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Um conto para se refletir durante esta época de festas…
Você que andou por esse mundo de homens quando os homens eram pouco mais do que feras bestiais, você que veio de longe, de onde mesmo a luz demora a viajar, você que esteve no reino iluminado, na morada da paz duradoura, e ainda assim decidiu retornar… Por nós!
Você que esteve presente na fundação da primeira tribo, e também da primeira civilização. Você que tem sido amigo dos homens há tantas e tantas eras. Você que tem cuidado para que o nosso fogo não se apague com os ventos gélidos das noites obscuras. Você, nosso amigo, e amigo do sol. Você é o que há de mais precioso em nossa existência e, ainda assim, é tão somente mais um de nós…
Não Deus, mas apenas mais um da raça dos deuses. Não Deus, mas apenas mais um da raça dos homens. Não Deus, mas apenas mais um ser que veio de algum lugar do infinito, e agora voa junto aos anjos do firmamento.
Nós o caçamos quando o avistamos no céu. Nós o arpoamos e o trouxemos para baixo, para o mesmo nível de pensamento, para o nosso fétido pântano de desejos desenfreados. Nós arrancamos suas asas e o fizemos gritar em agonia, e o que você nos ofereceu? A outra face!
Não obstante, você nasceu novamente homem, você cresceu novamente homem, você viveu uma vida de homem. Você correu entre as ovelhas do mundo como um jovem pastor que algum louco avistara dentre as colinas no final da tarde. Você se ajoelhou perante os grandes sábios do oriente e lhes disse: “ensinem-me”, mas eles lhe responderam: “não, ensina-nos tu, ó mensageiro!”
Não profeta, mas apenas alguém que já vira esta orbe girar por muitas eras. Não messias, mas apenas alguém que agora vai onde quer no Cosmos. Não mágico, mas apenas alguém que nos faz relembrar o amor. Não curandeiro, mas apenas alguém que nos faz reencontrar a saúde de nossa própria alma. Enfim, não Rei, mas Imperador do espírito.
Não obstante, nós cuspimos em sua mensagem de luz. Nós o açoitamos e lhes dissemos para ir-se embora daqui. E para nos certificarmos de que estava errado em sua vã esperança de uma era de amor, nós deixamos que o próprio povo, o seu querido povo, escolhe-se entre tu, ó cordeiro que sangra, e Barrabás, aquele imundo assassino, incitador de rebeliões e matanças. E eles não te escolheram, eles te deixaram sangrar até o fim…
Nós, os imperadores da terra, os conquistadores de reinos, a turba do Coliseu, o crucificamos e o banimos de nossas vidas. A tua esquerda deixamos um ladrão, e a tua direito ainda outro, e só deixamos que algumas mulheres te dessem adeus, por que todos sabemos o quanto choramingava na cruz. Você ainda teve a coragem de pedir perdão ao Cosmos, dizendo que não sabíamos o que estávamos a fazer. Mas todos sabíamos, sabíamos exatamente o que era realizado naquele dia!
Mas esse foi apenas o início de nossa vingança. Depois, ainda conseguimos erguer uma gloriosa Igreja de Eleitos sobre os corpos esquartejados de cada um de seus amados discípulos. Eles pregavam sua mensagem de que o Reino de Deus nos abarcava por todo lugar, dentre galhos partidos e debaixo de pequenas pedras ao longo das estradas… E nós lhes dissemos que não: “Todas as estradas levam a Roma, e somente a Igreja de Roma poderá lhes salvar da danação eterna!”
Você veio nos dizer que a existência era uma festa armada pelo Cosmos, e que tudo que havíamos de buscar era o amor. Mas nós lhes dissemos que todo ser nasce um pecador, que algum ancestral obscuro havia comido uma maçã podre em algum bosque fabuloso, e que por isso te crucificamos: para que pagasse o pecado sombrio de todos nós, de toda a humanidade!
