Tem sido dificil escrever, às vezes por falta de tempo, outras por falta de organização das idéias, mas fora isso o tempo continua a passar, as idéias a correr e muitos disparates à se ouvir.
É fato que existem muitas formas de se pensar e de ver as coisas, parafraseando um colega: “há magia de todas as formas, para todos os tipos e sabores, vai ao gosto do freguês”. Afinal somos humanos, e apesar de sermos muito próximos como espécie e criatura, ainda temos diferenças, seja de posturas, idéias ou o que for. Não é a toa que antes se lutava por igualdade, hoje se luta pela diversidade humana. É o Macrocosmos dentro do microcosmos.
Mas o importante não é a forma como a magia é feita, como a tradição é passada, e sim com que finalidade. Há de se constar para evitar conclusões precipitadas que essa noção de ‘magia branca’, negra, colorida e com bolinhas roxas é arbitrária: a magia é uma só, o que muda é o o que se faz com ela.
É o que se chama de força cega: assim como eletricidade, um automóvel ou algo do tipo, você pode usar para acender uma lâmpada, dar carona a um colega, ou simplesmente eletrocutar ou atropelar alguém. E isso depende exclusivamente do operador e das forças que o influenciam, sejam idéias, sentimentos ou decisões.
Existem muitas vertentes, sejam eles rosacruzes, wiccans, umbandistas, druídicas ou o que mais vier, e em todas, sem exceção há um corpo de ritos que são ensinados aos membros mais novos do grupo e realizados em determinadas ocasiões, horários e locais, cada um com um fim especifico. Há uma evolução por parte do grupo, e o aprendiz é guiado e instruido até tornar-se mestre e instruir outros aprendizes. Este é o ciclo.
Alguns rituais podem parecer simplórios, ridiculos ou até teatrais demais aos olhos profanos. E pode-se discutir entre outras coisas sua razão de ser, mas a questão principal, e que por muitas vezes é ignorada é que os rituais tem por finalidade afetar a alma do operador, e não o seu corpo.
Já ouvi muitas pessoas falarem que quem se mete com magia só se da mal, que magia é sinonimo da obra do capeta, satanás, belzebu ou qualquer entidade do gênero, esse tipo de generalização é altamente perigoso, lembrando que toda religião, ou Instituição tradicional tem um corpo de ritos muito bem definido, dividido entre sua parte exotérica e esotérica. Dois exemplos simples de rituais cristão são o batismo e o casamento.
No caso do batismo a idéia central é mostrar/apresentar a pessoa par a egrégora do grupo, no caso: da Igreja Católica, o Casamento seria o elo espiritual entre duas pessoas perante a divindade (e isso vale não somente para o Cristianismo, pois são vistos de diversas formas ao redor do mundo). Existem, como nesses casos formas diferentes, vistas de formas diferentes por povos que até certo tempo atrás nem tinham contato entre si, mas que através de seus rituais alcançaram, e alcançam os mesmos efeitos. Se buscar mais a fundo verá que a coisa vai muito mais além, e limitar os argumentos é ignorar fatos.
Não vejo como “o caminho X é mais certo que o caminho Y, isso cada um deve buscar dentro de si mesmo. E no fim cada ritual só tem valor perante a experiência e a compreensão de cada um, muitos podem ter a mesma experiência e retratá-la de formas diferentes. Aí está a verdadeira magia, a beleza do sentir na própria pele, de fazer parte da dança das egrégoras, e ser mais um dançarino, o instrumento que compõe a música, e não apenas um expectador sentado e calado enquanto a banda passa.
Respostas de 6
Engraçado falar de dança… Outro dia estava pensando na dança como instrumento de “re-ligare”. Escrevi isso enquanto estudava e tentava ordenar os pensamentos em algo racional, filosófico. Depois de meditar sobre o escrito, vi que era a cara de Kali…
Os antigos usavam muito as artes como forma de re-ligare: a dança, a música, a poesia, etc. Tudo como forma de compreender o divino e suas manifestações.
