Feliz Aniversário, Aleister Crowley !!!

Para comemorar o Aniversário do Mestre Therion, fiquem com esta grande biografia, escrita por Carlos Raposo, um dos maiores conhecedores de Thelema aqui do Brasil, responsável pelos blogs Scribatus, Medievalismo e Orobas.
Na última hora do dia 12 de outubro de 1875, em Leamington Spa, Warwickshire, Inglaterra, nascia Edward Alexander Crowley.(1)

Sua infância esteve marcada por rígidos padrões de comportamento impostos por seus pais, Edward Crowley e Emily Bishop, ativos membros de uma extremada seita Cristã chamada Irmandade de Plymonth (fundada por John N. Darby). Seu pai, um rico cervejeiro aposentado, e fanático Irmão de Plymonth, fez com que Crowley, ainda criança, freqüentasse a sua seita, forçando-o a diversas leituras da Bíblia Cristã e acostumando-o à vida religiosa da Irmandade. Este fato, muito embora viesse ser de grande valia bem mais tarde, quando da compreensão dos Mistérios com os quais esteve em contato, naquele momento apenas fez nascer na criança que se formava, uma intensa repulsa quanto a dogmas, em espécie aqueles de natureza “cristã”.

Em 1886, com o falecimento de seu pai, Crowley fica sob os cuidados de seu tio e tutor Tom Bishop. Tamanha era a crueldade de seu tio, que Crowley se refere a este período de sua vida como “A Infância no Inferno”.

Em sua adolescência, a busca por aventuras o conduziu ao alpinismo. Praticou com afinco esse esporte, chegando a destacar-se no mesmo. Sua carreira de alpinista chegou ao ápice nos anos de 1902 e 1905, quando participou das primeiras tentativas de escalar o Chogo Ri (K2) e o Kanchenchunga, duas das maiores montanhas do mundo, situadas no Himalaia.

Estudou, destacando-se em todas as disciplinas, em Trinity College, Cambridge, onde ficou no período de 1895 a 1898. Nesta época, Crowley, leitor voraz, estudou intensamente, tomando contato com o que de importante havia na literatura inglesa, francesa, além de diversas outras obras em Latim e Grego clássicos, inclusive filosofia e alquimia; se dedicou a canoagem, ciclismo, montanhismo e xadrez, atividade esta em que ganhou notoriedade e que exerceu por toda sua vida. Praticando o montanhismo, Crowley viria a conhecer um homem o qual passou a admirar profundamente: Oscar Eckenstein. Eckenstein, que, segundo Crowley, era um singular exemplo de dignidade e nobreza, ensinou-lhe, naquele momento, o alpinismo. Alguns anos depois, Eckenstein demonstraria que seu conhecimento não se limitava apenas à conquista de elevadas montanhas.

Em Cambridge, seu espírito, como era bem próprio à natureza da Besta, ansiando por um volume maior de conhecimento e aventuras, encontrava-se perturbado com a insubstancial perspectiva futura. Em 1898, antes de sua graduação, Crowley abandona os estudos para se dedicar a algo não comum e de maior profundidade do que o oferecido por uma promissora carreira acadêmica.

Mas o que exatamente seria este algo mais profundo?

Por volta de 1896, Crowley havia iniciado a leitura de alguns livros sobre magia e misticismo (2). Algo começava a tomar forma dentro de seu inquieto ser; porém a leitura de Nuvem sobre o Santuário (3), obra lhe recomendada por A. E. Waite (1867-1940), é que faz com que Crowley decida dedicar sua vida ao estudo do Ocultismo e da Magia, empenhando-se com afinco no sentido de encontrar a Grande Fraternidade Branca (4) mencionada no inspirador livro de Eckhartshausen. E aqui começa a carreira mágica de Aleister Crowley (5).

Em 1898, através de dois amigos, Julian Baker e George Cecil Jones (respectivamente Frati D.A. e Volo Noscere, ambos membros da G.’.D.’.), Crowley é apresentado a Samuel Liddell “MacGregor” Mathers (1854-1918), Frater D.D.C.F. (Deo Duce Comite Ferro), um dos líderes da Ordem Hermética da Aurora Dourada (The Hermetic Order of the Golden Dawn, mais conhecida pela sigla G.’.D.’.), uma das mais influentes Ordens do século XIX, que proporcionou a Crowley sua primeva Iniciação e o contato com os primeiros mistérios mágicos que tanto procurava.

A G.’.D.’. fora fundada pelo próprio Mathers, junto com William Winn Westcott (1848-1925), conhecido pelo mote Frater N.O.M. (Non Omnis Moriar) e William Robert Woodman (1828-1891), cujo mote era Frater V.O.V. (Vincit Omnia Veritas), em 1887. Segundo seus fundadores, a existência da G.’.D.’. era devida à orientação e à ordem de uma alta iniciada alemã chamada Anna Sprengel, Soror S.D.A. (Sapiens Donabitur Astris), que autorizara a abertura de uma Loja na Inglaterra que representasse a suposta Ordem ancestral a qual pertencia (6). Diga-se de passagem que, a G.’.D.’., mesmo levando em conta o possível conciliábulo de sua criação, constitui uma das mais importantes Ordens jamais inventadas pelo espírito humano, conseguindo reunir em seu corpo de iniciados a nata da intelectualidade inglesa e européia da época. A informação que circula nos meios ocultistas atuais diz que nomes como o prêmio Nobel de Literatura em 1923, Willian Butler Yeats, além de Gustav Meyrink, Florence Farr, A. E. Waite, Sax Homer, Bram Stocker (7), F. L. Gardner, Arthur Machen, o próprio Crowley e tantos outros, pertenceram a esta notável organização.

Crowley, iniciado por Mathers em 18 de novembro de 1898, ao Grau de Neophytus (0=0), tomava, como Mote Mágico, o significativo nome de Perdurabo (eu perdurarei até o fim), iniciando, assim, seus estudos na G.’.D.’., tendo como primeiro Instrutor Frater Volo Noscere (G. Cecil Jones). Em dezembro do mesmo ano, Crowley atinge o Grau de Zelator (1=10).

