Não falamos ainda em nosso Programa de En Sof, (ainda que o tenhamos citado de passagem) pois nos interessava apresentar primeiro o modelo da Árvore da Vida e trabalhar com ele, para que o estudante se familiarizasse com sua estrutura e ao mesmo tempo jogasse com as diferentes relações a que dá lugar, o mesmo que com as letras e com outras imagens propriamente cabalísticas. Queremos recordar que este modelo da Árvore corresponde exatamente a Adam Kadmon, o homem total, e nos referimos primeiro a ele para tratar de entender certas proporções que nos levarão à idéia do que é En Sof para os cabalistas. Estamos falando de suas medidas, chamadas em hebraico Shiur Koma, pois a Cabala identifica a Adam Kadmon com o cosmos. A “altura dos calcanhares deste ser é de trinta milhões de parasangas”, afirma-se laconicamente. Mas depois se explica que “uma parasangae do Criador tem três milhas, uma milha tem dez mil metros e um metro três empans, e um empan contém o mundo inteiro”.
Sem dúvida estas medidas abarcam todas as possibilidades do Universo, quaisquer que estas sejam. No entanto a idéia de En Sof supera, se assim pode se dizer, todas estas possibilidades.
Como se verá, sua posição é supra-cósmica, chama-se-lhe o Antigo dos Antigos (Deus Ignotu). Não pode ser nem sequer imaginado pelo homem. Expressa-se através do cosmos, do homem celestial, do criador, que mal é um ponto residual de seu nada infinito. A palavra Ayin (Nada), utilizada às vezes pelos cabalistas e pelo Zohar como idêntica a En Sof, entranha uma idéia de vazio absoluto. Mas este nada e este vazio não são “algo” no sentido da expressão moderna, a saber: algo que possa ser percebido ou se expresse como uma negação de outra coisa. Na verdade, En Sof não é nada do que pudesse ser algo, tal a Majestade Imensurável desta doutrina cabalística. Pelo que as três primeiras sefiroth correspondem à Triunidade dos Princípios do Ser Universal, e portanto também as do ser individual. Correspondem-se com os princípios celestes que, por sua vez, geram os terrestres, tal qual no simbolismo construtivo a cúpula e a base do templo. Trata-se da natureza de Deus, se convém utilizar esta forma de dizer, que se sintetiza na Unidade, à qual Deus se assemelha. Estes estados são supra-individuais e estão assinalados no diagrama da Árvore da Vida como supra-cósmicos, já que estão por cima das sefiroth de “construção” (cósmica). No entanto, ainda se encontram determinados pela numeração que se lhes atribui, começando pela Unidade. Efetivamente, a Unidade é a síntese onde se pode encontrar a essência e o sentido da totalidade da Criação; mas ao mesmo tempo esta assunção do Si (chamado também Bem e Só) é, por sua vez, o único meio de passagem a outros “espaços”, estes sim, autênticos e verdadeiramente supra-individuais e supra-cósmicos (metafísicos), claramente assinalados na Cabala com o nome de En Sof, equivalentes ao Não-Ser, dos quais não se fala, já que por definição são inefáveis. Também esta simbolização de uma sucessão de graus de Conhecimento se acha implícita na própria planta do edifício do Templo, por meio da porta, do labirinto, do altar e do sancta-sanctorum, que delimitam zonas simbólicas específicas que se articulam, do menor ao maior, no percurso iniciático que a construção propõe.
Respostas de 18
ocultismo mto avançado pra mim… =/
mas um dia eu entendo isso…
Este é o tipo de texto que nos dá aquela nostalgia, que bate lá dentro… que o entendimento se dá de forma subjetiva…
Fantástico.
Fugindo um pouco do assunto, MDD, ontem resolvi tentar, novamente, os exercícios da visualização dos chackras e do Templo Astral.
No exercício de visualização dos chackras, vc fala que o chackra cardíaco está sobre o plexo solar (no texto), e por pura desatenção (pois esta não é a primeira vez que vejo a descrição dos chackras e onde se localizam) acabei fazendo o exercício tentando imaginar um chackra a mais… ou seja, acabei interrompendo-o no 4° chackra. Acho que seria interessante se vc corrigisse isso depois ^^
Afinal, das duas vezes em que o pratiquei, meus sonhos ficaram menos agradáveis. Parece que antes eu estava em um estado em que podia controlá-los livremente, e após esses exercícios, percebo que isso se modificou, e meu controle sobre os sonhos diminuiu sensivelmente… porque isso aconteceu ?
Já quanto ao Templo Astral, fiz o exercício depois do exercício de visualização dos chackras, e penso que perdi completamente a noção do tempo nele (acabei ficando quase 1 hora acordado, fazendo-o, sem perceber), mas ainda assim ele não está direito. O Templo parece o mesmo toda vez, uma espécie de antigo castelo, onde abro portas que me levam a locais cheios de fogo, fumaça, sangue (uma, inclusive, lembrou-me um sonho que tive quando criança, de entrar em um hall largo, cujo chão e as paredes eram forrados de caveiras, enquanto um lustre feito das mesmas e de ossos pendia do teto) e onde sempre tenho a impressão de estar sendo seguido ou atacado de alguma forma (ontem foi por uma espécie de lobisomen, que me seguia onde quer que eu fosse, e me atacava sempre que eu percebia sua presença).