Misture ao seu vinho
Lágrimas, sangue e suor!
Terá enfim minha bebida em mãos!
Embriagez?
É êxtase!
Loucura?
É santidade!
Dance comigo, criança!
Largue os escritos e dance comigo!
Prazer, prazer,
Prazer em ser o que é!
Silencie e dance!
Sinta e seja o êxtase!
O êxtase é o caminho para o Sol!
OBS: qualquer coisa é caminho para o Sol, creio. Basta saber interpretar e usar isso…
Existe aquela história de que Crowley estava viajando enquanto precisava realizar um ritual “com data marcada”, mas não pôde utilizar sua indumentária ritualística – mas mesmo assim disse que conseguiu realizar o ritual todo apenas mentalmente, embora tivesse sido mais difícil. Acho que resume bem o que é um ritual e o que são indumentárias.
Abs
raph
A magia é visivel apenas para aqueles que sabem olhar
Isso me lembra uma frase do Nietzche ”Eu só acredito em um Deus que saiba dançar”. A cada dia que passa eu vejo esta arbitrariedade das cores na magia.
Eu não me sinto muito confortavel com esses rituais onde se tem que decorar movimentos e frases. Pessoalmente não tenho nada contra, mas simplesmente não me agrada e consequentemente não consigo acreditar o suficiente para que esses rituais tenha seus devidos efeitos.
Existe alguma outra forma de magia, algo mais discreto que não envolva objetos, estar voltado para direção x ou y, q tenha q ser feito em determinado horario e coisas do tipo?
Ouvi dizer também que existe a possibilidade de acessar algo como a “biblioteca divina”, um acervo de conhecimento universal (seria um tipo de egrégora?), e aproveitando, como faço para acessar uma egregora e aproveitar os beneficios que ela pode me trazer? E para acessar essa biblioteca universal?
Obrigado
@Luciuxlynx – Pode ser desconfortável, ridículo até, a forma como os rituais são compostos, mas eles o são por uma única razão: a função do ritual é alcançar o espirito, e não a mente, do magista. Quando você esquece do corpo, percebe o quão ridículo é o que se está fazendo, percebe-se seu lugar no universo, ai as forças podem ter sua ação. Parafraseando as palavras de um mestre: “O fato de você não acreditar não faz com que a maldição perca seu poder, ela funciona, você acreditando ou não”.
Existem formas de magia tantas quantas existem mentes para pensá-las, basta procurar. Não saberia indicar uma em especifico, pois todas as linhas sérias tem seu corpo de ritos, símbolos e formas de se guiar nos trabalhos. Para estar sobre a proteção de uma egrégora, deve-se iniciar na mesma, e para tal, se sujeitar aos rituais nela impostos. Sem trabalho, não há o que se conquistar.
Quando deixar esses pré-conceitos de lado, poderá encontrar o que procura. Sozinho não irá muito longe, ao menos não se deve começar sozinho.
Falando sobre magia, encontrei este texto no livro “A Alchimia do Chaos” que recebi há uns dez anos:
Indaguei ? A prática religiosa pode ser considerada uma forma de magia?
Malediel afirmou ? De forma alguma a religião é pratica de magia, sendo verdadeiramente a adoração ao Criador e o seguimento de suas leis.
Veralgor explicou ? Claro que é uma forma de magia, com seus ritos propiciatórios, o que varia é o tom mágico, tendendo ora para o lado da luz, ora para as trevas.
Embora filosoficamente o cristianismo seja uma religião de luz, com o seu desenvolvimento foram adotados rituais tipicamente do lado negro, com os ritos de sangue, embora simbólicos, e com o culto das imagens sanguinolentas. Hoje, ao entrar numa igreja sofremos um choque, com suas imagens pregadas na cruz, com santos carregando a cabeça sob o braço, em outra o santo crivado de flechas, em outra a santa carregando os próprios olhos numa bandeja. Pode ser adorado pelos fiéis que desconhecem o que ocorre, mas, continua sendo magia negra.