Sua capacidade de assimilação de conhecimentos e sua dedicação ao estudo e a prática do Ocultismo o conduziram, também sob a instrução de Frater Iehi Aour (Allan Bennett), a ascender rapidamente aos Graus subsequentes da G.’.D.’.; assim, respectivamente em janeiro, fevereiro e maio do ano seguinte, em 1899, Crowley conquistou os Graus de Theoricus (2=9), Practicus (3=8) e Philosophus (4=7). Bennett, considerado por Crowley um autêntico Guru, o ensinou várias técnicas mágicas oferecidas pela G.’.D.’., técnicas como Cabala e Magia Cerimonial, consagração de Talismãs, evocação de Espíritos, etc.

Este período de sua vida foi fortemente marcado por duas atividades principais. Quando Frater Perdurabo não estava estudando ou praticando, Crowley, sob o pseudônimo de Conde Vladmir Svareff ou Aleister MacGregor, custeava as edições de seus escritos (normalmente algum tipo de pornografia ou poesia), além de cultivar uma intensa vida sexual, a qual escandalizou alguns membros da G.’.D.’.. Sua grande atividade e principal preocupação, no entanto, continuava a ser a o estudo e prática da Magia.

Entretanto, e isto deveu-se menos aos escândalos promovidos por Frater Perdurabo do que ao ciúme e inveja de certos Adeptos londrinos, e mesmo Crowley tendo demonstrado capacidade e talento em magia, sua iniciação à Segunda Ordem fora negada (8), em fins de 1899, pelos chefes da seção inglesa da G.’.D.’.. Nesta época, Mathers, agora único líder da Ordem, residia em Paris.

Mesmo contrariando a opinião dos líderes londrinos, em 16 janeiro de 1900, em Paris, Mathers, fazendo valer sua autoridade dentro da Ordem, inicia Crowley ao Grau de Adeptus Minor (5o=6), sob o Mote Parzival. Alguns estudantes identificam aqui o fato que marca o inicio da ruína da G.’.D.’..

Pouco antes de sua iniciação, seu grande amigo e Instrutor, Allan Bennett, decide partir para Ceilão, e tornar-se monge Budista.

A insatisfação dos membros da G.’.D.’. com Mathers já era mais que um fato nessa época. Provavelmente o caso Crowley tenha servido como impulso e álibi necessários para o grupo londrino, liderado por Yeats, entre outros menos conhecidos, declarar-se independente de seu mentor e líder, MacGregor Mathers.

O que se seguiu após a rebeldia londrina resultou em histórias fantásticas de ataques mágicos envolvendo Crowley e uns demônios versus Yeats e, é claro, mais uma horda de demônios. Depois o próprio Mathers teria entrado na briga, junto, evidentemente, com uma outra legião de encapetados amiguinhos. Mas essa estória não escapa nem a mais tola crítica. O fato é que Crowley e Mathers ficaram praticamente sozinhos e a outrora grande G.’.D.’., agora conduzida pelos auto-proclamados novos chefes, ia progressivamente implodindo, ou se esfacelando, resultando num sem número de Ordens Cristianizadas, sem o élan da G.’.D.’. original. (9)

Crowley, que abandonara um importante trabalho mágico para ajudar Mathers, vê-se só (10). Parte para Nova York e depois vai para o México.

A estadia no México constituiu um período bem produtivo a Crowley. Além de Tannhauser, escrito em ininterruptas 67 horas, conseqüência de uma bem sucedida Opera Sexualis, esse período na América Central representou uma decisiva conquista no magista que se formava.

Foi apresentado a Don Jesus Medina, um dos altos chefes da Maçonaria local, Rito Escocês. Crowley afirma que Medina, o convidou para iniciar-se em sua Loja. Ainda segundo Crowley, ele rapidamente galgaria os graus Maçônicos, alcançando, por graça, o mais alto Grau do Rito. Crowley, no entanto, jamais foi considerado um Maçom regular.

Mas a chegada de seu amigo e mentor, Oscar Eckenstein, é que daria novos rumos a seu aprendizado. Eckenstein, revelando-se, para a surpresa de seu pupilo, um grande instrutor, demonstrou que Crowley não tinha controle sobre seus próprios pensamentos, qualificando sua atitude para com a magia como apenas mera fascinação romântica. A partir daí, Crowley decide dar um tom científico a seus experimentos, estudando com Eckenstein, uma série de métodos de controle mental.

Após algum tempo de alpinismo e treino mental, Crowley decide ir para o Oriente, com o propósito de encontrar Bennett, seu antigo instrutor, no Ceilão. Antes, entretanto, combina, com Eckenstein, a escalada do K2, no Himalaia, aventura a se realizar na primavera de 1902.

Bennett, agora Bhikku Ananda Meteya, que aprendera Yoga e Budismo, instrui Crowley nestas disciplinas.

No outono de 1902, após a expedição ao K2, Crowley retorna a Paris. Seu novo encontro com Mathers o decepciona a tal ponto que só lhe restou a boêmia vida parisiense. Retorna a sua recém adquirida mansão em Boleskine, nas proximidades do Lago Ness, na Escócia, em 1903 e então, procurando algo suficientemente prosaico para si, intitula-se Lorde Boleskine. Em agosto deste mesmo ano, casa-se com Rose Kelly.

Mas o ano seguinte revelaria a Crowley o mistério que o acompanharia até seu último momento: A Lei de Thelema.

