Ciência, Religião e Religiosidade

Acredito que há um equilíbrio entre os malefícios e os benefícios da religião (nos últimos séculos pendendo para o malefício). Religião não é importante, mas sim a religiosidade inerente a TODAS elas. Religião é pró-forma. Religiosidade é atitude de vida. Um budista não precisa sair por aí de bata laranja pra lembrá-lo dos seus deveres enquanto budista. Um crente não precisa esquentar a bíblia debaixo do braço e se envolver em discussões teológicas até pra comprar um pãozinho… Eu faço essa distinção, que na minha mente é clara, de que não precisamos de religião (rótulo), e sim de atitudes religiosas (de qualquer religião). Religião escraviza, formata a pessoa num certo dogma. Religiosidade liberta, porque não pode ser confinada a uma religião. Jesus não patenteou o lema “amai-vos uns aos outros”, isso está no cerne de várias religiões, e é convenientemente esquecido por todas. A Inquisição NUNCA teria existido se tivesse havido religiosidade na Igreja Católica da Idade das trevas (e penso eu que ela ainda continua saudosista).

Ciência sem religião é manca. Religião sem ciência é cega
(Albert Einstein)

A ciência, quando tomada como religião, é tão ou mais nociva quanto as Religiões “de fato”, porque ela primeiramente nem é pra ser tomada como Verdade absoluta (tem sempre o “até que se prove o contrário”), mas muitos fazem disso o seu Dogma. Como levar a sério quando os cientistas dizem em um ano: “Café faz mal” e no outro, sob pressão da indústria dos cafeicultores, dizem que “Café faz bem”? Eu li essas notícias… Tudo baseado por amostragens, com 1.000 ou 2.000 pessoas que, se uma delas brochar ou brigar no trânsito, afeta completamente o resultado da pesquisa… Quando leio que “Vinho faz bem” e “Videogame faz mal” fica evidente que há alguma manipulação (não de resultado, mas de abordagem) baseada no preconceito, onde a Ciência não está sendo guiada por cientistas de verdade, da mesma forma que o Cristianismo não está sendo conduzido por cristãos de verdade! Mas não se pode jogar na lata do lixo nem um nem outro… precisamos sim ter discernimento, conhecimento de causa, pra ir buscar nós mesmos as respostas para o grande mistério da Vida… Até porque somos parte essencial da resposta.

A ciência é incapaz de resolver os mistérios finais da natureza, porque nós somos parte da natureza e, portanto, do mistério que tentamos resolver
(Max Planck)

“Assim como a religião não conseguiu aniquilar a ciência, a ciência também não poderá aniquilar a religião, pois ambas estão fundamentadas em leis idênticas. Entre elas não existe nem separação, nem contradição. As separações e as contradições existem apenas nas mentes dos ignorantes, que não sabem como Deus criou o universo. A ciência, bem compreendida, só pode ajudar os crentes a concentrarem-se no essencial. Assim como a religião, se bem compreendida, dá à ciência a sua verdadeira dimensão. Cada uma delas tema sua própria função e, desde já, devem coexistir um religioso e um cientista em todo ser humano. Realmente, para que religião e ciência não se combatam mais entre si na sociedade, elas devem parar de se combater no ser humano, pois é exatamente aí que se produzem os maiores desastres. Quando um homem de fé se opõe a um homem da ciência, ou vice-versa, cada um deles pensa que está atacando um adversário externo a ele. Nada disso, está atacando a ele mesmo!”
(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

A ciência nos afasta de Deus, mas a ciência pura nos aproxima de um Criador
(Albert Einstein)

A Ciência cuida do Homem, enquanto a Religião cuida da Alma… Só que não dá pra separar a Alma do Homem, e a Filosofia deveria fazer essa ponte de forma “oficial”. Só que ela se tornou por demais acadêmica, e Platão é estudado apenas como uma mera curiosidade epistemológica do pensamento humano… Ironicamente Sócrates, o pai da dialética, foi alçado à condição de “fundamento da filosofia” e seus estudantes não fazem mais do que balançar a cabeça, em concordância com suas teorias e ensinos. É por isso que gosto de Matrix: pegou a idéia de Sócrates e expandiu-a, revestiu-a de novos conceitos, novos questionamentos, trouxe-a para as massas novamente (como Sócrates gostava de fazer) e nos fez questionar, nem que seja por um segundo: o que é “real”?

O mundo que habitamos está invertido em relação ao mundo onde a alma se eleva
(Livro dos mistérios cabalísticos)

Esse post é resultado direto de um bate-papo mental com meu “EU”, que chamo de Grilo Falante. Há meses que não o “acessava”, e calhou de ser agora, enquanto preparava meu almoço. Para a ciência médica eu sou um esquizofrênico. Para a psicologia eu acessei meu ID, ou o inconsciente coletivo da humanidade; Para a Teosofia eu acessei meus corpos mais sutis; Para os crentes eu estou endemoniado ou então falei com o espírito santo (a depender do que eles achem da mensagem); Para a filosofia eu falei com um daemon (gênio bom), enquanto para o espiritismo posso ter me comunicado telepaticamente com algum espírito… e, no fim, a única coisa concreta é esse post (aliás, nem isso, já que são tudo dados magnéticos)… afinal, o que é “real”?

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Respostas de 3

  1. Separar religião de religiosidade as vezes me soa como aquela falácia da lógica, “nenhum escocês de verdade”. tipo, qualquer religioso que faça besteira por causa da sua religião entendeu a religião errado, não é realmente religioso.

    @MDD – Não ha falacia de logica, ha má fé dos pseudo-ceticos quando se discute este assunto… por exemplo, na Umbanda NÂO EXISTE sacrifício de animais… se algum picareta se diz “pai-de-santo” e faz sacrificio e fala que é “umbandista”, ele NÃO É. Ponto final. Diferentemente da falacia do escocês, se alguém não seguiu os preceitos da religião, não pode ser retratado como seguindo aquela religião. No caso de evangélicos e do ISIS, por exemplo, a biblia diz claramente para apedrejar, matar e destruir… um fanático religioso evangelico ou muçulmano, por mais demente que esteja agindo, esta seguindo as diretrizes doentes de sua religião. São dois casos completamente diferentes que acabam caindo no meio balaio de gatos por preguiça mental e desonestidade intelectual em debates com ateus.

    Na ciência também pode acontecer, mas geralmente não se diz que ele fez ciência errado, e sim que fez um erro. errar faz parte da ciência, e existem mecanismos mais ou menos eficientes pra corrigir erros, enquanto muitas vezes os “erros” da religião são propagados, ou por serem convenientes, convincentes, etc.

    outra coisa que me incomoda é dizer que são duas esferas bem diferentes, mas elas vivem brigando especialmente pq as instituições religiosas várias vezes querem se meter nos aspectos práticos e políticos da sociedade. e isso não é um bug das religiões, muitas vezes elas foram criadas justamente pra isso, pra governar o povo, nos seus aspectos diários.

    a ciência, por sua vez, também as vezes ultrapassa sua delimitação, tentando entender “porquês” ao invés de se ater a “comos”

  2. A humanidade sofre com o desconhecimento das causas dos seus problemas. Este sofrer lhe remete a uma busca desesperada por soluções, por mitos e ou santos que lhe propiciem curas milagrosas, bem como soluções inesperadas para problemas previsíveis. Surge neste momento a Religião.

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