Porque fico preso nesse lugar (nessa ilusão, talvez ?) toda vez que tento fazer o exercício do templo astral ?
não entra na minha cabeça a arvore da vida, que livro explica bem no tipo Arvore da Vida para leigos? 😀
Grande Marcelo,
Você irá fazer o mapa astral de Mother Meera?
@MDD – De quem?
Joseph Campbell até onde se sabe, era um iniciado ?
salve
já tive essa impressão antes e a forma como esse texto está escrito me sugere isso também…
tem mais pessoas que escrevem os artigos aqui para o blog, sem contar aqueles que você inclui o link, citando a fonte e tals??
e falando em medidas… acho eu que isso é uma criação humana, uma ferramenta para tentar compor um entendimento linear de um universo que não é… de onde tudo veio e como tudo começou, não envolveu o uso de régua nem de números!
D, se me permite responder suas perguntas…
Quanto ao exercício dos chakras, continue treinando por que a prática leva à perfeição.
Em relação a ter “perdido o controle” sobre os sonhos, “Parece que antes eu estava em um estado em que podia controlá-los livremente, e após esses exercícios, percebo que isso se modificou, e meu controle sobre os sonhos diminuiu sensivelmente…”, esse “Parece” no começo muda tudo. Pode ser que você não estivesse realmente no controle do sonho antes, e agora consiga perceber isso. Pode ser que você agora tenha consciência de que é possível alterar os próprios sonhos ao livre arbítrio e seu cérebro te sabote de alguma maneira, podem ser várias coisas. De qualquer maneira, tente fazer um exercício de relaxamento entre o dos chakras e a hora de dormir, talvez funcione.
Quanto ao templo astral, talvez seja prudente ir mais devagar, visualizando primeiro uma sala, depois outra, voltar um outro dia e continuar a exploração. Tudo com bastante calma e seriedade, até que você tenha controle total sobre ele, e ele esteja devidamente cristalizado. Um amigo certa vez me falou que o Templo nada mais é do que a mente da própria pessoa, e na nossa mente estão nossos melhores sonhos, e piores pesadelos. De qualquer maneira, a paciência e a certeza do que se está fazendo são as melhores ferramentas pra se trabalhar com o Templo.
Mas se as emanações vem do mais alto trígono das sephirots, o En Sof vai ficar acima deles não? Sendo assim, A “trindade” mais elevada seria a supra-cósmica de que se fala o texto né?
@Ignus Factu : Obrigado pela ajuda ^^
Em todo caso, continuarei sim tentando o exercício dos Chackras. Talvez a grande dificuldade esteja nessa tolice que fiz durante o exercício, que me impediu de chegar a níveis mais altos (garganta, terceiro olho e coroa), assim possivelmente realçando o aspecto de realidade do sonho e, por isso mesmo, deixando a tarefa de dar-lhe rumos mais difícil….
Já quanto ao Templo, se isso é minha mente, então existe alguma chance de eu estar olhando para uma projeção racionalizada de minha Sombra ? Porque, de alguma forma, por mais que eu visse essas coisas e fosse atacado, não me dava mais medo ou ansiedade que o comúm ao tentar-se algum exercício esotérico…. o que não seria muito possível caso estivesse enfrentando meus piores pesadelos…..
Foi muito pra mim… o.O’ …
Preciso começar a aprender Cabala “pra ontem”…
Falando nisso, conheces a “Ordem Mística da Kaballah Hermética”?
Se alguém aí conhecer, me diga o que acha, please?!
Estou pensando em realizar uns estudos online através do site deles, mas prefiro me informar melhor primeiro….
Acho que a melhor forma de entender isso é se cansar de tanto pensar, e perceber que é impossível entender agora. As mais brilhantes analogias, metáforas e “máximas budistas” ainda são insuficientes… Talvez daqui uns bilhões de anos… ou alguns segundos 😉
paz a todos
Não tem muito a ver com o texto, mas achei esse trailer no youtube, muito interessante, promete ser um bom filme – Oh My God – o diretor viajou por 23 países com a pergunta: O que é Deus?
http://www.youtube.com/watch?v=HgU7HEBGtG4
“O Ser é e não é possivel que não seja – È o caminho da persuasão, porque vai direto a verdade – a outra que o Não Ser não é e é necessário que não seja; e digo-te que esta é uma via fechada de toda pesquisa: de fato, não poderias conhecer o que não é, pois não é possível nem o poderias exprimir”
Parmênides, Sobre a Natureza.
muito bom, estava sentindo falta de textos deste naipe
No aguardo das continuações, sobre o En Sof Aur, e do prelúdio, sobre o En.
“Imagine um circulo onde o nucleo dela está em todo lugar e sua circunferencia não está em nenhum lugar.”
Ain Soph.