Casado com Rose Kelly, de acordo com Crowley, “uma da mais brilhantes e inteligentes mulheres do mundo”, viaja pela Europa e Egito. De acordo com os relatos de Crowley, enquanto estavam no Cairo, após uma série de Rituais e Invocações, um ser, identificando-se como Aiwass, transmite a Crowley, nos dias 8, 9 e 10 de abril, o Liber Al vel Legis ou, como passaria a ser conhecido, O Livro da Lei. Àqueles que conhecem todo esse processo, é significativo saber que esse Livro foi o primeiro escrito de Crowley, de cunho místico & mágico. (11)

Entre tantos significados atribuídos pelos seguidores da doutrina de Crowley, Liber Al vel Legis proclamaria o fim de uma Era (ou Eon) marcada pelo sofrimento, pela intermediação entre Deus e o homem, pelo deus sacrificado, etc. Em seu lugar, nasceria a época do deus de alegria, onde o homem teria a liberdade de realização de sua própria vontade. A epígrafe “Faze o que queres há de ser o todo da Lei”, contida em Liber Al e maciçamente utilizada nos escritos de natureza thelêmica, sintetiza a própria regra de conduta a ser tomada como tônica do Eon nascido.

Essa experiência, levou Crowley a assumir o Grau de Adeptus Major, 6o=5 da G.’.D.’., sob o novo Mote de O.S.V. (12)

De volta a Boleskine, Crowley imediatamente trata de expor sua consecução mágica a Mathers, revelando ter, finalmente, feito contato com os Mui Misteriosos Mestres Secretos que tanto havia procurado. Como costume, Mathers não aceita a revelação. Consequentemente, o mundo do esoterismo novamente, é palco para ataques mágicos de Mathers a Crowley e vice-versa (13). Mas o incontestável fato é que isso representaria o fim da convivência entre os dois magos.

Em 1905, mais uma expedição ao Himalaia: desta vez o alvo era o Kanchenchunga.

Cansado de suas birras com a G.’.D.’., em 1907, Crowley funda a A.’.A.’.; a Argenteum Astrum, Ordem da Estrela de Prata, que – segundo Frater O.S.V. – substituiria a G.’.D.’., herdando sua estrutura de graduação. Entre tantos significados possíveis, particularmente um inspirou Crowley na escolha desse nome para a Ordem. Segundo ele, o dourado amanhecer (Golden Dawn) é o que precede a Estrela Dalva (Vênus, ou Lúcifer), a prateada estrela da manhã que “anuncia” o Sol (14). Crowley, em 1909, dá início ao primeiro período aberto a Probacionistas a sua A.’.A.’. e, com a publicação da série The Equinox, “destrói” magicamente a G.’.D.’. (15).

No período de 1907-1911, Crowley, consagrando seu tempo ao estudo, a prática e a escrita, publicaria cerca de uma dúzia de livros de cunho poético-mágico (excluindo a série The Equinox). Neste período também, após a morte de sua filha em 1906, Crowley separa-se de sua esposa, Rose Kelly, em 1909. Nesse mesmo ano, Crowley assume o Grau Adeptus Exemptus 7=4, agora na sua A.’.A.’., com o Mote OU MH. Em 3 de dezembro de 1909, durante uma a Visão do 14o Aethyr, toma o Grau de Magister Templi, sob o Mote V.V.V.V.V., 8=3 da Ordem da Estrela de Prata (16). Em 1911 Crowley escreve Liber CCCXXXIII, O Falsamente chamado Livro das Mentiras, que publicaria mais tarde, em 1913.

Em 1912 porém, outro acontecimento daria novo rumo a sua vida.

Crowley, com o seu Livro das Mentiras, curiosamente, mesmo antes de sua publicação em 1913, chamaria a atenção de, nada mais nada menos, Theodor Reuss, membro do serviço secreto germânico, ocultista, cantor e falso maçom, Frater Merlin Peregrinus X, então O.H.O. de uma Ordem chamada Ordo Templi Orientis, a O.T.O. (17).

Reuss, tendo lido Liber CCCXXXIII, para seu espanto, lá identificara o segredo central da O.T.O. (18).

A O.T.O. era uma organização de cunho maçônico, místico e mágico, fundada por Karl Kellner, em 1902. Kellner, segundo a lenda, teria viajado pelo oriente onde havia sido iniciado por um faquir árabe, chamado Solimam ben Aifha, e pelos yoguis hindus Bhima Shen Pratap e Sri Mahatma Aganya Guru Paramahansa, recebendo os mistérios da Filosofia e do Yoga da Mão Esquerda, a Magia Sexual (19).

A O.T.O., assim como muitas outras das assim chamadas Ordens Templárias, reivindica exclusivamente para si a detenção do conhecimento outrora pertencido aos legendários Cavaleiros do Templo. A O.T.O., de acordo com a sua muito questionável história oficial, assim como ocorreu com a G.’.D.’., diz ter reunido entre seus Adeptos vários eminentes maçons e ocultistas da época, alguns dos quais, a partir dos fundamentes adquiridos nessa Ordem, ou fundaram ou em muito colaboraram em outros movimentos da época. A título de exemplo temos: Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia; Franz Hartmann, um dos mais importantes colaboradores do movimento Teosófico; Krumm-Heller, responsável pela expansão da Fraternitas Rosacruciana Antiqua (F.R.A.); Gerald Gardner, considerado como o “pai” da Wicca; Karl Germer, sucessor de Crowley como líder da O.T.O.; Kenneth Grant, que muitos consideram o verdadeiro herdeiro mágico de Crowley, lideraria uma variação da Ordem na Inglaterra; H. Spencer Lewis, fundador de um bem conhecido movimento neo-rosacruciano denominado AMORC (20); além do próprio Crowley.

Conforme dito por Crowley, seu aparentemete bizarro primeiro encontro com Reuss, definitivamente, marcaria o destino da Ordem alemã. Crowley, após ter sido acusado de divulgar abertamente este segredo, expõe a Reuss que este teria sido aprendido por ele quando de sua viagem ao Oriente e que já o praticava há muito (21); sendo-lhe impossível saber ser este o mesmo Santo Segredo cultivado pela O.T.O.

Nesta época, Reuss, desejoso de ver sua O.T.O. expandida pela Europa, costumava conferir a alguns nomes de expressão no cenário ocultista, patentes de Reis Nacionais de sua Ordem. Assim, o desenvolvimento da conversa entre ambos, levou Reuss a nomear Crowley líder da O.T.O. para os países da língua Inglesa. Essa tarefa foi exercida por Crowley através do Mote Baphomet.

