“Se você não sabe para onde você quer ir, qualquer caminho você pode seguir. Se você não sabe onde você está, um mapa não vai ajudar!”. Roger Pressman
Quem vem acompanhando esta coluna já percebeu que a abordagem utilizada distoa um pouco das demais colunas: enquanto algumas focam em temas diretamente relacionados as ciências ocultas (como a Revolução Luciferiana), outras tem um viés um pouco mais filosófico/espiritualista (como é o caso da Textos Para Reflexão). Já no nosso caso, como o próprio texto de apresentação da coluna diz, o foco é abordar temas relacionados ao ocultismo de uma forma mais “receptiva” aos leitores menos familiarizados com o tema.
Talvez você não tenha percebido, mas nas últimas três colunas já abordamos temas como Hermetismo, Kabbalah, Magia, Sincronicidade, dentre outros… Todos inseridos no contexto do “mundo real“, do dia-a-dia de qualquer ser comum.
Hmmm… Então quer dizer que você estava tentando me doutrinar sem que eu percebesse é!?
Negativo. Doutrinas são cabrestos. São viseiras que colocam no nosso pensar para que fiquemos apenas nas repostas prontas de seus dogmas, sem buscar o mais interessante de toda a brincadeira, que são as perguntas que devemos fazer.
Pelo contrário, a ideia inicial desta coluna é intrigar os leitores mostrando que mesmo longe dos conceitos complexos abordados nestas ciências, suas práticas estão mais próximas de nós do que imaginamos. Que mesmo aqueles que desconhecem o real significado da palavra Magia, a utiliza “involuntariamente” na sua vida mundana.
O que?? Você tem a audácia de me chamar de bruxo? Eu não me envolvo com essas crendices!
Isso é o que você pensa, e ainda acha que eu que sou o doutrinador. A ignorância e a desinformação são os principais combustíveis para o preconceito e a intolerância. Por mais que você não faça a mínima ideia, você pratica “atos mágicos” (a palavra correta aqui seria magisticos) diariamente.
Veja bem, magia, no real sentido da palavra, nada tem a ver com aquilo que você leu nos livros da J. K. Rowling. Magia, como diria Alan Moore, é “a Arte“, ou “a arte de manipular símbolos para operar mudanças de consciência“. Isso significa que quando você convence seu chefe a lhe dar um aumento, ou ainda conquista aquela gatinha na balada, esta, mesmo que sem saber, praticando magia!
Ta doido??? Isso não tem nada a ver com magia! Essas coisas de magia envolvem milhões de rituais, velas, e todas aquelas coisas!! Eu não faço nada disso!
Enganado novamente. Qual o conceito de ritual? Segundo o dicionário, ritual pode ser classificado como um conjunto de regras ou protocolos, nada de sobrenatural. Se fosse prestar atenção, o ato de preparação pré-balada, por exemplo, nada mais é do que um ritual.
Você toma um banho, se barbeia, veste uma roupa, passa perfume, encontra os amigos e vai. Isso nada mais é do que um ritual de preparação. Nem vou mencionar aqui o fato de que você, durante toda essa preparação, está com suas intenções focadas em encontrar uma menina com características específicas na balada, ou até em convencer umaem especial a ficar com você. Ou seja, a preparação estão muito além do que você imagina.
Veja que só nestes poucos parágrafos foi possível rever alguns dos conceitos distorcidos que nos fazem acreditar. E que, mesmos estas “coisas de maluco esotérico” estão mais próximas de nós do que nos damos conta.
Se você estiver aberto e disposto a prestar atenção e despertar do torpor que o mundo material e os dogmas nos colocam, vai descobrir que existe muito mais coisas para se ver lá fora, no verdadeiro mundo real.
“A maior parte das pessoas parece horrorizada com possuir uma alma, e com a responsabilidade de mantê-la pura.” Alan Moore
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O blog Autoconhecimento e Liberdade busca auxiliar seus visitantes a encontrarem o caminho da espiritualidade dentro de seu próprio cotidiano, através de transformações em nosso comportamento e na maneira como encaramos nossos desafios.
Colunas anteriores:
– A informática e a espiritualidade
– Sobre Autoconhecimento – Parte 1
– Sobre Autoconhecimento & Liberdade
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Interessante. Nesse sentido, um cientista que faz experiências tentando demonstrar que magia não existe também é um magista.
@Peterson: De certa forma, sim.
E mais! A vida é então uma disputa por poder onde as pessoas usam dos mais diversos recursos, incluindo a magia, para satisfazer suas vontades/necessidades individuais. Me pergunto se essa forma de pensar não é muito individualista… será que ainda existe espaço para pensar sobre o bem-comum?
@Peterson: Pode ser individualista sim, e não há nada de errado nisso.
É claro que você também pode usar magia para autoconhecimento e evolução pessoal, e utilizar as habilidades e conhecimentos adquiridos em prol de um “bem-comum”, se esta for a sua Vontade. Mas se quiser, também pode usa-la apenas para objetivos próprios e individuais.
É tudo uma questão de causa e consequência.
Ótimo texto, Peterson.
Não há nada de sobrenatural na Magia. É só um “natural” que as pessoas não percebem.
Magia é transformar, algo (podendo ser uma infinidade de coisas, desde materiais até a ideias e humor) ou a si mesmo! Gosto muito deste conceito que absorvi a pouco tempo neste mesmo site!
Muito bom! Esse deve ser um dos caminhos mais interessantes da magia por permitir quase total liberdade ao indivíduo para que ele possa manipular as “cordinhas” do mundo com apenas a questão de um foco “mundano”.
