos, Alan Moore, é o autor de diversos títulos memoráveis, tais quais Watchmen, A Liga Extraordinária, V de Vingança e Do Inferno. Desde o seu aniversário de 40 anos, Moore se autoproclamou um mago. Mas é preciso cuidado para compreender a sua visão da magia, que ele uma vez definiu como “uma ciência da linguagem, do uso de símbolos para induzir alterações na consciência”. Alan vê uma conexão íntima entre a magia e a criatividade artística, o que foi explorado de forma magistral na sua série Promethea.
Recentemente publicamos no meu blog (Textos para Reflexão) uma tradução da sua entrevista, A arte da magia, concedida a revista britânica Pagan Dawn. Conforme se tratou da série de posts com mais visualizações nos últimos tempos, resolvemos traduzir também o seu monumental Fossil Angels [Anjos Fósseis].
Fossil Angels é uma espécie de “ensaio-manifesto” que trata basicamente do estado da magia e espiritualidade no mundo atual, onde Alan traz críticas ácidas e contundentes a todos os demais magos e místicos, juntamente com conselhos preciosos e um otimismo implícito em relação a um possível futuro mais pleno de espiritualidade, tudo permeado com a mais fina ironia, numa linguagem por vezes rude e brutal, por vezes impregnada do bom humor britânico.
O ensaio foi escrito em 2002 para a edição #15 da revista KAOS, que de fato jamais chegou a ser lançada. Após quase uma década, foi finalmente divulgado online em 2010, por admiradores de Moore (claro, com o seu devido consentimento).
Trata-se de um ensaio longo, que foi publicado no blog em diversas partes. Daniel Lopes cuidou da maior parte da tradução, Rafael Arrais cuidou da revisão e de parte da tradução, juntamente com Luciano Prado.
E agora, com vocês, Mr. Alan Moore, o Grande Mago:
» Parte 1
» Parte 2
» Parte 3
» Parte 4
» Parte 5
» Parte final
(os links acima abrem novas janelas no blog Textos para Reflexão)
Respostas de 3
Ao mostrar a um amigo um ritual na Golden Dawn no Youtube, o comentário de um amigo foi certeiro:
“Achei chato. Parece missa”.
Obrigado pela tradução! Apesar de não ter muita afinidade com o anarquismo mágico-místico de Alan Moore, eu o aplaudo de pé pela iniciativa muito bem fundamentada.
@raph: Valeu Leonardo, e aqui falo em nome dos demais tradutores tb 🙂
Me surpreendi com um senhor de idade como o Alan Moore que consegue ter uma mentalidade que compreende os anseios dessa juventude líquida que representamos. Essa entrevista dele me fez mudar a postura com a magia e estou obtendo resultados bem melhores, obrigado pela tradução. Segue meu relato de como me relaciono com a magia agora, de uma forma bem mais intima e significativa.
Acredito que a magia cerimonial está morrendo e morrerá ou acabará se tornando algo bem diferente do que temos aí. Eu mesmo, não gosto de adereços e comportamentos fetichistas.
Sei do objetivo simbólico deste itens e utilizo o simbolismo deles em visualizações, mas transformo em itens que são mais comuns e significativos pra mim. Por exemplo, no lugar da espada mágica eu uso um Pégaso. Não invoco ou evoco demônios ou anjos, na verdade uso a simbologia que eles representam para chamar coisas mais críveis para mim e que sejam mais sociáveis.
Não uso círculo de proteção, só lido com uma energia se ela vier de forma espontânea e saiba respeitar o meu espaço. Se não vier assim, nem chamo. Não gosto de prisões. É aquela coisa, você até pode aceitar um mafioso em sua casa, mas só se ele for seu amigo, vier em missão de paz e você saiba qual o interesse dele ali com antecedência. Por que se o interesse dele for te prejudicar, ele terá te enganado e você estará em maus lençóis, afinal, ele é um mestre do submundo e você, um mero mortal. E não imagino que um circulo de proteção me protegeria disso, essas energias são muito mais astutas do que eu.
Logo, em vez de aprisioná-las, prefiro cultivar vínculos de interesses na base do ganha, ganha, entender os aspectos negativos nelas e convencê-las a expressar estes aspectos de modo mais produtivo e positivo. É mais humano, acho menos perigoso e por criar um vinculo de respeito e cooperação, estas forças se tornam beeeem mais cooperativas. Afinal, eu não imponho nada. Apenas converso e negócio. Quando a negociata não dá certo, cada um vai pro seu canto sem maiores problemas.
Diferente do Moore, não uso drogas, não me daria bem com elas. Outra coisa que concordo com o Moore é sobre como é estupido usar a magia para conseguir efeitos materiais diretos. Sendo que seria muito mais fácil fazer aquilo de forma mundana.
Então, não uso magia para conseguir algo físico, mas para alterar o meu comportamento de modo que eu adquira conhecimentos, hábitos e habilidades que vão trazer aquele objetivo para mim. Sabe aquela coisa de fazer sigilo para conseguir clientes para empresa? Não faço isso. Faço um sigilo para adquirir conhecimentos, habilidades e atitudes para prospecção de clientes. É mais fácil, mais objetivo, funciona e acho que não trás Karma. Aí, com esse conhecimento, adquirido através de cursos que surgem pelo caminho, conselhos de algum publicitário que encontrei por acaso em um hospital ou até ideias vinda de sonhos ou meditações, desenvolvo as habilidades e atitudes necessárias e voilá! Fiat Lux! Acho essencial respeitar os limites de Malkuth. Querer distorcer a Matrix a meu ver é algo estupido, perigoso e que trás poucos resultados. Passei a agir deste modo depois de ler está entrevista, e este modo está me trazendo frutos, por isso envio este relato, como forma de agradecimento. Fiquem na Paz, sucesso a todos e até mais.
@raph: Oi Renato. É bem provável que tal sabedoria, se podemos chamar assim, já estava meio adormecida na aurora do seu entendimento (parafraseando Gibran), e que você só a tenha despertado ao tomar contato com esse ensaio do Moore. Acho que as palavras de Moore têm esse poder, e ainda terão por um longo tempo, ainda bem!