Conversa Alheia: Loucura, Sociedade, Coringa e Batman

Com vocês, mais um episódio do Conversa Alheia, onde alguns blogueiros e
livres-pensadores falam sobre o que quer que lhes venha a mente…

Episódio #3: Loucura, Sociedade, Coringa e Batman.
Igor Teo, Rodrigo Ferreira, Raph Arrais e Josinei Lopes conversam sobre o papel da cultura na sociedade, a neurose urbana e a loucura do vilão Coringa na história do Batman.

Citado no programa:
Pirâmide de Maslow
De médicos e loucos (da série Para ser um médium)
Batman: A piada mortal

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» Ouça aos demais episódios no canal do Conversa Alheia no YouTube

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Ouça também esta parte dos “bastidores” deste episódio, onde Raph fala sobre John Nash (o matemático esquizofrênico e prêmio Nobel) e a mediunidade:

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Respostas de 6

  1. O coringa era um ladrão… vira um “monstro” palhaço quando o batman intervém… tanto que o coringa fala isso em algum momento dizendo que eles se criaram.

    A questão da tinta na cara pra mim é mais uma auto reprovação. Mesmo louco, o coringa sabe que está sendo… e se reprime criando uma monstruosidade maior. E por não ter forças pra ir de encontro ou boa parte dele não desejar isso ele simplesmente se alia ao desejo de mascarar-se para de fato dinamizar sua monstruosidade. Levando-o ao patamar do… “é louco… não sabe o que faz”. Dai advém a ironia. Ele continua extremamente sagaz… inteligente mesmo. Capaz de atrocidades e banalidades na mesma ação. Enquanto o batman… na sua loucura tb e por isso tem de se mascarar tb para suportar a crítica da sociedade e viver numa certa paz, alia-se a sua loucura (dor da perda mal superada dos pais e vingança) como um ser noturno… escurecido… doído… reprimido. Triste. Soturno. Esquivo. Que não encara a “sociedade” de frente não aceitando os métodos da mesma de se corrigir e assim tornando-se um fora da lei também. Apesar de atuar justamente… essa justiça é egóica. É uma justiça talhada em observações pessoais…. vira um justiceiro.

    pra mim de fato o batman não precisa de mais nenhum outro vilão fora o coringa. Os dois criam o paradigma geral.

    Mas pra participar do contexto maior.

    loucura é algo que depende do contexto. Há um extremo, onde o indivíduo não percebe que deixou de existir o fator “segurança”, instintual mesmo. A sobrevivência de si pouco importa… o que importa é o devaneio.

    Isso pra mim pode ser considerado louco. O louco por não seguir o contexto social é mais na verdade um controverso. A sociedade implica nele o fator “louco” para não ter de responder ao conteúdo de sua loucura. É uma ação de preservação. O organismo excreta o que não lhe serve. Todos os organismos acabam tendo essa ação… quase todos.

    Loucura é não poder falar por si. É não responder aos atos no momento presente. Loucura é não ser capaz de perceber o que se faz e aonde se chega com o que se faz. Esses podem ser considerados loucos. Ou insanos… Tendo em vista que uma sociedade vive por intermédio da relação. Onde cada um é responsável pelo que faz e pelo que escolhe.

    @raph – Sim eu também creio que a loucura só se torna algo digno da intervenção alheia quanto o sujeito louco atenta contra sua própria vida ou a vida alheia. E, para os casos em que não atenta contra a vida, mas precisa de auxílio para viver o dia a dia, acredito que o tratamento, uma “intervenção parcial”, mas sem internação 100% do tempo ou coisa do tipo, é o melhor caminho.

    Contudo isso não deveria permitir aos ditos sãos… de implicarem em métodos variados para uma “cura”. Essa tal cura pra mim não existe. O que ocorrerá num futuro é o indivíduo desejar pra si mesmo compreender e aceitar a mecânica atual de relação. Enquanto não o que se faz é dopa-los… impedindo-os de machucar alguém ou a si mesmos… e ironicamente impedindo-os de saírem do estado em que se encontram.

    O coringa se pinta tentando ver se ainda pode se redimir diante da sociedade e do mundo… mas percebe que as marcas são profundas demais e inalteráveis. A sua cara é a prova disso… e assim passa o vermelho na cicatriz para disfarçar no distante sua loucura e culpa… mas quando de perto criar agonia e dor… criar terror. Asco.

  2. Recentemente conversei com uma professora de natação , ela é alto astral e tudo, sobre meus posts na rede social. Eu sempre encarei a vida da seguinte maneira: há o lado bom da Força, e o lado negro. Não podemos evoluir sem observar os dois lados. Daí o que ela falou pra mim? Que eu sou louca, e que devo me preservar e blah blah blah. Eu fiquei pensando no assunto, e cheguei a conclusão: loucas são as pessoas que de alguma forma pensam muito diferente da sociedade, e que de alguma forma tentam colocar o seu mundo para que as outras pessoas vejam. Pena que somente alguns podem ver isso!

    A algum tempo venho pensando no que a sociedade quer realmente do ser humano, e o que sempre me vem em mente é a igualdade. Não gosto disso, pois eu prefiro ser independente, no sentido de ser quem eu sou sem ter o dever de copiar o que é imposto. Um exemplo: não gosto de vestidos e de ficar uma hora inteira me arrumando. Me taxam de louca ou que eu sou “homem”. Nada contra pessoas do mesmo sexo se gostarem, mas eu não sou homosexual.

    Parabéns pelos posts do Conversa Alheia. Ouço sempre que posso e adorei cada um deles! É interessante que de um simples bate papo podemos extrair muita coisa bacana para nosso conhecimento! 🙂

    @raph – Obrigado Daniela. É bem isso que questiono mesmo: se a loucura não seria simplesmente “fugir ao padrão”. Nesse caso uma pessoa de uma cultura distinta da nossa seria louca de antemão. Acredito que louco seja aquele que atenta contra a própria vida e/ou a vida alheia, ou noutros casos, que por conta de sua incapacidade mental precisa de certos cuidados de outras pessoas para que consiga tocar a vida. Se uma pessoa se sustenta sozinha, se pensa por si mesma, e mesmo assim é taxada de louca por “pensar diferente”, que seja: que sua loucura seja feita de luz, e que o jardim da sua casa esteja sempre cheio de amigos “loucos” 🙂

    Abs
    raph

    1. Pois é. Também concordo que o louco é aquele ser que tenha algum tipo de incapacidade mental e necessite de ajuda. E a socidade, na maneira dela, fala que livres pensadores são “doentes” e que precisam de ajuda para serem “normais”.

      Obrigada Raph mais uma vez! 🙂

  3. terminei de ouvir o conversa alheia (aliás, muito bom hein, parabéns! {desconhecia o projeto, poderiam falar um pouco mais como ele nasceu e tals?}), resolvi ouvir um som – tenho o costume, meio maluco, de botar no shuffle e apertar next algumas vezes (normalmente são sete ou dez {se estou com preguiça é só três mesmo}) – e me vem ‘sérgio sampaio – ninguém vive por mim’, achei mó coincidência, o Universo é mesmo muito doido! xD

    eis o link: http://youtu.be/VNIRHVwU-VI

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