Crowley então, passaria a escrever (e também reescrever) os Rituais da O.T.O. sob a luz de seu Liber Legis.

Um pouco depois, em 1914, acompanhado de Mary d’Esté Sturges (Soror Virakam), escreve seu famoso Magia em Teoria e Prática (conhecido por “Magick”), mais tarde, quando acrescentado de outras três partes, seria publicado como o Book Four, também chamado de Liber ABA.(22)

Em 12 de Outubro de 1915, em seu quadragésimo aniversário, Aleister Crowley toma o Mote de TO MEGA THERION, 666, para o 9=2, o Grau de Magus da A.’.A.’.

E, como 666, Crowley concebe uma das mais belas páginas da literatura esotérica, Liber Aleph, The Book of Wisdow or Folly, uma Epístola de 666 a seu Filho 777 (Frater Achad, Charles S. Jones). Em 1919, publica o primeiro número do terceiro volume do The Equinox.

Um dos mais curiosos feitos da Besta, teve lugar com a fundação, em 2 de abril de 1920, da Abadia de Thelema, em Cefalu, Sicília, Itália. Depois, Crowley, em secreto juramento, assume, em maio de 1921, o Grau de 10o=1 A.’.A.’., Ipississimus. A Abadia funcionou até 1923, quando Crowley foi expulso da Itália por Mussolini.

Em 1925 Theodor Reuss falece. Crowley é convocado para uma reunião internacional da O.T.O., onde os rumos da Ordem de Reuss seriam traçados. Crowley é “convidado” a ser o Chefe Internacional da Ordo Templi Orientis. Aceita e toma o Santo Mote de Deus est Homo. (23)

Durante os anos seguintes, Crowley viveu alternadamente na França, Alemanha e Norte da África. Nesta época ele viria a conhecer duas pessoas que, além de serem discípulos e amigos, seriam depois importantes personagens dentro da história de Thelema: Karl Germer e Israel Regardie (24). Expulso da França em 1929 sob acusação de ser agente alemão, Crowley retorna à Inglaterra.

A publicação de suas Confissões, em 1930, proporcionou a Crowley um interessante encontro com um dos maiores gênios da literatura portuguesa. Estamos falando de Fernando Pessoa (1888-1935). Pessoa, que além de célebre poeta era um competente astrólogo, fascinado pelas ciências esotéricas, envia, neste mesmo ano, uma carta a Crowley, indicando erros em seu mapa natal. Crowley, entusiasmado com o conhecimento do poeta lusitano, contesta sua carta, dando-lhe razão, e expressa seu desejo de conhecê-lo.

Pessoa, mesmo incomodado e receando tal encontro, recebe-o no porto de Lisboa. A lenda diz-nos que estranhos acontecimento tiveram vez naquela tarde, como um inexplicado nevoeiro que, descendo na cidade de Lisboa, atrasou o barco que conduzia a Besta ao encontro do criador de Álvaro de Campos. E tanto foi a admiração e fascínio de Pessoa para com o pior homem do mundo, que, no famoso caso da Boca do Inferno, onde Crowley simulou um trágico suicídio, Pessoa testemunhara, confirmando o que supostamente teria ocorrido a seu novo amigo.

Pessoa, que vira naquele estranho inglês um irmão nos Mistérios, a partir do encontro e da amizade com Crowley, em muito mudou o tom de sua poesia. Adentrou-se no estudo do simbolismo, publicando obras de notável valor, até sua prematura morte, em 1935. (25)

Crowley segue e, entre casos amorosos e escândalos sexuais, drogas, e causas judiciais, publica nos anos 30 uma série de ensaios e instruções que comporiam os números subseqüentes de The Equinox Vol. III, o qual fora iniciado em 1919. O já citado The Equinox of the Gods, relatando suas experiência no Cairo e a escritura de Liber Legis, é publicado privadamente em 1936.

Trabalhando com Lady Frieda Harris, Crowley, ao longo de cerca de cinco anos, concebe um Tarot de modo que a imagem do Eon fique registrada. O resultado final é o maravilhoso The Book of Thoth, onde a principal mensagem de sua obra está apresentada de forma sintética. Durante esse trabalho com Lady Harris, em 1942, na forma de um manifesto da O.T.O., Crowley publica Liber OZ, a Carta dos Deveres e Direitos dos homens e das mulheres. Alguns seguidores de Crowley são enfáticos quando afirmam que algo muito parecido seria elaborado alguns anos depois pela ONU.

Seus últimos anos, a partir de 1945, são vividos em Hastings, onde uma série de novos discípulos continuam recebendo instruções. E assim Kenneth Grant, John Symonds, Grady McMurty, conhecem a Besta. Desta época, vem sua última obra, consistindo numa coletânea de cartas dirigidas a uma jovem discípula, que foram publicadas bem mais tarde, após a sua morte, como Magick Without Tears.

No primeiro dia de dezembro de 1947, aos 72 anos, Aleister Crowley, serenamente segundo alguns, exultante segundo outros, e ainda perplexo, segundo terceiros, falece, vítima de bronquite crônica e complicações cardíacas.

Quatro dias depois, no crematório de Brighton, assistido por um reduzido número de admiradores e discípulos, é realizada a cerimônia que ficou conhecida como “O Último Ritual”, com a leitura de trechos da Missa Gnóstica, e de seu maravilhoso Hino a Pã.

Realizara-se, assim, a última vontade da Besta.

*
* *

NOTAS:

1) Hora corrigida por Fernando Pessoa: 11:16 pm.

2) Principalmente The Book of Black Magic and of Pacts de Arthur Edward Waite (1867-1940), norte-americano, maçom, erudito e autor de diversas obras sobre Cabala, Maçonaria, Rosacrucianismo, etc.

3) Der Wolke vor dem Heiligthume (1802), de autoria de Karl von Eckhartshausen (1752-1803), bibliotecário, místico e autor alemão (Baviera).

