Contos de Fadas e as Crianças

“Nos verdadeiros contos de fada (como os dos Irmãos Grimm) há uma lei impecável: “a recompensa do bem e o castigo do mal”. Esta lei forma a base na alma infantil. Mais tarde, verificamos que surgiu, no íntimo do homem a faculdade de discernir entre o bem e o mal que nos dá uma clareza na consciência e nos ajuda nos momentos de decisão; trata-se de um profecia, solução de problemas, de mantermos no caminho certo da verdade, do bem, da compaixão, do sentimento nobre e muitos tesouros para a vida em comunidade.”

Muitos pais se perguntam se deve ou não contar contos de fadas para a criança. Os preocupa se lhe fará mal tal ou qual passagem horrenda, pois no conto se relatam acontecimentos cruéis que poderiam perturbar a inocência da criança. Muitas vezes pensando assim se decide eliminar tais contos. Em conseqüência, se priva a criança do melhor alimento para a alma, porque nos verdadeiros contos de antigamente estão contidos acontecimentos da alma, que têm suas raízes nas forças construtivas da humanidade. Os antigos sabiam disso e relatavam de forma tradicional os contos aos seus filhos. Dando-lhes vida aos contos de fadas ao relatá-los novamente, avivavam as crianças com a variedade dos acontecimentos narrados, avivando assim ao mesmo tempo suas próprias almas de adultos.

Uma boa narrativa comove ativamente a alma; dá asas aos sentimentos, ativa uma sã vontade e estimula a mente num entre jogos de pensamentos.

Com o conto de fadas bem narrado ativa-se e intensifica-se toda uma série de experiências na criança: passam por sua alma, uma atrás da outra, compaixão, crítica, tensão, alívio, tristeza, alegria, medo, coragem, etc.

Tais emoções não fazem mal à criança se a narrativa se constitui claramente de causa e efeito e prevalecer no final o sentido de justiça tão almejado pela criança que quer ver o mal sendo castigado e o bem recompensado. Fortalecendo assim na criança sua confiança no trunfo da bondade, fortifica-se também sua confiança na vida. Tudo isso estimula também as funções orgânicas e age benignamente. Contribui também a que aprenda a frear sua eventual inquietude e que não se perca nos anos posteriores num sentimentalismo barato por coisas superficiais.

Se conseguimos ainda, respeitando-a guiar sua vontade sem quebrá-la, dispor de forças suficientes para reparar (superar o grave, o sangrento, o cruel dos contos de fada sem impressionar-se mais do que o devido; e essa capacidade será transformada, mais tarde, numa fonte permanente de novas forças. (O Dr. Brun Bettlheim afirma que “os contos de fadas são a chave para ajudar as pessoas a desembaraçar os mistérios da realidade”).

Quanto mais a privamos destes contos de dragões e bruxas, etc, tanto mais fraca resultará sua alma de adulto. Mais tarde, quando as asperezas e as durezas da vida golpearem, lhe faltará o valor e a firmeza de haver aprendido através dos acontecimentos dos contos de fadas; seu comportamento será como um barco sem leme, açoitado pelas ondas da vida. Se os pais e os professores lhes proporcionaram esse “valor e coragem” destacados nos acontecimentos dos contos, se estas qualidades foram semeadas qual semente de força moral em sua alma, manejará o leme de sua sorte (destino) com a mão direita e segura, e estará preparado e armado contra as provas da vida, contra a intriga, o engano e o ódio, contra a sedução e o sofrimento.

Com o passar dos anos, quando ressurgem do fundo da alma as experiências obtidas de escutar com atenção os contos de fadas na nossa infância, as impressões que recebemos nos abrem e apresentam um aspecto bastante diferenciado; entendemos melhor seu conteúdo com a base adquirida na própria experiência; nos servem para dar-nos solidez interior e lucidez na crítica.

Nos verdadeiros contos de fada (como os dos Irmãos Grimm) há uma lei impecável: “a recompensa do bem e o castigo do mal”. Esta lei forma a base na alma infantil. Mais tarde, verificamos que surgiu, no íntimo do homem a faculdade de discernir entre o bem e o mal que nos dá uma clareza na consciência e nos ajuda nos momentos de decisão; trata-se de um profecia, solução de problemas, de mantermos no caminho certo da verdade, do bem, da compaixão, do sentimento nobre e muitos tesouros para a vida em comunidade.