E houve dia que nossa Igreja controlou os pensamentos de metade da humanidade. Nós que te crucificamos e que aplaudíamos enquanto sangrava, gota a gota, fizemos de seu momento de maior agonia, de seu calvário, nossa maior imagem de glória. Na entrada de cada um de nossos Templos de Ouro, erguidos em meio à pobreza e miserabilidade dos homens, mostramos o Cristo Crucificado em toda a sua grandeza…
Não obstante, você até hoje jaz crucificado, e até hoje lhe esquecem e clamam em turba: “Salvem Barrabás!”
Então eu lhe pergunto, meu amigo: quando finalmente sairá dessa cruz? Quando finalmente se instaurará um reino de vida, e não mais de morte, nesta terra? Quando finalmente irás ressuscitar dentre os mortos, para que tragas junto contigo todos aqueles discípulos de outrora, e todos os teus amigos que tem te amado nas orações noturnas, e salvo teus ensinamentos em pinceladas ocultas e vasos enterrados nos desertos?
Quando irá retirar os três pregos hediondos desta cruz monumental, e virá nos consolar novamente? Ou será que somos nós que precisaremos subir até sua cruz, para te libertar, e lhe trazer definitivamente para dentro de nosso coração?
Ainda existe luz aqui embaixo, ainda há luz em todo lugar… Tu venceste a noite de todas as almas… Apenas tu, ó invicto!
Por Rafael Arrais (2011)
Respostas de 19
Lindo! Parabéns a você e toda a espiritualidade que te apoiou, está simplesmente magnifico!
@raph – Valeu Emerson. Esse é o tipo de texto que “chega de algum lugar”, realmente, só não sei exatamente de onde 🙂 Abs.
clap clap clap, Estou em pé aplaudindo e com os olhos em lagrimas. Muito lindo. Obrigado, estou sem palavras.
Abraços Fraternos.
@raph – Eu tb fico sem palavras quando quem me leu comenta assim. Muito obrigado, Abs!
Acredito que ele não voltará mais, nós teremos que buscá-lo. Ele veio até nós quando éramos infantes, quando ainda não podíamos andar sem ele. Mas nestes tempos em que aprendemos a andar ele não mais virá, e como disse Carl Sagan (em tradução livre):
“…não há nenhum indício que a ajuda virá de outra parte nos salvar de nós mesmos. É nossa incumbência.”
Belíssimo texto!
@raph – Sim, vamos buscá-lo: um pensamento de cada vez!
Simplesmente lindo!
Parabéns.
@raph – 🙂
Às vezes eu ignoro um texto aqui do TDC, pela pressa ou por preguiça mesmo. Por um milésimo de segundo eu quase ignorei este. Ainda bem que voltei atrás.
Sem palavras.
abç :]
@raph – Por isso que usei essa imagem do Promethea, para ajudar a fisgar a atenção 🙂 Abs!
Muito bonito. Ainda creio, que Cristo só sairá da Cruz Cristã, quando entendermos e permitirmos que seja ele que viva em nós e não que ele reviva para nos servir, respondendo orações cheias de desejos lavados a puro ego, para ele saciar… E não importa se o revivemos assim no astral para isso, pois é muito desperdício só manifestar tiferet no astral… apesar de ser esse o modo pelo qual as religiões insistem em seguir hoje, para conseguir milagres e prosperidade…
Cristo só sai da Cruz amigo, quando depois de brilharmos como o verdadeiro Sol que ele representa, nos crucificarmos naquela Cruz Real, que bem sabe o que realmente significa, e que o morto seja o eu/ego inferior e o vivo seja Ele/verdadeiro eu. Enquanto não for ele que viva em mim para realizar aquela Velha Obra, ele só continuará como imagem, lá do outro lado do espelho, como ideia que tomou conteudo e forma, mas que não se manifestou por falta de veículo, corpo, matéria… E não há redenção do Redentor, sem que antes haja a porção planejada da redenção do Reino.