4) Devemos lembrar que isto ocorreu ao final do século passado, quando o termo “Grande Fraternidade Branca” de fato significava algo mais interessante do que se vê hoje.

5) Aleister é apenas a forma gaélica de Alexander, e não, como muitos pensam, uma oculta referência a algum tipo de terrível demônio.

6) Para maiores informações sobre a trama e a história da G.’.D.’., ver The Magicians of the Golden Dawn de Ellic Howe.

7) Sax Homer, autor de Dr. Fumanchu, e Bram Stocker, autor de Drácula, segundo consta no best-seller de Louis Pauwels e Jacques Bergier, Le Matin des Magiciens, pertenceram a G.’.D.’. (essa informação, entretanto, é refutada por Howe). Em relação a Gustav Meyrink, sua participação na G.’.D.’. também é negada por alguns pesquisadores.

8) A G.’.D.’. era dividida em três sub-ordens: a primeira consistia dos cinco primeiros Graus (de Neophytus a Philosophus), a segunda de Adpetus Minor à Exemptus, a terceira e última comportava os Graus de Magister Templi e Magus. Uma excelente explanação sobre a G.’.D.’.( é dada por Israel Regardie, em seu memorável The Complete Golden Dawn System of Magic.

9) Exemplos: Stella Matutina de Waite, Inner Light de Dion Fortune, Servants Of Light de W. E. Butler e Gareth Knight, além das diversas “Golden Dawns” espalhadas pelo mundo afora.

10) A Operação de Abramelin.

11) Para uma descrição detalhada do ocorrido com Crowley e Rose, bem como a respeito de Aiwass, ver The Equinox of the Gods, do próprio Crowley.

12) O.S.V. são as iniciais de “Ol Sonuf Vaoresagi”, parte da Primeira Invocação Enoquiana, e que significa “Eu Reino sobre Ti”.

13) Crowley, segundo se afirma, enviou o Sr. Beelzebub e seus 49 “comparsas” para rechaçar um ataque mágico desferido por Mathers.

14) Isto é apenas um sentido poético. Existindo outros, inclusive de natureza tântrica, associado com o trabalho interno da Ordem.

15) Isso apenas se constituiu em mais um glamour. A G.’.D.’., nessa época, já se encontrava em processo de fragmentação e em nada poderia ser mais prejudicada com a publicação de suas Instrução na série The Equinox. Diga-se ainda que, o fato de uma Organização qualquer, ver publicado seus próprios Rituais não significa, em hipótese alguma, que seus trabalhos tenham deixados de ser válidos. Pensar assim seria o mesmo que supor estarem há muito inválidadas as várias posições sexuais contidas no Kama-Sutra, visto ter ele sido publicado. Resumindo, a experiência, prática e pessoal, sempre valerá.

16) Como resultado da operação temos o Liber CDXVIII, The Vision and The Voice.

17) O.H.O, do inglês Outer Head of Order, ou Chefe Externo da Ordem. Reuss, assim como Crowley, fez bastante esforço para ser aceito como um maçom regular. No entanto, apesar de ambos terem adquirido fama da maçons, não são reconhecidos como tal por nenhuma Loja Regular da maçonaria mundial.

18) Não se sabe ao certo como Reuss teria adquirido o Liber CCCXXXIII (O Assim Falsamente Chamado Livro das Mentiras), antes de sua publicação. Supõe-se que isto poderia ter sido um ardil, preparado por Crowley, para impressionar Reuss. Resumidamente, o Segredo Central da O.T.O. está exposto no capítulo XXXVI do Livro das Mentiras, onde Crowley descreve uma opera magica na qual o Mago armado com sua Baqueta Mágica (O Pênis) faz uso de um Cálice (Vagina), consumindo o produto desta operação.

19) A jornada pelo oriente e o contato com os altos iniciados compõe versão oficial da criação da Ordo Templi Orientis. Está versão, contudo, não passa de mera ficção cuja base está na lenda apresentada pela jornada de Cristian Rosenkreutz, lenda está que dá origem a Escola Rosacruz. Não existem registros de que Kellner, aliás, assim como Reuss, agente do serviço secreto germânico, tenha realmente estado engajado numa viagem de tal tipo; sendo possível que estes “segredos” tenham sido meramente obtidos quando de sua passagem, em Paris, através da Brotherhood of Light, a qual pertencera – este sim, notável – Pascal B. Randolph.

20) Para melhor explanação sobre H. Spencer Lewis e a criação da AMORC, sugiro a leitura do ótimo Os Mistérios da Rosa Cruz, de Christopher Mcintosh (Edições Ibrasa).

21) Que, diferindo da viagem de Kellner, de fato ocorrera.

22) Mais conhecido pelo título genérico de Magick.

23) Como Líder da O.T.O., Crowley ficou mundialmente conhecido como Frater Baphomet. No entanto, de acordo com o curioso The Magical Revival, de Kenneth Grant, seu Mote Mágico era mesmo Deus est Homo.

24) O primeiro, como já dito, sucedeu Crowley como O.H.O. da O.T.O., e o segundo tornou-se seu secretário particular.

25) Fernando Pessoa, ao contrário do que é afirmado por alguns thelemitas, jamais pertenceu qualquer organização de cunho iniciático.

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Respostas de 27

  1. Eu estou lendo os textos antigos do blog, mas vi o link p/ esse pelo twitter. Realmente o Crowley foi uma figura muito polêmica e que influenciou muito o ocultismo. Mais p/ frente eu pretendo ler alguns dos livros dele.
    Bonita homenagem.

  2. Com certeza Crowley não trilhou o mesmo caminho da maioria dos homens, e por isso merece nossa atenção. Mas é sempre bom ter um pouco de ceticismo quando se estuda as pessoas e suas idéias. Extrai esse trecho do ‘Dicionário do Cético’…

    Auto-proclamado amante de drogas e sexo; autor de livros sobre o oculto; poeta; líder de um culto chamado Ordo Templis Orientis (OTO) cujas bases ele defendeu num dos seus escritos, Thelema, que afirma ter-lhe sido ditado por um espirito chamado Aiwass.