Perguntei novamente ? Mas, os fiéis não veneram essas imagens com intenções maléficas, como se explica isso?
Malediel irritado contestou ? Isso que Veralgor afirma é uma verdadeira heresia.
Veralgor afirmou ? Você sabe que não se trata de heresia ou de falar do que não entendo Malediel. Na verdade os fiéis estão ali com as melhores intenções, orando e venerando. Estas imagens, no entanto com a veneração e a fé que inspiram se transformam em “voults”, isto é, condensadores de energia, que permitem a manutenção dos verdadeiros magos negros.
Os padres comuns são tão inocentes e ignorantes como a massa de fiéis. Somente os grandes iniciados da Igreja sabem o poder que manipulam.
Insisti ? Estou realmente intrigado.O que é realmente a magia?
Veralgor procurou esclarecer ? Toda religião em sua base é uma doutrina mágica, com seus rituais propiciatórios, procurando abrir um caminho de contato entre o homem e a divindade, buscando permitir que todos se beneficiem das forças cósmicas emanadas sobre toda a Terra. Muitos se afirmam magos, procurando obter poder dessa condição, controlando uma massa de fiéis.
No entanto, afirmo que mago não é o que faz sair um raio dos dedos ou que consegue parar uma tempestade e sim aquele que sabe ler tranqüilamente o grande livro, isto é, ver e entender tudo de maravilhoso que existe entre o céu e a terra.
Mago é aquele que consegue sentir e entender os segredos da natureza em todos os seus campos, como se estivesse olhando um livro aberto. Pode olhar os pássaros e os pequenos animais e prever os fenômenos da natureza, olhar o rosto de outras pessoas e saber do seu caráter ou dos seus males.
Insisti ? Mas, Veralgor, a Igreja matou tanta gente acusando de heresia ou prática de magia e bruxaria, numa forma de manter a pureza da fé, será que havia tanta má fé assim por parte dela? Não estariam agindo realmente por fanatismo religioso?
Veralgor desculpou-se ? Não vou me fazer de rogado, vou falar muito, mas, não precisa se torcer zangado Malediel.
? A Igreja criou a Inquisição para poder gerar o terror e impor o Cristianismo pleno, fazendo com que as reminiscências da antiga fé céltica fosse destruída. Alguns dos padres agiam por pura ignorância, achando que lutavam contra o poder do demônio, porém, os que realmente mandavam, sabiam o que faziam, e criavam um campo de terror, onde o medo trazia o poder que necessitavam.
Sempre que se fala da Inquisição se considera como mera intolerância religiosa que levou a excessos e brutalidades, porém, além do fanatismo religioso havia uma outra causa que era a ambição desmedida, uma grande má-fé e desonestidade, sendo o desejo de obter bens de um modo ou outro, extorquindo-os ou tomando dos acusados de heresia. Chamou a atenção de vários historiadores o fato de que raríssimos judeus tenham sido queimados pela Inquisição, e que estes que foram condenados eram em sua maioria conversos que foram flagrados executando rituais de suas crenças originais. Nestes casos a Inquisição era impiedosa com os judeus. Isto se deveu ao fato de que os judeus eram os financiadores ocultos de toda essa grande operação.
Outro ponto que chamou a atenção dos historiadores é que os maiores carrascos da Inquisição, como no caso de Torquemada, eram judeus convertidos. Isto por estarem a serviço dos financiadores da operação.
Chamou também a atenção o fato de que os Inquisidores não podiam derramar sangue, tanto que suas torturas tinham métodos especiais e o suplício era pelo fogo.
Ocorre que algo bem mais grave ocorreu dentro da Igreja Católica, e temos todos os indícios disso.