Foi mal, desabafei, apesar de saber que você sabe de tudo isso. É que é doído falar de Cristo nos moldes do cristianismo… foi tudo tão distorcido; ainda assim, a máxima que resume os mandamentos, ou a dita Lei, permaneceu. A essência das coisas, em qualquer que seja a religião ou caminho, ou filosofia, ainda permaneceu… basta procurar pelo que importa, a essência das coisas, além das formas e dos conteúdos que ela toma nos caminhos que percorre…
Abraços e que Cristo viva em você, para realizar aquela Velha Obra…
@raph – Acredite Sandro, eu partilho dessa mesma dor… Grande abraço.
Muito lindo. Parabéns!!!!!!
O texto e a imagem dos quadrinhos da Promethea, lembrando a passagem dela pela esfera de Tiferet, me deixaram emocionado.
Abração
@raph – Obrigado. Claro que exatamente esta página do Promethea tb me ajudou na inspiração desse texto… Abs!
Esse é o tipo de texto que fala além da mente, parece que soltou a “craca” mais profunda de algum lugar importante de mim mesma do qual não me lembrava mais!
Obrigada e sejas abençoado com muito mais inspiração!
@raph – Vcs são generosos, obrigado!
Boa raph!!!!
fiz algo parecido uma vez no falecido Orkut….Onde Fazia uma ilustração entre um Rei e Seu Filho….e o Rei um dia pede ao filho que vá em missão a uma terra longínqua e chegando lá ninguém o reconhece…..enfim!!!!!!
Parabéns pelo texto….Muito inspirador e iluminador!!!!
Abr!!!!
Everton Alves.
@raph – Abs, obrigado.
Nossa que texto maravilhoso! Viajei total…
Rhaph, parabens pelo maravilhoso texto, sem palavras para dizer tudo que sinto e penso a respeito desse bálsamo…
Fraterno abraço!
Muito bem, tenho apenas que parabeniza-lo pelo ótimo texto Rafael, bem redigido, escolhe perfeitamente as palavras, que transmite de forma clara a sua intenção.
Como já disseram acima, também quase deixei de lado este texto.
Sem mais, uma abraço fraterno a todos
A maioria clama por melhora, mas foge de onde a mensagem é apenas amor. Quem dera todos se preocupassem em compreender em vez de apenas escutar.
Texto para ser lido e sentido!
Parabéns, Paz e Luz
Man!!! Perfect igual dos jogos de arcade cara!! aehiueahiuaehaiueh
Quando aparece aquela puta msg na telaaa – PERFECTTTT!! hAEIUhiuaeHIUEahiueaHIUAEhuiAEHUIAEhueaiH
Algo pra se ler e se guardar =p
@raph – Valeu, hehe… Bem obrigado a todos que tem comentado por aí em cima também… Abraços e um natal ensolarado a todos!
Quando milhares de pessoas obcecadas pelo pacote de Natal que nos foi entregue, agente se pergunta será que temos esperança? Lindo texto…
Muito Lindo! Amei!
Fazia tanto tempo que eu não chorava por algo, e fazia mais tempo ainda que eu não sentia meu coração sendo tocado até no lugarzinho mais escondido… parabéns a você e aos seus amigos de luz que te inspiraram e ajudaram.
Parabéns Rafael, lindo texto
Realmente pertinente a essa época de festividades.
Há muito tempo não me emocionava e nem refletia sobre esse assunto com essa profundidade.
Abs.
@raph – Obrigado Gizele, este foi realmente luz que veio de acima e refletiu-se por aqui 🙂
já havia lido antes, e agora li novamente graças às relembranças do Tio sobre as melhores matérias do mês, à um par de voltas solares.
e lerei novamnete, sempre que me vier às mãos!
excelente texto, emocionante e verdadeiro…
que façamos o calvário ao contrário!
Parabéns, maravilhoso seu texto. Vamos busca-lo! abs