    O que faças será o todo da Lei é o lema do OTO. Na prática, para Crowley, isto significou a rejeição da moralidade tradicional em favor de uma vida de abuxo de drogas, e machismo bruta (“e violo e rasgo e rendo” é uma linha de um dos seus poemas. Diary of a Drug Fiend é o titulo de um dos seus livros.) Afirmou identificar-se com a Grande Besta 666 (do Livro das Revelações) e gozou do titulo de “o mais malvado homem da terra.” Teve duas mulheres; ambas enlouqueceram. Cinco amantes suicidaram-se. De acordo com Martin Gardner, “as suas concubinas acabaram como alcoólicas, drogadas, ou em asilos psiquiátricos.” [Gardner, p. 198] Mas a fama de Crowley era tal que as mulheres que ele atraia já tendiam a ser alcoólicas, drogadas ou desiquilibradas mentais; portanto ele não deve ser acusado de destruir a virtude de santas virgens. A sua fama parece ter consistido de dois pontos principais: herdou uma fortuna e trabalhou muito para ser estranho.

    O livro de Crowley, Magick in Theory and Practice é muito popular entre ocultistas. Quando a editora Dover se preparava para publicar uma nova edição em 1990, pediram a Martin Gardner para escrever um prefácio. Em 1976 a edição tinha sido um best seller. Gardner não era uma escolha lógica para escrever o prefácio visto já ter escrito que Crowley era uma fraude no seu clássico Fads and Fallacies in the Name of Science. De qualquer modo, ele escreveu o prefácio e pintou o retrato de um homem cruel, desprezivel, egoísta. Dover decidiu não republicar o livro. O prefácio foi publicado na obra de Gardner On the Wild Side.

    Crowley teve pouca influência, excepto talvez na popularidade de pôr mensagens invertidas em musicas. O guitarrista ocultista dos Led Zeppelin, Jimmy Page, possui uma larga coleção de memorabilia de Crowley e comprou a mansão dele, Boleskine House, perto de Foyers, na Escócia. A cara de Crowley é uma das muitas na capa do album dos Beatles Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Enquanto ocultistas como Page são conhecidos por colocarem mensagens “satanicas” revertidas nas suas musicas como em “Stairway to Heaven” (“Here’s to my sweet Satan”), os Beatles usaram riffs invertidos em algumas, aparentemente mais pelo efeito musical do que como expressão da sua admiração por Satanás.

    Diz Gardner: “A sua reputação foi a de um homem que adorou Satanás, mas é mais exacto dizer que apenas se adorou a si mesmo.”

    @MDD – Você sabe que quando se trata de temas ocultistas, o “dicionário dos céticos” é tão tosco quanto o “Dicionário dos crentes”, ne? Martin Gardner é um pseudo-cético no mesmo naipe do James Randi.

  3. 93 oq?anos?¬¬
    mto bom o texto,ele não é tão mau qto flam xD
    Marcelo,vc já leu As estrelas descem à Terra do Adorno?Oq vc acha?
    abçs

  4. Excelente texto, Marcelo!
    Há tempos procurava por uma biografia esclarecedora como essa.

    Fiquei apenas com uma dúvida. Esse excesso dele em envolvimentos sexuais teria de alguma forma contribuído com as magias que ele executava?
    Já li que a energia sexual é muito forte, seria então uma forma de canalizar a energia. Estou errado?

    E sobre esse mesmo ponto, poderia forças do mal se aproveitarem energicamente ou psicolóicamente de líbidos sexuais na automasturbação de algum indivíduo?

  5. Parabeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeens!!!!!

    Mr.Crowley, oque se passava na sua cabeça?
    Mr. crowley, voce falava com os mortos?
    RSRSRSRSRSRSRSRSRS
    1° post.

  6. Sem dúvida, um gigante!! Parabéns Crowley e que a filosofia de thelema continue a abrir muitas portas.

    Marcelo, aproveitando a deixa, vc poderia falar mais sobre as brigas entre ele, G.’.D.’. e MacGregor” Mathers no campo magistico. Como ocorre, perigos e compromissos q todos os envolvidos c/ a egrégora de cada sistema tem nestes conflitos. Além, de curiosidade, serve de alerta a todos aqueles q querem se comprometerem c/ algo.

    Apropósito, deve o RMBP.

    Abraços.

  7. só uma coisa DD, se quiser atualizar esse texto bota ai que o chemical wedding já estreiou.
    só a titulo de informação mesmo…

  8. antigamente, o via com o preconceito dos demais…hoje o vejo com olhos ternos!

    abraços fraternos!

  9. O que significa a pose em que Crowley aparece em uma das suas fotos em que ele escora a cabeça sobre os punhos? Pergunto pq enconteri uma imagem do Alan Moore exatamente na mesma posição.

    @MDD – É uma postura chamada Sinal de Cernunnus.

  10. Salve Tio Aleister Crowley!!!

    Que seus escritos e ensinamentos nos inspirem sempre a buscar pelo auto-aperfeiçoamento. És um grande Ser. Que seu espírito possa viver para toda a eternidade! E que sua estrela brilhe para todo o sempre!

    Pois como diria Schopenhauer (e Raulzito na canção “Nuit”): “Quão longa é a noite, a noite eterna do tempo se comparada ao curto sonho da vida.”

    Sua vida não foi nem breve, nem longa… Mas na medida certa, como a de todos grandes homens que caminharam nessa terra.

    Salve Aleister Crowley, To Mega Therion! E Salve nós-todos!

    Salve MDD! Post mais detalhes sobre a loja com o nome do Crowley. Não achei nada na net que se aproveitasse. Abraço, e que a Força esteja com você.