Bem interessante 🙂
@Peterson: Há de se tomar cuidado com essa “apenas foco mundano”. Mesmo com foco em objetivos apenas mundanos, toda causa gera uma consequência, e ela pode não ser apenas mundana…
O exemplo utilizado na coluna foi apenas para demonstrar que a magia TAMBÉM está presente no dia-a-dia de qualquer um. Que magia é o ato de exercer a sua vontade. Magia PRÁTICA já é diferente, e vai BEM além disso…
Hehehe, entendi, acho que não consegui me expressar muito bem…
Quis dizer a nível “mundano” no sentido não egoísta ou irresponsável da coisa. Sim, mundano só que com a idéia de ação-reação sempre em mente. E mundano no sentido de, vamos dizer, “simplicidade”. É lógico que, pra lidar com Alta Magia no estilo a la Constantine vão anos e anos de vida e prática… então, para coisas mais “simples” (mundanas) rola também uma abordagem mais “simples”. Cada uma no seu quadrado =)
Não é necessário um evocação enochiana pra conseguir uma “simples” auto-sugestão, nem pra “abençoar” um prato de comida com um desejo. É esse tipo de “mundanisse” que me refiro 😉
Peterson saiba que você pensa de uma forma absurdamente semelhante a minha. Adorei ter lido isso, foi literalmente magico.
Tem um episódio de xxxHolic sobre isso… acho que se chama “Cortador de unhas”, se bem que lá não só o ritual, mas também a intenção (uma vontade mais forte) são considerados importantes para a “mágica” dar certo…
@Peterson: A intenção é o combustível da magia. O ritual é apenas o mecanismo, a “sequência” de execução para colocar essa intenção em prática. Como falei no texto, a intenção mentalizada durante o ritual…
O que acaba levando a pensar sobre aquele negócio de “por outras pessoas nas suas orações” ou seja, religiosos também fazem magia, só usam um nome diferente… Nomes são algo importante também…
@Peterson: Claro que sim. Se você considerar que nessas orações tenha-se a intenção de “converter” o ente querido para a SUA religião, e que isso seja contra a vontade desta pessoa, configura-se algo geralmente chamado como “magia negra”.
Conjecturações demais pra mim…
até mais ver
mr.poneis
A maior magia é a magia que usa a verdadeira essência de todos os símbolos, a substância que os preenche e dá movimento, vida – a magia do amor.
Ou, como dizia Joseph Campbell: “follow your bliss”…
Peterson, nas poucas vezes que tentei explicar isso pra alguém utilizei a seguinte analogia: enquanto me preparo para realizar uma cirurgia, me escovando, preparando o paciente, preparando a sala de cirurgia, estou concentrado em um resultado posterior que quero alcançar (a cura ou melhora do paciente). Inclusive o ato operatório em si é um ritual, pois é sempre realizado da mesma forma, com tempos pré-determinados e que devem ser seguidos para se alcançar o resultado desejado.
E qdo eu constato que atingi aquele resultado esperado, a mudança na condição prévia do paciente, sinto que realizei um ato mágico.
Só falta agora eu encontrar um sistema que me seja confortável, ou amigável (não sei definir bem), para eu começar a executar magia prática. Alguma sugestão? 🙂
@Peterson: Ótima comparação. Inclusive, o contrário também é muito válido. Quando você avança para a magia prática, antes de qualquer prática, é preciso realizar preparações com o mesmo intuito que as realizadas antes de uma cirurgia, ou seja, higienizar-se das impurezas (elevações de pensamento, banhos de ervas…), preparar o ambiente (rituais de limpeza e proteção) e seguir os procedimentos pré-estabelecidos (grimório e etc..). Além disso, no final da prática, também é preciso encerar o processo e limpar o ambiente e a si mesmo novamente.
Quanto ao sistema, confesso que ainda estou experimentando alguns também, e não defini com qual me familiarizo mais. Tenho uma proximidade com o sistema utilizado na Umbanda, talvez seja por aí a minha linha. Você deve escolher aquele com o qual se familiariza e que lhe é mais acessível a execução (de acordo com o local onde vive, dogmas das pessoas mais próximas…). De uma olhada aqui e aqui
Bom, impressão minha ou nossos posts estão conectados?
A Egrégora TdC-Mayhem se faz cada vez mais presente 🙂
Para os interessados em complementar a leitura desse post, favor ler o seguinte:
http://www.deldebbio.com.br/index.php/2011/09/07/a-magia-e-a-midia/
@Peterson: Parece mesmo que está funcionando! Eu não havia lido este post, mas ele complementa e afirma bastante do que foi falado aqui! Parece que estamos no caminho.
Descordo de tudo isso que disse.
E descordo que a obra da grandiosa Rowling seja só ficção. Ela imaginou esse mundo em uma viajem de trem, e a partir do momento que ela encantou aos fãs, esse mundo já começa a existir.
E esse negócio de que todo mundo pratica magia em quase tudo que faz não é levado em consideração não.
@Peterson: Começa a existir onde? Se você não concorda que magia está presente em diversas ações, como pode afirmar que o mundo criado pela Rowling existe?
Se a obra dela não é ficção, desafio você a sair voando em uma vassoura por aí.
Leiam Leibniz e teoria dos mundos possíveis
http://www.leibnizbrasil.pro.br/
Kkkkkkkkkk
Eu ri da contradição do cara. Minha nossa!
Pelo que entendi, o Antônio quis dizer que o mundo de Rowling existe no plano mental, posto que se trata de uma egrégora global.