Um culto secreto interno que necessitava de sacrifícios humanos da forma mais primitiva, onde as vítimas não podiam ter seu sangue desperdiçado, devendo todo ser queimado para que se elevasse através da fumaça ao Deus a quem sacrificavam. Interessante que essa forma de sacrifício era a mesma adotada nos primórdios das narrativas do Velho Testamento para aplacar a fúria de Jeová (Iavé), o Grande Deus dos Exércitos dos Hebreus.
Esse culto de necromancia dentro da Igreja Católica, com a cumplicidade de inúmeros Papas, foi aceita até o início do Século XIX.
Ao lado dessa prática de necromancia havia também o crime puro e simples, já que outros mandatários da Igreja, que não acreditavam em nenhuma crença, simplesmente se aproveitavam do clima de terror para obter vantagens e grandes lucros, e os outros se calavam e aceitavam, já que paralelamente foram enriquecendo a própria Igreja.
Vejam que a moral não era a grande virtude da Igreja, tanto que para fazer crer que tinham direito ao Vaticano, forjaram um falso testamento de Constantino, que foi apresentado ao Imperador Carlos Magno para forçá-lo a conceder tal território. Tal documento foi considerado como válido até o século XIX, quando se provou que era falso. Entre extorsões, fraudes, violações e mortes se estabeleceu a Santa Madre Igreja.
Um dos atos de comércio mais lucrativo da Igreja Católica Romana e do seu ramo oriental, a Ortodoxa, foi a venda de relíquias. Ocorreram casos curiosos, como santos que tinham vários crânios espalhados por vários países, outro caso é o do manto de Jesus, que juntando-se os pedaços daria para fazer toda a tapeçaria do Vaticano, ou ainda os pedaços da cruz, que daria para construir uma caravela.
A Igreja atual simplesmente pede desculpas pelos excessos cometidos em nome da fé e outras atitudes, evitando analisar com mais seriedade o assunto, já que é do conhecimento de seus historiadores que não se tratava realmente de excesso de zelo pelos ditames religiosos, e sim a prática de algo totalmente absurdo, que era o culto a uma divindade demoníaca, que é a base da própria religião. Hoje se procura esquecer o Deus do Velho Testamento, sendo citado muito mais a figura de Jesus.
Age como o criminoso que passou a vida inteira praticando os crimes mais torpes e quando chegou à velhice mandou cartas aos familiares de todas as suas vítimas pedindo desculpas, mas, nem por isso abrindo mão dos lucros advindos de suas práticas. É o mesmo que a Máfia italiana, começar uma campanha publicitária pregando ao mundo suas virtudes, desculpando-se de todo o seu passado criminoso.
Uma das grandes vinganças feitas pelos nigromantes do Vaticano foi contra os Cavaleiros Templários, quando estes descobriram a realidade oculta no zelo da Igreja e o que havia atrás da Inquisição. A Igreja Católica havia se tornado, desde que se aliara com o grande demente e matador que foi Constantino I, a maior organização criminosa do mundo, matando, extorquindo, violentando sexualmente e psicologicamente, e isto usando como capa de cobertura o nome de Deus, isto por aproximadamente 1500 anos.
No início o cristianismo era mais uma das centenas de religiões que lutavam para se manter e conseguir adeptos, tendo uma certa pureza espiritual, embora já tivesse, até o século II, falsificado escritos e adulterado documentos mais antigos, inclusive os velhos escritos do judaísmo. Porém, com a aliança com Constantino, obtendo o poder do estado romano, passou a agir violentamente, isto desde o século III até meados do século XIX, matando os inimigos no início e a seguir toda e qualquer pessoa que fosse contra alguns dos seus desígnios, fazendo disto uma forma de conseguir bens e riquezas.
Entre todas as organizações criminosas longevas, tais como as tríades chinesas, os assassinos árabes, os Tongs e os Sings malaios, a Yakuza japonesa e a Máfia italiana, é a Igreja Católica a mais antiga e cruel de todas, já que extorquiu e matou escondendo os seus intentos sob a capa de uma religiosidade arraigada.