  11. Ir.’. Marcelo,

    Acho um pouco complicada a relação de Crowley com a maçonaria. Muitos dizem que ele foi iniciado já no irregular Grande Oriente da França (se não estou enganado) e recebeu o grau filosófico 33 no México, também em uma loja espúria. O grande conflito seria que para época (e até mesmo para a época atual) Crowley não poderia ser considerado um seguir da “moral e dos bons costumes” para ser iniciado na maçonaria. Ele representa muito bem a figura mística de bruxo sim na O.T.O e na G.D, e realmente viveu o que pregou (ele fez o que ele quis, como diz a Lei de Thelema). Você poderia em algum post ou numa respostinha aqui embaixo “desmestificar” a relação entre “A Besta 666” e sua relação com a maçonaria?

    @MDD – Para ele ter recebido o grau 33, só no Oriente Francês, pois no rito de York (Emulation, no original) não há esta graduação. Muitos maçons não querem reconhecer Crowley como irmão por esta razão e também por conta das diversas acusações feitas contra ele, pelo uso da magia sexual e uso de opiácios, que segundo eles não caracterizaria alguém “de bons costumes”. Para estes irmãos, a maçonaria já é tão mal-vista pela igreja que reconhecer Crowley seria mais um problema para eles, o que é até compreensível.

  12. Salve, DD

    Realmente, Aleister Crowley era, como você costuma dizer, um tanque-de-guerra!

    Não conhecia a atuação de Crowley na 2ª Grande Guerra…na minha ignorância, achava que só houvera envolvimento ocultista no conflito por parte do eixo.

    Belíssimo post, e o fim dele (seu comentário sobre a manifestação de agradecimento do próprio Crowley), me deixou muito impressionado.

    Digo isso pois já ouvi da boca de muitos por aí – todavia, ninguém de gabarito – que a consciência do digníssimo em questão já estaria novamente “encadernado” (usando o termo que o Wagner Borges gosta de soltar em suas palestras), e perambulando entre nós, macaquinhos bípedes do planeta Terra

  13. Aproveitando o comentário do Equinoxxx, eu também sempre me perguntei qual teria sido o destino das almas dos ocultistas, tanto daqueles que viveram nos séculos passados e deixaram um grande legado como dos mais contemporânios ligados ao movimento Thelemico… que é, por exemplo, de Helena Blavatsky, Papus, Rudolf Steiner, Franz Bardon, Austin Osman Spare, Jack Parsons, Aleister Crowley, Marcelo Ramos Motta?

    Já deixaram nosso plano para outro melhor? Continuam trabalhando por aqui só que lá do outro lado? Reencarnaram ou deverão reencarnar?

    @MDD – Boa parte destes se juntou aos “Mestres Invisíveis”, outra parte não temos notícia.

  14. Esse trecho do tal “Dicionário do Cético” é a coisa mais grosseira que já li (não. Já li piores e mais idiotas) sobre Crowley.
    E olha que pra muitos, em termos mágickos, o cara era fez apenas um sincretismo luovável, que foi muito importante para a magia no séc. XX e posterior, e utilizou sua experiência pessoal como credo, às vezes, paradoxalmente, chamando a atenção dos que realmente têm ouvidos para o fato de que aquilo era pessoal. Mas isso é um outro assunto.
    Imagine o que esse dicionário deve dizer sobre o genial Austin Osman Spare, que não fundou ordem de P. Nenhuma, a não ser a Sagrada Ordem de Si Mesmo (rss).
    Amor é a Lei .

    Saravá Mr. Crowley!

  15. lol
    Acabei de assistir o filme Crowley , feito pelo Bruce.
    VC ja viu o filme MDD, ??Se sim , o que achou do conteudo?
    Eu pensei que seria um tipo de biografia ,porem me pareceu mais um trash
    Quem não curtir o crowley e assitir esse filme , saira com uma impressão ainda pior .
    Acho que o Bruce pisou na bola com esse filme .

    vlw o/

  16. MDD, pq vc acha q ele é tão “demonizado” pelas ordens mais “certinhas”?

    Pois isso deveria ser evitado ao maximo, já que elas ensinam o respeito “ao proximo”…

    @MDD – Porque ele usava drogas e pregava o uso de magia sexual, o que são considerados pecados por muitas pessoas.

  17. A lei séria a mesma da música de raul seixas? alias várias frases da música conhecidem com frases da O.T.O. ,viva a sociedade alternativa. 😀

  18. Tio DD please, a “magia Sexual” não é “necessária” para “despertar” a poderosa serpente “Kundalini” que está adormecida lá na base da espinha? e os chilenos mascam e utilizam as folhas da “coca” diariamente como aqui no “Brasil” se toma café, não estou incentivando/apoiando o uso de psicotrópicos, porém…….nem tanto ao “Céu” e nem tanto à “Terra”. Quanto à “Querida Besta Crowlley” se comparado o que fez/causou com as atrocidades cometidas em nome de “Jesus/Deus” ….aliás poderemos filosofar muitoooo sobre isso!!!!!

  19. Marcelo poderias opinar quanto ao chá do Daime? gostaria tb de deixar o endereço do site
    http://misteriosantigos.com/artigos/modules/smartsection/item.php?itemid=229

    Teoria e que Moisés tomou o chá do Daime cria polêmica em Israel

    O especialista em psicologia cognitiva Benny Shanon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que Moisés, considerado o principal profeta da religião judaica, pode ter ingerido uma substância semelhante à ayhuasca, conhecida no Brasil como chá do Daime.

    A afirmação foi publicada nesta semana em um artigo na revista de filosofia Time and Mind e causou polêmica em Israel.

    A idéia de que Moisés poderia estar sob a influência de “drogas” provocou a indignação de líderes religiosos em Israel e, segundo os críticos, a teoria de Shanon “é uma ofensa ao maior profeta do povo judeu”.

    mais…

    O rabino Yuval Sherlo disse à Radio Pública de Israel que “a teoria é absurda e nem merece uma resposta séria”. De acordo com o rabino, a publicação da teoria de Shanon “põe em dúvida a seriedade tanto da ciência como da mídia”.

    Uma das obras de Benny Shanon, o livro Antipodes of the Mind, que analisa a relação entre substâncias psicotrópicas e a fenomenologia da consciência humana, foi publicado em 2003 pela Oxford University Press, uma das editoras acadêmicas mais renomadas do mundo.