As profundas impressões vividas na infância mantém sua força. Quando o príncipe circundado de luz vence o dragão, quando esse ia devorar a bela princesa, a criança se identifica com essa coragem triunfal que mais tarde, do fundo de seu ser surge e ajuda a trazer luz na escuridão da vida, impulsionada por essa recordação.

Por esta razão não devemos eliminar nenhum dos contos de fadas tradicionais. Gradualmente temos de contar os contos colecionados pelos Irmãos Grimm e Bechstein. Não devemos selecionar nem adaptar, abreviar ou trocar nada por “algo” que nos pareça melhor. Devemos começar com os contos simples e logo mais tarde aos 5 anos mais ou menos até os 6 continuar com alguns mais complicados, cheios de interessantes e emocionantes acontecimentos. São benfeitores, e mais tarde darão frutos como forças protetoras ante as vicissitudes e obstáculos que se apresentam no caminho da criança nos seus anos vindouros.

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Respostas de 8

  1. Taí: Onde encontrar esses contos com toda sua riqueza original? De preferência de graça…
    Temos muitas ofertas hoje, mas acredito que tudo muito “mexido”, muito adaptado.

    1. Theo,acho que a riqueza original,por assim dizer existe naqueles que conhecem bem os mitos,e nos próprios mitos em si,quanto mais antigo provavelmente mais verdadeiro,profundo e conhecedor da natureza humana ele será.

      Se um mito é adaptado em versão moderna,ou até futurística (como Star Wars) ele não se torna menos verdadeiro,porque tem a base dos mais antigos conhecimento da “alma” humana,suas aspirações,paixões,noções de “bem” e “mal”,certo e errado,etc,basta avaliar a fonte.Aliás,George Lucas é um bom exemplo de moderno Storyteller.Campbell que o diga:

      http://www.youtube.com/watch?v=C_wuZnoP6NY

  2. Pior, às vezes, que uma alma fraca, é uma alma insípida, que não consegue reconhecer as emoções profundas da existencia.

    Que ignora o medo e a dor, que ignora a força da treva, que ignora os dragões ocultos no ser e seu poder.

    Essa alma jamais perceberá quando se tornar, ela própria, um dragão ! Pois se recusa a ver o sangue, e a sentir o seu gosto amargo – e portanto, aquilo que ela não vê, ela não sente, e não se deixa perceber.

    É triste ver como aqueles que procuram manter a inocência infantil são sempre aqueles que desejam se livrar de um vislumbre que tiveram da dor, e que, nesse afã de se livrar dele, se livram de toda a profundidade da vida, subescrevendo-a em um misto de medo, tédio e escravidão à segurança ultra-estimulada.

    Enfim, tornam o mundo um lugar mais seguro, sim. Mas também mais insípido e mais incapaz de ser percebido. Pois, ao esquecerem o amargor do sangue, esquecem também qual é a beleza daquele que luta para que ele não seja vertido em vão.

    E se tornam assim medrosos e traumatizados, sem capacidade de viver uma vida emocionante e gostosa de viver. Suicidam-se aos 30 anos, pois não tem pelo que viver mais. E nunca terão, de fato – pois tiraram tudo aquilo pelo que vale a pena viver.

  3. Bom os contos de hoje em dia não sao os mesmo de antigamente… Eu nunca fiquei questionada ao ver branca de neve ( versao disney) muito menos pricesa e sapo ( a versao mais recente) os contos estao se tornando muito previsiveis, concorda?

    Bom esta pergunta nao tem nada haver com o post mas desde hoje de cedo eu tenho ouvido coisas, tipo barulho de interferencia ( deixar claro que nao tenho nenhum problema no ouvido) , eu acho que é algo tentando falar comigo mas eu nao consigo entende-lo oque posso fazer ?
    Grata desde ja 🙂

  4. O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos (1816), por Ernest Theodor Amadeus Hoffmann. Muito bom!

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