    Em entrevista à BBC Brasil, Shanon contou que começou a pesquisar a relação entre os efeitos da planta e a criação das grandes religiões, quando ele próprio experimentou o chá do Daime no Brasil.

    De acordo com o pesquisador, a criação dos Dez Mandamentos poderia ser conseqüência de uma experiência com substâncias psicotrópicas, que alteram o estado cognitivo do indivíduo, e se encontram em plantas existentes inclusive no deserto do Sinai.

    Foi no deserto do Sinai que, segundo a tradição, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei, consideradas a base da civilização judaico-cristã.

    Brasil

    “Tudo começou quando estive no Brasil em 1991, a convite da Unicamp, para dar uma palestra sobre linguagem e pensamento”, afirma Shanon.

    “Depois da palestra, viajei pelo Brasil por dois meses e experimentei pela primeira vez o chá do Daime em Rio Branco, no Acre.”

    “Também participei de rituais religiosos e espirituais do Santo Daime, apesar do fato de que não sou adepto de nenhuma religião”, acrescenta o pesquisador.

    “Tinha 42 anos naquela época, e a experiência mudou a minha visão do mundo”, afirma. Comecei, então, a pesquisar os efeitos dessa planta sob o aspecto da minha área, a psicologia cognitiva.”

    “Muitas pesquisas já foram feitas sobre os efeitos da planta, mas principalmente na área da antropologia, e não da psicologia”, diz Shanon.

    “Naquela época, os antropólogos geralmente escreviam apenas por meio da observação, mas sem experimentar, eles próprios, a substância”, avalia o professor titular da Universidade Hebraica. “Era como escrever um livro sobre música sem ouvir música.”

    Desde 1991, Shanon diz ter visitado o Brasil dezenas de vezes e afirma que já ingeriu o chá do Daime mais de 100 vezes.

    Experiência

    “A substância abriu para mim uma dimensão do sagrado que nunca tinha vivenciado antes, tive visões muito fortes, inclusive de cantar junto com milhares de anjos”, descreve o pesquisador israelense. “A experiência foi tão forte que me levou a querer integrá-la no estudo da fenomenologia da consciência humana.”

    “Estudei, então, todos os contextos culturais e religiosos ligados à ingestão da ayhuasca”, conta Shanon.

    “Cheguei à conclusão de que, nas religiões mais antigas, como a zoroastra e a hinduísta, também houve rituais ligados à ingestão de substâncias que levam a alterações cognitivas, nos quais os participantes ‘viram Deus’ ou ‘viram vozes’.”

    O professor de psicologia cognitiva cita o fenômeno da sinestesia, em que se cria uma relação entre planos sensoriais diferentes e o indivíduo se encontra em um estado neurológico que possibilita que ele “veja sons”.

    “,Na Bíblia há frases como ‘o povo viu as vozes’, que me chamaram a atenção, pois descrevem exatamente a sinestesia que ocorre com a ingestão da ayhuasca”, afirma Shanon. “Encontrei frases semelhantes em textos e cânticos de outras religiões.”

    Críticas

    O pesquisador, que já recebeu críticas negativas de religiosos em Israel, diz que sua tese não constitui um desrespeito à religião, mas sim “uma tentativa de entender momentos tão importantes para toda a humanidade”.

    “Não acredito na visão ontológica, segundo a qual a história de Moisés e os Dez Mandamentos teria sido um evento cósmico extraordinário”, afirma. “Mas também não acho que um momento tão importante possa ser considerado como uma simples lenda.”

    “A minha tese, segundo a qual as substâncias ingeridas por Moisés teriam gerado uma abertura cognitiva que possibilitou um contato com o sagrado, pode ser uma explicação razoável e também respeitosa de como a religião judaica nasceu”, diz Shanon.

    “Mas não é qualquer pessoa que ao ingerir a substância é capaz de criar os Dez Mandamentos, é necessário ser um Moisés para isso”, acrescenta. “Ao meu ver, a ayhuasca libera uma criatividade interna, como a arte.”

    Tentarei conseguir uma mudinha…..rs

  20. Del Debbio, qual a sua opinião sobre a música que o Ozzy Osbourne escreveu sobre Aleister Crowley? Tem alguma coisa de mais ou de menos ali?

  21. Salve MDD,

    Me tira uma dúvida?

    Nuit é Akasha e Hadit é Prana… tá certo?

    Cheguei nisso atraves do Liber AL + Raja Yoga, do Swami Vivekananda.

    Abração!

  22. Crowlenistas são previsiveis, é sempre a mesma arrogancia e prepotencia,,,Defendem uma ideologia egoica de fazes o que tu queres ha de ser tudo da lei e nem sequer completam a frase pois muitas veses nem sabem, ” faça o que tu queres ha de ser tudo da lei. A lei é amor, amor sobre vontade” crowley deu sim sua contribuiçaõ para a construção do conhecimento oculto, mas nem de longe foi tudo isso que proclamam aos quatro ventos, se envolveu com inumeras coisas improdutivas e prejudiciais…os thelemistas vem em crowlewy a desculpa perfeita para poderem dar vazão aos seus instintos, esquecen-se que um homem que não controla a se mesmo é um fraco, nem tudo que se tem vontade deve ser feito, pois muitas vezes essa vontade nem é da pessoa e sim criada pelo condicionamento psiquico a que a maioria esta sujeito…

  23. Fernando Pessoa pertenceu à Ordem Templária de Portugal, tendo sido iniciado diretamente de mestre a discipulo, nos dois primeiros graus. Donde não estar certa a 25a. nota sequencial ao texto postado.
    A Ordem do Templo não se extinguiu em Portugal após 1312. Subsiste, graças a Deus.

  24. Li Apenas a “Da arte Magica”, “O Testamento de Madame Blair” (compilação)
    (e mais outros textos) e o “Livro da Lei” na internet. Sou rosacrucianista, ex-catolico,ex-espirita, protestante (IEQ). Muito dificil de adquirir é o “Livro do Zohar”, um dos mais antigos grimorios do mundo!!!

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